Introdução:
A argumentação preferida dos religiosos diz respeito à classificação de todos como crentes em algo, sendo os preferidos aqueles relativos à crença na descrença e o não ser o cético um cético quanto ao seu ceticismo.Sob o ponto de vista lógico, estes argumentos se tratam de sofismas.
O sofisma é um argumento ardiloso, que apenas parece ser verdadeiro, mas encerra falhas lógicas em sua argumentação.
Vejamos os casos:
Caso 1 - A CRENÇA NA DESCRENÇA:
Sejam as seguintes proposições:
Q = crente em religião; ~Q = ateu (não crente em religião)
P = crer ; ~P = não crer; R= ter crença; ~R = não ter crença = descrença
Relação lógica: ~Q, R---------------- P ^~R
onde:
premissas: ~Q = ser ateu e R= ter crença
conclusão: P^~R = crer e ter descrença
Tabela da verdade:
_________premissa_______premissa__________conclusão
Q ____ P ____R __________~Q______~R_______P^~R
V_____V_____V____________F_______F________F
V_____V_____F____________F_______V________V
V_____F_____V____________F_______F________F
V_____F_____F____________F_______V________F
F_____V_____V____________V_______F________F SOFISMA
F_____V_____F____________V_______V________V
F_____F_____V____________V_______F________F SOFISMA
F_____F_____F____________V_______V________F
De acordo com a tabela acima, o raciocínio da "crença na descrença" se trata de um sofisma, uma vez que apresenta duas premissas verdadeiras com uma conclusão falsa em duas linhas da tabela.
Caso 2 - O cético não é cético em relação ao ceticismo:
Trata-se de outro sofisma preferido de religiosos. Vejamos suas falhas de raciocínio:
relação lógica: C, T ---------------- ~C ^ T
onde:
premissas: C = ser cético; T = ter ceticismo
conclusão: ~C ^ T = não ser cético e ter ceticismo
tabela da verdade:
premissa_______premissa___________conclusão
C______~C_____T____________ ~C ^ T
V_______F_____V_______________F SOFISMA
V_______F_____F_______________F
F_______V_____V_______________V
F_______V_____F_______________V
Assim, de acordo com o raciocínio acima o argumento do "cético não ser cético quanto ao cetiscismo" também se trata de um, sofisma.
Conclusões:
Desse caso, pode-se concluir que antes dos religiosos proferirem suas frases de efeito a fim de convencer os leigos sobre as razões de suas crenças, deveriam analisar o conteúdo lógico delas de modo a não cometerem as gafes acima.
Ao quererem estabelecer uma forma de lógica afim de tratarem os céticos e ateus como se fossem crentes em algo, no mesmo molde daqueles que professam crenças religiosas, inserem-se numa falha de raciocínio, que, embora ardilosa, e com aparência de real, se analisada sob a lógica da argumentaçao, esta é facilmente identificada.
A crença em religiões ou ideologias não requer argumentos plausíveis de modo a justificá-las. Crê-se pelo mero desejo de se crer.
Ateus aboliram a crença religiosa, ou seja, não se fiam na existência de deuses ou do sobrenatural sob qualquer forma, além de negarem a possibilidade e evidências de que, tanto os seres divinos, quanto o mundo sobrenatural possam existir. O ateu é um descrente quanto ao que se encerra no mundo sobrenatural.
Para o agnóstico, a questão do mundo sobrenatural e dos deuses está aberta a discussões. Até o momento, não há evidências objetivas que confirmem o mundo sobrenatural e seus seres, o que não nega sua possibilidade de que tal mundo exista, se encarado sob o método da falseabilidade.
Todavia, a probabilidade de que o sobrenatural exista é tendente a zero, ou seja, não é nula.
Quanto ao cético, este raciocina como o agnóstico. A fim de poder crer (este "crer" de acordo com o paradigma científico) no sobrenatural, necessita de evidências que o confirmem.
Deste modo, mesmo que as frases de efeito se tratem de meras brincadeiras, há muito de má fé em seu bojo, cujo fito é criar a dúvida frente àqueles que desconhecem a lógica argumentativa.
Não há como se igualarem todas as formas de pensamento tornando-as todas uma crença como aquelas alinhadas com religiões e ideologias.
Caso se aja desta maneira, o raciocínio sera uma falácia (argumento não ardiloso) ou um sofisma (argumento ardiloso que parece real), dependendo de seu teor, cujo objetivo é induzir as pessoas ao erro.
ALVES, Alaor Caffé. Lógica: Pensamento Formal e Argumentação. Ed. Quartier Latin.
CASSIRER, Ernst. Linguagem e Mito. Ed. Perspectiva.
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. Ed. Ática.
DAWKINS, Richard. Deus um Delírio. Ed. Companhia das Letras.
DENNETT, Daniel. Quebrando o Encanto: A Religiâo Como Fenômeno Natural. Ed. Globo.
DURKHEIM, Emile. As Formas Elementares da Vida Religiosa. Ed. Martins Fontes.
ELIADE, Mircea. Mito e Realidade. Ed. Perspectiva.
HABERMAS, Jürgen. Entre Naturalismo e Religião: Estudos Filosóficos. Ed. Tempo Brasileiro.
LE BON, Gustave. As Opiniões e as Crenças. Ed. Ícone.
NASCIMENTO, Edmundo Dantes. Lógica Aplicada à Advocacia. Ed. Saraiva.
NOBRE, Marcos. Curso Livre de Teoria Crítica. Ed. Papirus.
PERELMAN, Chaim. Retoricas. Ed. Martins Fontes.
PERELMAN, Chaim & TYTECA, Lucie Olbrechts . Tratado da Argumentação: a Nova Retórica. Ed. Martins Fontes.
PERELMAN, Chaim. Lógica Jurídica. Ed. Martins Fontes.
REBOUL, Oliver. Introdução à Retórica. Ed. Martins Fontes.
SAGAN, Carl. Variedades da Experiência Científica: Uma Visão Pessoal da Busca por Deus. Ed. Companhia das Letras.
SAGAN, Carl. O Mundo Assombrado Pelos demônios: A ciência como uma Vela no Escuro. Ed. Companhia das Letras.
SAVIAN FILHO, Juvenal. Deus - Coleção Filosofia Frente e Verso. Ed. Globo.
SCHOPENHAUER, Arthur. Como Vencer um Debate sem Precisar Ter Razão. Ed. Top Books.
SÉRATES, Jonofon Raciocínio Lógico. Ed. Jonofon.
SPONVILLE, André Comte. O Espírito do Ateísmo. Ed. Martins Fontes.
Ao quererem estabelecer uma forma de lógica afim de tratarem os céticos e ateus como se fossem crentes em algo, no mesmo molde daqueles que professam crenças religiosas, inserem-se numa falha de raciocínio, que, embora ardilosa, e com aparência de real, se analisada sob a lógica da argumentaçao, esta é facilmente identificada.
A crença em religiões ou ideologias não requer argumentos plausíveis de modo a justificá-las. Crê-se pelo mero desejo de se crer.
Ateus aboliram a crença religiosa, ou seja, não se fiam na existência de deuses ou do sobrenatural sob qualquer forma, além de negarem a possibilidade e evidências de que, tanto os seres divinos, quanto o mundo sobrenatural possam existir. O ateu é um descrente quanto ao que se encerra no mundo sobrenatural.
Para o agnóstico, a questão do mundo sobrenatural e dos deuses está aberta a discussões. Até o momento, não há evidências objetivas que confirmem o mundo sobrenatural e seus seres, o que não nega sua possibilidade de que tal mundo exista, se encarado sob o método da falseabilidade.
Todavia, a probabilidade de que o sobrenatural exista é tendente a zero, ou seja, não é nula.
Quanto ao cético, este raciocina como o agnóstico. A fim de poder crer (este "crer" de acordo com o paradigma científico) no sobrenatural, necessita de evidências que o confirmem.
Deste modo, mesmo que as frases de efeito se tratem de meras brincadeiras, há muito de má fé em seu bojo, cujo fito é criar a dúvida frente àqueles que desconhecem a lógica argumentativa.
Não há como se igualarem todas as formas de pensamento tornando-as todas uma crença como aquelas alinhadas com religiões e ideologias.
Caso se aja desta maneira, o raciocínio sera uma falácia (argumento não ardiloso) ou um sofisma (argumento ardiloso que parece real), dependendo de seu teor, cujo objetivo é induzir as pessoas ao erro.
Bibliografia e recomendações de leituras:
ALVES, Alaor Caffé. Lógica: Pensamento Formal e Argumentação. Ed. Quartier Latin.
CASSIRER, Ernst. Linguagem e Mito. Ed. Perspectiva.
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. Ed. Ática.
DAWKINS, Richard. Deus um Delírio. Ed. Companhia das Letras.
DENNETT, Daniel. Quebrando o Encanto: A Religiâo Como Fenômeno Natural. Ed. Globo.
DURKHEIM, Emile. As Formas Elementares da Vida Religiosa. Ed. Martins Fontes.
ELIADE, Mircea. Mito e Realidade. Ed. Perspectiva.
HABERMAS, Jürgen. Entre Naturalismo e Religião: Estudos Filosóficos. Ed. Tempo Brasileiro.
LE BON, Gustave. As Opiniões e as Crenças. Ed. Ícone.
NASCIMENTO, Edmundo Dantes. Lógica Aplicada à Advocacia. Ed. Saraiva.
NOBRE, Marcos. Curso Livre de Teoria Crítica. Ed. Papirus.
PERELMAN, Chaim. Retoricas. Ed. Martins Fontes.
PERELMAN, Chaim & TYTECA, Lucie Olbrechts . Tratado da Argumentação: a Nova Retórica. Ed. Martins Fontes.
PERELMAN, Chaim. Lógica Jurídica. Ed. Martins Fontes.
REBOUL, Oliver. Introdução à Retórica. Ed. Martins Fontes.
SAGAN, Carl. Variedades da Experiência Científica: Uma Visão Pessoal da Busca por Deus. Ed. Companhia das Letras.
SAGAN, Carl. O Mundo Assombrado Pelos demônios: A ciência como uma Vela no Escuro. Ed. Companhia das Letras.
SAVIAN FILHO, Juvenal. Deus - Coleção Filosofia Frente e Verso. Ed. Globo.
SCHOPENHAUER, Arthur. Como Vencer um Debate sem Precisar Ter Razão. Ed. Top Books.
SÉRATES, Jonofon Raciocínio Lógico. Ed. Jonofon.
SPONVILLE, André Comte. O Espírito do Ateísmo. Ed. Martins Fontes.