10.2.3.3 - Sistemas de complexidade irredutível:
Quanto aos sistemas de complexidade irredutível, estes não são tão irredutíveis assim, conforme apregoou Behe e como vivem a repetir os “neo-criacionistas”. Este tópico merece esclarecimentos mais profundos no que se refere à abertura da “Caixa Preta de Behe” e os segredos nela encerrados.
Vejamos:
10.2.3.3.1 - Resposta da Comunidade Científica para a complexidade irredutível
Da mesma forma que o design inteligente, o conceito que pretende apoiar, a complexidade irredutível falhou em obter aceitação notável dentro da comunidade científica. Um autor sobre ciência chamou ela de "estratégia da rendição intelectual completa."
10.2.3.3.2 - Redutibilidade de sistemas "irredutíveis"
Caminhos evolutivos potencialmente viáveis foram propostos para todos os sistemas alegados irredutivelmente complexos, como a coagulação do sangue, o sistema imune, e o flagelo, que eram os três exemplos que Behe usou. Mesmo seu exemplo de uma ratoeira foi demonstrado como redutível por John H. McDonald.
Se a complexidade irredutível é um obstáculo intransponível para a evolução, não deveria ser possível sequer conceber estes caminhos - Behe comentou que estes caminhos plausíveis derrotariam seu argumento.
Niall Shanks e Harl H. Joplin, ambos da East Tennesse State University, mostraram que os sistemas que Behe caracterizou como tendo complexidade bioquímica irredutível podem surgir natural e espontaneamente como resultado de processos químicos auto-organizados.
Eles também apontam que os sistemas bioquímicos e moleculares que evoluíram apresentam "complexidade redundante"-um tipo de complexidade que é o produto da evolução de um processo bioquímico.
Eles também apontam que Behe superestimou a significância da complexidade irredutível por causa de sua visão simples e linear das reações bioquímicas, resultante na sua seleção de instantes de funcionalidades seletivas de sistemas, estruturas e processos biológicos, ao mesmo tempo que ignora a complexidade redundante do contexto em que estas funções estão naturalmente inseridas. Também criticaram sua dependência de metáforas simplistas demais, como a da ratoeira.
Além disso, a pesquisa publicada no Nature, uma publicação que faz peer-review, demonstrou que as simulações de computador da evolução demonstraram que é possível que a complexidade irredutível evolua naturalmente.
É esclarecedor comparar uma ratoeira com um gato, neste contexto. Os dois normalmente funcionam para controlar a população de ratos. O gato tem muitas partes que podem ser removidos deixando-o ainda funcional.
Por exemplo, sua cauda pode ser encurtada, ou ele pode perder uma orelha em uma luta. Ao comparar o gato e a ratoeira pode-se ver que a ratoeira (que não é um ser vivo) apresenta melhor evidência, em termos de complexidade irredutível, de design inteligente, que o gato.
Mesmo para a analogia da ratoeira, vários críticos demonstraram formas em que as partes da ratoeira poderiam ter usos independente ou poderiam ser desenvolvidas em estágios, demonstrando que ela não é irredutivelmente complexa.
Além disso, mesmo os casos onde a remoção de um certo componente em um sistema orgânico causa a falha do sistema, não demonstram que o sistema não poderia ter sido formado em um processo evolucionário, passo-a-passo.
Por analogia, arcos de pedra são irredutivelmente complexos - se você remover qualquer pedra o arco irá colapsar - mesmo assim eles são construídos facilmente, uma pedra de cada vez, se usarmos de um molde que será removido depois.
De forma similar, arcos de pedra que acontecem naturalmente são formados pelo desgaste de blocos de pedra que foram formados anteriormente. A evolução pode trabalhar para simplificar ou para complicar. O que leva à possibilidade que funções biológicas irredutivelmente complexas podem ter sido obtidas em um período de complexidade crescente, seguido por um período de simplificação.
Em abril de 2006 uma equipe de cientistas liderada por Joe Thornton, professor assistente de biologia no Centro de Ecologia e Biologia Evolucionária da Universidade do Oregon, usando técnicas para ressurreição de genes antigos, pela primeira vez reconstruiu a evolução de um sistema molecular de complexidade aparentemente irredutível. A pesquisa foi publicada no exemplar de 7 de abril da revista Science.
Parece que a complexidade irredutível não existe realmente na natureza, e os exemplos dados por Behe e outros não são de fato irredutivelmente complexos, mas podem ser explicados em termos de precursores mais simples. Há também uma teoria que desafia a complexidade irredutível chamada variação facilitada.
A teoria foi apresentada em 2005 por Marc W. Kirschner, um professor e chefe do Departamento de Biologia de Sistemas na Escola de Medicina Harvard, e John C. Gerhart, um professor em Biologia Celular e Molecular, da Universidade da Califórnia, em Berkeley.
Em sua teoria, eles descrevem como certas mutações e mudanças podem causar uma complexidade aparentemente irredutível. Assim, o que parece ser uma estrutura irredutivelmente complexa é apenas "muito complexa", ou então elas não são bem compreendidas, ou não são bem representadas.
10.2.3.3.3 - Adaptação gradual a novas funções
Os precursores de sistemas complexos, quando não são úteis por si mesmos, podem ser úteis para executar outras funções não relacionadas. Biólogos evolucionistas argumentam que a evolução muitas vezes trabalha desta forma cega e atrapalhada, em que a função de uma forma anterior não é necessariamente a mesma função da forma posterior.
O termo usado para este processo é "exaptação". O ouvido médio dos mamíferos (derivado de um osso da mandíbula) e o polegar do panda (derivado de um osso do pulso) são considerados exemplos clássicos.
Um artigo de 2006 na Nature demonstrou estados intermediários que levaram ao desenvolvimento do ouvido em um peixe do Devoniano (cerca de 360 milhões de anos atrás). Além disso, pesquisas recentes mostraram que os vírus representam um papel inesperadamente grande na evolução, ao combinar genes de vários hospedeiros.
Os argumentos da irredutibilidade geralmente assumem que as coisas começam da mesma forma que elas terminam, como as vemos hoje. Entretanto, este pode não ser necessariamente o caso.
No julgamento de Dover uma testemunha da acusação demonstrou esta possibilidade usando a analogia da ratoeira de Behe. Ao remover várias partes, a testemunha tornou o objeto inútil como ratoeira, mas apontou que era agora um prendedor de gravata perfeitamente funcional, embora feio.
10.2.3.3.4 - Falseabilidade e Evidências Experimentais
Alguns críticos, como Jerry Coyne (professor de biologia evolucionária na Universidade de Chicago) e Eugenie Scott (antropólogo físico e diretor executivo do Centro Nacional para Educação de Ciências) argumentaram que o conceito de complexidade irredutível, e de forma mais genérica, a teoria do design inteligente não é falseável, e, portanto, não é científica.
Behe alega que a teoria de que sistemas irredutivelmente complexos não podem ter evoluído pode ser falseada por um experimento onde tais sistemas evoluam. Por exemplo, ele propõe pegar bactéria sem flagelos e impor uma pressão seletiva a favor da mobilidade. Se, após alguns milhares de gerações, a bactéria evoluir um flagelo, então Behe acredita que isto iria refutar sua teoria.
Outros críticos tomaram uma abordagem diferente, apontando para evidências experimentais que eles acreditam falsearem o argumento da complexidade irredutível do Design Inteligente. Por exemplo, Kenneth Miller cita o trabalho em laboratório de Barry G. Hall na E. coli, que ele aponta ser uma evidência que "Behe está errado."
Outra evidência de que a complexidade irredutível não é um problema para a evolução vem do campo da ciência computacional, onde análogos computacionais dos processos da evolução são rotineiramente usados para projetar automaticamente soluções complexas para problemas.
Os resultados destes Algoritmos Genéticos são freqüentemente irredutivelmente complexos já que o processo, como a evolução, tanto remove componentes não essenciais com o passar do tempo, como acrescenta novos componentes.
A remoção de componentes não usados sem função essencial, como o processo natural onde a rocha sob um arco natural é removida, pode produzir estruturas com complexidade irredutível sem a necessidade da intervenção de um projetista. Os pesquisadores que aplicam estes algoritmos estão produzindo automaticamente projetos humanos competitivos - mas nenhum projetista humano é necessário.
10.2.3.3.5 - Apelo à ignorância
Os proponentes do design inteligente atribuem a um designer inteligente as estruturas biológicas que eles acreditam serem irredutivelmente complexas, onde não há uma explicação natural ou a explicação é insuficiente.
Entretanto, os críticos vêem a complexidade irredutível como um caso especial da alegação "complexidade indica design", e, portanto, um apelo à ignorância e um argumento do tipo "Deus das lacunas".
Eugenie Scott, com Glenn Branch e outros críticos, alegou que muitos pontos levantados pelos proponentes do design inteligente são apelos à ignorância.
Behe tem sido acusado de usar a "argumentação pela falta de imaginação", e o próprio Behe tem reconhecido que simplesmente por que os cientistas não podem atualmente ver como um organismo "irredutivelmente complexo" evoluiu, isto não prova que não existe nenhuma forma possível da evolução ter acontecido.
A complexidade irredutível está no centro da argumentação contra a evolução. Se sistemas realmente irredutíveis fossem encontrados, a alegação é que o design inteligente é a explicação correta para sua existência.
Entretanto, esta conclusão é baseada na suposição que a teoria evolucionária atual e o design inteligente são os dois únicos modelos válidos para explicar a vida, o que se trata de um falso dilema.
Sigamos, na seqüência, uma abordagem de Francis Collins no que se refere ao DI.
10.2.3.3.6- Quando a ciência precisa de ajuda divina:
Segundo Francis Collins em “A Linguagem de Deus”, explica que assim como ocorre com o criacionismo, design inteligente parece abranger uma vasta gama de interpretações de como a vida aconteceu no planeta e a função que deus pode ter tido neste processo.
Todavia, a expressão Design Inteligente – DI é uma expressão moderna que traz consigo conclusões acerca da natureza, em especial o conceito de “Complexidade Irredutível”.
10.2.3.3.6.1 - Afinal existe um Design Inteligente?
O DI se concentra nas deficiências percebidas na Teoria da Evolução no que concerne a esta justificar a posterior complexidade da vida, sem, no entanto, considerar os primeiros organismos que se auto-copiavam.
O criador do DI é Phillip Johnson um advogado cristão da Universidade da Califórnia, em Berkeley, que apresentou pela primeira vez sua “teoria” no livro Darwin on trial. Posteriormente, seus argumentos foram ampliados, especialmente por Michael Behe no livro Darwin´s black Box, onde está elaborado o conceito de complexidade irredutível.
O matemático com formação em teoria da informação Willian Dembski assumiu papel de liderança como comentarista do movimento DI.
O DI surgiu como sucedâneo de uma série de derrotas judiciais referentes ao ensino do criacionismo em escolas dos EUA, sendo um contexto cronológico que gerou críticas ao se referir ao DI como criacionismo sub-reptício ou criacionismo 2.0.
No entanto, tais termos não fazem justiça à consideração e sinceridade dos defensores do DI. Porém sob a perspectiva de Francis Collins este movimento merece sérias reflexões.
O movimento DI repousa sobre três propostas:
1 – A evolução gera uma visão de mundo ateísta e, portanto, aqueles que crêem em deus devem se opor a ela.
Phillip Johnson não era guiado por um desejo científico de entender a vida, mas por uma missão pessoas de defender Deus contra o que ele notou ser uma visão de mundo puramente materialista. Essa preocupação encontra repercussão na comunidade da fé, e lá, os pronunciamentos em tom de triunfo de alguns dos mais francos evolucionistas levaram a sensação de que uma alternativa respeitável em termos científicos deve ser identificada a todo custo (assim o DI seria o filho ilegítimo e rebelde de Dawkins e Denett).
O Instituto Discovery, incentivador do DI e onde Johnson trabalha como consultor, levou as intenções deste adiante, em seu “documento escora” (The Wedge), o qual pretendia ser um memorando interno, porém ganhou caminho na internet. Tal documento tem o cunho de influenciar a opinião pública a executar uma subversão no materialismo ateísta e substitui-lo por uma compreensão amplamente teísta da natureza. Assim, o DI apesar de ser apresentado como teoria científica, não nasceu da tradição científica.
2- A evolução tem fundamentos falhos, pois não pode justificar a complexidade da natureza.
O argumento utilizado pelo DI, de que a natureza possui um planejador é o mesmo proposto por W. Paley no início do século XIX, sendo que Darwin achou tal lógica bastante atraente antes de chegar às explicações sobre a evolução por meio da seleção natural. Mas para o DI, tal perspectiva ganhou nova roupagem, mais especificamente para a bioquímica e biologia molecular.
Behe explora esta perspectiva em Darwin´s black Box, de forma persuasiva, ao examinar os trabalhos internos da célula, bem como se impressiona com o trabalho das “máquinas celulares” (o flagelo), bem como quando se trata de órgãos completos (o olho humano) e mecanismos bioquímicos (coagulação).
Conforme alega Behe, estes exemplos não poderiam ter surgido da seleção natural, estando seus argumentos concentrados em estruturas complexas, as quais envolvem interações de muitas proteínas, cuja função se perde caso uma destas proteínas reste inativa.
Por exemplo, o caso do flagelo bacteriano, cuja estrutura é formada por 30 proteínas distintas, que caso uma delas fique inativa, o sistema como um todo pararia, ou funcionaria de forma inadequada.
Behe supõe que um componente deste motor possa ter evoluído ao acaso, durante um extenso espaço de tempo, mas sem uma pressão seletiva dos para mantê-lo, a menos que os demais 29 componentes se desenvolvessem ao mesmo tempo.
Behe alega que nenhum deles teria aproveitado a vantagem seletiva até que toda a estrutura estivesse montada e Dembski traduziu esta informação em elementos matemáticos, resultando numa probabilidade infinitamente pequena dessa evolução acidental em paralelo.
Assim, o principal argumento científico do DI compõe uma nova versão do argumento do ceticismo pessoal de Paley, expresso hoje na linguagem da Bioquímica, da Genética e da Matemática.
3 – Se a evolução não pode explicar a complexidade irredutível, deve então ter existido um planejador inteligente de algum modo, e ele entrou em cena para fornecer os componentes necessários durante o curso da evolução.
O DI toma cuidado para não especificar a identidade do planejador, mas a perspectiva cristã da maioria dos líderes deste movimento sugere que esta força viria de deus em pessoa.
10.2.3.3.7– As objeções científicas ao DI
As argumentações contrárias á Teoria da Evolução, apresentadas pelo DI, parecem atraentes, o que animou aqueles que procuram atribuir a deus um papel no processo evolucionário.
Mas de acordo com biólogos, mesmo aqueles que acreditam em deus, não mostraram interesse nessa idéia, relegando o DI a uma linha de pensamento de pouca credibilidade para a comunidade científica.
Isso ocorreu porque o DI não possui modo fundamental para se qualificar como teoria científica. As teorias científicas representam uma estrutura que dá sentido a um conjunto de observações experimentais, sendo sua função olhar para frente, prevendo novas descobertas e sugerindo abordagens para verificações experimentais adicionais.
Logo, apesar de seu apelo àqueles que crêem em deus a proposta do DI a respeito da intervenção de forças sobrenaturais para justificar entidades biológicas complexas, com numerosos componentes é um beco sem saída científico, exceto se usarmos uma máquina do tempo a fim de se verificar tal teoria.
A teoria do DI também não fornece elementos a fim de se verificar como a intervenção sobrenatural teria ocorrido para gerar a complexidade. Behe sugeriu que organismos primitivos teriam passado por um “carregamento prévio” com todos os genes necessários ao desenvolvimento de máquinas moleculares complexas formadas por diversos componentes considerados por ele como complexos.
Behe declara que tais genes latentes foram despertados num período de centenas de milhões de anos depois quando se fizessem necessários. Deixando de lado o fato de que não podemos encontrar nenhum organismo primitivo com tal esconderijo de informações genéticas para uso futuro, nossos conhecimentos sobre o índice de genes mutacionais ainda não utilizados tornam altamente improvável que tal armazém de informações sobreviva o bastante para ter utilidade.
Atualmente, parece que muitos exemplos de complexidade irredutível não sejam na verdade irredutíveis, fazendo que a argumentação do DI se encontre em processo de esfacelamento.
Desde o surgimento do DI (1991) a ciência avançou de modo considerável, especialmente no estudo do genoma de diversos organismos, partindo de várias partes diferentes da árvore evolucionária.
Com isso pôde-se perceber que os defensores do DI cometeram o erro de confundir o desconhecido com o desconhecível ou o insondado com o insondável.
Para os exemplos utilizados por Behe, têm-se as seguintes explicações:
10.2.3.3.7.1 - A Coagulação:
O sistema aparentemente começou com um mecanismo simples para sistemas hemodinâmicos com baixa pressão e baixo fluxo, que evoluiu para um sistema mais complicado necessário a animais com sistema cardiovascular de alta pressão, onde vazamentos têm de ser rapidamente interrompidos.
Uma característica importante desta hipótese evolucionária é o fenômeno bem estabelecido da duplicação genética. Ao serem examinadas as proteínas na cascata de coagulação a maioria dos componentes se mostra correlacionada ao nível de seqüências de aminoácidos.
Isso não é porque foram criadas proteínas totalmente novas por meio de informações genéticas totalmente aleatórias que enfim convergiram para o mesmo tema. Ao contrário, a semelhança de tais proteínas pode ser mostrada para refletir duplicações de genes antigos que então permitiram a nova cópia, libertados por uma necessidade de manter suas funções originais, uma vez que a cópia antiga ainda fazia isso, a fim de evoluir, gradativamente, e assumir uma nova função, guiados pela força da seleção natural.
Não se pode esboçar com exatidão as etapas que levaram á cascata de coagulação para humanos, e, talvez jamais possamos fazê-lo, uma vez que os organismos predecessores deste processo se perderam para sempre.
De acordo com a teoria da evolução, deve ter havido etapas intermediárias possíveis e muitas foram encontradas em espécies que ainda sobrevivem (vermes, moluscos), mas o DI faz silêncio sobre isso.
Assim, a premissa de que a cascata de coagulação deve surgir totalmente funcional, com bases em histórias sem sentido sobre o DNA é totalmente sem fundamento.
10.2.3.3.7.2 - O olho:
Darwin admitiu a dificuldade em se explicar o olho, porém propôs uma série de etapas na evolução deste órgão, sendo que a Biologia Molecular vem as confirmando rapidamente.
Organismos simples possuem sensibilidade à luz, seja como células fotossensíveis ou ocelos.
O nautilus exibe um avanço modesto em que a cavidade simples pigmentada que contém células fotossensíveis se transformou em um pontinho para a entrada de luz, aprimorando a aparelhagem com uma sutil mudança na geometria do tecido ao redor.
Ao ser acrescentada a substância gelatinosa, superposta às células fotossensíveis, isso permitiu a outros organismos focar a luz. Assim, não há problemas em se chegar ao olho humano com uma retina fotossensível e lentes para focar a luz. Basta acompanharmos o sistema visual dos seres vivos atuais.
Também há que se perceber que o design do olho não é tão perfeito assim. Os cones e bastonetes, camada mais baixa da retina, captam a luz. Esta precisa atravessar nervos e veias sanguíneas para atingi-los.
10.2.3.3.7.3 – O flagelo:
O argumento da complexidade desta estrutura repousa no fato de que suas subunidades não poderiam ter tido funções anteriores e úteis e, portanto, o motor não poderia ter sido montado agrupando-se tais componentes em etapas conduzidas pelas forças da seleção natural.
Pesquisas recentes rebatem tal posição. Especificamente, a seqüência comparada de proteínas de diversas bactérias demonstrou que os vários componentes do flagelo se relacionam a uma aparelhagem completamente diferente, usada por determinada bactéria para injetar toxinas em outras bactérias sob ataque (aparelhagem de secreção tipo III), o que proporciona vantagem para a sobrevivência do mais apto no organismo que a apresente.
Conclui-se que os elementos dessa estrutura foram duplicados e, em seguida convocados para um novo uso, por combinação dessa estrutura com proteínas que executavam funções mais simples, o que gerou todo o “motor”.
A aparelhagem de secreção tipo III é apenas uma peça do quebra cabeças denominado flagelo e, ainda estamos longe de determinar toda sua seqüência.
Assim, de acordo com os exemplos acima, cada peça fornece uma explicação natural às etapas que o DI abandonou ao sobrenatural. Portanto, os critérios de Darwin para destruir a sua teoria (a demonstração de que qualquer órgão complexo existiu sem poder ter sido formado por inúmeras modificações sucessivas e sutis destruirá completamente a minha teoria) ainda não foram atingidos, sendo que uma avaliação honesta dos conhecimentos atuais leva á mesma conclusão que segue na próxima frase de Darwin: “Mas não encontro semelhante caso”.
10.2.3.3.8– As objeções teológicas ao DI
De modo científico, o DI não consegue apresentar sustentação, pois não fornece oportunidade para a validação experimental nem base forte para a sua alegação sobre complexidade irredutível.
O DI também falha no sentido de ser uma preocupação daqueles que crêem em Deus, uma vez que se tornou a teoria do “Deus das lacunas”, uma vez que introduz a necessidade de intervenções sobrenaturais em fatos que seus defensores alegam inexplicáveis pela ciência.
Os avanços científicos preencheram muitas lacunas que antes eram supridas pela fé, sendo que religiões de “Deus das lacunas” correm o risco de ser desacreditada de forma muito simples.
Sem considerar o fato de que o DI retrata deus como um criador atrapalhado que de tempos em tempos tem de intervir para consertar as insuficiências de seu plano original, o que dá uma imagem insatisfatória de Deus.
10.2.3.3.9 – O futuro do DI
Dembski enfatiza a busca da verdade ao afirmar que o DI não deve se tornar uma mentira nobre para visões desestimulantes que consideramos inaceitáveis.
Em vez disso o DI tem de nos convencer de suas verdades e de seus méritos científicos. Isso acaba por pressagiar a morte do DI, uma vez que, segundo Dembski, se pudéssemos mostrar que sistemas biológicos formaram-se por meio dos processos darwinianos, o DI seria rejeitado, uma vez que causas não inteligentes teriam sido trazidas à baila quando as causas naturais se encarregam disso. Nesse caso, a navalha de Occam acabaria com o DI de forma bem eficaz.
Assim, numa visão sóbria das informações científicas atuais, as lacunas que o DI percebera na evolução estão sendo preenchidas pelos avanços científicos e não por deus, o que traça um rumo para o DI que trará sérios danos à fé.
A forma com que a teoria de Darwin foi retratada (teoria ateísta), torna compreensível porque evangélicos adotam com tanta convicção o DI. Mas e se tal teoria for derrubada, como vem sendo, o que acontecerá com Deus e com a fé?
Collins se posiciona que jamais seja como a visão de Dawkins, um mundo sem propósito, sem design, sem finalidade, sem mal, sem bem que é como esperaríamos que fosse, ou seja, indiferente, cego e impiedoso.
Neste ponto, Collins manifesta sua fé, porém como verdadeiro cientista, a relega a sua subjetividade, não compartilhando com a visão subjetiva de Dawkins.
Dessa forma, de acordo com o exposto nos três itens acima, nada tem piorado para a TE, muito pelo contrário, os estudos realizados sobre as alegações de complexidade irredutível, somente vieram a corroborar os modelos evolucionistas e a rechaçar a hipótese da complexidade irredutível.
Mas a coisa ficou muito ruim mesmo para o DI, pois seu principal argumento foi ceifado na base, pois a complexidade irredutível, não é tão irredutível assim. As estruturas alegadas irredutíveis são claramente explicadas pelo modelo evolucionista, em uma ascensão gradual do menos para o mais complexo.
Todavia, os criacionistas e os adeptos do DI levianamente silenciam quanto aos estudos realizados contra seus argumentos. Insistem em sua validade apenas se valendo de blá blá blá sem pé nem cabeça, sem trazer qualquer evidência que apóie cientificamente suas crenças.
Bem, acredito que com as explanações acima eu tenha desfeito o mal causado pelas notas apresentadas, não sei se por falta de conhecimento ou má fé, mas com o nítido fito de causar confusão em pessoas não familiarizadas com a biologia evolutiva e a genética.