Este blog é destinado ao debate científico contra a superstição. Não permitirei ofensas pessoais, brincadeiras tolas e palavras de baixo calão.
O debate está aberto a todos - cientistas, leigos, religiosos, agnósticos e ateus, mas será útil que apresentem evidências plausíveis de seus contra-pontos.
Não serão aceitos comentários de anônimos ou comentários que façam apenas proselitismo religioso.
GRATO PELA COLABORAÇÃO
Para fugir à constatação do óbvio (o
Universo foi inteligentemente projetado para conter vida), apela-se à hipótese
(sonho!) de que, em lugar de um, deve haver inúmeros universos.
Coforme vimos no post anterior, a hipótese dos multiversos já ganhou o status de teoria científica, uma vez que, mesmo indiretamente, demonstra a possibilidade desses universos existirem. Pelo que posso notar, o sonho está na visão do autor, numa visão rasteira do princípio anrtrópico, em insistir dizendo que o universo foi inteligentemente planejado para conter. Aliás é sempre a mesma história: isso foi planejado, aquilo foi planejado... Por que o autor não se lança em fazer uma pesquisa acurada da temática que tenta abordar?
Será por medo de que suas ideologias sejam desconstruídas e a sua fé, consequentemente, possa ruir?
Creio que este seja o grande medo do autor, refletido nas notas infelizes que aqui criticamos.
Então, com tantos universos “à
disposição”, num deles, pelo menos, deve ter havido condições para o
“aparecimento” da vida. Só que, como compara William Craig, em seu livro Em Guarda, imaginar que nosso
universo “tunado” pudesse simplesmente “surgir” seria como acertar com uma
flecha uma mosca pousada numa parede a muitos quilômetros de distância. Pensar
nos multiversos seria como acrescentar muitas e muitas moscas na mesma parede,
o que não resolve o problema, pois o arqueiro teria que acertar a mesma flecha
na mesma mosca, afinal, é o nosso universo que está configurado para conter
vida.
A questão do universo se resume á natureza propriamente dita, no
que concerne as suas leis físicas, dependentes da aleatoriedade de flutuações
quânticas que podem ou não gerar as condições para que universos ocorram, com
as propriedades físicas mais esdrúxulas e bizarras que possamos imaginar
possíveis de abrigar vida ou não.
Dessa forma, estabelecer o determinismo de um “universo
inteligentemente projetado”, não passa de um “argumento da ignorância”.
A parede,há muitos quilômetros da flecha, é uma alusão completamente errada,
pois para um universo apresentar as condições para a vida, não se trata de uma
galeria de tiros há quilômetros de distância. Se assim ocorrer, na prática, não
acertarei em nada.
Acerca de questões cosmológicas, universos que não apresentam
certas condições, se inviabilizam por si mesmos, colapsando gravitacionalmente
ou se dispersando. Resumindo, não existirão.
Porém se eu estiver próximo a esta parede e me colocarem uma venda
e, dentre infinitas moscas, eu tiver que acertar em umas poucas, sendo que eu
indefinidamente me mantenha atirando nas “mosquinhas do Craig”, certamente que
acertarei aquelas poucas com características "desejáveis", conforme visto no post anterior.
Lane "charlatão" Craig fala o ululante, é claro que este universo é
configurado para a vida, afinal estamos aqui!!!
O que há de brilhante neste
argumento? Ele é, no mínimo, idiota.
Mas seria ele algum cientista ligado à cosmologia para fazer considerações tão precisas acerca de haver ou não um universo paralelo?
O compromisso de Craig não é com a verdade, mas em apenas fazer apologia ao cristianismo e vencer debates por meio de falácias e sofismas (ver 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7,7B).
Agora, por favor, leia novamente a
última declaração de George Ellis na matéria acima. Note que ele admite que a
teoria dos multiversos não dispõe de evidências e que se deve acreditar nela
pela fé.
Discordo de Ellis ao se referir à questão como
meramente de fé, pois nenhum cientista crê em multiversos, como mera questão de fé ou
mesmo dentro da lógica científica.
Os multiversos apenas apareceram quando
brincamos com a teoria de Everett e com a teoria-M e mostram suas propriedades malucas.
Se eles existem
ou não, é uma outra história a ser, talvez, por nós desvendada, quem sabe, algum
dia.
Curiosamente, tanto o criacionismo
quanto a teoria do design inteligente contam com inúmeras evidências de design
inteligente e intencional na natureza.
Aqui faço a pergunta que não quer
calar: QUAIS?????
Acho que esqueceram de publicar as tão faladas "evidências do criacionismo".
Mostre um artigo criacionista, revisado por pares e publicado em revista científica.
Evidentemente que a ciência experimental
não pode afirmar nada sobre a natureza do Designer (isso pertence ao campo da teologia),
mas pode, como ocorre com a ciência forense, destacar as
digitais do Criador, as evidências da “cena do crime”.
A comparação do designer com a ciência forense
foi bárbara!!! Michelson, à medida que o conhecimento científico avança, deus
ou o diabo do designer (o eufemismo de deus) se esconde cada vez mais nas
lacunas ainda não exploradas.
Ou seja, as digitais desse ser metafísico se
esvanecem dia-a-dia.
Gostei, finalmente vc foi honesto e confessou
que o designer é uma questão de teologia.
Ou seja, este é deus não o predador, o ET, a galera do 4 de julho, do Distrito 9, de guerra
dos mundos ou o carinha de Prometeus.
Ou seja, este é deus não o predador, o ET, a galera do 4 de julho, do Distrito 9, de guerra
dos mundos ou o carinha de Prometeus.
Quem seria????????????????????
Ou seja, DI É CRIACIONISMO TRAVESTIDO DE CIÊNCIA (ver aqui).
E o intuito é: ANGARIAR FIÉI$$$$$ E MAIS LUCRO PARA OS TEMPLOS DO SENHOR.
A teoria de muitos universos foi desenvolvida por Hugh Everett III, em meados da década de 50, quando era aluno de pós graduação da Princeton University.
A análise realizada por Everett (Aqui) desatou o nó teórico que envolvia a interpretação da mecânica quântica.
Mesmo que até hoje a teoria de muitos universos ainda não seja completamente aceita, a metodologia nela empregada prognosticou o conceito de decoerência quântica. Ver aqui, aqui, aqui, aqui e aqui - uma teoria que explica como a estranheza probabilística da mecânica quântica se revela no mundo cotidiano.
Vale aqui uma digressão acerca do fenômeno de decoerência quântica, para que seja um pouco elucidado.
Na mecânica quântica, decoerênciaquânticaé a perdade coerência ou deordenação dosângulos de fase entreoscomponentes de um sistemaem uma superposiçãoquântica.
A mecânica quântica estabelece que a matéria pode estar em mais de um
estado físico ao mesmo tempo - pense, por exemplo, em uma "moeda
quântica", que seria capaz de dar cara e coroa ao mesmo tempo.
Esse estado "misto", chamado de estado de superposiçãofunciona muito bem em objetos pequenos - elétrons, por
exemplo.
Mas sistemas físicos maiores e mais complexos
parecem estar em um estado físico consistente porque interagem e se
"entrelaçam" com outros objetos em seu ambiente.
Este entrelaçamento ou emaranhamento, faz com que esses objetos mais complexos "decaiam" para um único estado - cara ou coroa, por exemplo. É este processo de quebra da "mágica quântica" que os físicos chamam de decoerência.
A decoerência é uma espécie e ruído, ou interferência, atrapalhando
as sutis inter-relações entre as partículas quânticas. Quando ela entra
em cena, a partícula que estava no ponto A e no ponto B ao mesmo tempo, subitamente passa a estar no ponto A ouno ponto B.
A decoerênciaquântica dá a aparência decolapso da função deonda. Reduz aspossibilidadesfísicas auma única possibilidade, como vistopor um observador.
Também, justificao quadroe intuiçãoda física clássicacomo uma aproximaçãoaceitável.
Portanto, a decoerênciaé o mecanismo peloqual olimite clássicoemergepara fora de umpontode partidaquânticoe determinaa localização dolimitequântico-clássico.
A decoerência quânticaocorre quando umsistema interagecom o seu ambientede uma maneiratermodinamicamenteirreversível.
Isto evita queos diferentes elementosdasuperposição quânticado sistema+ a função de ondadoambiente interfiramuma com a outra.
A decoerência quânticaé relevanteparauma variedade de questões,que vão desde oproblema de mediçãopara a setado tempo, e, em particular, a questãode se e comoo mundo "clássico"pode emergirda mecânica quântica.
A decoerênciapode ser compreendida comoa perda de informaçãoa partir de umsistemapara o meio ambiente(geralmentemodelada como umbanho de calor), uma vez que todo o sistemaé flexívelcom o estado energéticodos seus arredores.
Vista isoladamente, a dinâmicado sistema, é não-unitária,embora o sistemacombinado com o ambienteevoluade formaunitária.Assim,a dinâmica dosistemapor si sóé irreversível.
Tal como acontece comqualquer acoplamento, emaranhamentossão geradasentre o sistema eoambiente.Estes emaranhamentos têm o efeitode partilha de informaçãoquântica transferência para os arredores do sistema.
A decoerência quântica não gera o colapso da função deondareal. Ela somentefornece uma explicação paraa aparência docolapsoda função de onda, tal comoa natureza quântica do sistema acerca de"vazamentos de informação"para o ambiente.
Ou seja,os componentes dafunção de ondasão dissociadosde umsistema coerente,e adquiremas fasesdeseu entorno imediato.
Asuperposiçãototal dafunção de ondaglobal ou universalainda existe e continua a ser coerente a nívelglobal. Todavia, o seudestino finalcontinua a ser umaquestãode interpretação.
Especificamente,a decoerêncianão tentaexplicar o problemade medição.Em vez disso,fornece uma explicação paraa transiçãodo sistemaa uma mistura deestadosque parecemcorresponder a essesestados percebidos pelos observadores.
Além disso,a nossa observaçãonos diz queesta misturase parece com umconjunto quânticoadequado emuma situação de medição, conforme observamos,que as mediçõeslevam à"realização",precisamente, deumestadono"conjunto" observado.
A decoerência quântica se une à teoria dos universos paralelos pro meio do cerne da ideia apresentada por Everett, que se trata da possibilidade em representar o mundo real pelas equações da mecânica quântica, seguindo-se o curso da própria teoria, sem acrescentar qualquer hipótese interpretativa ao conteúdo matemático.
Dessa forma, buscou interpretar o que se denomina "realidade física", por meio do problema da medição em mecânica quântica, mais conhecido como princípio da incerteza de Heisenberg.
Mais precisamente, quanto melhor a medição de posicionamento de uma partícula, mais imprecisa será a medição de seu momento e vice-versa.
Esta contradição ocorredevido à interação de partículas elementares como elétrons e fótons no nível quântico microscópico, com a realidade e no comportamento das partículas medidas em escala macrscópica.
No mundo quântico, uma partícula elementar, ou um conjunto delas, pode existir em uma superposição de dois ou mais estados possíveis (ler aqui).
O
princípio desuperposição
quânticaestabelece
que seum
sistema físicopode estar em alguma configuração- arranjo de partículas ou de campos- e se o sistemapudesse também estar numa
outraconfiguração,então este é um estadorepresentativo da superposiçãodos dois,ondea quantidade decada configuraçãosuperpostaé especificada porum número complexo.
Como exemplo, um elétron pode estar em uma superposição de diferentes estados como posições, velocidades, e orientações de spin.
Ainda que não se possa medir com exatidão qualquer dessas propriedades, em qualquer instante, é possível obter um resultado bem definido, ainda que de apenas um dos elementos da superposição, jamais de sua combinação.
No mundo em que vivemos, não vemos objetos macroscópicos superpostos.
Assim, o problema da medição se resume em uma única questão:
COMO O MUNDO ÚNICO DA NOSSA EXPERIÊNCIA EMERGE DA MULTIPLICIDADE DE ALTERNATIVAS POSSÍVEIS NO MUNDO QUÂNTICO SUPERPOSTO?
Os físicos utilizam as funções de onda, que nada mais são que entidades matemáticas representativas de estados quânticos.
As funções de onda abrigam todas as possíveis configurações de superposições de um sistema quântico, associadas a números que descrevem a probabilidade de cada configuração ser aquela mesma, selecionada aparentemente ao acaso, que obteríamos se medíssemos o sistema.
A função de onda considera cada elemento da superposição equiprovável, embora, de nosso ponto de vista, não necessariamente seja provável.
A equação de Schröedinger descreve a evolução da função de onda de um sistema quântico ao longo do tempo.
De acordo com esta equação, essa evolução é suave (linear) e determinística (não aleatória).
Porém, sua elegância matemática parece contradizer o que acontece ao se observar um sistema quântico (e.g. um elétron) ao se utilizar de um instrumento científico, que pode ser considerado um sistema quântico.
No momento da medida, a função de onda, que descreve a superposição de alternativas, parece colapsar em um dos estados da superposição, introduzindo a descontinuidade. A medida fornece um único resultado e, todas as outras possibilidades são eliminadas da realidade descrita classicamente.
Esta escolha, no instante da medida, parece ser arbitrária. Sua seleção não tem evolução lógica a partir do pacote de informação contido na função de onda antes da medida.
A matemática que descreve o colapso (lersobre o colapso da função de onda) também não emerge da continuidade da equação de Schröedinger, sendo que o colapso deve ser acrescentado como postulado, um processo adicional que parece violar a equação.
A interpretação de Copenhague, ao tratar do problema da medida, postula que a mecânica do mundo quântico se reduz a fenômenos observáveis classicamente, com significado em termos desses fenômenos e, não o contrário.
Tal abordagem privilegia o observador externo, colocando-o na instância clássica, diferente do reino quântico em que se insere o objeto sob observação.
Porém, a interpretação de Copenhage não explica a natureza da fronteira entre os reinos quântico e clássico.
Com isso, a física quântica e suas equações, somente funcionariam em parte da realidade (a microscópica), deixando de ser relevantes em outra(a macroscópica).
A teoria de Everett trata o problema da medição fundindo os mundos micro e macro, sendo que o observador era parte integrante do sistema observado.
Introduzindo uma função de onda universal que une observadores e objetos como integrantes de um único sistema quântico, Everett descreveu o mundo macroscópico quantum-mecanicamente e imaginou que objetos grandes também existiriam com superposições quânticas, dispensando assim a necessidade de descontinuidade no colapso da função de onda.
A função de onda universal é descrita como:
Na introdução da tese de Everett lê-se:
Desde que validada a descrição de funções universais de Estado, pode-se considerar estas funções
comoas
entidades fundamentais. Pode-semesmo considerara função deestado detodo o universo.Neste sentido,esta teoria podeser chamada de teoriada "funçãode onda universal", pois presume-se
que toda
a físicasegue-se
a partir desta única função.
Assim, a função de ondauniversal éa função de ondaouestado quânticoda totalidadeda existência,considerada como a"entidadefísica básica" ou "a entidadefundamental", que obedece, todo tempo, umaequação de ondadeterminística".
Segue aqui a tese publicada por Everett em 1973. Esta é a tese longa dele, sendo que a primeira versão aqui apresentada é a tese mais curta.
A ideia de Everett levava às seguntes perguntas:
1 - O que acontece se a evolução contínua da função de onda não for interrompida por ações de medida? 2 - O que acontece se a equação de Schröedinger puder ser aplicada sempre e a tudo (objetos e observadores)?
3 - O que acontece se os elementos da superposição jamais forem excluídos da realidade?
4 - Como veríamos um mundo como esse?
Everett percebeu que, de acordo com essas suposições, a função de onda seria bifurcada em cada interação do observador com um objeto superposto.
A função de onda universal conteria ramos distintos para cada alternativa que formasse a superposição do objeto. Cada ramo teria sua própria cópia do observador, cada qual distinguindo uma dessas alternativas como o resultado.
A propriedade da equação de Schröedinger (ver aqui e aqui), que possibilita essa distinção de ramos, é a linearidade.
Por esta propriedade, a equação possibilita a utilização do princípio dasuperposição e com isto a construção de pacotes de ondas.
Também, seus coeficientes devem envolver somenteconstantes como, por exemplo, h (constante de Planck), m (massa dapartícula) e q (carga elétrica dapartícula).
Ao conter comocoeficientes apenas constantes, a equação não dependerá, em forma paramétrica, degrandezas que caracterizam um particular movimentode uma partícula como, porexemplo, uma dependência destes coeficientes em valoresespecíficos de momentum,energia, número de propagação (número de onda) e freqüência angular.
Isto possibilitaque soluções caracterizadoras de diferentes valores destas grandezas possam serconsideradas.
Em suma, sendo seus valores guiados pela necessidade degeneralização, desejamos eliminardos coeficientes da equação, qualquer dependência paramétrica emenergia,momentum linear, número de onda efreqüência angular. Uma solução geral nãopode ser função de parâmetros cinemáticos específicosparticulares.
Assim, os ramos, uma vez formados, não interfeririam mais uns nos outros. Isso se dá, pois em geral, para cada interação entre sistemas físicos, a função de onda total dos sistemas combinados tende a se bifurcar, criando uma realidade a partir de um menu de possibilidades físicas, mesmo que, na realidade total, cada alternativa do menu se manifeste.
A compreensão atual de como esses ramos se tornam independentes e como cada um se assemelha à realidade clássica a que estamos acostumados, é conhecida como teoria da decoerência.
Everett discordou do postulado do colapso de onda de Copenhague, considerando-o inadequado, sendo que também não foi o único e nem o primeiro a fazer isso.
Mas sua grande realização foi, a partir das equações da mecânica quântica, deduzir uma teoria matematicamente consistente de uma função de onda universal.
A existência de múltiplos universos emergiu como consequência de sua teoria e não como um atributo.
Everett escreveu em nota de rodapé de sua tese:
"Do ponto de vista da teória, todos os elementos de superposição são reais e nenhum é mais real que qualquer outro."
A interpretação Everettiana analisa o processo de medição, com o instrumento e pessoas vistas como outro sistema quântico, que obedece às equações e aos princípios da mecânica quântica.
Ou seja, tudo o que existe forma um sistema quântico e obedece à equação de Schröedinger.
Everett analisou cuidadosamente o que ocorre quando instrumentos de medida, observadores interagem com objetos quânticos superpostos.
Para tal, considerou o tratamento matemático de uma "função de onda universal" que inclui os estados do observadr, do instrumento e do objeto. Estes três estados se multiplicam para formar o estado completo.
Imagine o experimento mental abaixo:
No primeiro momento, há 100% de certeza da partícula se encontrar em determionada posição (A), antes da medida ser feita. Aqui não há superposições complexas, sendo que a equação de Schröedinger descreve a evolução do estado completo para um estado quântico final, que pode ser interpretado sem ambiguidades.
Ao ocorrer a interação entrte partícula e o instrumento, o indicador A é disparado. A luz se desloca até o observador que a vê e forma uma memória de que o indicador A produziu um flash. O mesmo ocorre se a partícula iniciar na posição B.
Caso a partícula seja preparada para formar uma superposição antes da medida ser realizada, na descrição matemática, as superposições se adicionam, sendo P(A) a probailidade de se obter o resultado A e P(B) a probailidade de se obter o resultado B.
Assim, graças à linearidade da equação de Schröedinger, quando esses estado superposto evolui, cada componente (as duas partes de cada lado do sinal "+" evolui, como se todos os estados estivessem presentes.
Logo, o estado total final é uma superposição de todos os estados finais individuais obtidos quando a partícula parte de uma posição bem definida.
A propriedade da linearidade e a propriedade dos estados denominada ortogonalidade, garantem que com o passar do tempo essas duas partes,
[x(A* instrumento* observador)]
+
[y (b * instrumento* observador)]
da função de onda jamais interajam uma com a outra.
A teoria da decoerência explica esse ponto da seguinte forma:
O ramo A com um observador em um estado com absoluta certeza de ter visto o flash de luz em A, prossegue exatamente como se ele contivesse a função de onda inteira. O mesmo ocorre com o ramo B.
Figuras que descrevem a subdivisão do universo em ramos, com diferentes histórias, representam esse processo. a ramificação não é adicionada; ela está inserida completamente no formalismo matemático.
Everett verrificou também que o formalismo matemático funciona de forma consistente em situações que envolvem medições e observadores múltiplos.
Resta saber ainda por que o ramo A ocorre em 64% das vezes e o B em 36%.
(Scientific American Brasil - Fronteiras da Ciência n - 3 pg. 14 a 21)
A partir de sua análise, Everett pode concluir que, ao final, haveria uma superposição de resultados das medidas alternativas completas e que os componentes da superposição seriam como braços separadas de um universo ramificado.
Nós não percebemos essas superposições no mundo macroscópico porque a nossa cópia em cada ramo só consegue discernir o que está em nosso ramo.
Assim, cada ramo estabelecido pela função de onda universal envolve um futuro diferente, independentemente dos demais ramos.
Na teoria dos universos paralelos, a aparência subjetiva docolapsoda função de ondaé explicada pelomecanismo dadecoerência quântica.
Em termos leigos,há um número muito grande, talvez infinito de universos, e tudo o que poderiater acontecidono nosso passado,mas não ocorreu, pode ter ocorridono passado dealgum outro universoouuniversos.
Teoria de Linde:
A
ideia de múltiplos universos, tem base na teoria Everettiana, conforem apresentado acima.
A teoria dainflação, proposta por Allan Guth,propõe que ouniverso passou porum período de expansãoexponenciallogo após oBig Bang.
Aprediçãochaveda teoriainflaçãoé a presença deum espectroparticular de "radiação gravitacional",ondulações no tecidodo espaço-tempo.
Preditas porAlbertEinsteinem 1916, com base em sua teoria darelatividade geral, as ondas gravitacionais, teoricamente, transportam energia, como a radiaçãogravitacional.
Estas radiações,notoriamente difíceisde serem detectadas, se denominam ondas gravitacionais.Todavia, há evidências indiretas de que existam.
Por exemplo, oPrêmio Nobel de 1993emFísica foi concedidopara as mediçõesdosistema binário deHulse-Tayloro qual sugeriuqueas ondas gravitacionaissão mais do queanomaliasmatemáticas. Ver aqui.
A órbitadesse sistema duplo de pulsares temdeterioradodesde que o sistemabinário foidescoberto inicialmente, de acordo comprecisãoa perda de energiadevido às ondasgravitacionaisprevistas pela teoriageralda relatividade de Einstein.
A potência totalda radiaçãogravitacional(ondas)emitida por estesistemapresentemente,é calculada para ser7,35× 10^24watts.
Para efeito de comparação, esteé de 1,9% da potência irradiada emluz pornosso sol.
Outracomparação é queo nosso Sistema Solarirradiaapenas cerca de5.000watts emondas gravitacionais, devido às distâncias muito maiorese temposde órbita, particularmente entre o Sol e Júpiter.
Pela
teoria de Linde, o processo de inflação caótica
poderia ter produzido uma gama infinita de universos.
Nas teorias de inflação eterna, a fase inflacionária de expansão do
universo dura para sempre, pelo menos em algumas das regiões do universo. Uma vez
que estas regiões se expandem exponencialmente rápido, a maior parte do volume
do universo, em qualquer momento dado, está se inflando.
Todos os modelos de
inflação eterna produziem um multiverso infinito, normalmente em uma
representação fractal.
Na inflação caótica, os picos na evolução de um campo
escalar (determinação da energia do vácuo) correspondem a regiões de inflação
rápida dominante. A inflação caótica geralmente atua eternamente, já que as
expansões dos picos inflacionários apresentam retorno positivo e passam a dominar
a dinâmica de grande escalado universo.
As regiões com uma maior taxa de
inflação expandem mais rapidamente e dominam o universo, apesar da tendência
natural de inflação findar em outras regiões. Tal circunstância
permite a inflação continuar para sempre, de forma que ela seja futura e
eterna.
O modelo de universo-bolha propõe que as regiões diferentes deste universo
inflacionário (denominado um multiverso) decaiu para um estado de vácuo
verdadeiro em diferentes momentos, com as regiões de decomposição
correspondentes a "sub" – universos.
Estes não estão casualmente em contato uns com os outros ou resultando em
diferentes leis físicas, em diferentes regiões, que são então sujeitas a
"seleção", a qual determina os componentes de cada região com base
(dependente) a sobrevivência dos componentes quânticos dentro dessa região.
O resultado final será um número finito de universos com leis físicas
consistentes dentro de cada região do espaço-tempo.
As
variantes do modelo de universo-bolha postulam vários estados de falso
vácuo, o que resulta numa progênie de universos gerados em falsos-vácuos de
baixa energia, que, por sua vez, produzem uma progênie de universos estado de vácuo verdadeiro, a partir
de si mesmos.
Em teoria quântica de campo, um
falso vácuo é um setor metaestável de espaço, que surge como sendo um vácuo
perturbativo. Porém é instável devido a efeitos instantaneos de tunelamento para um
estado de energia mais baixo.
Este tunelamento pode ser causado
por flutuações quânticas ou pela criação de partículas de alta energia.
Simplificando, o falso vácuo é um mínimo local, mas não o estado de menor
energia, embora possa permanecer estável por algum tempo, o que é análogo à
metaestabilidade para transições de fase de primeira ordem.
A teoria da inflação caótica não
produz um universo perfeitamente simétrico; são criadas pequenas flutuações
quânticas no campo inflaton.
Estas pequenas flutuações formam as sementes primordiais para toda a estrutura
a ser gerada posteriormente no universo.
O inflaton é o nome genérico do
campo escalar hipotético e até agora não identificado, em conjunto com
sua partícula associada, que pode ser responsável pela hipotética
inflação primordial no universo.
De acordo com a teoria da inflação, o campo inflaton é o responsável pelo
mecanismo que conduziu o universo a um período de rápida expansão entre 10^-35 e
10^-34 segundos após a expansão inicial que formou o universo.
Estas flutuações foram inicialmente calculadas por Viatcheslav Mukhanov e
Chibisov G.V. em análise a um modelo semelhante ao de Starobinsky, trabalhando
de forma independente em relação ao que vinham desenvolvendo Mukhanov e
Chibisov .
Ainda, estas flutuações foram
calculadas por quatro grupos de trabalho separadamente:
Stephen Hawking;
Starobinsky;
Guth e So-Young Pi
James M. Bardeen, Paul Steinhardt e Michael
Turner.
O ajuste dos modelos com as previsões de dados do WMAP acrescenta peso à idéia de
que o universo é causado por tal processo. Embora haja resultados promissores,
muitos físicos têm um otimismo cauteloso quanto a estas evidências.
O estado do campo inflaton de menor energia pode ou não ser um estado de
energia zero. Isto depende da densidade de energia potencial escolhida do
campo.
Anteriormente ao período de
expansão, o campo inflaton estava em um estado de energia mais elevada.
Flutuações quânticas aleatórias desencadearam uma fase de transição em que o
campo inflaton liberou sua energia potencial como matéria e radiação, o que o
levou ao seu estado de energia mais baixo.
Esta ação gerou uma força repulsiva, que levou a parte do universo
observável a expandir a partir de cerca de 10 ^ -50 metros de raio em 10
^-35 segundos para quase 1 metro de raio em 10 ^ -34 segundos.
O inflaton está de acordo com a
convenção para nomes de campo, sendo o processo a "inflação", e a
partícula o "inflaton".
Um avanço significativo nesta área foi obtido quando a
teoria do multiverso inflacionária foi fundida ao contexto da teoria das
cordas.
Os multiversos de formas diferentes foram previstos como uma extensãomulti-dimensional da teoria das cordasconhecida comoM-teoria, ou Teoria da Membrana (ver aqui , aqui, aquie aqui).
Na teoria-M,nosso universoe outros são criadospor colisões entreP-branasnum espaçocomas dimensões11 e 26(o número de dimensõesdepende daquiralidade doobservador).
Na teoria das cordas, as D-branassão uma classe deobjetos estendidosemcordas abertasquepodem terminarcom as condiçõesde contorno de Dirichlet.
Em física teórica, uma brana, membrana, ou P-brana é um conceito matemático espacialmenteestendidoque aparecena teoria das cordase em teorias relacionadas, como por exemplo,a teoria-Me na cosmologia de branas.A membranaexiste em um número estático dedimensões.
Osobjetosem cada universosãoessencialmenteconfinados àD-branade seu universo, mas podem ser capazes deinteragir comoutros universosatravés da gravidade, uma força quenão se restringe àsD-branas.
A variável Prefere-se aonúmero de dimensõesespaciais damembrana. Isto é,uma 0-brana é uma partículade dimensão zeropontual; uma 1-brana éuma corda,quepodeseraberta ou fechada;uma2-branaé uma"membrana", etc.
CadaP-brana faz uma varredura em um mundo de volume (P+1)-dimensional, enquanto elese propaga atravésdo espaço-tempo.
No ano 2000, Bousso e Polchinski, propuseram a utilização do regime de
inflação eterna e transições entre vácuos muito diferentes na teoria das
cordas, a fim de resolver o problema da constante cosmológica.
Naquela época, vácuos não estáveis ou metaestáveis da teoria das cordas eram
realmente compreendidos (ver aqui).
Um possível mecanismo de estabilização de vácuo pela teoria das cordas foi
proposto em 2003 por Kachru, Kallosh, Linde, e Trivedi, que também descobriram
que todos esses vácuos descreviam um universo em expansão metaestável, ou
seja, estes vácuos deveriam decair eventualmente.
A teoriadas cordasprevê que o universopossa ocupar umvale aleatórioa partir de umaseleção virtualmente infinitade valesem umavasta paisagemde possibilidades.
O efeitoquantico, no entanto permite a uma variedadealterar seu estadode forma abruptaem algumponto fazendo-a descer de um cume até um vale.
Fisicamente, oefeitopode ser interpretado comoum objetoem movimentoa partir do "falso vácuo" (onde A = 0) paraomais estável - "verdadeiro vácuo" (onde A =v).
Gravitacionalmente, é semelhante ao casomais familiar demovimentodo topo da colinapara o vale.
No caso docampoHiggs, a transformaçãoé acompanhada deuma"mudança de fase", que dotaa massadealgumas das partículas.
Em seguida, Douglas e seus colaboradores estimaram que o número total destes
vácuos distintos , com base na teoria das cordas pode ser tão grande quanto 10
^ 500, ou ainda mais.
Süsskind desenvolveu o cenário da teoria das cordas (ler no post o panorama da teoria das cordas) com
base na investigação de transições de fase cosmológicas entre vácuos diferente
da teoria das cordas.
Um dos principais desafios desta
teoria é encontrar a probabilidade de viver em cada uma destas diferentes
partes do universo.
No entanto, uma vez que se invoque a teoria das cordas, é extremamente difícil
voltar à imagem anterior de um universo único.
De modo a fazê-lo, seria necessário
para provar que apenas um dos muitos vácuos da teoria das cordas é na verdade
possível, e propor-se uma solução alternativa dos muitos problemas que podem
ser resolvidos usando o princípio antrópico cosmológico no contexto da teoria
do multiverso inflacionário.
Atualmente Linde continua seu trabalho sobre a teoria do multiverso
inflacionária.
Ele também está trabalhando no desenvolvimento de versões
avançadas da teoria inflacionária com base na teoria das cordas e supergravidade, que
deve ser flexível o suficiente para descrever corretamente uma grande gama de
novos e futuros dados observacionais cosmológicos.
Assim, os universos paralelos podem
realmente existir na forma em que muitos universos emergiriam do vácuo
primordial, em um "Big-Bang", sendo nosso universo apenas um de
infinitos outros e contido em algo maior chamado de "Multiverso".
Na maioria das vezes, as leis da
física não permitiriam a formação da matéria como a conhecemos, embora dado o
elevado número de possibilidades, a natureza poderia configurar o conjunto
adequado de leis, ao menos uma vez (ler aqui).
Simulações em computadr sugerem que
outros universos podem não ser tão inóspitos assim, uma vez que se encontraram
valores alternativos para as constantes fundamentais, mudando-se um aspecto da
natureza e compensando-se os demais.
Estes conjuntos alternativos de leis
físicas podem levar a mundos muito interessantes e mesmo à vida.
Caso
a força fraca seja eliminada, a fusão de 4 prótons para fazer um núcleo de
Hélio - 4 não aconteceria, pois 2 dos prótons não decairíam em 2
nêutrons.
Bastaria ajustar-se o parâmetro que controla a assimetria
matéria/antimatéra de forma a assegurar que a nucleossíntese do big-bang
deixaria para trás uma uma substancial quantidade de deutério, cujo núcleo
contém um próton e um nêutron, sendo que o hidrogênio normal tem apenas um
próton.
Assim,
as estrelas poderiam brilhar ao fundir um próton e um deutério e fazer o
Hélio-3 (com 2 prótons e um nêutron). Tais estrelas seriam mais frias e menores
que as do nosso universo, com capacidade de brilhar por 7 bilhões de anos e
irradiar uma taxa de energia menor que a do nosso sol.
Os
elementos sintetizados por essas estrelas poderiam chegar até o ferro. Os
elementos pesados não seriam sintetizados, devido à indisponibilidade de
nêutrons para serem capturados pelos núcleos e levar a elementos mais pesados.
As
explosões de supernovas oriundas de estrelas massivas seriam impossíveis, o que
comprometeria a formação de elementos mais pesados, além do que é a emissão de
neutrinos, produzidos, via interação fraca, que transmite a energia para fora do
núcleo e que sustenta a onda de choque causadora da explosão.
Mas
poderia ocorrer a explosão de supernova por acreção o que dispersaria
elementos no espaço interestelar e propiciaria a formação de novas estrelas e
planetas.
Ainda,
devido a baixa quantidade de energia emanada por estas estrelas, as zonas
goldlocks deveriam estar bem próximas às estrelas (no caso da Terra, 6 vezes
mais próximas do que está nosso planeta em relação ao Sol).
Os
movimentos tectônicos e o vulcanismo não ocorreriam, pois estes são causados
pelo decaimento radioativo do Urânio e do Tório nas camadas mais profundas da
Terra. Não haveria a renovação das superfícies, exceto se ocorressem processos
gravitacionais (movimentos de maré) como ocorre em Enceladus, Io e Europa.
A
química, no entanto, seria bem parecida com a da Terra, embora a tabela
períódica teminasse no Ferro, exceto por leves traços de outros elementos até o
Estrôncio, o que não seria fator limitante para haver formas de vida, com base
no carbono.
Quanto
às mudanças nas massas dos quarks (up, down e strange), inevitavelmente, afetam
os bárions e, por conseguinte, os núcleos atômicos, que podem existir sem
decair rapidamente. A estabilidade dos núcleos depende de sua massa, que
depende da massa de bárions que os formam.
Todavia,
é possível balancear estas medidas sem que se impossibilite a química orgânica
de ocorrer.
Em
nosso mundo o nêutron é aproximadamente 0,1% mais pesado que o próton. Caso a
massa dos quarks fosse ajustada para que o próton fosse mais pesado que o
nêutron, não existiria o hidrogênio. O próton em um núcleo de hidrogênio
capturaria um elétron e se tornaria um nêutron , o que impossibilitaria a
existência de átomos de hidrogênio por muito tempo.
Mas
Deutério e Trítio poderiam ser estáveis assim como certas formas de Oxigênio e
Carbono (C-14). Os oceanos seriam feitos de água
pesada, cujas
propriedades diferem da água normal e, em nosso mundo, causam efeitos danosos à
vida.
Todavia, em um universo distinto, a água pesada não representasse
obstáculo para a vida, que poderia perfeitamente evoluir nestes mundos.
Caso
o quark strange (muito pesado em nosso universo para participar de reações
nucleares) tivesse sua massa reduzida de um fator de 10 ou mais, os núcleos
atômicos poderiam ser feitos de prótons, nêutrons e de bárions que contêm o
quark strange.
Por
exemplo, se o quark strange tivesse a mesma massa do quark up, enquanto o quark
down seria muito mais leve, o núcleo atômico seria feito de nêutrons e do
bárion sigma menos.
Este universo teria formas estáveis de hidrogênio, carbono
e oxigênio. Logo, poderia assim ter uma química orgânica e consequentemente, vida,
embora não saibamos quanto desses elementos existiriam disponíveis para se
combinarem.
Dessa forma, o raciocínio antrópico deve ser visto com reservas, uma vez que pode haver ajustes para universos bem diferentes daqueles do nosso e, mesmo assim levarem a formas de vida, possivelmente às formas de vida inteligentes.
(Scientific American Brasil - Fronteiras da Ciência n - 4 pg. 46 a 53) UNIVERSOS PARALELOS - BBC
CURIOSODADE - HÁ UM UNIVERSO PARALELO?
O UNIVERSO - UNIVERSOS PARALELOS
COMO VIAJAR PARA UM UNIVERSO PARALELO - DR. MICHIO KAKU