segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Asas e Seleção Natural





















Mais uma vez, a má retórica acompanhada de perguntas indutivas atacam a ciência em prol da pseudociência, a fim de levar a uma falsa idéia a respeito de teorias científicas, com o fito de propagar o proselitismo cristão.

aqui

Vejamos o texto (em preto e seus comentários em verde e os meus comentários em vermelho):

Você já reparou como certas capacidades e funções estão presentes em animais bastante distintos e que não tem, numa linguagem darwinista, “parentesco evolutivo”? Como explicar a evolução distinta de funções tão complexas? Um “milagre” duplo?

Exemplo disso são os morcegos que recorrem às mesmas técnicas aerodinâmicas dos insetos para se manter no ar durante vôos lentos ou estacionários.


De início a frase e seus respectivos questionamentos se tratam de uma armadilha retórica a fim de provocar dúvidas no leitor leigo.

Todavia, os questionamentos soam infantis, bem típicos do rol criacionista e do rol de seu correlato o DI.

A indicação de um parentesco evolutivo não diz respeito apenas a morfologia do organismo , mas a esta e ao pool gernético das espécies.

Obviamente que morcegos, aves e insetos alados estão distantes na escala evolutiva, embora se valham de mesmo meio a fim de poderem voar e se sustentar no ar.

A este tipo de semelhança, sem que haja parentesco próximo denomina-se evolução convergente todavia, há que se esclarecer os conceitos de homologia e de analogia:

A homologia se refere a mesma origem embriológica de estruturas de diferentes organismos, sendo que essas estruturas podem ter ou não a mesma função. As estruturas homólogas sugerem ancestralidade comum.

A analogia refere-se à semelhança morfológica entre estruturas, em função de adaptação à execução da mesma função.

As asas dos insetos e das aves são estruturas diferentes quanto à origem embriológica, mas ambas estão adaptadas à execução de uma mesma função: o vôo. São , portanto, estruturas análogas.




As estruturas análogas não refletem por si sós qualquer grau de parentesco. Elas fornecem indícios da adaptação de estruturas de diferentes organismos a uma mesma variável ecológica. Quando organismos não intimamente aparentados apresentam estruturas semelhantes exercendo a mesma função, dizemos que eles sofreram evolução convergente.











Como se pode perceber, de acordo com as fotos acima, as asas de aves, morcegos e mesmo aquelas pertencentes aos pterossauros se tratam de membros adaptados ao vôo, diferentemente das asas de insetos, cuja estrutura teve origem exclusivamente para o vôo, não sendo membro adaptado a esta função.

Os pterossauros parecem ter tido a sua origem em um réptil planador o Sharovipteryx do período Triássico, réptil bípede capaz de correr verticalmente e de utilizar suas patas traseiras para planar, mas ainda há controvérsias a respeito do Sharovipteryx ser um ancestral dos pterossauros.




Ao contrário da irradiação adaptativa ( caracterizada pela diferenciação de organismos a partir de um ancestral comum. dando origem a vários grupos diferentes adaptados a explorar ambientes diferentes), a evolução convergente ou convergência evolutiva é caracterizada pela adaptação de diferentes organismos a uma condição ecológica igual.




Assim, as formas do corpo do golfinho, dos peixes, especialmente tubarões, e de um réptil fóssil chamado ictiossauro
(aqui e aqui) são bastante semelhantes, adaptadas à natação. Neste caso, a semelhança não é sinal de parentesco, mas resultado da adaptação desses organismos ao ambiente aquático.

Todos são animais marinhos dotados de nadadeiras e barbatanas. Porém, os golfinhos são mamíferos, cujo ancestral direto era dotado de membros adaptados ao meio terrestre (aqui e aqui), enquanto os peixes possuem ancestrais marinhos, cujas nadadeiras são fruto de um longo processo de construção a partir de um modelo de corpo vermiforme sem membros articulados e os ictiossauros possuem ancestrais terrestres denominados diapsídeos (aqui).


Outro exemplo típico deste fato na natureza são as hienas. Apesar de se parecerem em muito com canídeos, (fotoa ao lado) seus genes são bem mais semelhantes com os dos felídeos que dos canídeos.





Portanto, apesar de apresentarem estruturas semelhantes, tais estruturas tiveram origens muito diferentes e, foram selecionadas por ser formas apropriadas à natação.

Assim, a Analogia (semelhança entre estruturas de diferentes organismos) é devida unicamente à adaptação a uma mesma função. Trata-se de resultado oriundo da evolução convergente.


OUTROS EXEMPLOS:






Os urubus e condores pertencem à família Cathartidae da Ordem Ciconiiformes e ocupam as funções ecológicas dos abutres e são parecidos com estes, apesar de serem mais aparentados com cegonhas ou garças.










O Thylacoleo foi um marsupial contemporâneo que viveu no Plistocénico da Austrália, com morfologia semelhante à dos leões (daí o nome vulgar leão marsupial) e que também desenvolveu paralelamente dentes desproporcionados, neste caso os incisivos.



  • Os airos do hemisfério Norte






e pinguins do hemisfério Sul têm aspectos semelhantes e ocupam o mesmo nicho ecológico, mas são de ordens de aves diferentes.






Assim, a semelhança ora apontada entre insetos e morcegos não se trata de proximidade de parentesco evolutivo, mas de evolução convergente.

Ao se tratar da evolução convergente, várias espécies podem se tornar parecidas em muitos aspectos, sem ter uma relação próxima de parentesco em linha evolutiva.

Como exaustivamente já fora respondido: o meio, conforme suas exigências, seleciona as espécies, conforme o que elas apresentam em seu pool genético. O caráter mais favorável possui chances maiores de ser passado às gerações futuras.


Quando esses mamíferos agitam as asas totalmente abertas e as inclinam para baixo, produzem deslocamento de ar idêntico ao de um pequeno redemoinho, que acaba gerando um empuxo ascendente que faz com que o bicho fique no ar.

Os insetos também produzem esses redemoinhos permanentemente com suas asas. O que os pesquisadores não sabiam é se o mesmo mecanismo poderia ser utilizado por animais de maior peso, como os morcegos. Não só pode como é exatamente o que eles fazem.

Cientistas norte-americanos e suecos estudaram três morcegos Glossophaga, que medem 5 cm e voam da Argentina ao México.

O estudo, publicado na revista
Science, mediu o fluxo de ar em torno das asas desses animais em vôo, por meio de imagens digitais.

Conclusão: o redemoinho formado sob o bordo de ataque das asas produz 40% da força ascendente, permitindo que os morcegos se mantenham no ar.


Sim, mecanismos idênticos podem ser usados por espécies distintas. Por exemplo, peixes, baleias, répteis aquáticos, anfíbios, moluscos, vermes aquáticos, etc. Todos eles nadam.

Desde que respeitada a devida escala e que haja estrutura de sustentação suficientemente forte a ponto de suportar o animal, não haverá problemas.

As asas de insetos são desenvolvidas para vôo especificamente. Não possuiem origem em membros pré-existentes, como é o caso dos pterossauros, das aves e dos morcegos.

Aqui há uma explicação suficiente que possibilita entender o que é uma asa e como seus portadores as usam.

Essa capacidade presente em animais tão distintos seria evidência de evolução ou a marca de um Criador que sabe tudo de aerodinâmica?

A resposta para tal questão, significa evidências de evolução ou seleção natural, não de um criador-desenhista.

A evidência evolutiva é mais plausível que a de um criador expert em aerodinâmica, uma vez queos registros da evolução das espécies se encontram na natureza, seja nos fósseis, seja nas espécies atuais.





Quanto aos registros do criador... ninguém sabe, ninguém viu, exceto a imaginação fértil de criacionistas em geral.






Nos comentários do texto realmente podemos perceber que o articulista deu asas à imaginação.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

A FARSA DO MONTFORT







Em artigo publicado no site Monfort, foram feitos ataques veementes contra a teoria da evolução, prática corriqueira dentre fanáticos religiosos que até o momentop não se aperceberam que suas crenças não são verdades absolutas, nem tão pouco possuem qualquer sentido lógico-científico.

O texto abaixo menciona os comentários de dois cientistas, Richard Lewontin, publicado no New York Review of Books o outro texto como sendo atribuído ao Dr. Carlos Eduardo Guerra Schrago, Professor Adjunto no Departamento de Genética da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Todavia, como será analisado ao longo da exposoição, o texto que o Sr. Orlando Fideli atribui ao Dr. Schrago, se trata de uma falsa citação, dito pelo próprio Dr. Schrago, conforme e-mails torcados entre mim e ele.

Quanto ao texto atribuído ao Dr. Lewontin, este não possui o título o que nos impossibilitou de encontrar a tal citação. Entretanto, pelo teor dos escritos do Dr. Lewontin, tudo me leva a crer que também se trata de uma falsa citação.

Analisemos o texto elaborado com a péssima retórica do Sr. Orlando Fideli.

A evolução é cientificamente comprovada?


Até pouco tempo atrás, ninguém, no mundo dito científico, ousaria dar como resposta a essa pergunta um “não” rotundo e escandaloso. Hoje, muitos negam o caráter científico do evolucionismo, sendo freqüente dizer-se que se trata mais de uma filosofia materialista do que de ciência.


Recentemente, um homem insuspeito como o professor Richard Lewontin, conhecido evolucionista de Harvard, declarou – foi publicado na New York Review of Books – que, apesar de todas as contradições da tese evolucionista, apesar de todos os fracassos, os evolucionistas têm a declarar que, tendo fechado questão com o materialismo, eles não permitirão que Deus entre, pondo o pé na porta. Eis o texto de Lewontin:


“Nós ficamos do lado da ciência, apesar do patente absurdo de algumas de suas construções, apesar de seu fracasso para cumprir muitas de suas extravagantes promessas em relação à saúde e à vida, apesar da tolerância da comunidade científica em prol de teorias certamente não comprovadas, porque nós temos um compromisso prévio, um compromisso com o materialismo. Não é que os métodos e instituições da ciência de algum modo compelem-nos a aceitar uma explicação material dos fenômenos do mundo, mas, ao contrário, somos forçados por nossa prévia adesão à concepção materialista do universo a criar um aparato de investigação e um conjunto de conceitos que produzam explicações materialistas, não importa quão contraditórias, quão enganosas e quão mitificadas para os não iniciados. Além disso, para nós o materialismo é absoluto; não podemos permitir que o ‘Pé Divino’ entre por nossa porta.”


É uma confissão clara de que a ciência moderna, pelo menos tal qual a concebem alguns cientistas, tem um posicionamento filosófico prévio em favor do ateísmo e do materialismo. E esse posicionamento preconceituoso nada tem de científico. Essa é a razão pela qual certos cientistas defendem o evolucionismo – Lewontin é evolucionista – por um posicionamento filosófico – seria melhor dizer religioso, apesar de ateu – e não por existirem provas científicas do evolucionismo.



Não se trata de posicionamento preconceituoso os cientistas se pautarem pelo naturalismo, que é bem diferente de ateísmo.


O naturalismo se trata de explicar naturalmente fatos observados na natureza e o ateísmo é a negação de deuses. Este diz respeito à crença subjetiva dos indivíduos, aquele diz respeito ao mundo natural-científico.


Sr, Fideli, ciência e religião são dois mundos distintos. Nas ciências as questões são aberdas à discussão (cunho zetético) e, para que determinada teoria se sustente, deverá passar pelos critérios de falseabilidade.


Caso a teoria não passe por este critério, será reprovada, ou sendo reparada ou rechaçada.


Quanto às crenças religiosas, estas não são falseáveis e, portanto, não são abertas à discussão, o que lhes confere o caráter dogmático.


Assim, imiscuir religião com a ciência é um erro grave, uma vez que as questões teriam um fim na idéia de seres divinos, encerrando assim a discussão científica no dogma religioso, que é o oposto da construção científica. cujas questões são infinitas.


Abaixo segue o texto atribuído ao Dr. Carlos Guerra Schrago, porém se trata de uma falsa citação atribuída a ele pelo Sr. Fideli.


Recentemente tomamos conhecimento de que, em certa Faculdade de Biologia do Brasil, os alunos foram convidados a debater o seguinte texto de autoria de Carlos Eduardo Guerra Schrago, que se diz estudioso da evolução biológica:



Sr. Fideli, o Dr. Schrago não se diz estudioso de biologia. Ele é um cientista como demonstra o Currículo Lattes dele.


“Eu pensei duas vezes antes de escrever esse texto, tenho que admitir. A idéia principal já estava em minha mente há mais ou menos uns cinco anos, quando me deparei com o discurso de Roger Penrose a respeito da Física e, após me aprofundar no estudo da Biologia Evolutiva, sinto a necessidade de expor meu atual conceito de como o estudo da Evolução deveria ser traçado. A raiz de todo o problema já está mais que badalada [sic]:


“A Evolução é científica? A seleção Natural (e até mesmo a Evolução) é uma tautologia? As idéias darwinianas são realmente úteis do ponto de vista cientifico – prático? A Evolução é falseável?


“Essas perguntas extremamente importantes estiveram em voga nos anos sessenta e setenta, e durante os últimos vinte anos (com o crescimento espantoso da Biologia Molecular) têm sido esquecidas e só fazem parte das discussões de alguns biólogos com uma tendência filosófica, e, é claro, de filósofos da Ciência. A aceitação da evolução como fenômeno científico tem sido amplamente aderida [sic] pelos biólogos, e podemos dizer que se tornou quase um paradigma (ou mesmo um dogma! Eu diria um “paradogma”...). E é aí que reside uma imensa questão: Seria a evolução tão bem estabelecida como teoria (leia-se: foi testada um enorme número de vezes e não foi falseada) para tornar-se paradigmática?


“Não, esse meu discurso não é criacionista! Quando Stephen Hawking e Roger Penrose, juntos, estabeleceram a física dos buracos negros, e depois se separaram academicamente, pois Penrose acusava Hawking de ‘forçar a barra’ matematicamente para alcançar as suas conclusões, Penrose desabafou: ‘Toda a Física deveria ser reformulada.’


“A atitude de Penrose exprime o que há de mais nobre no processo científico: a ousadia de derrubar conceitos até então em voga. A Ciência é tudo, menos dogmática. Eu sei que o que eu vou propor é bastante perigoso e, até certo ponto é, de fato, um dos argumentos criacionistas. Mas o argumento, em si, não é criacionista, e sim científico.


“A seleção natural e a evolução já sofreram inúmeros ataques filosóficos que eu não vou discutir no presente texto; o interessante é que nenhum dos ataques foi suficientemente dado por encerrado. Ou seja, ninguém nunca invalidou um ataque filosófico contra a evolução. O que será que isso significa? Será que uma teoria que se propõe paradigmaticamente pode ter ‘falhas’ de construção? Não estaremos nós, biólogos, defendendo um conceito que pode até não estar errado, mas que é inútil, na prática?


“Vejam bem, você deve estar achando que a minhas idéias não são fundamentadas e que a evolução é um conceito científico bem estabelecido. Afinal, a Genética das Populações descreve bem os processos microevolutivos. Será?


“A Genética das Populações, de fato, tem um bom fundamento experimental. Entretanto, grande parte de suas idéias são deduções puramente matemáticas, e a Matemática é o mais sublime exemplo de tautologia! Então, o que fazer?


“Talvez a resposta esteja em Penrose: ‘Toda a Biologia Evolutiva deve ser reformulada!’ E qual é o passo primordial para que isso ocorra? É que filtremos do conhecimento evolutivo moderno somente o que realmente funciona, e que não é um devaneio teórico pseudo-científico. A atitude, por incrível que pareça, é negarmos a evolução, e tentar provar que estamos errados. Não, isso não é ser criacionista, é ser cético! Somente dessa forma poderemos desenvolver o moderno pensamento evolutivo, para uma plataforma mais segura e subtrairmos as idéias mal concebidas, que convivem conosco atualmente.


“Então, quando afirmarem: ‘Eu acredito na Evolução’, diga: ‘Eu, não. Prove-me que estou errado.’ Essa velha atitude do processo científico, embora aparentemente seja criacionista e burra, é a forma mais inteligente e segura que temos para elevar a Biologia Evolutiva para um terreno científico, e não especulativo.”

Carlos Eduardo Schrago


Análise do texto


O Sr. Fideli faz a análise de um texto que é falsamente atribuído ao Dr. Schrago, cuja autoria é desconhecida.


Desse texto se depreende um estado de espírito decepcionado com a falta de comprovação científica da evolução e com a falta de resposta a altura dos evolucionistas às objeções filosóficas que se têm feito à teoria evolucionista. Confessa o autor: “Nenhum dos ataques [à evolução] foi suficientemente dado por encerrado. Ou seja, ninguém nunca invalidou um ataque filosófico contra a Evolução.”


Errado! Ataques filosóficos não confirmam ou deixam de confirmar terorias científicas. Esta empreitada ocorre por meio de evidências científicas.


Principalmente com o advento da genética, a teoria evolutiva conseguiu um amplo desenvolvimento, ora tendo pontos confirmados ora rechaçados.


Todavia o seu pilar, a seleção natural, somente tem se confirmado desde sua proposição por Darwin.



A decepção do autor – que se confessa, apesar de tudo, um defensor da evolução – se manifesta, desde o começo do texto, nas perguntas dolorosas que ele coloca para os evolucionistas: A evolução é científica? A seleção natural (e até mesmo a evolução) é uma tautologia? As idéias darwinianas são realmente úteis do ponto de vista cientifico/prático?


Essas perguntas são muito significativas, e é evidente que a resposta a elas, segundo o autor, é sempre um rotundo desmentido do evolucionismo. A evolução não é científica! A seleção natural é uma tautologia!


Sr. Fideli, o senhor sabe o que é ser ou não científico e do que se trata uma tautologia? caso não saiba (que é o que demonstrou até agora) eu o esclarecerei.


Ciência significa observar as coisas e os fatos que se passam ao redor de nós. Procurar descobrir o que significam as coisas e os fatos observados, as regras ou leis segundo às quais se comportam. Aplicar estas descobertas para o nosso uso e bem estar, bem como para todas as espécies do planeta. Esta definição para "em que consiste a ciência" eu aprendi na qunta série e a tenho como a melhor que já vi até os dias de hoje.


Quanto ao significado de tautologia em filosofia , se trata de um argumento que se explica por si mesmo de modo redundante ou falacioso.


Por exemplo, dizer que "o mar é azul porque reflete a cor do céu e o céu é azul por causa do mar" é uma afirmativa tautológica.


Da mesma forma, um sistema é caracterizado como tautológico quando não apresenta saídas à sua própria lógica interna.


Em outro exemplo, exige-se de um trabalhador que tenha curso universitário para ser empregado, mas ele precisa ter um emprego para receber salário e assim custear as despesas do curso universitário.


Bem, pelas definições acima, podemos entender que a sua crença (o mundo do é porque é) nada possui de científico, bem como se trata de uma tautologia.



O autor pergunta ainda: A evolução é falseável? Evidentemente, o que o autor quis perguntar é se a evolução é falseável no sentido dado por Karl Popper a esse adjetivo. Por “teoria falseável”, segundo Popper, entende-se uma teoria que pode ser testada por um experimento real. Se uma teoria não for falseável, ou seja, se ela não pode ao menos ser colocada à prova, então ela não pode ser considerada uma teoria científica.


Sr. Fideli... bem se percebe que o senhor possui um idéa pequena do que é o trabalho científico. Boa parte dos experimentos que fazemos não são experimentos reais, mas observações indiretas e, teoria da evolução, teoria atômica, teoria do big-bang, teoria da origem da vida, astrofísica, teoria da relatividade, etc. não fogem a essa regra.


Caso a teoria da evolução não fosse falseável, ela jamais passaria pelas correções que constantemente ocorreram ao longo desses anos.


E quanto a sua religião e suas alegações... podem ser falseáveis?


Outra pergunta que o autor poderia ter feito é se alguém já tentou comprovar a teoria da evolução por meio de falsificações, por meio de “provas” fraudulentas. Esse seria um capítulo bem interessante a analisar. Porque nunca houve, na história da ciência, uma teoria que tenha apresentado mais escândalos de fraude do que a teoria da evolução. Houve de tudo, desde forjar alguns fósseis até fazer desaparecer outros.


Sr. Fideli má fé existe em todas as situações da vida. Aqui o senhor age de modo falacioso. O fato de pessoas cometerem fraudes não invalidam-se teorias. Caso se tudo em teoria evolutiva fosse falso e nada fosse revelado, o senhor não teria a mínima noção sobre a falseta do Homem de Piltdown.


Isso que o senhor cita é pura teoria da conspiração. O que cientistas ganhariam em sustentar uma teoria falsa ?


Saiba que todo aquele que falsifica uma teoria científica, se descoberto, cai em desgraça, ou seja pode procurar outra profissão, desde que fora ds seara científica. É um risco muito grande por 5 minutos de fama.


É claro que o autor conhece o que foi dito sobre as fraudes de fósseis, como é claro que ele conhece os grandes argumentos demonstrando, filosoficamente, que a evolução é impossível. Ele ousa dizer mais: a evolução é mais do que um paradigma. Ela se tornou um dogma da Ciência moderna. Um paradogma. Um paradogma que ninguém, nas faculdades de Biologia, ousa contestar, de medo de ser isolado. De medo de ser taxado de criacionista. É o que se chama, hoje, liberdade de pensamento e liberdade de expressão. Pois ai de quem ouse discordar do paradogma darwiniano!



Errado Sr. Fideli. Caso alguém consiga acabar com o pilar da seleção natural, de forma científica e não com retórica vazia como o senhor faz, certamente renderá um prêmio nobel de biologia.


O método da falseabilidade possui essa função: derrubar teorias científicas. Caso elas o vençam, momentaneamente se sustentarão. Caso sucumbam ao método, melhor saírmos em busca de algo que explique melhor o fato estudado, explicação esta pautada no naturalismo científico.


Mas o autor se atreve a escrever ainda: “E é aí que reside uma imensa questão: Seria a Evolução tão bem estabelecida como teoria (leia-se: foi testada um enorme número de vezes e não foi falseada) para tornar-se paradigmática?” O autor toca num ponto álgido: a evolução nunca foi testada. Ele diria melhor ainda se lembrasse que houve várias tentativas de comprová-la por meio de falsificações, como a do Homem de Piltdown, por exemplo, que Jay Gold provou ser de responsabilidade do padre Teilhard de Chardin (cf. Jay Gold, A Galinha e Seus Dentes).


Errado Sr. Fideli. Os testes se encontram na análise de fósseis e no pool genético interespécies, bem como em experimentos de laboratório com cepas bacterianas, virais, seleção genética de animais e plantas e experimento com aves realizando pequenas alterações genéticas e obtendo-se diferenças gritantes nos fenótipos.


Essas falsificações, se não são provas contra o evolucionismo, demonstram a má fé de alguns cientistas evolucionistas e sua vontade de provar a qualquer preço a teoria da evolução. O que torna a própria teoria bem suspeita...


Mais uma vez o Sr. Fideli abusa de falácias. Má fé descoberta de alguns, simplesmente demonstra que cientistas estão de olho em sacanagens. Más atitudes de cientistasnão põem nada sob suspeita no que concerne ao verdadeiro trabalho científico.


Todavia a atitude de estarmos de olho constantemente ratifica a seriedade com que cientistas devem conduzir seus trabalhos.


Da próxima, Sr. Fideli, seja mais adulto. Não venha com argumentações infantis como a que apresentou acima.


O autor do texto em foco ousa até mesmo criticar o último baluarte evolucionista: o da Genética das Populações, mostrando que, no fundo, ele nada prova, tendo em vista que seus argumentos são de ordem matemática e tautológicos.


Errado Sr. Fideli. Genética de populações selecionam-se os caractéres presentes dentro de determinada população e se calcula sua freqüencia na população. Se a população A possui o gene a como mais freqüente para determinada característica, ela será diferente da população B que possui o gene b como o mais frequente para a característica distinta atribuída à população A.


Desa forma, pode-se ter duas populações distintas condicionadas pelos genes que foram mais favorável aos meio ems que elas vivem.


Entretanto, o autor não se afirma criacionista. Longe disso. Ele quer salvar a teoria evolucionista despojando-a de todos os seus falsos argumentos, de todas as suas falsidades, para salvar o que for possível do naufrágio evolucionista atual, a fim de elaborar uma nova teoria realmente científica da evolução.


O que o autor propõe é o que Penrose declarou que era preciso fazer com a Física, ao perceber que Hawking “forçava a barra” para comprovar suas teorias: “Toda a Física deveria ser reformulada.” Paralelamente, Schrago propõe: “Toda a Biologia Evolutiva deveria ser reformulada.” Ele afirma que sua proposta só aparentemente é criacionista. Sua proposta seria, de fato, científica, porque, segundo ele, a Ciência sempre procura derrubar os ídolos que ela mesma cria, caminhando assim para um aperfeiçoamento cada vez maior, e jamais atingindo um limite.


Que vergonha ein Sr. Fideli!!! Atribuíndo a outrem uma falsidade. O senhor tem noção do estrago que, por meio de suas tolices, fez a imagem do Dr. Schrago e a dos cientistas em geral?


É isso que sua crença ensina... levantar falso testemunho? Ao que me consta essa vedação faz parte dos Dez mandamentos.


Pelo visto, seja como pseudo-filósofo, aprendiz de cientista e cristão, o Sr. deixa muito a desejar. Não aprendeu nada e esqueceu boa parte.



Dever da Ciência atual, então, seria derrubar Darwin e seus sequazes, para alcançar um patamar mais elevado numa nova teoria da evolução, realmente mais científica e capaz de responder às objeções filosóficas que os evolucionistas, prudentemente, não têm respondido, mas têm abafado com o auxílio da mídia.


Errado Sr. Fideli. O dever da ciência é esclarecer como é o mundo do ser. O mundo do ser no que concerne à origem das espécies, com base em evidências científicas aponta para as explicações dadas pela teoria da evolução.


Schrago quer uma teoria evolutiva sem fraudes e sem sofismas. Ele quer o impossível. Ele não compreendeu que não se trata de provar cientificamente nada. Trata-se de uma guerra contra Deus. Como disse Lewontin, não importam as contradições, as mentiras e fraudes da teoria evolucionista. A ciência moderna fechou um pacto de aliança com o materialismo. Não se pode deixar Deus entrar na História.



Aplique isso ao senhor mesmo Sr. Fideli. Da próxima vez, evite as falácias e os sofismas, se é que o senhor sabe o que eles são e como distingui-los.


Só de falar de uma guerra contra Deus, o senhor já comete uma falácia.


Deus, no que se refere ao mundo científico, não é a solução para todas as respostas. Ele mais se trata de um problema, pois estanca a questão científica no ponto além do qual não podemos ousar a ir.


A isso se atribui a denominação de dogma, a crença cega em algo logicamente improvável sem qualquer contestação.


Entretanto, Ele entra continuamente nas mentes e nos corações.


(Orlando Fedeli, “Decepções e confissões de um evolucionista”, Montfort Associação Cultural)

Agora vejamos as mentiras do Sr. Orlando Fideli na declaração abaixo, dada pelo Dr. Carlos Guerra Schrago.

meu e-mail direcionado ao Dr. Carlos Guerra Schrago
On Fri, 20 Jun 2008 02:19:01 +0000, elyson scafati wrote
> Doutor > Carlos Eduardo Guerra Schrago em análise de um texto
> divulgado pela Montfort,
já sei que se trata de uma falsa citação
>
feita em seu nome.
> >
Gostaria de que, se fosse possível,
publicasse algo nesse sentido,
>
uma vez que ainda há sites por
ai com o conteúdo e a falsa
>
declaração que fizeram em seu nome.
>
> eis onde há a falsa publicação: >
http://vivopraservir.spaces.live.com/blog/cns!DF1F6C1E7E0A6956!1584.entry
>
>
Eu como um ex cientista,
assim como o senhor um doutor na área de
>
biologia, temos um compromisso com a verdade.
> >
grato pela atenção
> > Elyson M. T. Scafati


Eis a verdadeira resposta do Dr. Carlos Guerra Schrago.

Re: O texto da montfort‏
De: Carlos Guerra Schrago (guerra@biologia.ufrj.br)
Enviada: sexta-feira, 20 de junho de 2008 19:16:44
Para: elyson scafati (elymarsca@hotmail.com)
Prezado Elyson,

Sim, o texto é uma falsa citação. Nós, que tivemos formação científica, sabemos como é lamentável a estratégia de pessoas de pensamento dogmático e sem nenhuma visão crítica dos fenômenos da natureza. Essas pessoas, por não entenderem ciência, frequentemente fundamentam suas observações em literaturas não revisadas (divulgadas em sites, por exemplo) ao invés de lerem revistas científicas formais. Eu, sinceramente, cansei de contra-argumentar com essas pessoas.

Sabe porque? É inútil, pois a própria natureza de suas crenças inibe a argumentação crítica.

Como disse uma amiga minha, no debate criacionismo x evolucionismo, os evolucionistas perdem de WO, pois eles têm mais o que fazer (estudar os maravilhosos fenomenos naturais) do que ficar vasculhando a internet atrás de
falsas citações e interpretações incorretas de teorias científicas.

A nossa única esperança é que as pessoas recebam uma educação científica de boa qualidade na escola e entendam o verdadeiro espírito científico. Se isso acontecer, elas perceberão o quão obscurantista é o discurso baseado em dogmas.

Sem uma boa escola, pessoas como você e eu irão eternamente lamentar o estado geral da educação científica das pessoas, onde interpretações incorretas do valor da ciencia são feitos.

Obrigado pela informação.
Um abraço.
Conclusão:

Acredito que por meio das mentiras e impropriedades citadas pelo Sr. Fideli, suas afirmações sobre a seara científica não devem ser levadas a sério.

Em prol de sustentar a crença religiosa, as pessoas chegam a ultrapassar limites que levam a beira do ridículo e da má fé, chegando mesmo a comprometer a imagem de outrem.

Seria este o ensinamento cristão? "Mesmo que eu arrase a imagem de outrem, tudo pela nossa fé."

Até se parece com a crença dos necromongers da batalha de Ridick.




terça-feira, 19 de agosto de 2008

UM POUCO MAIS DE DESSERVIÇO CRIACIONISTA





Novamente encontramos o festival retórico anti-evolução sob a denominação
Darwinianismo.

O texto me soa muito interessante, exceto pelos comentários onde mais uma vez a retórica utilizada é a clássica de círculos criacionistas.

Há que se comentar também a postura estranha do autor Michael Dowd no que se refere a procurar causas que o isentem de sua culpa pessoal.



Ao que parece, as doutrinas religiosas não surtiram o efeito esperado para seus dramas de consciência, sendo que uma explicação naturalista se fez necessária para o seu conforto pessoal.

Tambem ressalvo que, a respeito dosos erros ora cometidos quando dos comentários, quero crer tenham sido não intencionais, ocasionados pela mera falta de conhecimento a respeito da disciplina, em vez da pura má fé de que se valem aqueles que dizem ter credenciais científicas e são ferrenhos defensores do criacionismo e de seu correlato o DI.

Vejamos o texto:

Nos últimos seis anos, o "pastor evangelista" Michael Dowd tem ido de púlpito a púlpito pregando o evangelho - não, não as boas-novas da salvação através de Jesus Cristo, mas da libertação e autoridade através de Charles Darwin. O que isso significa? "[Darwin nos dá] um modo muito mais empírico de falar sobre a natureza humana do que através de histórias como a do pecado original."

Como Yudhijit Bhattacharjee do New York Times escreve: "Explica nossas fragilidades, nossos vícios, nossas infidelidades e outras deficiências morais como subprodutos da adaptação ao longo de bilhões de anos. E isso, [Dowd] diz, tem um efeito potencialmente libertador: não importa a culpa; uma vez que entendamos nossos caminhos pecaminosos, podemos deixá-los e desempenhar um papel consciente na evolução da humanidade."

Considere Bob Miller, um octogenário cuja seqüência de infidelidades, décadas atrás, o levou ao divórcio, exatamente quando estava ascendendo à escada da corporação. Por anos Miller lutou para entender seu comportamento e as forças por trás disso. Então, em uma cruzada, Dowd veio à igreja de Miller. Lá, o Reverendo "explicou" a origem evolutiva do comportamento humano, e "Eureka!": Miller entendeu que a culpada por suas deficiências não era sua natureza caída, mas a testosterona elevada, adquirida por seu sucesso combinado. Liberto do fardo da culpa, Miller reflete: "Eu acho que a mudança física em meu corpo foi tão forte que ela subjugou qualquer ensino moral e crença religiosa que eu tive."

Agora você compreende - a ciência explica! Não é do coração que os maus pensamentos, assassinato, adultério e imoralidade sexual vêm; é de uma lei física trabalhando em nossa química. Você se sente melhor agora?

A Teoria da Evolução realmente traz explicações bem mais lógicas que balelas míticas como pecado original e Gênesis para explicar o mundo como ele realmente é.

Hoje pode-se mesmo afirmar que comportamentos são condicionados por genes, aprimorados ao longo de bilhões de anos de evolução.


Daqui para adiante entrtaremos no rol das falácias e má retórica criacionista.

Agora Michael Dowd está vendendo seu novo livro Thank God for Evolution (Graças a Deus pela Evolução) com "Fatos que são a língua nativa de Deus". É uma boa frase de efeito! Realmente, os fatos são a língua nativa de Deus; fatos como:

• A evolução darwiniana nunca foi observada ou reproduzida mesmo em microorganismos cujos índices explosivos de réplicas garantiriam sua validade.

Errado.

Basta nos remetermos a cepas de bactérias no que se refere á resistência a antibióticos e a anti-sépticos.

Caso bactérias não evoluíssem, ou seja, caso o meio não as selecionasse, não haveria necessidade de nos valermos do amplo espéctro de antibióticos atualmente desenvolvidos pela indústria farmacêutica.


O mesmo pode ser aplicado aos diversos tipos de vírus como HIV ou influenza, estes principalmente têm evoluído ao longo de gerações.

Na natureza, podem ser citados os casos da Rana Pipiens e da Podarcis Sicula, além do vasto registro fóssil até então encontrado, bem como análises de genomas das espécies.








• Baseado no acaso, em processo não dirigido, a evolução darwiniana não têm força de predição. Conseqüentemente, a evolução darwiniana não tem contribuído para um único avanço tecnológico ou médico desde que ela foi conjeturada há 150 anos.

Errado.

Mais uma vez vislumbra-se a clara incompreensão do que significa seleção natural. Esta não ocorre por mero acaso, mas de acordo com que o ambiente demanda das espécies.

Mudanças ambientais, ocasionadas em nosso planeta por catástrofes naturais, são eventos condicionados pelo acaso. Mas seleção natural não.

Os genes é que determinam como será nossa espécie de acordo com o meio que ela vive está em seu patrimônio genético.

Basta apenas que o meio selecione aquele que é o fenótipo mais adequado às suas demandas. Caso a espécie nao responda às solicitações do meio estrá fadada à extinção.

Não podemos afirmar quando uma catástrofe irá ocorrer e quais serão seus resultados. Sendo assim, não há como serem feitas predições a respeito de que tipos de espécies irão habitar o planeta daqui a 50 ou 100 mil anos.

Todavia, de acordo com o tipo de catástrofe, baseados em fósseis, podemos fazer algumas predições.

Quanto a afirmação de que a evolução darwiniana não tem contribuído para um único avanço tecnológico ou médico desde que ela foi conjeturada há 150 anos, isso não passa de uma tolice desmedida.
Primeiro: somos capazes de entender mecanismos de determinadas doenças conforme o meio em que ela se desenvolve e assim podemos atacá-la, isolá-la e exterminá-la, exatamente como ocorreu com a varíola.

Ao longo dos anos em que a AIDS apareceu, estamos desenvolvendo coquetéis a fim de inibir a reprodução do vírus, o que pode evitar sua variabilidade.

A indústria farmacêutica tem desenvolvido diversos antibióticos a fim de exterminar bactérias, as quais adquirem resistência aos meios a elas letais.

Segundo: por meio da teoria da evolução nos livramos de explicações metafísicas a fim de entendermos o passado de nosso planeta.

Pôs se fim ao estanque dogmático chamado Deus no que concerne a explicar como as espécies se desenvolveram ao longo de bilhões de anos de seleção natural, tornando, de fato, a biologia uma ciência e não mais um dogma religiosa baseado no livro de Gênesis.

A Teoria Evolucionária (aqui) já foi colocada em uso prático em várias áreas. Por exemplo: Bioinformática, uma indústria multimilionária, consistindo basicamente em comparações entre seqüências genéticas. Descendências com modificações é a mais básica das assunções.

Doenças e pestes evoluem, criando resistência às drogas que usamos contra elas. A Teoria Evolucionária é usada no campo do controle de resistência na medicina e na agricultura, primordial para a nossa sobrevivência.

A Teoria Evolucionária é usada na piscicultura, para aumento de produção.

Seleção artificial tem sido usada desde a pré-história, mas se tornou muito mais eficiente com o uso aplicado da Teoria da Evolução.

O uso aplicado da evolução de parasitas na população humana pode ser usado para guiar a política de saúde pública.

Reprodução sexual, baseado na evolução, foi usada para predizer quais condições o pássaro kakapo iria produzir mais espécies fêmeas, o que o salvou da completa extinção.
  • A Teoria Evolucionária foi e tem sido usada, e tem potencial para muito mais em muitas outras áreas, desde avaliações de plantações geneticamente modificadas até psicologia humana. E mais aplicações com certeza virão.
  • Análise filogenética, que usa o princípio evolucionário de um ancestral comum, já provou ser útil em:
  • Traçar genes cuja função é conhecida e comparando como eles se relacionam com genes desconhecidos, para prever as funções deles, que é o fundamento para descobrir novas drogas.
  • Análises filogenéticas é o padrão para a epidemiologia, já que permite a identificação de centros de doenças, e algumas vezes observar passo a passo a transmissão de doenças. Por exemplo, uma análise filogenética confirmou que um dentista da Flórida estava infectando seus pacientes com o HIV, e que HIV-1 e HIV-2 foram transmitidos aos seres humanos de chimpanzés (Bull and Wichman 2001). Foi usada em 2002 para ajudar a prender um homem que intencionalmente infectava pessoas com HIV. O mesmo princípio pode ser usado para traçar a origem de armas biológicas.
  • Análise filogenética também pode ser usada para traçar a diversidade de uma patologia, e selecionar qual a melhor vacina para uma região em particular.
  • Ribotipagem é uma técnica para identificar um organismo ou pelo menos encontra seu parente mais próximo, mapeando seu RNA ribossômico dentro da árvore da vida. Pode ser usado quando não é possível fazer culturas desses organismos ou reconhecível por outros métodos. Ribotipagem foi usada para encontrar agentes infecciosos de doenças que afetam seres humanos, antes desconhecidos.

Evolução direta permite a “criação” de moléculas e de grupos de moléculas para criar ou aperfeiçoar produtos, tais como:

  1. Enzimas
  2. Pigmentos
  3. Antibióticos
  4. Sabores
  5. Biopolímeros
  6. Bactérias capazes de decompor materiais tóxicos.

Os princípios evolucionários de seleção natural, variação e recombinação são a base de algoritmos genéticos, uma técnica de engenharia que possui muitas aplicações, incluindo engenharia aeroespacial, arquitetura, astrofísica, engenharia elétrica, finanças, geofísica, engenharia de materiais, robótica e sistemas de engenharia.

A boa ciência não requer necessariamente a aplicação prática do estudo, além ir em busca da verdade objetiva.

Várias ciências não tem muita aplicação prática, além da curiosidade, tais como astronomia, geologia, paleontologia e história natural. O conhecimento por si já é o suficiente.

Acredito que as explicações acima tenham elucidado a falta de conhecimento do comentarista acerca das utilidades relacionadas à teoria da evolução.


Para finalizar, idéias criacionistas, religiosas e ideologias existem há milênios e até hoje não tiveram nenhuma contribuição prática para a sociedade a não ser ludibriar, mentir, escravizar, pregar o ódio, a intolerância, a ignorância, o preconceito, valer-se da má fé em relação aos leigos, buscar a desclassificação do conhecimento com caráter científico, utilizar ardis em suas explicações e gerar a culpa na mente das pessoas, salvo raras exceções.

• A informação, como a encontrada no DNA, é conhecida empiricamente por se originar somente de causas inteligentes.

Errado.

Tudo na natureza possui uma razão para ser. Moléculas formam-se de acordo com as propriedades de seus átomos e por atuação de fatores físico-químicos.

DNA pode ser artificialmente criado (Veja aqui).

Não há qualquer afirmação ou estudo de cunho científico que vá ao encontro da afirmação acima.

• Não tem havido tempo suficiente para o gene mais simples, muito menos para o organismo mais simples, desenvolver-se de um processo não inteligente, mesmo que sejam dados todos os ingredientes químicos necessários.

Não há qualquer afirmação ou estudo de cunho científico que vá ao encontro da afirmação acima.

Aqui há uma boa explicação sobre genes, abaixo transcrita:

O gene é a unidade fundamental da hereditariedade. Cada gene é formado por uma seqüência específica de ácidos nucléicos (biomoléculas mais importantes do controle celular, pois contêm a informação genética. Existem dois tipos de ácidos nucléicos: ácido desoxirribonucléico – DNA- eácido ribonucléico– RNA).

Os genes controlam não só a estrutura e as funções metabólicas das células, mas também todo o organismo. Quando localizados em células reprodutivas, eles passam sua informação para a próxima geração.

Quimicamente, cada gene é constituído por uma seqüência de DNA que forma nucleotídeos (compostos ricos em energia e que auxiliam os processos metabólicos, principalmente, as biossínteses na maioria das células).

Os nucleotídeos são compostos por uma base nitrogenada, uma pentose (açúcar com cinco átomos de carbono) e um grupo fosfato. As bases nitrogenadas podem ser classificadas em: pirimidinas e purinas.

O gene geralmente localiza-se intercalado com as seqüências de DNA não codificado por proteínas. Estas seqüências são designadas como “DNA inútil”. Quando este tipo de DNA ocorre dentro de um gene, a porção codificada é classificada como parte não codificada.

O DNA inútil compõe 97% do genoma humano e, apesar de seu nome, ele é necessário para o funcionamento adequado dos genes.

Em cada espécie há um número definido de
cromossomos. Alterações em seu número ou disposição de genes, pode resultar em mutações genéticas.

Quando ocorrem mutações em células germinativas (óvulo ou espermatozóide), as mudanças podem ser transmitidas para as gerações futuras.

As mutações que afetam as células somáticas podem resultar em certos tipos de câncer.
A constituição genética própria de um organismo (genótipo) mais a influência recebida do meio ambiente, será responsável pelo fenótipo, ou seja, pelas características observáveis do indivíduo.

A soma total dos genes é chamada de genoma. As pesquisas realizadas como o objetivo de identificar a localização e função de cada gene, é conhecida como genoma humano.


Atualmente podem ser criados genes artificiais (veja aqui).

Os processos inteligentes acima citados se rtratam de afirmação errônea se analisadas sob a ótica científica. Não há evidências concretas de qualquer processo inteligente na natureza, exceto aquele produzido pela seleção natural.


• E também há o fato da entropia, a lei universal da física que leva os sistemas a ir de mal a pior, a menos que afetados por uma aplicação racional de energia.

Errado.

Na frase acima o comentarista se esquece, talvez por falta de conhecimento, que seres vivos e planetas se tratam de sistemas abertos.





Basta que se forneça energia a um sistema e ele poderá caminhar em sentido inverso. Caso a hipótese acima fosse real, a vida não existiria.

Quanto ao Universo, este pode ser considerado como o único sistema fechado existente, uma vez que onde ele nao existe, suas propriedades não se verificam.

Aqui discutimos detalhadamente o que é entropia.

Mas de algum modo eu duvido que você encontrará esses fatos em Thank God for Evolution. Alguns você achará, de acordo com o autor, que são "muitas das doutrinas centrais do cristianismo - pecado, salvação, o reino de Deus, céu e inferno, Jesus como o caminho de Deus, a verdade e a vida" desempacotadas de "uma forma inegável e realista deste mundo".

Caso Dowd inserisse em seu livro tais equívocos (não se pode denominá-los fatos, conforme faz o comentarista, uma vez que tudo aqui apresentado, a título de comentários, está cientificamente errado), certamente demonstraria falta de conhecimento ao abordar a temática referente à teoria da evolução.

Dowd representa isso, ilustrativamente, com um logo na van que ele e sua esposa usam em seu serviço "domiciliar". Ele mostra dois peixes se beijando: um com o nome de "Jesus" e o outro com o nome "Darwin".

Dowd chama sua perspectiva teológica de "criateística". Seria "cre-ateística?" Parece que sim, considerando que sua esposa, a qual ele descreve como sua "companheira de missão" seja uma ateísta.

Quanto às concepções pessoais de Dowd a respeito de ser religioso ou não e tomar a teoria da evolução como sua fonte de inspiração religiosa, isso é algo de cunho meramente pessoal, que em nada se coaduna ao mundo científico.


CONCLUSÃO:

Novamente o desserviço do criacionismo e do DI atacam com sua retórica repleta de erros no que concerne à seara científica. Repito que o discurso apenas se reveste com jargão científico, porém os equívocos e as armadilhas, não visíveis aos leigos, se fazem presentes ao longo dos comentários.

A respeito de Dowd, somente posso analisar que seu perfil se trata de alguém com forte dose de culpa em sua mente, uma vez que pela sua própria fé e formação, deve ter se reprimido demais e se culpado em excesso pelos seus deslizes.

Assim, Dowd encontrou uma boa justificativa na Teoria da Evolução de modo a se livrar de sua culpa consciente e inconsciente.

Desse modo nosso escritor pode achar que Deus o perdoa, por genes serem os responsáveis pela sua falha de caráter, e, por serem estes oriundos da criação divina, estaria ele isento de qualquer pecado.

Dowd vislumbrou uma forma de Deus o perdoar e excusar-se de suas falhas humanas. Seu comportamento é exatamente aquele previsível que se faz presente em qualquer religioso em busca da salvação.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Discussão científica ou proselitismo?




















Mais uma vez surge o debate criacionismo e DI X teoria da evolução. Desta vez, a discussão tem seu foco na indignação do Dr. Marcos Eberlin por ter sua palestra vetada na 60ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na Unicamp cuja palestra deveria versar a respeito de suas pesquisas, provavelmente no campo da espectrometria de massas.

Todavia, o tema da palestra A Vida e o Universo: Um Grande Acidente ou Design Inteligente? (aqui) não se trata de uma palestra com cunho propriamente científico.


Não se trata de boicote algum. Simplesmente,
a comunidade científica não pode e não deve servir como palanque para o doutor expressar suas crenças pessoais ou como meio para a expansão de proselitismos religiosos ou ideológicos.

Tal postura é tanto inaceitável, como desnecessária para o desenvolvimento da boa ciência, que deve estar imune das concepções pessoais de seus estudiosos.


Vejamos o desabafo do Dr. Eberlin.


Cientista é impedido de discutir as origens do Universo e da vida

Marcos N. Eberlin é, desde 1982, professor doutor titular da Universidade Estadual de Campinas onde coordena o Laboratório Thomson, um dos grandes centros de referência mundial na técnica de espectrometria de massas. Realizou pós-doutorado na Universidade Americana de Purdue, Estados Unidos, e tem orientado diversos mestres, doutores e pós-doutores.

Eberlin é hoje um dos cientistas brasileiros de maior destaque; é membro da Academia Brasileira de Ciências, comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico, vice-presidente da Sociedade Internacional e também da Sociedade Brasileira de Espectrometria de Massas; e ganhador de vários prêmios, entre eles, o mais recente: o prêmio Scopus-Capes 2008.

Eberlin é ainda autor de mais de 320 artigos científicos com mais de três mil citações. Sua destacada atuação levou ao convite para proferir palestra na 60ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na Unicamp, sobre assunto relacionado às suas pesquisas. Tudo estava acertado. Título e resumo devidamente fornecidos à organização do evento, e sua conferência programada e anunciada na web para terça-feira, 15 de julho, com o título A Vida e o Universo: Um Grande Acidente ou Design Inteligente?” Mas tudo mudou no dia 2 de julho, quando o cientista foi informado, laconicamente via email (ao qual tive acesso), que “por decisão do Coordenador Geral da 60ª SBPC, estamos cancelando sua conferência”.

Quanto aos títulos e aos trabalhos do Dr. Eberlin, sem qualquer problema. Todavia, o teor de sua palestra não possui nada de científico, uma vez que como já exaustivamente discutimos neste blog, a vida, segundo a teoria da abiogênese em todas as suas nuances, não se trata de um acidente, mas de mera questão de ocorrência de reações químicas, as quais possuem razões para ocorrer.

A respeito da temática sobre o DI, mais uma vez salientamos que se trata de criacionismo disfarçado de ciência. Usa jargão científico, porém, exatamente como faz o criacionismo, culminana crença em um ser superior (um ET, um a energia, um ente, um deus genérico e, claro, para os cristãos, os maiores promotores dessa idéia, o deus bíblico).



Assim, sua palestra, provavelmente, usaria linguagem científica, atacaria teorias que possuem evidências plausíveis, mas como qualquer outra teoria são incompletas, para chegar na brilhante conclusão de que apenas um ser superior seria capaz de fazer tudo o que existe e, no final, relacioná-lo ao Deus bíblico.

É sempre a mesma ladainha.

Ao questionar os motivos do súbito e unilateral cancelamento, o Dr. Eberlin esclarecereu que ele “falaria como um cientista preocupado em entender o Universo e a vida sem qualquer preconceito, sem restrições, sem idéias pré-concebidas de como o Universo e a vida devem a priori ser”.

Falar como o universo deve ser, não é falar como ele realmente é. O "dever ser" está no nível da subjetividade,dos juízos de valores e o "ser" está no nível da objetividade empírica, que é a grande procura da ciência.

No plano do "ser" se situam a realidade observada como aquela que flui
ou se desenvolve. É a origem do movimento que resulta de causas.

Assim, descrever o universo como ele é consisite em ordenar fatos segundo nexos de casualidade ou de funcionalidadeque terão tanto mais rigor científico quanto maior a neutralidade de quem os estuda ou os enuncia.

O plano do "dever ser" encerra-se na questão das causas motivacionais, conforme expressão de Husserl.

Desse modo, tentar descrever o universo como ele "deve ser", implica descrevê-lo não de forma natural, mas de forma coadunada ao estabelecido pelas ciências humanas, onde, por mais que o observador tente ser cientificamente neutro, nao observará apenas os enlaces causais. Sempre haverá uma tomada de posição a qual se resolve em atos valorativos ou axiológicos.

Estudos científicos devem ser avalorativos, restritos a certo ou errado. Não são morais ou imorais, feios ou bonitos, prudentes ou imprudentes. Devem se restringir aos fatos que explicam.

Dessa forma, a questão do "ser" e do "dever ser", se desdobra em dous enfoques:


  • enfoque zetético, o qual visa a saber o que é uma coisa. Este enfoque desintegra as opiniões, colocando-as em dúvida, por sepossuir função especulativa explícita, sendo suas questões infinitas. Sua preocupação é com o enfoque informativo da linguagem. Suas premissas são dispensáveis, ou seja, podem ser substituídas se os resultados não se apresentarem satisfatórios, podendo suas questões mesmo permanecerem sem respostas, até que o conhecimento reuna condições favoráveis ao seu esclarecimento, confortando às premissas aos problemas e, caso aquelas não se adaptem ao problema podem ser dispensadas.
  • enfoque dogmático, cuja função é diretiva explícita, sendo suas questões finitas. No dogmatismo as situações captadas configuram-se como deve ser algo, o que se traduz em possibilitar uma decisão e orientar a ação. Sua preocupação é também com o enfoque informativo da linguagem, porém, à função informativa combina-se a função diretiva e esta cresce em importância. Por ter compromisso com a orientação da ação, jamais deixam questões em suspenso. A dogmática prende-se a conceitos fixados, conformando os problemas às premissas e, caso aqueles não se adaptem às premissas, passam a ser pseudoproblemas e portanto descartados.
Desse modo, as teorias cujos cunhos possuem caráter científico, se tratam de teorias zetéticas, onde suas premissas, utilizadas como ponto de partida, são abertas ao questionamento, podendo mesmo serem descartadas e substituídas por outras que melhor se adaptem ao problema.

Isso é exatamente o que se passa com a teoria da evolução, teoria da gravitação, teoria atômica, teoria da relatividade, teoria da fisico-química, teoria dos ecossistemas, teoria do big bang, teoria da física de partículas, teoria da origem da vida, teoria do eletromagnetismo, teoria da citologia, teoria da paleontologia, teoria da informação, ou com qualquer outra teoria científica.

Todavia, teorias pseudocientíficas, como astrologia, quiromancia, design inteligente, criacionismo,métodos de advinhação, mensagem da água, o segredo, etc., se tratam de teorias dogmáticas, pois partem de premissas inatacáveis como: os astros influenciam na sua vida, as linhas de sua mão traçam o seu destino, existe um designer inteligente, a criação foi feita segundo o Gênesis, a água conforme seu pensamento deixa uma mensagem, se você pensa positivo o universo trabalha ao seu favor, etc.

Assim, ao se querer compreender o universo, não basta adotarmos premissas inatacáveis e respondê-las por meio de nossas concepções pessoais, com base na mítica religiosa ou simplesmente classificá-las como mistérios insolucionáveis.

O trabalho científico visa procurar as respostas dessas questões, sem envolvimento de "pré - conceitos", entendido como aquilo que é um mistério insolucionável ou restrições, ou como premissas as inatacáveis, freqüentes nas acepções ideológico-religiosas.

Disse ainda que “a palestra será desapaixonada, e focará na importância de conhecermos todas as teorias que procuram racionalizar o Universo e a vida, e não só o paradigma predominante. Isso é ciência, é progresso, é o que se espera de uma sociedade que quer promover o progresso da ciência. Que ela examine, discuta, ouça e retenha o que é bom, o que se mostra racional, inteligente”.

Realmente, devemos buscar as teorias que procuram racionalizar o universo, desde que baseadas em dados empíricos, não em concepções pessoais ou metafísicas. Esta postura é a que se mostra racional e inteligente.

Ao se expor DI em palestras, a racionalidade científica deixa de existir, uma vez que adentramos no mundo das crenças reveladas (a existência de um designer), o que não possui qualquer cunho científico, uma vez que não traz qualquer evidência plausível.

Eberlin comentou ainda que tinha ficado feliz em verificar que a SPBC brasileira (ao contrário de outras) não tinha fugido ao debate abrindo suas portas para a discussão acadêmica de uma teoria que ganha destaque a cada dia.

DI não se trata de teoria científica, mas de mera discussão religiosa travestida de ciência. No máximo seria uma hipótese metafísica calcada em ensinamento religioso.

Chame o ser inteligente de como quiser, desde que seja o deus bíblico, conforme será discutido adiante. Onde está o caráter científico disso tudo?




“Como cientistas devemos então examiná-la e, se dela discordamos, confrontá-la com contra-argumentos científicos.

Não basta apenas confrontar com argumentos científicos. O confronto tem de se dar entre evidências. Mais uma vez, argumentos pertencem à verdade denominada veritas, usada na lógica da argumentação. Quanto às evidências científicas, estas pertencem ao mundo da alethea que pertence ao mundo da lógica formal.

Desse modo. os argumentos científicos devem estar baseados em evidências (como as coisas realmente se apresentam - como elas realmente são), colhidas ao longo do estudo, não em concepções pessoais acerca de como se acha que as coisas deveriam ser.

Essa é a graça da ciência”, concluiu o professor e acadêmico, acrescentando que sua palestra “teria o mérito de expor os argumentos científicos de uma teoria cientificamente defensável, de colocar os ouvintes em contato com as teses do Design Inteligente e as teses naturalistas. Eu os convidaria a refletir cientificamente sobre o tema. É assim que a ciência progride: discutindo suas teses, confrontando seus críticos.”

Não, o DI não se trata sequer de uma teoria, mas de uma hipótese sem qualquer embasamento que mereça credibilidade no que concerne à seara científica.

Exaustivamente repito: não há evidências que sustentem essa "teoria" a respeito de seu pilar principal: a existência de um designer ou ser superior criador de tudo. Não se sabe qual sua identidade, origem e meio pelo qual realizou suas obras. A "teoria" é vaga, pois abre um leque extremamente vasto de opções para a identidade do ou dos seres super poderosos.

DI é uma exelente hipótese metafísica a fim de refletir sobre quem seria o/os tais seres superpoderosos, o que dá margem a um vasto número respostas, conforme a identidade cultural de cada pessoa, crença religiosa, gruposocial, etc.

Desse modo, não há qualquer objetividade em seus fundamentos a fim de possibilitar uma resposta clara acerca do objeto estudado.

Todavia, como é uma reação cristã contra a teoria da evolução, somente é aceitável que o deus cultuado por esta crença seja o real criador de tudo. Assim, a "teoria" do DI não é uma teoria de cunho científico, mas é meramente religião cristã travestida de ciência.

Caso se questione a competência do desenhista, no que se refere a não haver criaturas tão eficientes, as quais, ao longo da história do nosso planeta, foram extintas por não terem se adaptado aos novos meios que surgiam, a resposta é calcada no dilúvio bíblico.

Caso se questione por que seres vivos desenvolvem doenças que os matam ou os tornam deficientes, a resposta está no pecado da humanidade, exatamente como defende a bíblia, o que aproximaria em muito ciência e religião, sendo esta as detentora das respostas não encontradas por aquela pseudoteoria científica.

Onde, nisso tudo, está a discussão com o devido conteúdo científico?

A "teoria" do DI não tem o cunho de procurar respostas para os problemas de origem do universo, de origem da vida e de origem das espécies, mas apenas de difundir e imiscuir o cristianismo no campo das ciências naturais.

Portanto, o DI não passa de um criacionismo hipócrita, recheado com muita linguagem científica e muita retórica, porém sem qualquer conteúdo que mereça crédito.

Realmente Dr. Eberlin, a ciência progride não apenas discutindo ou refletindo sobre os pontos críticos de determinado objeto de estudo, mas buscando novas teorias, por meio de novos estudos, que por meio de evidências confirmem ser determinada teoria falsa (princípio da falseabilidade).

O DI busca respaldo na crítica de outras teorias, sem contudo construir nada no que se refere ao seu corpo teórico. Demonstrar que uma teoria é falsa, não abre precedentes para que algo alternativo, sem qualquer evidência plausível, se sustente e acredito que o senhor, como cientista que é, saiba muito bem disso.

Uma nova teoria tem de criar o seu próprio corpo de hipóteses, evidências e teses sustentáveis, sendo todo o seu corpo teórico sujeito à falseabilidade, de modo a este ser confirmado ou rechaçado, ou ao menos passível de reparos e devidas correções.

Não é o que se passa com o DI, uma vez que não possui um corpo teórico calcado em evidências e, tão pouco, seu principio basilar (o desenhista superpoderoso) pode ser submetido a falseabilidade.

Portanto, seu caráter de teoria científica cai por terra, sendo apenas relegado ao plano da discussão metafísica, uma vez que não está baseado no conhecimento gerado pela experiência sensível (dados empíricos), mas em conceitos apriorísticos (conceitos formulados pelo intelecto ou pelo pensamento puro).

Hume explica que conceitos metafísicos não correspondem a nenhuma realidade externa, existente em si mesma e independente de nós, mas são meros nomes gerais para as coisas, nomes que nos vêm pelo hábito mental ou psiquico de associar em idéias as sensações, percepções e impressões dos sentidos, quando constantes, freqüentes e regulares.

Para Kant, a metafísica é o conhecimento da nossa própria capacidade de conhecer, como crítica da razão pura teórica, tomando a realidade como aquilo que existe para nós, organizados pela nossa razão, enquanto somos sujeitos do conhecimento.

A metafísica moderna, denominada ontologia, é descritiva, uma vez que não oferece explicação causal da realidade, mas apenas descreve as estruturas do mundo e do nosso pensamento.

Com base nas explicações acima, pode-se concluir que
as características, tanto do criacionismo, quanto do DI, se encerram na seara da metafísica. tratam-se de realidades que existe apenas para os adeptos dessas "teorias", pois dependem de um conceito de "desenhista inteligente" (o DI) ou da existência de deuses( criacionismos em todas as suas nuances), o que depende da cultura de cada indivíduo, bem como da sua percepção sensorial, que toma como realidade aquilo que existe para si, sem qualquer relação com a realidade externa.

Mesmo com toda a argumentação científica e racional apresentada por Eberlin, a SBPC manteve o cancelamento, mostrando assim, infelizmente, que também na SBPC no intelligence is allowed!

Não há argumentações racionais em torno de DI ou criacionismo, uma vez que ambos se traduzem em questões de crenças religiosas, o que foge ao escopo de qualquer discução cujo conteúdo seja fundamentalmente científico.

A coordenação, quando questionada, se justificou dizendo que “a SBPC, como sociedade científica, respeita profundamente a diversidade cultural e religiosa”, mas que “assuntos que envolvam matérias de fé são valorizados mas não tratados em nossas reuniões.

A questão do ID é, no nosso entender e da atual Diretoria, matéria de cunho pessoal. Várias sociedades científicas americanas também se manifestaram no sentido do ID não ser tratado na academia. Portanto, não encaramos esse cancelamento como confronto mas apenas alinhamento operacional.”

Com base no acima explicado, a decisão da SBPC foi extremamente sábia, uma vez que tais reuniões não possuem o intuito de discutir crenças religiosas ou qualquer outra matéria de cunho pessoal ou ideológico, mas temas de ordem científica, onde são apresentados dados empíricos, evidências colhidas ao longo de trabalhos e estudos.

Não cabe apenas levar um tema e discuti-lo como alternativo das teorias que, até o momento, tem sido confirmadas, sem que este traga suas próprias conclusões baseadas em dados e evidências.

Teorias não se constróem pela mera destruição ou ataque de pontos obscuros pertencentes a outras teorias. Elas têm de se construir por si mesmas.

Eberlin lamentou esse “alinhamento operacional” e com a confirmação do cancelamento de sua palestra ele assim se manisfestou:

Aqui a ladainha começa....

“Não sei se viveremos para ver, mas a história vai se repetir”, previu o cientista.

A qual repetição ele se refere? Caso se refira às cesuras contra o conhecimento, a pior delas a ocorrer no mundo ocidental, no que concerne à difusão do conhecimento, foi patrocinada pela Igreja Católica com a Santa Inquisição.

Na academia não há qualquer restrição a se apresentar trabalhos, desde que estes apresentem plausibilidade em seus estudos e passem pelo crivo de outros cientistas, ou seja, devem se submeter à falseabilidade.

“Na queda de um paradigma, os que detêm o poder na Academia fazem de tudo para que a fragilidade de seus argumentos não seja de forma alguma confrontada ou divulgada.

Esta é uma idéia deturpada do que ocorre com o conhecimento. Desde que sejam apresentados trabalhos com teses bem fundamentadas em estudos que revelem o contrário dos "paradigmas" adotados, estes serão revistos.

Mas isso não é tão simples quanto parece. Trabalhos científicos a fim de desenvolver uma nova teoria têm de ser submetidos ao crivo de outros cientistas e serem profundamente analisados, de modo a se evitarem resultados falsos, erros procedimentais no curso das pesquisas, bem como fraudes.

Caso os estudos convirjam para uma nova acepção ou para o desmantelamento de teorias anteriores, forma-se uma nova teoria que poderá ser aceita, ou então revisar as falhas ou pontos obscuros das teorias anteriores relacionadas a mesma disciplina sob estudo.

Expor meramente argumentos que indiquem a fragilidade de teorias é saudavel, mas não abre precedentes para que "visões alternativas", sem fudamentação empírica, mal fundamentadas, ou que façam alusão a crendices populares ganhem respaldo ou caráter de científico.

O confronto está aberto, desde que seja trazido material com suficiente teor a fim de se gerar o confronto.

Não é o que ocorre com o DI. Este apenas busca seu fundamento argumentação referente à fragilidade das teorias existentes. Por essa via tenta "pegar carona" a fim de ser elevado à categoria de teoria científica alternativa à origem da vida, do universo e das espécies.

Agem até com deselegância, não há pudor. Pois quando uma teoria é solida, bem fundamentada na razão e nas evidências, não há por que temer o contraditório.

Gostaria de saber do Dr. Eberlin qual teoria científica é tão bem fundamentada em razão ou evidências de modo a ser considerada inabalável? Até hoje, não soube de nenhuma detentora desse caráter.

O contraditório é saudável em qualquer área do conhecimento, desde que possua sustentação. Especulações podem ser feitas. Aliás, constantemente os cientistas, em qualquer ramo do conhecimento, as fazem com base naquilo que observam. Todavia, caso as especulações não tragam qualquer evidência de que determinada teoria seja confirmada elas em nada enriquecerão o conhecimento.

O criacionismo e seu correlato, o DI, simplesmente especulam, sem evidenciarem nada de concreto. Tão pouco especulam de modo científico, pois calcam-se em concepções pessoais bem como de cunho meramente religioso.

Assim, tentam "despudoradamente" estabelecer o contraditório, calcados na mais pura má fé e com o objetivo escuso de desacreditar o trabalho científico verdadeiro, que é responder questões naturais por meio de explicações também naturais.

Mas aos poucos as evidências começam a falar mais alto que as nossas paixões; mais alto que as nossas opiniões; mais alto que a nossa crença ou religião – sobrenatural ou naturalista –, e a ciência avança, progride.

Quando isso ocorre é ótimo, pois é assim que a ciência se desenvolve verdadeiramente. A frase acima, o Dr. Eberlin deveria aplicar a si mesmo, ao enfatizar tanto o DI como alternativo às teorias científicas existentes.

DI e criacionismo são visões apaixonadas de como queremos que as coisas sejam e não de como elas realmente são. A paixão tão grande que estabelece uma "causa inteligente" a certas propriedades do universo que seus adeptos supõe jamais poderem ser explicadas por leis físicas ou naturais.

A teoria do DI não pretende determinar a identidade desta "causa inteligente", nem afirma ser esta causa necessariamente um "ser divino", ou uma "força superior". Ela limita-se a propor que a ciência possa identificar se certas propriedades do mundo natural são produtos da inteligência. Assim, pode-se dizer que há um "designer" sem saber dados adicionais sobre ele.

Desse modo, os adeptos do DI o consideram como o primeiro movimento cientifico cético que poderia provar a existência de uma "inteligência superior", embora não tenham o propósito de defender uma fé, o que os diferencia dos criacionistas.

Para eles, o DI se trata de um movimento cientifico e agnóstico (embora muitas de suas idéias, caso comprovadas, teriam conseqüências que também afetariam o meio religioso).

É importante ressaltar que nem a existência nem a não-existência de um "Deus" foi provada ou seriamente discutida cientificamente até então. A pesquisa foca-se em prováveis evidências biológicas, e não nas conseqüências das descobertas.

A proposta do Design Inteligente (DI) encontra sua origem no teólogo William Pailey, que em 1831 imaginou o seguinte: se ao caminhar por uma charneca ele encontrasse uma pedra, provavelmente não daria maior atenção a ela, supondo que a mesma se encontra ali desde os princípios dos tempos.

Todavia, se ele se deparasse com um relógio, a coisa mudaria de figura, pois o relógio não é um objeto simples como a pedra. Ele leva imediatamente à idéia do relojoeiro, isto é, de uma inteligência que o projetou.


Assim, a existência de seres e/ou estruturas biológicas organizadas no mundo natural levariam à idéia de uma inteligência superior, provando a existência de Deus. Em linhas gerais, o DI propõe a mesma coisa: o design existe na natureza, levando inevitavelmente à idéia do designer.

Para o DI, a existência de estruturas complexas não seria explicável pela teoria da evolução. Behe (1997) sugere o conceito de Complexidade Irredutível. Seriam estruturas que só funcionariam se todas as suas partes estivessem presentes desde o princípio.

Portanto, elas não poderiam ser organizadas em um processo passo-a-passo, via seleção natural.Ele afirma existirem na natureza casos de complexidade irredutível, dando alguns exemplos, entre os quais o olho e o sistema imunológico.

Outra proposta foi feita por Dembski (1998), o qual afirma que o design ocorre sempre que dois critérios são satisfeitos: complexidade e especificação. Complexidade não é o bastante, é preciso uma intenção subjacente, que indica inteligência.

Behe afirma existirem na natureza casos de complexidade irredutível, dando alguns exemplos, entre os quais o olho e o sistema imunológico.

O DI e seus neo criacionistas eliminaram quaisquer referências a Deus ou à Bíblia nos seus escritos. Modernizaram-se. Nada de ataque aos fósseis, a elos perdidos ou à idade do planeta.

O foco agora é a bioquímica e a genética. Afirmam que existe uma complexidade irredutível no funcionamento molecular da vida. Coisas triviais como coagular um ferimento exige muitas reações químicas e um elemento fora de lugar faz o animal sangrar até morrer.

Em um estudo que envolve biologia evolutiva, religião e política, Antonio Carlos do Amaral Maia tece uma explicação a respeito da questão das origens do DI e sua influência em um contexto onde as seitas evangélicas ganham terreno e fôlego para o combate a tudo aquilo que contrarie os preceitos bíblicos e portanto, fazem a bíblia perder sua credibilidade e, conseqüentemente o cristianismo, minando dessa forma, interesses escusos de líderes religiosos (aqui).

Nas palavras de Julio Cesar Pieczarka (aqui), pesquisador da UFPA,“em primeiro lugar é preciso deixar claro que o design existe na natureza. Efetivamente a mão humana ou o sistema muscular de uma cobra, por exemplo, não são frutos do acaso. Eles desempenham funções, para a qual foram projetados. O grande problema com o Design Inteligente, não é a idéia de design em si, é o imenso salto epistemológico em supor que este design implica necessariamente em um designer inteligente e consciente. O design que eles detectam foi ‘projetado’, porém, por um designer não consciente, que atende pelo nome de ‘seleção natural’”.

Nas palavras de Antonio Carlos do Amaral Maia, "os adéptos do DI não percebem que continuam com o mesmo problema de Paley. Para criar um desenho complexo não se faz necessária a participação de um engenheiro.

A evolução pode criar uma bioquímica complexa a partir de precursores simples, da mesma maneira que pode produzir uma anatomia complexa, a partir de estruturas simples. Para escapar do problema, ao invés de explicação e teste, o que se vê é retórica e mais retórica."

A princípio, ao supor a existência de um “designer inteligente e consciente”, esse designer poderia ser qualquer inteligência desconhecida pelos seres humanos.

Ao se estabelecer essa petição de princípio (uma inteligência desconhecida), caminha-se para toda uma discussão metafísica a fim de procurar saber quem é o tal "desenhista inteligente e consciente", seus segredos e sua origem.

Seriam ETs, espíritos, seres feitos de energia, seres presentes em tudo, seres apartados do mundo, trabalhando de forma independente ou em conjunto ou um único ser com essas mesmas condições.






Porém, a preferência para estabelecer quem são as tais “inteligências superiores”, para os seres humanos sempre foram os deuses.

Ao se estabelecer que se tratam de deuses, obviamente esse será o caráter da identidade do (s) projetista (s), ocorrerá toda uma discussão teológica para se saber quem é o tal deus criador de tudo.

Todavia a teoria faz menção ao projetista inteligente e não aos projetistas inteligentes, o que descarta a multiplicidade de “projetistas inteligentes”.

Prosseguindo na discussão teológica, como todas as outras crenças são falsas, aos olhos dos cristãos (os patrocinadores da idéia de DI), somente sobrará o deus bíblico como o verdadeiro "projetista inteligente". (cqd)





Continuando com a apresentação de Julio Cesar Pieczarka a respeito da explicação das insuficiências do DI como possível alternativo à seleção natural, segue:

Os defensores do DI têm uma visão bastante errônea sobre a Teoria da Evolução, uma vez que eles afirmam ser impossível as estruturas complexas do mundo atual serem explicadas por puro acaso.

Na realidade, um dos poucos elementos casuais na Teoria da Evolução é a mutação, que não surge em função da necessidade imediata do organismo.

No que toca à seleção natural, porém, não há nada de casual. A escolha das formas mutantes que são preservadas de modo algum é aleatória, pois a seleção é a interface entre o organismo e o meio em que ele vive.

Assim, passo a passo, as escolhas são feitas em função do ambiente e das necessidades do organismo. Estruturas paulatinamente mais complexas surgem a partir de menos complexas. Portanto, repito, o design detectado nada mais é que o resultado da seleção natural.

Alguém poderia argumentar que do mesmo modo, poderia ser atribuída a uma inteligência superior esta intenção, de modo que esta sugestão equivaleria à da seleção e, portanto, ambas teriam igual poder e tudo vira uma questão de opinião.

Não é assim, porém. A seleção natural é uma explicação baseada no mundo natural, sem necessitar de lançar mão de uma explicação sobrenatural. Um cientista deve usar a ‘Navalha de Occam’ e optar pela possibilidade mais simples e lógica.

Se uma pessoa opta pela idéia de que o design deve provir de Deus, trata-se de uma opinião dela, mas sem base científica. Deixa de ser ciência e se torna religião (até porque os desígnios divinos, bem com a própria existência ou não de Deus estão fora do alcance da ciência, que não pode provar nem que Ele existe, nem que Ele não existe).

Em essência, os defensores do DI, ao detectar design na natureza nada mais fazem que detectar a evolução. O mesmo argumento serve contra Dembski, pois o processo de seleção natural tanto gera complexidade como traz em si o conceito de especificação, pois as estruturas não foram selecionadas ao acaso, mas em função das necessidades de sobrevivência específicas daquela espécie.

O erro, volto a dizer, é automaticamente supor que design implica em designer inteligente e consciente. Com relação à complexidade irredutível, efetivamente a ratoeira é um exemplo deste tipo de complexidade e que foi, portanto, projetada de modo inteligente.

Projetada por um ser humano! Mas não há exemplos na natureza deste tipo de complexidade. A literatura disponível sobre biologia molecular contradiz este conceito, ao mostrar que estruturas aparentemente irredutíveis, na verdade, podem ser decompostas em etapas, através da duplicação de alguns genes.

Efetivamente, a duplicação gênica é um fenômeno importante no processo evolutivo, pois enquanto uma cópia do gene continua fazendo sua função, a outra fica livre para sofrer alterações.

Eventualmente estas alterações levam à síntese de proteínas que complementam a função da proteína sintetizada pelo gene original. Assim, é desnecessário, do ponto de vista científico, adicionar um elemento sobrenatural a fenômenos biológicos, uma vez que dispomos de explicações coerentes com o mundo natural.

Por fim, um aspecto que incomoda os defensores do DI (Dembski, por exemplo) é a questão da imperfeição do nosso design. Pigluiucci (2001) pergunta por que temos varizes, hemorróidas, dor nas costas e nos pés?

A explicação da Teoria da Evolução é a de que evoluímos para o bipedalismo em época relativamente recente, de modo que nosso corpo ainda não está perfeitamente adaptado a esta postura.

Mas se você assume que fomos projetados de modo ‘inteligente’ é inevitável a conclusão de se trata de um serviço muito mal feito, por um designer bastante incompetente, conclusão esta que dificilmente vai agradar um criacionista.

Dembski não encontrou resposta para isso, apenas aceitou o fato de que nosso design não é o ótimo que se esperaria de um Deus Todo Poderoso.

Desde Platão esta questão existe, pois ele sugeria que dado o serviço de qualidade variável, o projetista do Universo não poderia ser um Deus onipotente, mas apenas um Demiurgo, um deus menor, que não tinha capacidade de gerar algo melhor do que nós temos.


O medo do novo é inerente à natureza humana, mas precisa ser vencido! E será! A história irá contar os fatos – de como sociedades cientificas se recusaram a se render à absoluta objetividade cientifica do DI. Quem viver verá!”

De acordo com a explicação acima, pode-se perceber que o Dr. Eberlin está redondamente enganado. Não há objetividade científica alguma no DI, além de uma péssima retórica e saltos epistemológicos imensos a fim de estabelecer que ha um "designer".

Caso se verifique a existência do "designer inteligente" este será a fundo estudado, a fim de que suas características e capacidade sejam entendidas. Mas, pelo visto, o "designer" até hoje não deu o ar da sua graça.

Resta, portanto, apenas a elocubração a respeito de sua capacidade, identidade e propósito.

Eberlin lembrou também algumas teorias científicas predominantes mas equivocadas que caíram e tornaram-se página virada na história da ciência: o flogístico, o éter luminífero, os quatro elementos, a geração espontânea. Mas “não com pouca resistência, não com pouca luta, não com poucos cancelamentos de palestras acompanhadas de justificativa alguma. E foi nessas quedas que a ciência reconheceu suas fragilidades e mais avançou”, disse.

Sim, muitas teorias caíram por terra, porque foram confirmadas serem falsas. Houve experimentos que as confirmaram assim. Quanto a TE, pode haver mudanças em partes da teoria, mas estas apenas vêm a corroborar a seleção natural.

Estudos foram apresentados a cientistas e confirmados, daí as mudanças propostas nas teorias. Sabemos que o éter foi um conceito ferreamente defendido por Einstein. Todavia, pe3la experiencia de Michelson e Morley, o conceito caiu por terra.


Esta experiência é considerada a primeira prova forte contra a teoria de um éter luminífero, mas que por outro lado demonstrou que a luz propagava-se independente ao meio.

O químico, submetido à Inquisição sem fogueiras da SBPC, silenciado mas não abatido, conclui explicando que “o DI não é religião, não trata de fé, trata de razão, de raciocínio lógico. Trata de evidências inquestionáveis que toda uma geração de jovens que não se deixa mais enganar, e com acesso à internet, começa a descobrir, apesar de alguns detentores do poder acadêmico procurarem esconder. As teses do DI podem ter implicações filosóficas, mas não dependem delas.” E concluiu: “DI é ciência em sua essência.”

Acredito que o Dr. Eberlin esteja nos passando uma troça. Não há razão ou raciocínio lógico que embasem o DI, tão pouco "evidências inquestionáveis", lembrando que qualquer evidência, no que se refere ao mundo científico é questionável.

Também, não é tudo que está disponível na internet que merece crédito. As informações devem ser altamente filtradas.

Frente a acusação que o Dr. Eberlin faz a respeito dos "detentores do poder acadêmico agirem de forma escusa", mais uma vez faço a pergunta: O que o meio acadêmico ganharia em sustentar teorias sem fundamento?

As hipóteses (não teses) do DI possuem muita implicação filosófica, pois ao se encerrar em discussões metafísicas a respeito do caráter do "designer" necessitarão de muitos debates filosóficos.

Também, implicarão em questões de fé a fim de discutir se pode-se considerar ou não o "designer" como um deus.

Pena que os “guardiões da ciência” assim não entendam, ou por entender assim temam... Pena que a ciencia não seja, como deveria, o fórum da livre discussão de teses, sem preconceitos, sem compromissos predefinidos. Pena que não procure, como deveria, o pleno conhecimento sobre o Universo e a vida.

A ciência não se trata de um fórum de livres discussões, nem de uma marcha de protestos, ou de proselitismo religioso / ideológico.

A ciência se trata de um fórum onde as discussões devam ter por norte dados empíricos que visem corroborar ou rechaçar uma determinada teoria. Exigir isso não se trata de questões de preconceitos, mas de compromisso com o desenvolvimento científico.

O que mais a ciência tem feito é procurar o conhecimento do universo e da vida, mas de forma lógico-racional, sem o envolvimento de crenças religiosas ou ideológicas, contrariamente às pretenções dos adeptos de marolas metafísicas como criacionismo e DI.




Que a ciência, na visão de muitos de seus líderes, seja declarada e protegida como território exclusivo de religião naturalista, onde não se admite questionamento da fé absoluta - e muitas vezes irracional - do poder absoluto das leis naturais. Mas, felizmente, embora se tente sufocá-las, vozes têm se levantado, cada vez mais fortes, com autoridade, e com mais e mais freqüência, para mudar esse estado de coisas, para reestabelecer a correta interpretação dos fatos científicos sobre a vida e o Universo.

Aqui o manifesto do Dr. Eberlin atinge o ápice de suas convicções pessoais. A frase encerra forte teor religioso, com o fito de levar ao leitor que, apenas leis naturais não podem explicar o mundo e que tal prática se trataria de irracionalidade, chegando ao ponto de, em suas fantasias, criar uma "religião naturalista".

Questionamentos em ciências, volto a repetir, sempre foram e serão aceitos, desde que devidamente fundamentados, não com retórica ou argumentos da autoridade, mas com evidências postas à falseabilidade.

Resta-me uma pergunta ao Dr. Eberlin: o que seria interpretar corretamente fatos científicos sobre a vida e o universo?

Caso a questão se encerre em aceitar o DI (digo aceitar, pois sequer existe evidência que o respalde), essa interpretação estaria bem longe do que é correto. Estaria presente mais propriamente no mundo das crenças de cunho religioso e ideológico referente a cada cultura.

Estariamos no mundo da subjetividade que é bem diferente do mundo da objetividade, onde se encerram as buscas científicas.


CONCLUSÃO:

Mais uma vez, somos obrigados a ouvir e ler a mesma clássica ladainha a respeito de boicotes da academia, de acusações contra os cientistas de sustentarem teorias irracionais e infundadas em detrimento do DI, de que suas evidências são fortes porque a TE é controversa, etc.

Caso o Dr. Eberlin se restringisse a fazer uma palestra, no que concerne aos "paradigmas" científicos, certamente a SBPC não o dispensaria, uma vez que poderia acrescentar muito aos ouvintes e demais palestrantes com o conhecimento que ele detém.

Mas, baseado no padrão das palestras proferidas por criacionistas e adeptos do DI, esta, certamente, seria mais uma daquelas seqüências de ataques às teorias existentes para se chegar à brilhante conclusão de que foi Deus ou, ao menos, deixar esta pulga atrás da orelha dos ouvintes leigos.



A palestra em si, enquanto se mantivesse na seara científica poderia acrescentar muito. Mas, a partir do momento que começassem as divagações, perderia o seu sentido, passando a se conferir em ataques, para se concluir que a religião cristã é a verdadeira fonte do saber.

Enfim, o objetivo da palestra seria o mais puro proselitismo cristão.