A verdade:
A palavra verdade pode ter vários significados, desde “ser o caso”, “estar de acordo com os fatos ou a realidade”, ou ainda ser fiel às origens ou a um padrão.
Para Nietzsche, a verdade é um ponto de vista. Ele não define nem aceita definição da verdade, porque não se pode alcançar uma certeza sobre a definição do oposto da mentira.
Sobre os tipos de verdade tem-se:
Verdade material é a adequação entre o que é e o que é dito.
Verdade formal é a validade de uma conclusão à qual se chega seguindo as regras de inferência a partir de postulados e axiomas aceitos.
É uma verdade analítica a frase na qual o predicado está contido no sujeito.
É uma verdade sintética a frase na qual o predicado não está contido no sujeito.
Sofisma é todo tipo de discurso que se baseia num antecedente falso tentando chegar a uma conclusão lógica válida.
Definir a verdade não é tarefa fácil.
Pode-se compreende-la como uma interpretação mental da realidade transmitida pelos sentidos,e confirmada por equações matemáticas e regras lingüísticas formadoras de modelos capazes de preverem ou predizerem acontecimentos sujeitos a determinadas regras.
A verdade pode também ser compreendida como um resultado lógico (verdadeiro ou falso) de uma operação mental que depende de dois tipos de conjuntos de juízos: juízos a priori e a posteriori.
Os juízos a priori são conhecidos pela mente antes da realização da experiência, exemplo: a linha reta é a menor distancia entre dois pontos.
Os juízos a posteriori dependem do resultado final de uma experiência científica, que deve ser realizada inúmeras vezes para que exista a comprovação de que um fenômeno sobre determinadas condições só produz um único tipo de resultado que pode ser verdadeiro ou falso.
Todavia, há que se lembrar que não existem mecanismos científicos totalmente eficazes de se prever qualquer acontecimento, pois a realidade poder ser alterada por elementos imprevisíveis ao conhecimento humano.
A verdade, nesta visão pode ser compreendida como um fato, que só é real depois de confirmado ou refutado pelo uso da razão.
Dessa forma, é melhor compreender a verdade em suas formas, conforme segue:
A verdade, nesta visão pode ser compreendida como um fato, que só é real depois de confirmado ou refutado pelo uso da razão.
Dessa forma, é melhor compreender a verdade em suas formas, conforme segue:
1- Verdade científica (ver/perceber):
É aquela aplicada às ciências naturais. Algo se torna cientificamente verdade se não for rechaçado por testes que confirmem o contrário. Assim, mesmo nas ciências naturais, nada é 100% verdade, mas tende a sê-lo caso sempre as hipóteses formuladas acerca do problema se confirmem, segundo estabelece o método Popperiano.
Neste ponto, o verdadeiro é o ser (aquilo que é), ou seja, a verdade é uma manifestação dos seres à visão humana, por ser uma qualidade das coisas ao mostrarem-se a si mesmas, o que significa que verdade é a manifestação da realidade.
Para este tipo de verdade, há a necessidade da evidência, a qual se trata da visão intelectual e racional da verdade, o que é a marca do conhecimento verdadeiro, calcado na visão intelectual e racional da realidade de como ela é em si mesma.
Assim, a idéia é verdadeira quando existe fora de nosso espírito ou de nosso pensamento, sendo que nosso intelecto deve estar adequado às coisas, representadas pelas idéias.
2 - Verdade matemática (abstrato):
As ciências são calcadas no método indutivo (é experimental e parte-se do particular para se estabelecer uma lei geral) e no método dedutivo (parte de idéias e verdades abstratas gerais das quais se extraem leis ou conseqüências menos gerais ou equivalentes).
O método dedutivo é racional uma vez quer parte de uma proposição geral para chegar a uma conseqüência particular. Seu ponto de partida é um princípio tido como verdadeiro a priori. Seu ponto de chegada é a tese ou conclusão, que é aquilo que se deseja provar.
O método indutivo é o raciocínio que se baseia em observação de fenômenos e fatos da realidade objetiva e estuda as leis que os regem, como seu ponto de partida. Seu ponto de chegada é o estabelecimento de leis ou regularidades regentes dos fatos e dos fenômenos analisados. É o método científico por excelência e, por isso, o método fundamental das ciências naturais e sociais.
Um princípio é uma proposição (tese ou teoria) muito geral, fundamental, suficientemente demonstrada e por essa razão considerada verdadeira, da qual as leis já descobertas podem ser consideradas como consequências. Por exemplo, o princípio da conservação da energia.
Uma lei é o enunciado de uma relação necessária e constante entre fatos e fenômenos, relação essa decorrente da natureza interna das coisas, isto é, de sua essência. Por exemplo a lei da gravitação universal.
As matemáticas são essencialmente dedutivas, sendo seu princípio basilar o da identidade e, consequentemente o da não contradição de onde se extraem os axiomas.
Desse modo, a matemática não estuda noções empíricas, mas noções ideais, construídas por definições, sendo sua linguagem sintática (relação dos signos consigo mesmos, que busca coerência e pertinência recíprocas, sem atender em princípio, os fatos do mundo exterior) e não semântica (relação dos signos com o mundo, que busca sua relação de referência com as realidades empíricas).
Vale aqui a digressão acerca da construção da matemática.
O aparecimento dos números depende das diversas necessidades dos povos. Assim, a criação de certos tipos de conjuntos numéricos se coadunam a determinadas necessidades. À medida que tais necessidades evoluem, há a imposição de satisfazê-las e assim, criam-se novos números, desenvolvendo-se sua teoria.
Este processo de construção é denominado sintético.
Por exemplo, na antiguidade não se conhecia o zero e algo como 1-1 não possuia qualquer significado. Apenas se conheciam os números naturais N = {1,2,3...n}. Depois passamos a ter os números naturais incluído o zero N* = {0,1,2,...n}
Ao aprendermos a subtração surge o conjunto dos números inteiros Z = {-n ...-2,-1, 0 ,1,2,...n}.
Ao aprendermos operações com a divisão, surgiram os números racionais Q = {...-2, -3/2, -1 -3/4, 0, 1/2, 1...}
Após estes surgem os números reais R = {... -2, -(2^(1/2)), -1, 0, (0,9^(1/3)), 1, 2,5, e....}
Devido a necessidades impostas pela eletrônica, surgem os números complexos I = {...-1, -(-1^1/2), 0, 1 , (-2^(1/2))...}.
Criada e desenvolvida a teoria pelo processo sintético, os matemáticos passaram a querer purificar tal teoria. Ou seja, eliminar causas estranhas à matemática que impusessem o desenvolvimento da teoria. Assim, passou-se a definir e a construir a teoria com recursos somente da lógica.
Este processo é denominado de analítico ou axiomático.
Por esta teoria, existem proposições que se demonstram ou são demonstráveis, as quais são denominadas de teoremas. O teorema é ou pode ser consequência lógica ou necessária de outros teoremas, previamente estabelecidos, que por sua vez devem ser provados e assim por diante, o que determina uma corrente de proposições unidas entre si.
Mas até onde esta corrente deverá ser prolongada? É impossível uma regressão infinita. Assim há que parar-se em uma determinada ou determinadas proposições.
Estas proposições são admitidas a priori, sem demonstração, daí serem chamadas de proposições não demonstradas, sendo elas o primeiro elo da corrente que construirá o raciocínio matemático.
Estas proposições não demonstradas são meramente aceitas como verdadeiras e se denominam axiomas.
O axioma, no sentido restrito de princípio lógico e racional, é uma proposição evidente por si mesma, aceita como verdadeira e sem demonstração. Serve de ponto de partida para a construção de um sistema hipotético-dedutivo. Assim, na matemática, os axiomas não se tratam de juízos sintéticos a priori (aqueles em que não se pode chegar à verdade por pura análise de suas proposições) e nem de fatos experimentais, são, conforme a acepção de Henri Poincaré, meras convenções.
O conceito tradicional de axioma estabelece que este é uma proposição de evidência absoluta por si mesma, indemonstrável, por ser o princípio e a condição de toda a demonstração.
Além das proposições não demonstradas, há também as proposições não definidas ou entes primitivos, os quais devem ser aceitos uma vez que há a impossibilidade de reduções infinitas a partir de noções mais complexas para as mais simples, seja por demonstração, como por definição.
Um exemplo, é a noção de conjunto, a qual não apresenta definição.
O estudo axiomático dos números naturais é devido ao matemático Peano que considerou os seguintes entes matemáticos como noções não definidas ou primitivas:
o número natural;
o número 1;
o número que é um sucessor;
Peano afirmou também que os números naturais devem satisfazer as seguintes proposições não demonstradas ou axiomas:
- o número 1 é um número natural;
- para cada número natural "a" existe exatamente um outro número chamado sucessor de "a" representado por "a´";
- o número 1 não é sucessor de nenhum número natural;
- se dois números naturais possuem um mesmo sucessor eles são iguais;
Disso tudo resulta o postulado da indução matemática, conforme segue:
Se A for um conjunto de números naturais tal que:
a) o 1 pertence a A,
b) o fato de um número natural "a" pertencer ao conjunto A, implica que seu sucessor "a´" também pertence a ; então o conjunto A conterá todos os números naturais.
A partir deste postulado, temos o processo de formação dos números que é feito pela adição de 1 ao número anterior para obter um novo número do conjunto.
A respeito do postulado, em seu conceito também tradicional, este é uma proposição não absolutamente evidente e nem demonstrável, mas se trata de uma verdade legítima, estabelecida, também por convenção, sem violar qualquer princípio de razão ou de lei formal de pensamento. Por exemplo, por um ponto fora de uma reta, não se pode traçar senão uma e apenas uma paralela a esta reta (postulado de Euclides).
A convenção se trata de um ajuste, um acordo sobre determinado assunto ou fato. Ela dá valor, sentido ou realidade a uma questão, mediante acordo recíproco ou explicação prévia. Assim, para que axiomas e postulados sejam aceitos como verdades, os matemáticos se reunem, discutem e chegam a um acordo sobre sua aceitação.
Mas seriam estes conceitos dogmas das ciências? É claro que não.
O dogma é uma proposição indemonstrável e indiscutível aceito na base somente da crença e da fé, sem a participação crítica da razão ou da confirmação científica. Por exemplo, o dogma da criação do mundo pelos deuses, o dogma da imortalidade da alma, o dogma da ressurreição de Jesus.
O dogma difere do postulado e do axioma, uma vez que estes são aceitos por convenções, onde muito se discute e podem ser revistos ou variar, como veremos mais adiante. Já o dogma encontra-se blindado a qualquer discussão ou revisão de seus conceitos.
No entanto, o conceito de axioma varia, conforme o espaço onde lidamos (plano, esférico e em cela) e com o sistema matemático a ser aplicado. E, portanto, o mesmo ocorre com os postulados e teoremas aplicados aos diversos tipos de espaço ou sistema matemático. Assim, a evidência mediante a intuição axiomática não é mais aceita como base para a certeza veritativa.
A fim de que se aceite determinada proposição como axioma, exige-se a manutenção da coerência nas deduções de outras proposições, o que forma um sistema.
A doutrina é um conjunto de teorias e de princípios que servem como bases a um sistema científico ou filosófico, por exemplo, a doutrina do epicurismo.
Um sistema é um conjunto de teorias e princípios científicos ou filosóficos que constituem um todo orgânico, cujas bases se esteiam nas doutrinas.
Atualmente, vemos a geometria plana como algo relativo em função de novas convenções nascidas do avanço da geometria e da matemática, no que concerne aos espaços esféricos, em cela, de Hilbert, de Kolmogorov, em relação à álgebra vetorial, da teoria dos grupos e dos anéis.
Dessa forma, o conceito de axioma perdeu sua expressividade puramente objetiva, como algo de per si evidente, para ser considerado como axioma, mediante convenção, ou pelo menos mediante um acordo sobre determinado ponto de partida.
Assim, passa-se a ter elementos oriundos do acordo, da convenção e da suposição, ou seja, elementos pertencentes à subjetividade volitiva.
Portanto, renuncia-se a capacidade absoluta da razão a qual intui o axioma como algo objetivo e independente que qualquer lampejo de subjetividade.
Em uma identidade concebida pela razão, o axioma, sob a ótica tradicional, é essencialmente a priori e analítico, daí não poder ser rejeitado sem que se caia na contradição.
Já o postulado tem caráter sintético e a posteriori, uma vez que acrescenta ao sujeito a idéia de alguma propriedade especial, revelada pela experiência. Assim, o postulado pode ser negado sem que se caia na contradição.
Na geometria plana, a linha reta é o caminho mais curto entre dois pontos. Porém, tal idéia está plenamente subvertida para o espaço esférico e em cela.
Quando afirmamos que 2+2=4, isso ocorre porque há provas matemáticas para tal em teoria dos números, conforme explanado acima, a partir dos axiomas propostos por Peano.
Logo, tais provas derivam de axiomas e postulados da álgebra. Porém, uma simples operação de soma muda por completo suas características quando adentramos a álgebra vetorial, ao cálculo tensorial, à teoria dos grupos, dos nós e à dos anéis ou mesmo se estivermos lidando com sistemas diferentes do decimal, como o binário, sexagesimal ou octagesimal.
Por exemplo, a = 2 + 2; se forem módulos de vetores teremos que:
a = { (2^2) + (2^2) +2*(2)*(2) cos(x)}^(1/2), sendo x o ângulo formado entre estes vetores.
Se estivermos em sistemas de base qualquer, por exemplo base 2, teremos que:
2 + 2 = 4 será dado por: 10 + 10 = 100
Em base 3 teremos:
2 + 2 = 11
em base 4 teremos:
2+2 = 10
Assim, para uma simples soma, nossa verdade depende de em que sistema nos encontramos, se no sistema decimal ou se em qualquer outro sistema de bases, ou se em um tipo diferente de álgebra.
Em geometria a coisa ainda fica mais emocionante:
Suponhamos um triângulo no espaço plano (euclidiano). Qualquer um sabe que a soma de seus ângulos internos perfaz 180 graus.
Mas se estivermos em um espaço esférico;
Ou em um espaço em cela , o hiperbólico?
Ai a coisa muda!!!
Para o espaço esférico a soma dos ângulos internos será maior que 180 graus e no espaço hiperbólico, será menor.
Ou seja, nossos axiomas, postulados e teoremas variarão conforme o sistema em que nos encontramos, o que os torna relativos ao sistema em que são utilizados. Ou seja, é a teoria dos sistemas de Luhmann aplicada à matemática, onde um subsistema não se sobrepõe ao outro, mas apenas se comunicam, criam diferenças e estabelecem as fronteiras entre os sistemas.
Assim, cada subsistema deste será importante de acordo com sua função a ser realizada, ou seja, como irá atender a evolução do conhecimento matemático, sendo distinto dos demais subsistemas.
3 - A verdade relatada (falar/dizer):
Esta forma de verdade volta-se a precisão e a exatidão de um relato que diz com pormenores o que aconteceu. Assim, o verdadeiro é a linguagem como narrativa dos fatos, sendo que os enunciados devem expressar fielmente como as coisas aconteceram.
Desse modo, o relato será veraz, quando a linguagem enunciar os fatos reais, sendo que tais enunciados deverão corresponder à verdade. Portanto, os relatos e enunciados sobre as coisas (reais ou imaginarias) é que deverão ser verdadeiros ou falsos.
Esta forma de verdade depende da precisão da linguagem que expressam nossas idéias e acontecimentos ou fatos exteriores a nós. Assim, as idéias serão verdadeiras se obedecerem aos princípios, regras e normas de uma linguagem rigorosa.
Dessa forma, o critério da verdade e dado pela coerência interna ou coerência lógica das idéias ou de sua cadeia formadoras do raciocínio. Tal coerência depende da obediência às regras e leis dos enunciados corretos. Logo a marca do verdadeiro passa a ser a validade lógica dos argumentos.
Há que se salientar que a lógica não possui compromisso com a verdade, mas, apenas, em estruturar um raciocínio. Podemos perfeitamente ter raciocínios válidos com premissas ou conclusões falsas e vice-versa.
Neste ponto, não significa que o raciocínio estruturado seja representante da verdade como naquele referente às verdades científicas. Pode ser falso, no que concerne à evidencia, mas será plenamente válido sob o ponto de vista lógico.
4 - Verdades da confiança (crer/confiar):
Nesta forma de verdade, tanto as pessoas como os deuses é que são verdadeiros, que devem cumprir aquilo que prometem.
A verdade se funda na crença, esperança e confiança de uma promessa.
A maior expressão sobre esta forma de verdade é revelação divina a qual não se justifica, mas é meramente revelada e calcada no dogma da crença. Suas revelações são intrínsecas ao sistema em que cada povo vive, conforme suas respectivas sociedades.
Assim como ocorre com a ideologia, aqui é uma questão de crer ou não crer naquilo que é pregado.
Neste ponto, a verdade depende de um acordo ou pacto de confiança entre os indivíduos, que definem um conjunto de convenções universais sobre determinado conhecimento tido como verdadeiro, sendo que tais regras ou convenções devem ser por todos respeitadas.
Portanto, a marca da verdade será o consenso e a confiança recíprocos entre os membros da comunidade.
O consenso se estabelece baseado em três princípios:
Que somos seres racionais e que nosso pensamento obedece aos quatro princípios da razão (identidade, não contradição, terceiro excluído e razão suficiente – para tudo o que existe há uma causa);
Que somos seres dotados de linguagem e que ela funciona segundo regras lógicas convencionadas e aceitas por determinada comunidade;
Que os resultados de qualquer investigação devem ser submetidos à discussão e avaliação pelos membros da comunidade de investigadores que lhe atribuirão ou não o valor de verdade.
Esta forma de verdade se aproxima da teoria da coerência interna, cuja base são os argumentos lingüísticos e lógicos do discurso da comunicação.
5 - Verdade pragmática:
O conhecimento aqui se torna verdadeiro de acordo com seus resultados e aplicações práticas e é verificado pela experiência. Tal concepção se aproxima da teoria da correspondência coisa/idéia.
Aqui, são os resultados que recebem a denominação de verdadeiros ou falsos, pois há um acordo entre pensamento e realidade.
Feita a explanação acima, passemos as perguntas elaboradas pelo Sr. Jean e o sofisma da existência da verdade absoluta:
Mas respondamos as perguntas elaboradas pelo Sr. Jean:
[“Toda verdade é relativa” (a contradição é simples e para quebrar pergunte: “essa é relativa?”);“Não existe uma verdade absoluta” (você está absolutamente certo disto?”) ]
Até o momento, conforme acima debatido, nenhuma verdade absoluta foi verificada. Lembre-se, nas ciências naturais nada é 100%, na matemática depende em que espaço me encontro, na dialética vale o melhor argumento, independente de ser verdadeiro, e na religião minha verdade varia conforme o credo que professo.
Perguntar se a afirmação "Toda a verdade é relativa" é uma verdade relativa, simplesmente é descabido, uma vez que esta é uma questão aberta e depende muito de questões plenamente filosófico-sociais. A verdade poderá ser absoluta para determinado sistema, mas não para outro, conforme exaustivamente debatemos ao longo deste tópico.
Se o Sr. Jean pensa que não é esta a tendência, deixe a conversa mole de lado e faça o que não fez ao longo de 4 tópicos apresentados na introdução:
Traga-me uma e apenas uma verdade absoluta (válida em qualquer dos campos acima), ou melhor, defina o que é “verdade absoluta”.
Resumindo, a questão levantada pelo sr. Jean não passa de um sofisma.
[ “É verdade para você, mas não é para mim!” (essa afirmação é verdadeira apenas para você ou para o mundo?”).]
Sim, esta afirmação é para o mundo e para tudo que nele há, pois dependendo de onde nos encontrarmos, as verdades variarão muito.
Seja em termos das ciências naturais (física da gravidade na Terra e em um buraco negro), da matemática (a soma dos ângulos de um triângulo esférico, de um plano e de um hiperbólico, o sistema de bases numéricos, a soma de números se vetor ou se algarismo), da dialética (conforme o ponto de vista da escola humana que vc defende, ou do argumento apresentado), na questão do argumento (aquele melhor sustentado) e da religião (sobre os dogmas relativos a cada crença, seus rituais e prescrições); tudo é uma questão de em que sistema nos encontramos.
[É impossível tais afirmações se manterem de pé como verdades uma vez que são falsas em si mesmas.]
Bem, isso o autor deve ter retirado de uma demonstração com uma linha de raciocínio errônea, acerca da redução ao absurdo conforme segue:
Tese a ser provada: não existe verdade absoluta: ~ A
Presunção oposta: existe verdade absoluta: A
O sofisma: Não existe verdade absoluta é uma verdade absoluta: ~A = A
A conclusão: Logo, existe verdade absoluta: A
A redução ao absurdo é um argumento lógico por prova indireta, no qual a conclusão é estabelecida mostrando que, presumindo-se o contrário, o resultado será absurdo. Assim, há que se aceitar a conclusão.
O argumento da redução ao absurdo se descreve como:
Tese a ser provada: A
Presunção oposta: ~A
Argumentar que a partir do presumido teríamos de concluir: B
Mostrar que a conclusão B é falsa (o contraditório)
Conclusão: A tem de estar correto
Vejamos o caso apresentado sobre a existência ou não da verdade absoluta:
A ser provado: Não existe verdade absoluta: ~A;
Presunção oposta: Existe a verdade absoluta: A;
Argumentar que a partir do presumido teríamos de concluir B; A verdade absoluta tem de ser unânime, ou seja, não só verdadeira como válida para qualquer sistema;
Mostrar que a conclusão B é falsa (o contraditório):
Mas, conforme se percebe, via estudos científicos de ciências naturais (física, química, biologia meteorologia, geologia, etc.), matemáticos, sociológicos, psicológicos, antropológicos, teológicos e a partir da história, quer sejam as verdades cientificas, as verdades matemáticas, as verdades dialéticas e as verdades religiosas, estas variam conforme cada sistema, no decorrer do tempo e a partir de novas descobertas, tanto nas ciências naturais, quanto nas matemáticas. Portanto, verdades unânimes, para todos os sistemas do conhecimento humano não se verificam. Cada sistema assim terá a sua verdade específica.
Conclui: ~A tem de estar correto: Portanto, a verdade absoluta não existe.
Ou seja, como se pode perceber, o argumento anterior à estrutura ora apresentada, não passa de um sofisma, ou seja, não representa uma estrutura lógica de raciocínio e, tampouco, tece qualquer argumento para fundamentar o que deseja provar, no caso a existência da verdade absoluta.
Mas o primeiro raciocínio acima apresentado é falho, pois na redução ao absurdo há a necessidade de premissas que apóiem a sua tese, o que simplesmente não ocorre e, deliberadamente, sem qualquer critério, iguala a tese a ser provada com a presunção oposta, sem qualquer argumento que sustente esta presunção. Ou seja, o argumento que, em tese, sustentaria a presunção oposta é um sofisma.
Como sabemos, a lógica não se compromete com a verdade, mas apenas com a validade ou não do argumento. Assim, as leis da lógica não garantem a demonstração da verdade, pois há que se ter a validade das premissas as quais não são objeto de estudo da lógica, mas de outras ciências.
Aqui, são os resultados que recebem a denominação de verdadeiros ou falsos, pois há um acordo entre pensamento e realidade.
Feita a explanação acima, passemos as perguntas elaboradas pelo Sr. Jean e o sofisma da existência da verdade absoluta:
Mas respondamos as perguntas elaboradas pelo Sr. Jean:
[“Toda verdade é relativa” (a contradição é simples e para quebrar pergunte: “essa é relativa?”);“Não existe uma verdade absoluta” (você está absolutamente certo disto?”) ]
Até o momento, conforme acima debatido, nenhuma verdade absoluta foi verificada. Lembre-se, nas ciências naturais nada é 100%, na matemática depende em que espaço me encontro, na dialética vale o melhor argumento, independente de ser verdadeiro, e na religião minha verdade varia conforme o credo que professo.
Perguntar se a afirmação "Toda a verdade é relativa" é uma verdade relativa, simplesmente é descabido, uma vez que esta é uma questão aberta e depende muito de questões plenamente filosófico-sociais. A verdade poderá ser absoluta para determinado sistema, mas não para outro, conforme exaustivamente debatemos ao longo deste tópico.
Se o Sr. Jean pensa que não é esta a tendência, deixe a conversa mole de lado e faça o que não fez ao longo de 4 tópicos apresentados na introdução:
Traga-me uma e apenas uma verdade absoluta (válida em qualquer dos campos acima), ou melhor, defina o que é “verdade absoluta”.
Resumindo, a questão levantada pelo sr. Jean não passa de um sofisma.
[ “É verdade para você, mas não é para mim!” (essa afirmação é verdadeira apenas para você ou para o mundo?”).]
Sim, esta afirmação é para o mundo e para tudo que nele há, pois dependendo de onde nos encontrarmos, as verdades variarão muito.
Seja em termos das ciências naturais (física da gravidade na Terra e em um buraco negro), da matemática (a soma dos ângulos de um triângulo esférico, de um plano e de um hiperbólico, o sistema de bases numéricos, a soma de números se vetor ou se algarismo), da dialética (conforme o ponto de vista da escola humana que vc defende, ou do argumento apresentado), na questão do argumento (aquele melhor sustentado) e da religião (sobre os dogmas relativos a cada crença, seus rituais e prescrições); tudo é uma questão de em que sistema nos encontramos.
[É impossível tais afirmações se manterem de pé como verdades uma vez que são falsas em si mesmas.]
Bem, isso o autor deve ter retirado de uma demonstração com uma linha de raciocínio errônea, acerca da redução ao absurdo conforme segue:
Tese a ser provada: não existe verdade absoluta: ~ A
Presunção oposta: existe verdade absoluta: A
O sofisma: Não existe verdade absoluta é uma verdade absoluta: ~A = A
A conclusão: Logo, existe verdade absoluta: A
A redução ao absurdo é um argumento lógico por prova indireta, no qual a conclusão é estabelecida mostrando que, presumindo-se o contrário, o resultado será absurdo. Assim, há que se aceitar a conclusão.
O argumento da redução ao absurdo se descreve como:
Tese a ser provada: A
Presunção oposta: ~A
Argumentar que a partir do presumido teríamos de concluir: B
Mostrar que a conclusão B é falsa (o contraditório)
Conclusão: A tem de estar correto
Vejamos o caso apresentado sobre a existência ou não da verdade absoluta:
A ser provado: Não existe verdade absoluta: ~A;
Presunção oposta: Existe a verdade absoluta: A;
Argumentar que a partir do presumido teríamos de concluir B; A verdade absoluta tem de ser unânime, ou seja, não só verdadeira como válida para qualquer sistema;
Mostrar que a conclusão B é falsa (o contraditório):
Mas, conforme se percebe, via estudos científicos de ciências naturais (física, química, biologia meteorologia, geologia, etc.), matemáticos, sociológicos, psicológicos, antropológicos, teológicos e a partir da história, quer sejam as verdades cientificas, as verdades matemáticas, as verdades dialéticas e as verdades religiosas, estas variam conforme cada sistema, no decorrer do tempo e a partir de novas descobertas, tanto nas ciências naturais, quanto nas matemáticas. Portanto, verdades unânimes, para todos os sistemas do conhecimento humano não se verificam. Cada sistema assim terá a sua verdade específica.
Conclui: ~A tem de estar correto: Portanto, a verdade absoluta não existe.
Ou seja, como se pode perceber, o argumento anterior à estrutura ora apresentada, não passa de um sofisma, ou seja, não representa uma estrutura lógica de raciocínio e, tampouco, tece qualquer argumento para fundamentar o que deseja provar, no caso a existência da verdade absoluta.
Mas o primeiro raciocínio acima apresentado é falho, pois na redução ao absurdo há a necessidade de premissas que apóiem a sua tese, o que simplesmente não ocorre e, deliberadamente, sem qualquer critério, iguala a tese a ser provada com a presunção oposta, sem qualquer argumento que sustente esta presunção. Ou seja, o argumento que, em tese, sustentaria a presunção oposta é um sofisma.
Como sabemos, a lógica não se compromete com a verdade, mas apenas com a validade ou não do argumento. Assim, as leis da lógica não garantem a demonstração da verdade, pois há que se ter a validade das premissas as quais não são objeto de estudo da lógica, mas de outras ciências.
Tais demonstrações provêm:
Por evidência intelectiva (a intuição racional), no caso dos axiomas ou postulados;
Por argumentações corretas a partir de verdades evidentes quando não forem evidentes por si mesmas;
Por evidência empírico-sensorial, cuja confirmação surge a partir da experiência e da observação, ou seja, intuição sensorial.
Vale-se da lei da não-contradição: uma declaração não pode ser concomitantemente verdadeira e falsa.
Assim, dentro da lógica terá de haver uma relação formal correta entre as premissas a fim de sustentar ou justificar uma conclusão, que é conseqüência daquelas, independente de serem verdadeiras ou não.
Para demonstrar-se a verdade, não basta a validade do argumento, há que se confirmarem as premissas. assim, para se obter um raciocínio sólido (aquele que leva à verdade), a inferência tem de estar correta, bem como as premissas e a conclusão evem ser verdadeiras. Estas são duas condições necessárias e suficientes.
Dai, pelo que se pode notar, os pontos levantados pelo sr. Jean não passam de sofismas, uma vez que se revestem de mera aparência de racionalidade.
Toda sua linha argumentativa se trata de retórica vazia, sem qualquer fundamento seja ele de cunho filosófico, sociológico, científico, empírico, antropológico, histórico e mesmo teológico, uma vez que está calcada em fundamentalismo ideológico-religioso.
Não há qualquer justificativa que respalde seu posicionamento ou que sirva de esteio ao seu raciocínio e as suas conclusões.
Conclusão:
Desse modo, conforme o exposto acima, a questão da verdade é algo que merece ser vista sob uma ótica relacionada à teoria de sistemas, ou seja, sob a diferenciação funcional, onde importa a função de cada um dos subsistemas cuja possibilidade de postular prerrogativas de qualquer ordem a outros subsistemas encontra-se obstada.
Também há que se compreender que a questão da verdade é intrínseca ao sistema, uma vez que, cada um deles, cria seus próprios padrões valorativos, que interagem com outros subsistemas, sem, entretanto, se sobreporem uns aos outros.
No que concerne à lógica, esta não tem compromisso com a verdade. Apenas estrutura raciocínios como válidos ou inválidos, sendo que suas premissas, as quais devem ficar a cargo do cientista, é que serão consideradas verdadeiras ou falsas, tornando o raciocínio além de válido, verdadeiro ou falso.
A respeito da verdade, esta é relativa, seja ela uma verdade científica, matemática, argumentativo-dialética ou religiosa, uma vez que cada um destes sistemas se encontra fragmentado em outros sistemas, decorrentes da evolução do conhecimento, bem como da evolução histórica e da sociedade como um todo.
Dessa forma, postular que há verdades absolutas, sem ao menos exemplificar uma delas, sem defini-las, sendo que tal definição deveria estar pautada em bases sólidas é no mínimo sem sentido, exceto que se ignorem os avanços do conhecimento e os diversos sistemas culturais de que o mundo é formado, ao tratarmos de seres humanos e sociedades que se comunicam entre si.
Tal perspectiva de negação de diversas formas de verdade todas aceitas e, muitas delas excludentes entre si, somente partiria de sistemas onde impera o fundamentalismo ideológico-religioso, bem como a ignorância sobre o mundo que nos cerca, sobre a capacidade argumentativa e a consistência dos argumentos de nossos interlocutores, sobre as particularidades que existem, no campo das ciências naturais, bem como da matemática propriamente dita.
Sistemas fundamentalistas negam tudo aquilo que difere de suas sistemáticas de pensar, traduzindo as diferenças, numa visão conspiratória, como ameaças a sua existência e como corrupção de seu modo de ver o mundo. Ou seja, valem-se do argumento ad baculum ( o argumento da força), referente ao pecado, no que concerne à capacidade crítica de pensamento dos indivíduos, a fim de dominarem e imporem seu modo de pensar e suas crenças sem fundamento.
Portanto, o fundamentalismo se nega a corrigir suas posições frente aos outros subsistemas, o que o faz entrar em choque com a realidade e, assim, distorcer aspectos externos ao seu conteúdo a fim de adaptá-los a sua pseudo-realidade.
Logo, tais subsistemas pretendem impor suas prerrogativas sobre outros, ou seja, deliberadamente, buscam subverter outros subsistemas, como a ciência e a educação, por meio de teorias como criacionismo e design inteligente , além de buscar o descrédito referente a outras ideologias e crenças religiosas, estabelecendo como verdades acima de tudo o que suas seitas pregam.
Simplesmente, a negação fundamentalista se aparta da realidade do mundo e ainda se mantém no âmbito da sociedade estratificada, onde a posição da religião, o pensamento de seus líderes e seus dogmas são incontestáveis e verdadeiros acima de tudo.
Bibliografia:
ALVES, Alaor Caffé. Lógica - Pensamento Formal e Argumentação. Ed. Quartier Latin.
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