quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

ISLAMISMO










Introdução:

A religião muçulmana tem crescido nos últimos anos (atualmente é a segunda maior do mundo) e está presente em todos os continentes. Porém, a maior parte de seguidores do islamismo encontra-se nos países árabes do Oriente Médio e do norte da África.

A religião muçulmana é monoteísta, ou seja, tem apenas um Deus: Alá.
Criada pelo profeta Maomé, a doutrina muçulmana encontra-se no livro sagrado, o Alcorão ou Corão. Foi fundada na região da atual Arábia Saudita.

O Islamismo é atualmente a segunda maior religião do mundo, dominando acima de 50% das nações em três continentes. O número de adeptos que professam a religião mundialmente já passa dos 935 milhões.

1- HISTÓRIA DO ISLAMISMO:

A história do islamismo começa praticamente com as visões de Maomé referentes ao Anjo Gabriel.

Entretanto é interessante que se faça uma abordagem da Arábia Saudita antes do Islã.


1.1 - A ARÁBIA SAUDITA ANTES DO ISLAMISMO:

Antes do advento do Islã, os Árabes não formavam uma unidade política coerente. Nos inícios do século VII a Arábia posiciona-se em torno de dois impérios que se defrontam. A oeste, Bizâncio, cristã e herdeira de Roma, dominava o norte de África, a Palestina, a Síria, a Anatólia, a Grécia e o Sul da Itália. A Leste, o Império Persa Sassânida ocupa uma área que corresponde aos actuais Iraque e Irão e tinha como religião oficial o Zoroastrismo, mas nele também viviam cristãos, judeus e maniqueus. A oeste da Arábia situava-se a Abissínia, que professava o Cristianismo copta.

A base desta sociedade era a tribo que reunia descendentes de um mesmo antepassado. Uma tribo era composta por vários clãs, e agrupava famílias alargadas que se encontram sob a autoridade de um homem. Algumas tribos eram sedentárias e outras eram nômades (beduínos). As tribos viviam em guerra constante.

Do ponto de vista religioso, a Arábia era a terra do politeísmo, mas também viviam nela comunidades monoteístas. Tribos judaicas, talvez chegadas à Península Arábica após a destruição do Segundo Templo em 70, formavam comunidades que habitavam locais Fardak e Yathrib, o nome pré-islâmico da cidade de Medina. Algumas tribos da Arábia setentrional tinham se convertido ao cristianismo monofisita ou ao cristianismo nestoriano. Influências zoroastrianas e cristãs faziam-se sentir a sul, no Iémen.

As principais divindades eram adoradas sob a forma de uma árvore ou de um bétilo (pedra sagrada).

Alguns bétilos eram transportáveis e acompanhavam os nômades nas suas deslocações. Os Árabes erguiam santuários e sacrificavam animais em sua honra. Outras práticas religiosas incluíam o jejum e a peregrinação. Acreditava-se igualmente na presença dos djins, espíritos, alguns dos quais tinham um caráter maligno.

Os Árabes reconheciam uma divindade a que chamavam de Al-lah, criador todas as coisas, mas este não tinha o caráter que lhe foi atribuído mais tarde pelo Islã. Al-lah tinha três filhas: Allat, Manat ("Destino") e Al´Uzza ("A Poderosa").

A cidade de Meca, no Hijaz, a cerca de 80 Km do mar, era o centro de uma peregrinação anual feita pelos Árabes. Nela encontrava-se um santuário, a Kaaba, onde existia a Pedra Negra, provavelmente um meteorito, que era alvo de veneração.

Os peregrinos davam sete voltas em torno dela no sentido contrário aos ponteiros do relógio. No século VII a cidade adquiriu importância como centro econômico: ela controlava o tráfego de caravanas que atravessam a Arábia.

Por Meca passavam os produtos que tinham sido trazidos para o Iémen da Abíssinia e da Índia e que eram transportados pelas caravanas para o Mediterrâneo.

Uma rota que atravessava a Arábia a partir do Golfo Pérsico em direção à Abissínia foi encerrada devido ao conflito entre a Pérsia e Bizâncio, o que fez aumentar a importância de Meca.


1.2 - VIDA DO PROFETA MAOMÉ:

A 12 de Rabi-al-awwal (terceiro mês do calendário árabe), no ano do Elefante - o que corresponde a 570 ou 571 da era cristã - nasce em Meca um homem que viria a alterar a história da Arábia e do Mundo. O seu nome era Muhammad (Maomé).

Muhammad era filho de Abdullah e de Amina. O seu pai faleceu pouco antes do seu nascimento e a sua mãe quando ele tinha seis anos. O menino teve como tutor o avô Abdu-l-Muttalib e depois o seu tio Abu Talib.

Muhammad pertencia a um clã empobrecido da poderosa tribo dos Coraixitas (Quraysh, "tubarão"), os Haxemitas.

O poder dos Coraixitas advinha do fato de controlarem o santuário da Kaaba.

Muhammad tornou-se um mercador, realizando nesse contexto viagens à Síria; aos vinte e cinco anos casou com uma rica viúva de nome Khadija.

Muhammad tinha por hábito jejuar e meditar nas montanhas próximas de Meca. Por volta de 610, aos quarenta anos e enquanto fazia um desses retiros espirituais na montanha Hira, ele experimentou uma revelação divina.

Um ser misterioso (Jibril, o arcanjo Gabriel) ordenou-lhe que recitasse; vencida a hesitação inicial, Muhammad recitou aquilo que viria a ser a primeira revelação do livro que mais tarde seria compilado como o Alcorão.

Muhammad duvida de si próprio, mas estimulado pela sua esposa, começou a pregar a sua mensagem entre os mequenses.

Ele proclamava o monoteísmo, criticava o materialismo que se tinha apoderado da cidade e que fazia com que se desprezasse a viúva e o órfão; anunciava o dia do Julgamento Final, no qual os atos de cada pessoa seria avaliados e a riqueza pessoal seria inútil. As reações à sua mensagem oscilaram entre a sincera adesão à hostilidade.

Após a morte do seu tio Abu Talib e da sua esposa, dois dos seus protetores, Muhammad e os seus seguidores tiveram que fugir de Meca para Yathrib, um oásis ao norte, devido às injúrias e ataques físicos que experimentaram na cidade. Esta migração ocorre em 622 e é chamada de Hijra. Ela marca o início do calendário islâmico.

A fuga de Muhammad e dos seguidores constituiu um desafio ao poder de Meca. As duas cidades entram em guerra. Em Yathrib, Muhammad estabelece uma aliança com as tribos judaicas e pagãs que ali viviam, formando com os seus discípulos a umma, a comunidade do Islã.

Através da conquista e da conversão dos Árabes à sua doutrina, Muhammad conseguiu reunir uma força que provocaria a capitulação de Meca no ano de 630.

Em Meca ele destrói os ídolos da Kaaba e fixa a nova peregrinação. Por altura da sua morte, a 8 de Junho de 632, toda a Península Arábica encontrava-se quase toda unificada sob a bandeira do Islã.

Segundo os muçulmanos, o Corão contém a mensagem de Deus a Maomé, as quais lhe foram reveladas entre os anos 610 a 632.


1.3 - OS QUATRO CALIFAS "CORRETAMENTE GUIADOS" (632-661)

A morte de Muhammad - que tinha sido não só um líder religioso, mas também um líder político -, representou um momento de crise na comunidade muçulmana, uma vez que ele não nomeou claramente um sucessor.

A comunidade muçulmana decidiu convocar a Nidwa (Assembleia) para resolver o impasse e nomear um novo líder, que recebeu o título de califa (khalifa, "representante"). Nos anos que se seguiram à morte de Muhammad houve quatro califas, aos quais os muçulmanos se referem como os "Califas Corretamente Guiados" (al-Khulufa al-Rashidun).

O primeiro foi Abu Bakr (632-634), um dos sogros de Muhammad e um dos seus companheiros mais próximos encarregue por ele de dirigir a oração quando a sua doença o impedira de fazê-lo pessoalmente. Apesar de só ter governado dois anos, o seu califado foi determinante na medida em que consolidou o Islã na Península Arábica.

Após a morte de Muhammad, algumas tribos de beduínos tinham abandonado o Islã e entendiam que não deviam lealdade à Abu Bakr. Para além disso, vários homens que se apresentavam como profetas geravam agitação. A revolta dos beduínos ficou conhecida como Ridda (apostasia) e foi solucionada por Abu Bakr através da diplomacia e do recurso à força militar.

Uma vez unificada a Arábia, o califa Omar (634-644), nomeado por Abu Bakr para o suceder antes da sua morte, centrou-se na expansão do Islã para fora da península. As suas primeiras conquistas territoriais ocorreram na Síria, com a tomada da cidade de Damasco (635). Em 638 é a vez de Jerusalém. Ao mesmo tempo, as forças islâmicas avançavam para este em direção à Mesopotâmia e à Pérsia.

O Império Persa Sassânida encontrava-se numa situação bastante debilitada devido às guerras com Bizâncio e não foi difícil para as forças islâmicas vencer a decisiva Batalha de Al- Qadisiyya, perto do rio Eufrates. As tropas islâmicas continuam o seu avanço e conquistam a capital do Império Persa, Ctesifonte (637).

Avançam igualmente em direção ao ocidente e em 642 conquistam a cidade de Alexandria, no Egito. Nos territórios conquistados foram instituídos dois tributos, kharaj (incidindo sobre a produtividade da terra) e jizya (garantia da liberdade religiosa para os não muçulmanos).

Após a morte de Omar em 644 - assassinado por um cristão persa - é eleito um genro do profeta, Otman (644-656), que continua a obra de expansão territorial. Em 647 envia uma expedição militar para oeste do Egipto, naquilo que era território bizantino.

A ilha de Chipre é conquistada em 649 e por volta de 653 toda a Pérsia encontrava-se submetida ao seu poder (conquista da província oriental de Khurasan). É geralmente aceite que o primeiro contacto da China como o Islã ocorreu durante este califado, quando Otman enviou, em 650, uma embaixada presidida por Sa’ad ibn Waqqas (um tio materno do profeta) ao imperador chinês Yung-Wei.

A missão não logrou converter o imperador ao Islã, mas este mostrou-se interessado pela religião e permitiu a construção de uma mesquita em Quanzhou.

Otman nomeou o seu primo Muawiya como governador da Síria, o foi interpretado como um ato de nepotismo. Ambos pertenciam ao clã Omíada de Meca, que tinha tido no pai de Muawiya, Abu Sufyan, um dos inimigos mais encarniçados de Muhammad. Os gastos excessivos de Otman também geraram descontentamento e em 656 este morre assassinado.

Com a morte de Otman gerou-se uma certa confusão em torno de quem deveria ser o novo califa. Para alguns era claro que essa honra deveria ter recair sobre Ali, que já tinha sido excluído do califado três vezes seguidas após a morte de Muhammad. Ali era casado com Fátima, uma das filhas do profeta, com que tinha tido os únicos descendentes de Muhammad. Outra facção apoiava o primo de Otman, Muawiya.

Ali foi eleito califa em 656, mas foi contestado não só por Muawiya, mas também por Talha e Zubair, dois companheiros de Muhammad, e por Aisha, uma das viúvas do profeta. Na Batalha do Camelo (Dezembro de 656) Talha e Zubair foram mortos e Aisha feita prisioneira.

Em Julho de 657 as forças de Ali e Muawiya enfrentam-se na Batalha de Siffin, mas nenhum dos lados consagra-se como vencedor. Ali concorda então com uma arbitragem proposta por Muawiya, que terminou na nomeação deste como califa.

Uma parte dos apoiantes de Ali entendeu que ele procedeu incorretamente ao aceitar a arbitragem e retirou-se, dando origem à primeira cisão no Islã, a dos Kharijitas. Outro partido permaneceu fiel a Ali e às suas pretensões ao califado e deu origem aos Xiitas.

Ali foi assassinado por um kharijita em 661 em Kufa e Muawiya alcança o poder. A esta guerra civil no coração do Islã, que chocou muitos muçulmanos, a historiografia muçulmana chamou de a "tormenta maior".

1.4 - OS OMÍADAS (661 – 750)

Muawiya esforçou-se por terminar com o caráter eletivo do califado, promovendo a hereditariedade. A dinastia que inaugurou, a dos Omíadas, representou uma deslocação do centro político do Islã de Medina para Damasco, cidade que os novos senhores fizeram a sua capital até à queda da dinastia em 750.

A era omíada ficou marcada por uma segunda vaga de expansão territorial. A ocidente, o Magrebe é conquistado entre 669 e 710, a Península Ibérica em 711 e as conquistas também avançam a este.

Muawiya (661-680) divide o império em províncias e coloca à frente de cada uma um governador. Nomeia o seu filho Yazid como seu sucessor, o que gerou nova contestação, pois Yazid era conhecido por ser um debochado.

Yazid I (680-683) enfrentou a oposição do filho mais novo de Ali, Hussein, que parte de Meca com um grupo de apoiadores em direção a Kufa. Em Karbala, a 10 de Outubro de 680, ele e os seus homens foram derrotados pelo exército enviado por Yazid, apenas tendo sobrevivido dois dos seus filhos.

O evento marcou a mente dos Xiitas, que todos os anos recordam o massacre de Hussein num festival de penitência e de luto conhecido como Ashura.

Após a morte de Yazid, a sucessão recaiu sobre o seu filho Muawiya II que governou por alguns meses. Desencadeia-se uma pequena luta de sucessão, da qual saiu como califa Marwan I (684-685). Marwan I foi sucedido pelo seu filho Abd al-Malik.

Abd al-Malik (685-705) fez do árabe a língua da administração, substituindo o grego e o persa nos locais em que estas línguas tinham continuado a ser utilizadas. Ele também introduziu um novo modelo de cunhagem de moedas, do qual se eliminaram os símbolos cristãos e zoroastrianos, substituídos por inscrições em árabe que proclamavam a unicidade de Deus.

Entre 680 e 692 ocorreu uma segunda guerra civil no mundo islâmico. Desta feita o movimento foi liderado pelos mawali, os muçulmanos não árabes que se sentiam discriminados pelos muçulmanos árabes.

Em 711, durante o reinado de Walid I (705-715), o Islã alcançou a Península Ibérica. O reino visigodo que ali existia encontrava-se decadente, dilacerado por problemas internos. A invasão foi liderada por Tariq, um berbere.

A população judia, que tinha experimentado perseguições durante os últimos tempos do reino visigodo, apoiou e facilitou a entrada dos muçulmanos; por volta de 714 já quase toda a península estava conquistada.

Uma parte da população converteu-se ao Islã, mas a conversão forçada não foi uma característica do governo dos Omíadas, que se revelaram tolerantes em relação a outras religiões. Outra parte da população permaneceu cristã, mas aderiu à língua e à cultura árabe (os moçárabes). Em 720, os exércitos islâmicos ultrapassam os Pirenéus, mas a vitória de Carlos Martel em Poitiers trava a expansão do Islão na Europa Ocidental.

Na Ásia, os Árabes tornaram-se senhores do Sinde e de uma parte de Penjabe entre os anos de 711 e 713. A conquista foi liderada pelo general Muhammad ibn Qasim, que não discriminou a população local budista e hindu; tomando conhecimento de que estes povos possuíam escrituras sagradas, tratou-os como dhimmis (Povos do Livro), tal como era hábito considerar judeus ou cristãos. Este foi o primeiro momento da entrada do Islão na Índia. Na Ásia, salienta-se ainda a conquista do Afeganistão, da Transoxiana e da Sogdiana.

Uma série de intrigas palacianas marcou o reinado dos últimos Omíadas. Os opositores à dinastia omíada, durante a qual a religião foi relegada para um segundo plano, uniram-se a um grupo liderado pelos descendentes de um tio do profeta Muhammad, Abbas, ficando, por isso, conhecidos como os Abássidas.

Os Abássidas prometeram aos seus apoiadores que a religião teria um papel mais central se tomassem o poder e que as diferenças entre os muçulmanos árabes e os não árabes terminariam. Desencadeando a revolta a partir da província do Khorasan, tomam o poder em 750. Todos os membros da família omíada foram exterminados, com exceção de Abd ar-Rahman I que fugiu para a Península Ibérica onde fundou um estado.


1.5 - OS ABÁSSIDAS (750-1258)

Composta por 37 califas, a dinastia dos abássidas foi iniciada com Abu al-Abbas as-Saffah. O seu sucessor, Al-Mansur (754-775), mudou a capital do império em 762 para Bagdade, uma cidade construída para servir esse propósito. A influência persa vai predominar na vida política do califado e a nível cultural o fundo árabe mistura-se com elementos persas, sírios e indianos.

Os xiitas tinham sido apoiadores dos Abássidas na sua investida pelo poder; porém os Abássidas abandonam as pretensões destes em pouco tempo. Em 786, em Meca, ocorreu um massacre de descendentes de Ali. Alguns conseguiram fugir e estabelecem em 789 o reino independente dos Idríssidas no actual território de Marrocos, que perdurará até ao século X.

Na época do califa Harun al-Rashid (786-809) Bagdade é um dos centros mais brilhantes da civilização mundial. Este califa ordenou que após a sua morte o império fosse dividido entre os seus dois filhos, Al-Amin e Al-Ma'mun. Quando Harun morreu os seus filhos envolveram-se numa luta pelo poder, tendo Al-Ma'mun saído vencedor em 813. Al-Ma'mun adotou o mutazilismo, uma doutrina que rejeitava a teoria muçulmana da predestinação e que defendia que o Alcorão não deveria ser interpretado de uma forma literal. Este movimento era visto como herético pela maioria dos muçulmanos.

O controle dos califas abássidas sobre o vasto território do império era ténue e a desagregação política, com o surgimento de várias dinastias em diferentes espaços, foi uma marca quase desde o início.

Na Pérsia, um antigo apoiadores dos Abássidas cria um reino separado na provincia do Khorosan. A dinastia dos Taíridas ali se afirma entre 820 e 873, antes do seu território ser absorvido pelos Samânidas (819-999).

No Magrebe surgiria no século IX a dinastia dos Aglábidas que tinham a sua capital em Kairouan, na atual Tunísia. Os Aglábidas conquistaram a Sicília aos bizantinos entre 827 e 878 e só no ínício do século XI é que esta ilha regressaria ao domínio cristão. Os Aglábidas viriam a ser derrotados pelos Fatímidas que partindo da Tunísia fixam-se no Egipto abássida em 969.

Por volta de 945 o território que é hoje o Iraque caiu nas mãos da dinastia dos emires Buídas, antigos prefeitos do palácio abássida.

O Islão prosseguiu o seu avanço na Ásia, começando a atingir as populações do Turquestão Ocidental. No início do século XI a casa dos Turcos Ghaznévidas, com o sultão Mahmud de Ghazni (998-1030), lança grandes incursões muçulmanas na Índia.

Em 1055 os Turcos Seljúcidas colocam o califado abássida sob sua tutela e torna-se defensores da ortodoxia sunita contra os Fatímidas xiitas do Egito. Os Seljúcidas constituem um império que começava no Turquestão e englobava todo o Próximo Oriente.

Por volta de 1171 o poder os Fatímidas no Egito é destronado pela nova dinastia dos Aiúbidas. Esta dinastia foi fundada pelo famoso Saladino que se tornaria senhor da Arábia, Síria e Iraque. Saladino assumiu a liderança do mundo islâmico contra a agressão dos Cruzados, tendo conquistado os estados francos de Alepo e Jerusalém.

O último califa abássida, Al-Musta'sim, foi assassinado com toda a sua família pelo kan mongol Hulagu. Os sobreviventes desta dinastia foram acolhidos pelos sultões mamelucos do Cairo. No Egito prosseguirá uma dinastia abássida de 21 califas, mas de título meramente honorifico, até que aquele território foi conquistado por Selim I, sultão otomano.


1.6 - OS TRÊS IMPÉRIOS

No século XV e XVI foram criados três grandes impérios que tinham no islão a sua religião oficial: o Império Otomano que dominou o Médio Oriente, os Balcãs e o Norte de África; o Império Sefévida no Irão e o Império Mogol na Índia.


1.6.1 - O IMPÉRIO MONGOL

O Império Mogol resultou das várias invasões mongóis na Pérsia e na Índia. Foi fundado em 1526 por Babur, um descendente de Genghis Khan e de Tamerlão. O império governou os territórios que correspondem ao que hoje em dia são a Índia, o Paquistão, o Bangladesh e o Afeganistão, durante vários séculos antes de cair perante os ingleses em 1857.

O império deixou um importante legado cultural e artístico na Índia. Entre os edíficios mais conhecidos mandados contruir pelos Mogóis encontra-se o Taj Mahal.



1.6.2 O IMPÉRIO OTOMANO

O mundo islâmico atingiu um novo esplendor com o Império Otomano, cujas origens se encontram nas migrações dos Turcos das estepes da Ásia Central para a Anatólia onde fundaram um pequeno estado. Em 1453, depois de um cerco de dois meses, os Otomanos tomaram Constantinopla. O antigo Império Bizantino foi substituído pelo novo Império Otomano como a grande potência do Mar Mediterrâneo.

O auge deste império foi alcançado durante a era de Solimão, o Magnífico (1520-1566) quando foram conquistados os Balcãs e a Hungria. Em 1529 os Otomanos tentaram conquistar Viena, mas o cerco à cidade fracassou. Em 1571 a Batalha de Lepanto representou um duro golpe para os Otomanos, já que nela perderam parte importante da sua frota marinha (um dos grandes pontos fortes do Império Otomano). Em consequência da derrota dos Otomanos na Batalha de Viena de 1883 o império perderia a posse da Hungria e de alguns territórios nos Balcãs.




1.6.3 - O IMPÉRIO SEFÉVIDA

Os Sefévidas governaram o Irão (Pérsia) entre 1501 e 1736. Embora se identificassem como descendentes de Ali, os Sefévidas tinham origens numa ordem sufista. Foi durante o governo dos Sefévidas, que tinham como capital a cidade de Isfahan, que o xiismo foi imposto como religião oficial do Irão, tendo sido perseguidas todas as outras formas do islão. Este facto histórico está na origem da separação religiosa actual do Irã em relação aos seus vizinhos sunitas. Até aquele momento o xiismo não tinha sido particularmente forte no Irão. Os Sefévidas foram derrubados por Nadir Xá em 1736.

1.7 - O SÉCULO XIX

O começo da conquista do mundo islâmico pelos Europeus remonta ao fim do século XVIII, quando Napoleão Bonaparte conquistou o Egito em 1798. Por volta de 1818 a Índia já estava praticamente toda sob influência britânica e em meados do século XIX já a maior parte do mundo islâmico tinha sido conquistado pelas potências européias, em concreto pelo França, Inglaterra e Rússia.

1.8 O SÉCULO XX

Nos anos que antecedem a Primeira Guerra Mundial inicia-se a prospecção de petróleo no Médio Oriente, na qual os ingleses se revelarão os mais ávidos.

Durante a Primeira Guerra Mundial os Aliados exploraram o descontentamento em relação ao Império Otomano existente em regiões como a Arábia e a Síria. Apesar das promessas de apoio ao movimento nacionalista árabe, o fim da guerra acabou por traduzir-se num aumento da colonização européia sobre os países árabes.

Os Ingleses tinham prometido a Hussein Ibn Ali que seria o rei de um grande território formado por aquilo que é hoje o Líbano, a Síria, o Iraque, a Palestina, a Jordânia e a Arábia.

Esta promessa não foi cumprida e a queda do Império Otomano em 1918 apenas fez com que os árabes mudassem de amo: aos Frances seria atribuído pela Sociedade das Nações um mandato sobre a Síria e o Líbano e aos Ingleses sobre a Palestina.

Os filhos de Hussein Ibn Ali governam dois territórios sob patrocínio britânico, a Transjordânia e o Iraque. Na Arábia forma-se um reino liderado por Ibn Saud, com o apoio dos Estados Unidos da América.


2- FONTES DE ENSINAMENTO DO ISLÃ:

Os ensinamentos de Maomé são considerados infalíveis. Dividem-se em 114 suras (capítulos), ordenadas por tamanho, tendo o maior 286 versos.

A segunda fonte de doutrina do Islã, a Suna, é um conjunto de preceitos baseados nos ahadith (ditos e feitos do profeta). Os muçulmanos estão divididos em dois grandes grupos: os Sunitas e os Xiitas.

Os Sunitas subdividem-se em quatro grupos menores: Hanafitas, Malequitas, Chafeitas e Hambanitas.

Os Sunitas são os seguidores da tradição do profeta, continuada por All-Abbas, seu tio.

Os Xiitas são partidários de Ali, marido de Fátima, filha de Maomé. São os líderes da comunidade e continuadores da missão espiritual de Maomé.

O objetivo final do Islamismo é subjugar o mundo e regê-lo pelas leis islâmicas, mesmo que para isso necessite matar e destruir os “infiéis ou incrédulos” da religião.


3 - A KAABA:

Kaaba (também conhecido como Ka'bah, Kabah ou Caaba) é uma construção que é reverenciada pelos muçulmanos, na mesquita sagrada de Al Masjid Al-Haram em Meca, e é considerado pelos devotos do Islã como o lugar mais sagrado do mundo, localizada nas coordenadas 21°25'21,15"N e 39°49'34,1"E.

A Kaaba é uma construção cúbica de 15,24 m de altura e é cercada por muros de 10,67 m e 12,19 m de altura. Ela está permanentemente coberta por uma manta escura com bordados dourados que é regularmente substituida. Em seu interior encontra-se a Hajar el Aswad (também chamada de "Pedra Negra"), uma pedra escura de cerca de 50 cm de diâmetro que é uma das relíquias mais sagradas do Islã. Ela é provavelmente o resto de um meteorito.

A Kaaba é o centro das peregrinações (hajj), e é para onde o devoto muçulmano volta-se para as suas preces diárias (salat). É o lugar mais sagrado do Islã.

Quando o profeta Maomé repudiou todos os deuses pagãos e proclamou um Deus único, Aláh, ele poupou a Kaaba, e tornou-a de um centro de perigrinação pagã em um centro da nova fé.

No período pagão, a Kaaba provavelmente simbolizava o sistema solar, abrigando 360 ídolos, sendo assim uma representação zodiacal. O edifício foi várias vezes restaurado, sendo que a atual construção é datada do século VII, substituindo a mais antiga que foi destruída no cerco de Meca em 683.

Segundo algumas lendas islâmicas, a Kaaba foi construída por Adão, o primeiro homem, para adorar ao Senhor Deus. Segundo o Alcorão, os fundamentos da Kaaba foram estabelecidos por Abraão, que recebeu a pedra negra do anjo Gabriel.

Hoje, a Kaaba representa a casa de Deus. Para o muçulmano, que a ela se volta em suas preces diárias, representa não só o centro do mundo, mas o centro do próprio universo.


4 - A MESQUITA

A Mesquita é um lugar sagrado para os muçulmanos, é onde os muçulmanos se congregam para realizar as suas orações diárias. A palavra " Mesquita " é uma tradução do árabe; Masjid, que quer dizer um lugar de prostração.


4.1 - A IMPORTÂNCIA DA MESQUITA

As Mesquitas foram as primeiras instituições de ensino para os muçulmanos; a Mesquita é o lugar onde se aprende sabedoria e virtudes.O profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), costumava, ao término da oração da Alvorada, em sua Mesquita, ser procurado pelos freqüentadores para aprender os assuntos de sua religião.

Desde o alvorecer do Islam, a Mesquita é uma escola, sendo assim ela representa desta forma, o primeiro instituto de ensino no Islam, nas Mesquitas os muçulmanos, desde os tempos mais remotos, aprendem os princípios e a prática de sua religião.

Segundo a crença na fé islâmica, Alcorão define como sendo o objetivo mais importante da missão do profeta Muhammad, depois da transmissão dos versículos do Alcorão Sagrado, a reformulação da vida dos indivíduos de acordo com a revelação Divina e promove-los, espiritual e materialmente, à luz dos versículos Sagrados.

O profeta Muhammad, insistia na necessidade de todo muçulmano assistir às sessões de ensino nas mesquitas.

O profeta Muhammad costumava sentar-se na Mesquita com seus discípulos, e esses em volta dele em forma de um circulo, todos corriam para essas reuniões e competiam em sentar o mais perto possível do profeta Muhammad, para maior aproveitamento de suas palavras.


4.2 - TRADIÇÃO CONSOLIDADA

Depois de sua morte, os companheiros do profeta Muhammad, preservaram a tradição de se reunirem na Mesquitas do Profeta para ensinar a sabedoria Islâmica a quem procurasse, a este respeito.

As Mesquitas congregam os homens a fim de cumprirem os preceitos divinos da oração. É o local onde os muçulmanos se congregam para realizar as suas orações diárias e para as orações de Sexta-feira.

O muçulmano não deve perder em nenhuma ocasião de orar em congregação, cada vez que tal ocasião se apresentar. A oração em congregação é uma brilhante demonstração da unidade de objetivo e ação, da piedade e humildade coletiva perante Deus, e solidariedade afetiva entre muçulmanos.

A congregação islâmica nas Mesquitas é uma resposta positiva aos problemas mais urgentes da humanidade, causados pela discriminação racial, os conflitos sociais e os preconceitos humanos.

No ofício islâmico, em congregação, não há reis e súditos, nem pobres e ricos, nem brancos e negros; não há primeira ou Segunda classe, nem bancos dianteiros ou traseiros, nem assentos reservados ou públicos. Todos os crentes ficam de pé e agem lado a lado, da maneira mais disciplinada e exemplar, longe de qualquer consideração mundana.

As orações prescritas ao muçulmano são em número de cinco, se não há possibilidade de realizá-las nas Mesquitas, podem ser efetuadas em qualquer lugar onde o fiel estiver quando a oração está no seu horário preceituado.

As Mesquitas organizam a vida espiritual e moral do homem de maneira a fornecer-lhe plenamente o alimento espiritual necessário à piedade e probidade à segurança e à paz. É nas Mesquitas que o Imam, através de seus sermões ''Khutba'', prega a obediência a Deus.

A lei islâmica ordena ao homem que faça o bem e rechace o que é repreensível; é também obrigatório para os muçulmanos incutir o bom comportamento a seus familiares e companheiros. Além das boas práticas que são mencionadas nos sermões do Imam há também a advertência para rejeição do repreensível.

É com razão que os muçulmanos não consideram o Islam apenas como um ideal abstrato destinado somente à oração imaterial. O Islam é um código de vida, uma força ativa que se manifesta em todos os campos da vida humana.

Assim sendo, a vida espiritual islâmica assenta em sólidos alicerces e rege-se por instruções divinas. O sistema espiritual do Islam é único na sua estrutura, funcionamento e finalidade. Cada ação individual ou coletiva deve inspirar-se e guiar-se pela lei de Deus. O Alcorão é o Livro Sagrado que Deus escolheu para os seus verdadeiros servos.

Portanto, para o muçulmano, orar coletivamente nas Mesquitas, qualquer que seja a oração prescrita, é mais meritório, que as orações isoladas ou individuais.

No entanto, segundo a crença islâmica, Deus preceituou as orações coletivas de Sexta feira até o Dia da Ressurreição. O estabelecimento e a obrigatoriedade da Oração de Sexta-feira nas Mesquitas foram anunciados pelo Profeta Muhammad.


5- IMAM

O Imam é o líder espiritual, o guia no contexto islâmico, o Imam é a pessoa que tem a incumbência de dirigir as atividades superiores de uma Mesquita. O Imam é um homem que pode possuir família, pois o Islam não admite em hipótese alguma o celibato.

Sua função primordial nas Mesquitas é liderar os fiéis nas orações, no entanto, antes das orações profere um sermão no qual glorifica a Deus o Magnificente, enaltece a missão profética de Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), suplica a misericórdia de Deus para sua família, para seus seguidores e para seus nobres companheiros.

Não obstante, enquanto o Imam aguarda a hora da oração, o fiel ao chegar e antes de sentar para esperar a oração, faz-se duas genuflexões voluntárias ,como "Saudação à Mesquita".

Depois disso, senta-se, e escuta atentamente a leitura do Alcorão, meditando sobre o sentido dos seus eloqüentes versículos. Se não encontrar leitor do Alcorão fazendo a leitura senta-se com bons modos e ocupe-se em meditar e invocar Deus de preferência em silêncio.

O Imam tem também sob sua responsabilidade a incumbência de realizar os casamentos entre os muçulmanos, segundo os mandamentos e normas estabelecidas no contexto divino islâmico. O serviço fúnebre é também de sua alçada, este serviço consiste em lavar o corpo do falecido, de perfumá-lo e de envolvê-lo com mortalha.

E praticar as orações fúnebres e acompanhar o sepultamento até seu último ato. Assim sendo, o Imam tem por dever de dissipar as divergências que surgem no meio da comunidade. Além de harmonizar as pessoas em conflito para superarem as discrepâncias.

http://www.islam.org.br/o_que_e_uma_mesquita.htm


6 - O ALCORÃO:

O Alcorão ou Corão é o livro sagrado do Islão. Os muçulmanos acreditam que o Alcorão é a palavra literal de Deus (Alá) revelada ao profeta Muhammad (Maomé) ao longo de um período de 22 anos. A palavra Alcorão deriva do verbo árabe que significa ler ou recitar; Alcorão é portanto uma "recitação" ou algo que deve ser recitado.

Os muçulmanos podem se referir ao Alcorão usando um título que denota respeito, como al-Karim (o Nobre) ou al-Azim (o Magnífico).

É um dos livros mais lidos e publicados no mundo, sendo que, não é vendido pelos muçulmanos e, sim, dado.

6.1 ESTRUTURA DO ALCORÃO

O Alcorão está organizado em 114 capítulos, denominados suras (cada capítulo do alcorão), divididas em livros, seções, partes e versículos. Considera-se que 92 capítulos foram revelados ao profeta Muhammad em Meca, e 22 em Medina. Os capítulos estão dispostos aproximadamente de acordo com o seu tamanho e não de acordo com a ordem cronológica da revelação.

Cada sura pode por sua vez ser subdividida em versículos (ayat). O número de versículos é de 6536 ou 6600, conforme a forma de os contar.

A sura maior é a segunda, com 286 versículos; as suras menores possuem apenas três versículos.

Os capítulos são tradicionalmente identificados mais pelos nomes do que pelos números. Estes receberam nomes de palavras distintivas ou de palavras que surgem no inicío do texto, como por exemplo A Vaca, A Abelha, O Figo ou A Aurora. Contudo, não se deve pensar que o conteúdo da sura esteja de alguma forma relacionado com o título do capítulo.


6.2 - A COMPILAÇÃO DO ALCORÃO

O Alcorão não foi estruturado como um livro durante a vida de Muhammad. À medida que o profeta Muhammad recebia as revelações, ele solicitava ao jovens letrados que integravam a sua comitiva para que transcrevessem os textos. O chefe desta equipe de secretários, que surgiu de forma institucionalizada após a Hégira, em Meca, foi Zayd ibn Thabit.

O texto foi preservado em materiais dispersos tão variados como folhas de tamareira, pedaços de pergaminho, omoplatas de camelos, pedras e também na memória dos primeiros seguidores.

Durante as noites do Ramadão, Muhammad recapitulava as revelações, numa conferência onde estava presentes os logógrafos (escritores profissionais) e os hafiz, ou seja, pessoas que conheciam passagens de memória (que escutaram nas prédicas do profeta).

Após a morte de Muhammad em 632 iniciou-se o processo de recolhimento dos vários extratos.

Para alguns, o Alcorão terá sido composto na sua forma actual sob a direcção do califa Abu Bakr nos dois anos que se seguiram à morte de Muhammad; outros defendem que foi o califa Omar o primeiro a compilar o Alcorão. Considera-se que a verdade está a meio termo: Abu Bakr foi aconselhado por Omar a compilar um primeiro manuscrito, auxiliado na tarefa por logógrafos e por dois hafiz.

Entre 650 e 656, durante o califado de Otman, o Alcorão se estruturou de uma forma mais oficial. Otman nomeou uma comissão para decidir o que deveria ser incluído ou excluído do texto final do Alcorão. Foi então constituído um "livro-referência" a partir do qual se criaram seis cópias que foram enviadas para Meca, Iémen, Bahrein, Bassora e Kufra.


6.3 - CONTEÚDO TEMÁTICO DO ALCORÃO

O Alcorão descreve as origens do Universo, o Homem e as suas relações entre si e o Criador. Define leis para a sociedade, moralidade, economia e muitos outros assuntos. Foi escrito com o intuito de ser recitado e memorizado. Os muçulmanos consideram o Alcorão sagrado e inviolável.

Para os muçulmanos, o Alcorão é a palavra de Deus, sagrada e imutável, que fornece as respostas acerca das necessidades humanas diárias, tanto espirituais como materiais. Ele discute Deus e os seus nomes e atributos, crentes e suas virtudes, e o destino dos não-crentes (kuffar); até mesmo temas de ciência. Os muçulmanos não seguem apenas as leis do Alcorão, eles também seguem os exemplos do profeta, o que é conhecido como a Sunnah, e a interpretação do Corão contida nos ensinamentos do profeta, conhecida como hadith.

Aos muçulmanos é ensinado que Deus lhes enviou outros livros. Para além do Alcorão, os outros são o livro de Ibrahim (que se perdeu), a lei de Moisés (a Torá), os Salmos de David (o Zabûr) e o evangelho de Jesus (o Injil). O Alcorão descreve cristãos e Judeus como "o povo do livro" (ahl al Kitâb).

Os ensinamentos do Islão englobam muitas das mesmas personagens do judaísmo e do cristianismo. Personagens bíblicas bem conhecidas como Adão, Noé, Abraão, Moisés, Jesus, Maria (a mãe de Jesus) e João Baptista são mencionados no Alcorão como profetas do Islão. No entanto, os muçulmanos frequentemente se referem a eles por nomes em língua árabe, o que pode criar a ilusão de que se trata de pessoas diferentes (exemplos: Alá para Deus, Iblis para Diabo, Ibrahim para Abraão, etc).

A crença no dia do julgamento (ver: escatologia) e na vida após a morte (Akhirah) também fazem parte da teologia islâmica.


6.4 - O ALCORÃO NA VIDA DOS MUÇULMANOS

Quando uma criança nasce no seio de uma família muçulmana, os seus pais são saudados com a fórmula "Que esta criança possa estar entre os anunciadores do Alcorão".

As crianças muçulmanas aprendem desde cedo a começar determinados atos da sua vida, como as refeições, com a fórmula "Em nome de Deus" (Bismillah) e a concluí-los com a expressão "Louvado seja Deus" (Al-Hamdu Lillah). Estas frases são as mesmas que se encontram nos dois primeiros versículos da primeira sura.

Algumas partes do Alcorão são recitadas durante momentos especiais da vida como o casamento ou no leito de morte. Em muitos países muçulmanos certos aspectos da vida pública começam com a recitação de passagens deste livro considerado sagrado.

Os muçulmanos não tocam no livro sagrado senão após a ablução, conhecida como wudu.

Normalmente, os muçulmanos guardam o Alcorão numa prateleira alta do quarto, em sinal de respeito pelo Alcorão e alguns transportam pequenas versões consigo para seu conforto ou segurança. Apenas a versão original em árabe é considerada como o Alcorão; as traduções são vistas como sombras fracas do significado original.

Uma vez que os muçulmanos tratam o livro com reverência, conseqüentemente é proibido reciclar, reimprimir ou deitar cópias velhas do Alcorão para o lixo. Como solução alternativa, os volumes do Alcorão devem ser enterrados ou queimados de uma maneira respeitosa.


7 - A LEI ISLÂMICA:

No Islã, ao contrário da situação na cultura ocidental, não há uma separação entre a religião e o direito. Todas as leis são religiosas e baseadas ou nas escrituras sagradas ou nas opiniões de líderes religiosos. A essas normas dá-se o nome de Chárias.

O Corão é a mais importante fonte da jurisprudência islâmica (fiqh), sendo a segunda a Sunnah (Vida e caminhos do profeta). Não é possível praticar o Islã sem consultar ambos os textos. A partir da Suna, relacionada, mas não a mesma, vem a Ahadith (narrações do profeta). Uma hadith é uma narração acerca da vida do profeta ou o que ele aprovava - ao passo que a Sunnah é a sua própria vida em si.

Como se disse, as suas principais fontes são o Corão e a Hadith, mas o ijma, o consenso da comunidade, também foi aceite como uma fonte menor. Qiyas, o raciocínio por analogia, foi usado pelos estudiosos da lei/religião islâmica (Mujtahidun) para lidar com situações onde as fontes sagradas não providenciam regras concretas. As praticas chamadas Charia têm também algumas raizes nos costumes locais (Al-urf).

A jurisprudência islâmica chama-se fiqh e está dividida em duas partes: o estudo das fontes e metodologia (usul al-fiqh - raízes da lei) e as regras práticas (furu' al-fiqh - ramos da lei).


7.1 - LEIS DE ALIMENTAÇÃO

Ao comer carne, os muçulmanos podem apenas comer carne que foi abatida em nome de Deus, e que corresponde a requerimentos dietéticos estritos. Tal carne é chamada pura, ou halal. A lei islâmica proíbe aos muçulmanos comer carne de porco, macaco, cão, gato, quaisquer carnívoros e outros tipos de animais, uma vez que são haram (proibidos). Para a carne de um animal ser halal (legal) ela tem de ser de um dos animais halal, tem de ser abatida por um muçulmano, e o animal não pode ser morto por meios cruéis ou prolongados. O animal é morto pelo corte da veia jugular, pois acredita-se que isso o torna imediatamente inconsciente. Este método se mantém até hoje mesmo existindo outros que garantem menor sofrimento ao animal. Alguns teólogos muçulmanos determinaram que o animal não tem de ser morto por um muçulmano, mas pode ser abatido por um judeu desde que respeite as regras alimentícias. Desta forma, alguns muçulmanos aceitam a carne kosher (preparada de acordo com a lei judaica) como halal.


7.2 - O PAPEL DA MULHER NO ISLÃ

O Islão não proíbe as mulheres de trabalhar, mas coloca ênfase na importância da mulher em tomar conta da casa e da família. Em teoria, a lei islâmica permite que uma esposa se divorcie ao dizer "eu divorcio-me" três vezes em público. Na prática, o divórcio é mais complicado do que isso.

Normalmente, a mulher divorciada fica com o dote de quando ela foi casada, se é que houve algum e recebe um subsídio até à idade de desmamar, altura em que a criança pode retornar ao seu pai se for considerado melhor.

As mulheres não podem ser sacerdotisas ou sábias religiosas. Muitas interpretações da lei islâmica sustentam que as mulheres não podem ter empregos importantes, e estão por isso proibidas de trabalhar no governo. Esta visão tem sido corrente até hoje.

Em muitos países muçulmanos, as mulheres têm um estatuto legal inferior ao dos homens. Na Arábia Saudita, por exemplo, não estão autorizadas a conduzir automóveis.


7.3 - CÓDIGO DE VESTIMENTA

O Corão também exige um código de vestimenta aos seus seguidores. Para as mulheres, o Islão recomenda a modéstia sem recomendar abertamente o cobrir de alguma parte; os homens têm um código de vestimenta mais relaxado. Os quadris devem ser cobertos desde o joelho até à cintura. A lógica por trás destas regras é que os homens e mulheres não devem ser vistos como objetos sexuais.


7.4 - VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Muitos muçulmanos argumentam que o Alcorão permite ao homem bater na mulher. O verso em causa usa um termo ambíguo: daraba ضرب, que assume o significado "bater" (outros significados da palavra que são conhecidos são "ir embora" [1].) Yusuf Ali traduz o verso assim: "Quanto àquelas mulheres pelas quais vocês temem a deslealdade e mau comportamento, advirtam-nas (primeiro), (a seguir) recusem partilhar a cama com elas, (e por fim) batam-lhes (levemente) (Corão 4:34.)

Este comportamento é severamente depreciado em várias hadith: "Como é que algum de vós bate na mulher como bate no garanhão camelo e depois a abraça (e dorme com ela) ? (Al-Bukhari, English Translation, vol. 8, Hadith 68, pp. 42-43), "Eu fui ao apóstolo de Alá e perguntei-lhe: O que você diz (comanda) acerca das nossas mulheres ? Ele respondeu: Dai-lhes comida que teríeis para vós mesmos, e vestimenta que vós mesmos usais, e não as batais nem insulteis. (Sunan Abu-Dawud, Book 11, Marriage (Kitab Al-Nikah), Number 2139)."

Os fuqaha (académicos religiosos) geralmente acham que bater na mulher é errado. No entanto, muitos dizem que é permitido batê-las levemente. Nesta última categoria encontra-se o Sheikh Muhammad Kamal Mustafa, o imam da mesquita da cidade de Fuengirola, Espanha, que escreveu no seu livro 'A mulher no Islão':

"O espancamento [da mulher] nunca deve ser em fúria cega e exagerada de modo a que se evitem danos sérios... É proibido bater-lhe nas partes sensíveis do corpo, tais como a cara, peito, abdómen e cabeça. Em vez disso, deverá bater-se-lhes nos braços e nas pernas, " usando uma "vara que não deve ser rígida mas fina e leve de modo a não deixar feridas, cicatrizes ou nódoas. " Da mesma forma, os golpes "não devem ser fortes.”

Ele afirma que em tais situações, o objectivo do espancamento deverá ser causar à mulher alguma dor emocional, sem a humilhar ou magoá-la fisicamente. De acordo com ele, espancamentos devem ser o último recurso do qual o marido se deve fazer uso para punir a mulher.

O Sheikh Yusuf al-Qaradawi, líder do Conselho Europeu para Fatwa e Pesquisa, argumenta que bater na mulher sem provocar dor é permissível: "É permissível para ele bater-lhe levemente com as mãos, evitando a cara e outras partes sensíveis. Em caso nenhum ele deverá recorrer a um pau ou qualquer outro instrumento que possa causar dor ou danos."

O Dr. Muhammad Al-Hajj, professor de fé islâmica na Universidade da Jordânia (Amman) afirma: "Espancamentos duros são aqueles que deixam marcas no corpo ou na face. Deste modo, bater na face é proibido, porque a face é uma combinação dos aspectos da beleza, como é costume dizer. É proibido bater na face, é proibido ministrar golpes que deixem fracturas ou feridas, isto é o que os nossos sábios disseram nos seus livros."

Em muitos países muçulmanos há matanças relativamente frequentes por motivos de honra. A razão apontada para as matanças por motivos de honra é a crença de que a mulher tenha causado ao clã ou à família uma suposta "perda de honra" e por isso a mulher "merece" ser morta.

O recente livro "Souad - Queimada viva", editado em 2004 em português pela Editora Asa, relata um destes casos de maus tratos de uma mulher palestina de 17 anos pela sua própria família. Foi queimada viva. Acabou por ser salva por uma organização suíça.

Artigo do Antiwar com a história de Souad (em inglês)

Os ensinamentos islâmicos dizem que a vida é concedida por Alá e não devem ser tomada livremente, mas permite a punição severo, incluindo a pena capital, para alguns tipos de crime. Estes incluem, segundo interpretações estritas, todas as relações sexuais extra-matrimoniais, quer pelo homem ou pela mulher.

A interpretação e aplicação das leis ralativas ao casamento e à castidade têm variado nos diferentes lugares e tempos.


7.5 - CIRCUNCISÃO

A Circuncisão masculina envolve a remoção do prepúcio e é uma tradição na maioria das comunidades muçulmanas. É feita em diferentes idades, em diferentes culturas. A Circuncisão feminina não é uma prática comum na totalidade do Islão mas é praticada por muçulmanos e também por não-muçulmanos no leste da África, no vale do Nilo, bem como em partes da Península Arábica. Nestas áreas, o costume é anterior ao Islã. Muitos muçulmanos africanos acreditam que a circuncisão feminina seja requerida pelo Islã, apesar de tal costume não ser mencionado no Corão e não existir nenhuma hadith que a autorize.


7.6 - DIAS DE DESCANSO, FERIADOS

Sexta-Feira é o dia mais importante da semana para os muçulmanos. É considerado que atos de devoção praticados neste dia auferem uma maior recompensa.

Os muçulmanos não acreditam no entanto que este dia deva ser visto como o Sabbath, pois os muçulmanos rejeitam a crença de que Deus tenha descansado após a Criação. Os crentes freqüentam a reza congregacional na mesquita, rezam e ouvem o sermão do Imam.

A data das festividades islâmicas é determinada pelo Calendário Islâmico lunar. Este calendário não corrige o fato de o ano lunar não corresponder ao ano solar. Deste modo, os meses islâmicos retrocedem a cada ano que passa; eles mudam-se em relação ao Calendário Gregoriano.

Ramadã - Nono mês do calendário islamico é um mês inteiro de observância de jejum durante as horas do dia (nascer do sol ao pôr do sol).

Festejos do fim do jejum (Eid-ul-Fitr), ou festa pequena (al-Eid saghir)- ocorre na conclusão do Ramadão e é tida no primeiro dia do mês de Shawwal.

A grande festa, (Eid-ul-Adha), também "A festa do sacrifício" (Kurban Bayram) - dois meses e 10 dias após a pequena festa. Animais são abatidos para comemorar o sacrifício de Abraão de um carneiro em vez do seu filho Ismael. Aqueles que estão aptos a fazer a peregrinação a Meca fazem-na imediatamente antes desta data, na Hajj.

Achura - O décimo dia do mês de Muharram. Este é o dia em que Deus salvou Moisés e os Judeus do Faraó no Egipto e em que ele atravessou o Mar Vermelho (o dia do Êxodo). Diz-se que o profeta Maomé jejuou juntamente com as comunidades judaicas vizinhas nesta ocasião, e de acordo com narrações, Maomé fez planos para o jejum no 9º e 10º dias de Muharram. É também o dia em que o neto de Maomé, Husayn bin Ali, foi morto na Batalha de Karbala. Para os muçulmanos xiitas, este é um dia de luto. Muitos muçulmanos sunitas também comemoram o evento, apesar de o fazerem numa forma bem menos dramática do que os xiitas. A comemoração deste dia é olhada com desdém pelos fundamentalistas (sunitas).

O ano novo muçulmano - não é geralmente celebrado como um feriado oficial islâmico, apesar de muitas comunidades terem inventado ou despertado alguma espécie de ritual de celebração. Esta celebração é rejeitada pelos fundamentalistas.

O aniversário do Profeta (Al-Mawlidu N-Nabawi Sh-Sharif) - Alguns sábios muçulmanos consideram este feriado uma inovação na religião, uma vez que o próprio Maomé não o celebrava, excepto pelo jejum. Este feriado é proibido por diversos sábios muçulmanos, considerando isto como politeísmo e inovação. Algumas nações árabes tais como a Arábia Saudita proíbem os muçulmanos de celebrar este feriado.


7.7 - APÓSTATAS MUÇULMANOS

Em algumas interpretações do Estado islâmico, a conversão de muçulmanos a outras religiões é proibida e chamada de apostasia. Na teologia muçulmana, a apostasia corresponde a um crime de traição, à traição do seu próprio país. A penalidade inclui o ostracismo ou mesmo a pena capital, caso eles sejam habitantes ou tenham vivido num "Estado Islâmico" e forem considerados inimigos do estado. Uma pessoa que se tenha convertido a outra religião irá cumprir uma pena.

Algumas pessoas afirmam que muçulmanos que se converteram ao cristianismo podem estar em risco. Ver qualquer das obras de Ibn Warraq, que afirma ser um ex-muçulmano.


7.8 - INFLUÊNCIAS RECEBIDAS PELA CHARIA

Para Odon Vallet, doutor em Direito e em Ciências Religiosas, a charia incorporou inúmeros aspectos anteriores ao nascimento da religião islâmica, oriundos do direito das civilizações do Crescente Fértil. Assim, no tocante ao código de vestimenta para as mulheres, que prescreve o chamado "véu", já o código de leis do rei assírio Tiglat-Pileser I (c. 1115-1077 a.C), obrigava a mulher casada a usá-lo como forma de se distinguir da prostituta. De igual forma, as penas de lapidação e de amputação já se encontravam nas leis mesopotâmicas.


9 - AS SUNNAS

A palavra árabe Suna significa ‘um caminho’, e logo, suna do profeta significa os caminhos do profeta, ou aquilo que é normalmente conhecido como Tradições do Profeta. Terminologicamente, a palavra “Suna” significa também os feitos, dizeres e aprovações do Profeta Muhammad durante os seus 23 anos de profeta, e isto significa que tudo o que ele disse, fez ou aprovou durante o seu tempo como profeta e mensageiro de Allah é considerado uma suna, e os muçulmanos têm de seguir e praticar as suas tradições. Os registros validados (a "hadith") desse "caminho", constituem um exemplo moral para os muçulmanos.

Suna, deste modo, é a segunda fonte da lei islâmica após o sagrado Alcorão. O sagrado Alcorão, que é a palavra de Allah incorporada no livro chamado “Mus-haf”, e a Suna incorporada em muitos livros, os mais importantes sendo: Sahih Bukhari, Sahih Muslim, Sunan An-Nasai, Sunan Attirmidhi, Sunan Ibn Majah, e Sunan Abu Daud, que perfazem um corpo de lei islâmica e directivas divinas para muçulmanos em todo o mundo.

A Suna, ao contrário da Hadith, é o caminho ou feitos do Nobre Profeta Muhammad durante o seu período de profecia enquanto que a Hadith é uma colecção de suas narrações e aprovações durante o mesmo período.

As duas palavras são praticamente equivalentes quando se referindo às tradições do Profeta, mas na verdade existe uma diferença entre as duas. Hadiths são classificadas quanto ao seu estatuto, em relação aos seus textos e à sua cadeia de transmissores. Académicos de Hadiths estudaram a Suna do profeta desde o seu contexto bem como os seus transmissores por forma a estabelecer o que é verdade e o que é falso nestes hadiths.

Através da pesquisa do transmissores da Hadith, académicos da Hadith chegaram a um sistema para saber as diferentes categorias da Hadith, e de como avaliar o texto por forma a estabelecer se ele é correcto, bom, fraco ou falso.

A Suna deve ser distinguida da fiqh, que são as opiniões de juristas religiosos, e o Alcorão, que é uma revelação em si e não um registro.


10 - HADITH

A Hadith é um corpo de leis, lendas e histórias sobre a vida de Muhammad, (estas histórias chamam-se em Árabe Sunnah e incluem a sua biografia ou sira) e os próprios dizeres nos quais ele justificou as suas escolhas ou ofereceu conselhos; muitas partes da Hadith lidam com os seus companheiros (Sahaba).

Para a maioria dos muçulmanos, a hadith contém uma exposição com autoridade dos significados do Alcorão. A lei islâmica é deduzida dos actos, afirmações, opiniões e modos de vida de Muhammad. Muçulmanos tradicionais acreditam que os académicos islâmicos dos passados 1400 anos foram bem sucedidos na maior parte em determinar a exactidão de boa parte da hadith com que lidaram.

A literatura, como um todo, foi passada de geração em geração oralmente até meados do século VIII (menos de 100 anos após a morte de Muhammad e seus companheiros), ponto a partir do qual foram escritas colecções da Hadith. Mais tarde, elas foram editadas. Este processo chamou-se de isnad, e tomou duas formas:

  • musnad - classificação de acordo com os nomes dos tradicionalistas
  • musannaf - classificação de acordo com o tema; editada de acordo com o conteúdo.

Os diferentes ramos do Islão (Sunitas e Xiitas) aceitam diferentes colecções da hadith como genuínas.

Tal como o Talmude está para a Torá no Judaísmo, a Hadith está para as leis do Alcorão no Islão. A Hadith é a interpretação autoritativa do Alcorão, mesmo quando a prática corrente está em conflito com o significado do texto. A lei islâmica tem alguma flexibilidade, já que algumas tradições do profeta foram anuladas por outros dizeres posteriores dele.


11 - FIGH

A Fiqh é a jurisprudência islâmica e é constituída pelas decisões dos académicos islâmicos que dirigem as vidas dos muçulmanos. Há quatro escolas sunitas ou maddhab da fiqh.

As quatros escolas do Islão Sunita são nomeadas a partir de um jurista clássico (que não sabia que as suas decisões iriam ser imitadas - o conceito de taqlid, "imitação cega", surgiu mais tarde).

As escolas Sunitas são a Shafi'i (Malásia), Hanafi (subcontinente indiano, África ocidental, Egipto), Maliki (África ocidental e do norte), e Hanbali (Arábia).

Estas quatro escolas partilham a maioria das suas decisões, mas diferem nas hadiths particulares que aceitam como autêntica de Maomé e o peso que dão à analogia ou razão (qiyas) em decidir perante dificuldades.

As quatro escolas Sunitas guardam sua raiz e origem na única escola Xiita Jaferi estabelecida pelo Imam Jaafar Ibn Mohammad em meados do século VI.


12 - XIITAS E SUNITAS:


12.1 - HISTÓRIA

Depois da morte de Maomé, em 632, muitos acreditavam que ele havia escolhido como seu herdeiro e sucessor o seu genro e primo Ali ibn Abu Talib, logo após o falecimento a escolha do novo califa foi organizada, mas enquanto Ali e sua família aprontavam o enterro de Maomé, alguns sahaba, companheiros do Profeta, elegiam o novo governante da comunidade islâmica, sendo assim, Abu Bakr foi designando o novo Califa.

Antes de morrer Abu Bakr designou seu sucessor, Umar, que foi assassinado em 644, dez anos mais tarde. Após ele, Uthman, da dinastia omíada, ocupo o califado até 656, ano em que foi assassinado. Finalmente Ali assumiu o poder.

No Islã, o desacordo político manifestou-se muitas vezes pelo desacordo religioso. O exemplo mais antigo disto foi que 30 anos após a morte de Muhammad (Maomé), a comunidade islâmica mergulhou numa guerra civil que deu origem a três grupos.

Uma causa próxima desta guerra civil foi que os muçulmanos do Iraque e do Egito ressentiram-se do poder do terceiro Califa e dos seus governadores; outra causa foi a de rivalidades comerciais entre facções da aristocracia mercantil.

Após o assassinato do Califa, a guerra eclodiu entre grupos diferentes, todos eles lutando pelo poder. A guerra terminou com a instauração de uma nova dinastia de Califas, que governavam desde Damasco.

Com a morte de Ali, este foi sucedido por seu filho Hassan, porém, o novo Califa foi obrigado a renunciar em prol do corrupto Muáwiya, que subornara seus amigos, corrompera seu governo, tornando-se impossível sua governabilidade.

A divisão entre sunitas e xiitas nasce da questão sucessória dessa época.

Um dos grupos que surgiram desta disputa foi o dos sunitas. Eles tomam-se como os seguidores da sunna (práctica) do profeta Muhammad tal como relatado pelos seus companheiros (a sahaba).

Os Sunitas também acreditam que a comunidade islâmica (ummah) se manterá unida. Eles desejavam reconhecer a autoridade dos Califas, que mantinham o governo pela lei e persuasão. Os sunitas tornaram-se o maior grupo do Islão.

Dois outros grupos menores surgiram também deste cisma:

Os Xiitas e os Kharijitas, também conhecidos por "dissidentes".

Os xiitas acreditavam que a única liderança legítima era a que vinha da linhagem do primo e genro de Muhammad, Ali. Os xiitas acreditavam que o resto da comunidade cometera um erro grave ao eleger Abu Bakr e seus dois sucessores como líderes.

Os kharijitas (dissidentes) que inicialmente apoiaram a posição dos xiitas de que 'Ali era o único sucessor legítimo de Muhammad. Eles ficaram decepcionados quando 'Ali não declarou a guerra no momento em que Abu Bakr tomou a posição de Califa, crendo que isto era uma traição ao seu legado por Deus. Ali foi mais tarde assassinado pelos kharijitas com uma espada envenenada.

Os kharijitas têm origem na Batalha do Camelo onde o governador do Sham, Muáwiya, junto com a viúva de Maomé, Aisha, uniram suas forças para tirar Ali do poder.

(http://www.geocities.com/ibnkhaldoun_2000/camelo.htm)

Porém, quando viram que suas tropas seriam derrotadas, colocaram páginas do Corão nas pontas das lanças, sabendo que Ali não iria atacá-los dessa forma.

Entretanto, um pequeno grupo não aceitou o recuo do exército do Califa, defendendo que deveriam batalhar mesmo assim. Dessa situação nascem os kharijitas, que quer dizer "os que saíram".

12.2 - XIISMO

O Islã xiita contemporâneo pode ser subdividido em três ramos principais: os xiitas dos Doze Imãs, os ismaelitas e os zaiditas. Todos estes grupos estão de acordo em relação à legitimidade dos quatro primeiros Imãs. Porém, discordam em relação ao quinto: a maioria do xiitas acredita que o neto de Hussein, Muhammad al-Baquir era o imã legítimo, enquanto que outros seguem o irmão de al-Baquir, Zayd, sendo por isso conhecidos como zaiditas. O xiismo zaidita (ou dos partidários do quinto imã) foi sempre minoritário e encontra-se hoje praticamente limitado ao Iémen.

Os xiitas que não reconheceram Zayd como Imã permaneceram unidos durante algum tempo. O sexto imã, Jafar al-Sadiq, foi um grande erudito que é tido em consideração pelos teólogos sunitas. A principal escola xiita de lei religiosa recebe o nome de "Jafari" por sua causa.

Após a morte de Jafar al-Sadiq, em 765, ocorre uma cisão no grupo: uns reconheciam como imã o filho mais velho de al-Sadiq, Ismail (m. 765), enquanto que para outros o imã era o filho mais novo, Musa (m. 799). O último grupo continuou a seguir uma cadeia de imãs até ao décimo segundo, Muhammad al-Mahdi (falecido em 874). Ficaram conhecidos como os xiita dos Doze, enquanto que os primeiros como ismailitas; o termo xiita é geralmente usado hoje em dia como sinónimo dos xiitas dos Doze (ou duodecimâmicos), uma vez que são os xiitas maioritários.

Para os ismailitas, Ismail nomeou o seu filho Muhammad ibn Ismael como seu sucessor, tendo a linha sucessória dos imãs continuado com ele e com os seus descendentes. Os ismailitas tornaram-se poderosos no século X no Norte de África, onde fundam na Tunísia a dinastia dos fatímidas (909-1171) que em 969 conquista o Egipto (onde fundam a Universidade de Al-Azhar) e a Síria. O persa Muhammad al-Darazi declarou que o quarto califa fatímida, al-Hákim, era Deus, dando origem à religião drusa.

O ismailismo dividiu-se ainda em outros grupos, que orbitavam em torno de dois irmãos, Nizar (m. 1095) e al-Mustacli (m. 1101). Os governantes fatímidas apoiam al-Mustacli e os seguidores de Nizar foram obrigados a fugir, fixando-se nas montanhas da Síria e da Pérsia. Os partidários da causa nizari organizam-se num movimento conhecido como Fidáiyya ("a gente do sacrifício") ou ainda Ta´limiyya ("da doutrinação"), a que os seus inimigos (entre os quais se encontravam os Cruzados) deram o nome de Hashishiyya ("assassinos"), devido ao facto dos seus membros serem consumidores de haxixe. Os Hashishiyya ficaram conhecidos por uma série de assassinatos políticos. No século XIX, o rei da Pérsia deu o título de Aga Khan ao imã de uma das subseitas dos ismailitas nizaris, os Qasimshahitas. Actualmente, a maioria dos ismailitas encontra-se neste grupo.

No século XIX Siyyid Ali Muhammad provoca uma divisão no seio da comunidade xiita dos Dozes Imãs, ao proclamar-se como manifestação de Deus, tomando o nome de Báb, "Porta", porque acreditava ter contacto directo com o décimo segundo imã que tinha desaparecido em 874. Fuzilado em 1850, um dos seus discípulos, conhecido como Bahá'u'lláh, fundou a Fé Bahá'í, hoje em dia considerada uma religião independente do islão.

De acordo com os xiitas dos Dozes Imãs, os doze descendentes de Ali detêm um estatuto especial; eles são inferiores ao profeta, mas superiores ao comum dos mortais. Eles são vistos como sucessores directos corporais e espirituais do profeta, infalíveis, inspirados divinamente e escolhidos por Deus.


12.2.1 - O IMAM OCULTO

Os xiitas dos Doze Imãs acreditam que Muhammad al-Mahdi encontra-se escondido e que regressará no fim do mundo. Este Imam oculto (escondido) é capaz de enviar mensagens aos fiéis. Alguns xiitas iranianos acreditavam que o falecido Aiatolá Khomeini (não confundir com Aiatolá Khamenei, o actual aiatolá supremo do Irã) teria recebido inspiração do 12º e último Imam.

Os crentes divergem quanto ao que irá acontecer ao último Imam quando regressar (apesar de algumas seitas reservarem esse título para Isa). Acredita-se normalmente que o último Imam será acompanhado pelo profeta Jesus e que irá revelar a mensagem do Islão à humanidade. No islão xiita é obrigação de cada muçulmano seguir um Marja vivo. Há vários Marjas xiitas vivos hoje, com: Aiatolá Khamenei, Aiatolá Ali al-Sistani, Aiatolá Fazil Linkarani, Aiatolá Sadiq Sherazi, Aiatolá Fadlullah etc.


12.2.2 - O RITUAL DA ASHURAH

A lembrança da Ashura é quando os muçulmanos xiitas lembram o martírio de Hussein, neto de Maomé em Karbala, onde tal massacre, que teve mulheres e crianças massacradas, foi perpetuado pelas mãos de Yiazid, o filho de Muawya, aquele que havia lutado contra Ali e usurpado o califado de Hassan.

No Iraque, em certas regiões, a Ashura tomou uma visão grotesca, com autoflagelações e situações antiislâmicas.

A autoflagelação é proibida dentro do Islam, e esta atitude é realizada por uma ínfima minoria dentro do xiismo, mas muitos acreditam que é um ponto comum entre todos os muçulmanos xiitas.

Grandes sábios desaprovam e se opõem vigorosamente contra a auto-flagelação, chamando de bidah (inovação).

No Irão por exemplo, Khamenei coloca tropas nas ruas para proibir tal barbaridade, no Líbano o Hezbollah não permite que seus membros realizem esse tipo de horror, assim como Fadlullah, Sistani, enfim, todos os sábios xiitas, não o ratificam.


12.3 - SUNISMO

O Islã Sunita é o maior ramo do Islão, ao qual no ano de 2006 pertenciam 84%[1] do total dos muçulmanos. A maioria dos sunitas acredita que o nome deriva da palavra Suna, que se refere aos preceitos estabelecidos no século VIII baseados nos ensinamentos de Maomé e dos quatro califas ortodoxos. Alguns afirmam porém que o termo deriva de uma palavra que significa "um caminho moderado", referindo-se à idéia de que o sunismo toma uma posição mais neutra do que aquelas que têm sido percebidas como mais extremadas, como é o caso dos xiitas e dos caridjitas.



12.3.1 - BASE PARA A TEOLOGIA

Os sunitas baseiam a sua religião no Corão e na Sunnah, como está registrada nos livros de Hadith. As coleções Hadith de Sahih Bukhari e Sahih Muslim são consideradas pelos sunitas como as coleções mais importantes. Para além destes dois livros, os Sunitas reconhecem quatro outros livros Hadith de autenticidade credível (apesar de não tão alta como os de Bukhari e de Muslim), todos juntos eles constituem os chamados "Seis Livros" ou também referenciados como Kutubi-Sittah.


13 - VISÃO DE OUTROS GRUPOS

Os sunitas não são unânimes quanto às suas visões dos xiitas. No entanto, os sunitas não consideram as diferenças entre xiitas e sunitas comparáveis às diferenças entre os diferentes mazahib do Fiqh (direito islâmico) sunita. Uma pequena minoria acredita que os xiitas (especificamente os Jafaryia ou Os dos doze) podem ser considerados como uma "quinta madhab" do Islão.

Um decreto da prestigiosa Universidade Al-Azhar no Egito, apoiando este último ponto de vista foi amplamente condenado por académicos sunitas em todo o mundo. Geralmente, a maioria dos sunitas considera o xiismo como um grupo herege, rebelde, mas dentro do Islão.

No entanto, todas as três tendências estabelecidas dentro do sunismo, os Berailvi, os Deobandi e os Wahhabi consideram os Xiitas como apóstatas (desertores) do Islão.

Por outro lado, grupos como a Nação do Islão, Ahmadiyya, e Ismailis são considerados como hereges pela maioria dos sunitas e por isso estão fora do Islão.

Na Rússia do século XIX (no Tartaristão e na Ásia Central), uma nova teologia do Islão Sunita surgiu, conhecida como o Jadidismo ou Euroislão. A sua principal qualidade foi a tolerância para com outras religiões.

14 - ORDENS SUFISTAS

No século 8, formou-se um movimento místico no seio do Islamismo, denominado Movimento Sufi. A palavra suf deriva de uma roupa de lã que era muito usada pela população pobre e também pelos ascetas, que deram origem a essa facção.

O Sufismo não tem o caráter político das outras correntes islâmicas e prioriza o caráter religioso. Em seus preceitos, mesclam-se elementos do Budismo, do Hinduísmo e até da religião grega antiga e do Cristianismo.

Dentro do sufismo, existe a seita dos Dervixes, fraternidade de religiosos surgida entre os séculos 12 e 13. Seus rituais variam: em algumas ordens, limitam-se à repetição de frases sagradas, semelhantes a mantras, que podem ou não ser acompanhadas de música. Em outras, é usada uma espécie de dança - a chamada Dança dos Dervixes - que consiste em rodopios rápidos e violentos, em escala ascendente, que culminam num transe hipnótico, o qual permite um contato mais "direto" entre o fiel e a sabedoria de Alá.


15 - O CAMINHO DO ISLAMISMO:

Neste ponto serão tratadas as particularidades do islamismo no que concerne aos seus fundamentos básicos e aos seus princípios fundamentais a serem seguidos.


15.1 - OS PILARES DA FÉ ISLÂMICA:

1) Testemunhar que só há um Deus


2) Rezar cinco vezes ao dia : Saber recitar corretamente a chlhada (a profissão de fé), em árabe e em voz alta.Rezar voltado para Meca cinco vezes por dia, em horários específicos e fazendo as genuflexões e prosternações corretas. Antes da oração, o fiel deve lavar o rosto, os pés, os braços e as mãos.


3) Dar 2,5% de seu lucro líquido para as pessoas mais carentes, o zacat, que é uma espécie de "taxa da purificação", destinada aos pobres e necessitados.


4) Jejuar no mês de Ramadã, que dura exatamente um mês. Nesse período, em que é comemorada a Revelação do Corão, só se permite tomar refeições à noite e a prática sexual fica proibida.


5) Peregrinação à Meca pelo menos uma vez na vida.

Os itens abaixo não se tratam de pilares da fé islâmica, mas de deveres de seus seguidores.

6) Comparecer à mesquita toda sexta-feira, para assistir ao ofício religioso.

7) No Islamismo, são proibidos, em caráter permanente, o consumo de carne suína e de bebidas alcoólicas, o uso de substâncias tóxicas e os jogos de azar.


15.2 - OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA FÉ ISLÂMICA

1º- Acreditar num Deus único, Supremo e Eterno, Infinito e Poderoso, Clemente e Misericordioso, Criador e Sustentador. Para ser efetiva, esta crença exige completa confiança e esperança em Deus, submissão voluntária à vontade d'Ele e confiança na Sua ajuda. Isso confere dignidade ao homem e salva-o do medo e do desespero, do pecado e da confusão.

2º- O muçulmano crê, em todos os Mensageiros de Deus sem nenhuma discriminação entre eles. Tais Mensageiros eram notáveis propagadores do bem e verdadeiros campeões da justiça. Eles foram escolhidos por Deus para ensinar e transmitir à humanidade a Sua Divina Mensagem.

Eles foram mandados em várias épocas históricas, em certa altura, Deus mandou ao mesmo tempo dois mensageiros ou mais, o Sagrado Alcorão menciona cerca de vinte nomes de tais Mensageiros, e o muçulmano crê neles todos e aceita-os como Mensageiros autorizados de Deus.

Estes eram conhecidos, com exceção de Muhammad (que a Paz e Bênção de Deus estejam sobre ele), como mensageiros ''nacionais'' ou locais. Os Mensageiros encarregados de guiar a humanidade pelo bom caminho de Deus, sem nenhuma exceção, eram mortais, seres humanos, dotados para receber revelações divinas e escolhidos por Deus para levarem a cabo certas tarefas.

Entre eles, Muhammad (que a Paz e Bênção de Deus estejam sobre ele) aparece como o último Mensageiro e glória suprema de todos os Profetas. Esta não é uma atitude arbitrária, nem meramente uma crença de conveniência, tal como todas as outras crenças islâmicas, é uma verdade autêntica e lógica.

3º- O muçulmano crê, em todas as escrituras e revelações de Deus. Estas foram as luzes recebidas pelos mensageiros para guiarem os seus povos pelo bom caminho de Deus. O Alcorão faz referências especiais aos livros de Abraão, Moisés, Davi e Jesus. Mas muito antes de o Alcorão ter sido revelado a Muhammad (que a Paz e Bênção de Deus estejam sobre ele), alguns daqueles livros e revelações foram perdidos ou viciados, outros esquecidos, negligenciados ou escondidos.

Em princípio, o muçulmano crê nos livros e nas revelações anteriores ao Alcorão, mas onde se encontram as versões completas e originais destes livros? Talvez ainda estejam no fundo do Mar Morto, e outros pergaminhos esperem ser descobertos.

Ou talvez novas informações sobre eles sejam fornecias pelos arqueólogos cristãos e judeus quando revelarem ao público as descobertas completas e originais resultantes das escavações permanentes efetuadas na Terra Santa, o muçulmano, por sua vez, tem ao seu alcance o Alcorão completo e autêntico.

O Alcorão existe na sua forma inicial, tal como foi revelado por Deus que se encarregou de o proteger contra quaisquer interpelações e corrupção, assim foi dado aos muçulmanos, como critério ou norma, para que através dela possam julgar os outros Livros. Deste modo, tudo o que afinar com o Alcorão é aceite como verdade divina, e tudo o que for diferente do mesmo é rejeitado ou suspenso.

4º- O muçulmano crê nos anjos de Deus, estes são seres esplêndidos e puramente espirituais, cuja natureza não precisa de alimentos, bebidas ou sono, eles não têm nenhum desejo físico, nem necessidades materiais.

Eles passam os dias e as noites ao serviço de Deus, eles são numerosos, e cada um tem a seu cargo certo dever, se nós não podemos ver, os anjos a olho nu, isso não nega necessariamente a existência e realidade deles.

Há, no mundo, muitas coisas invisíveis à vista ou inacessíveis aos sentidos e, no entanto, acreditamos na existência delas, há lugares que nunca vimos e coisas, como o gás ou o éter, que não podemos ver a olho nu, nem cheirar ou tocar, provar ou ouvir; e no entanto reconhecemos a existência delas.

5º- O muçulmano crê no Dia do Juízo Final. Este mundo acabará qualquer dia, e os mortos comparecerão a um juízo final (Quiyáma) eqüitativo, tudo o que fazemos neste mundo, cada intenção nossa, cada movimento, cada pensamento, cada palavra que pronunciamos, tudo é contado e registrado com cuidado.

Tudo será considerado no Dia do Juízo Final, quem se tiver evidenciado no bom caminho será recompensado generosamente e calorosamente recebido por Deus, enquanto que quem não tiver assim cumprido não recebera os mesmos louvores.

A verdadeira natureza do Céu e do Inferno e a descrição exata dos mesmos são conhecidas só por Deus, existem descrições do Céu e do Inferno no Alcorão e nas Tradições de Muhammad (que a Paz e Bênção de Deus estejam sobre ele), mas não devem ser tomadas à letra, Muhammad (que a Paz e Bênção de Deus estejam sobre ele) disse que:

''No Céu há coisas que nunca foram vistas por nenhum olho, nem ouvidas por nenhum ouvido, nem concebidas por nenhum espírito''

Porém, o muçulmano acredita que haverá com toda a certeza recompensa para as boas ações e castigo para as más, este é o Dia da Justiça e o ajustamento definitivo de todos os comportamentos.

A fé no Dia do Juízo Final é a resposta definitiva que soluciona muitos do problemas tão complicados do nosso mundo, há homens que cometem pecados, negligenciam Deus e se dedicam a atividades imorais, e no entanto têm ''aparentemente'' êxito nos negócios e levam uma vida próspera.

Por outro lado, há pessoas virtuosas e crentes que parecem ser menos recompensadas pelos seus sinceros esforços e sofrem mais do que os outros neste mundo, isso é estranho e incompatível com a justiça de Deus.

Se os culpados podem escapar à lei mundana sem prejuízos e ainda por cima são mais prósperos, então o que fica para os virtuosos? Quem vai promover a causa da moralidade e da bondade? Deve existir alguma maneira de recompensar o bem e pôr fim ao mal, se isso se não faz aqui neste mundo, e sabemos que não se faz regular ou imediatamente, tem que se fazer algum dia, e este é o dia do Juízo Final.

Isso não é para desculpar a injustiça ou tolerar o mal neste mundo, nem é para consolar os necessitados e estimular os seus exploradores, é sim para prevenir os que se desviam do bom caminho e lembrar-lhes que a justiça de Deus será feita cabalmente tarde ou cedo.

6º- O muçulmano crê na predestinação de Deus e no seu Poder de conceber e cumprir os Seus planos. Deus não é indiferente perante o mundo, nem neutro para com ele, os Seus conhecimentos e a Sua força agem em qualquer momento para manter a ordem no Seu vasto domínio e o controlo sobre as Suas criaturas.

Deus é Sábio e ama a Sua criação, e tudo o que faz tem um motivo bem forte e uma finalidade cheia de sentido, se ficarmos convencidos disso, aceitaremos de boa fé tudo quanto Ele faz, embora não estejamos capazes de O compreender perfeitamente, ou até de pensar que o que fez é mau.

Devemos ter muita confiança n'Ele e aceitar tudo quanto faz, porque o nosso conhecimento é limitado e o nosso pensamento se baseia em considerações individuais ou pessoais, enquanto o conhecimento d'Ele é infinito, e os Seus planos têm uma base universal.

Isso não é, de modo algum, para tornar o homem fatalista, ou fraco, mas sim para separar nitidamente o domínio de Deus na responsabilidade dos homens, visto que pela nossa própria natureza somos limitados, o nosso poder e a nossa liberdade têm também limites.

Nós não podemos fazer tudo, e Deus, na Sua grandeza, declara-nos responsáveis por tudo quanto fazemos, o que não podemos fazer, ou o que Deus só faz, sal do domínio da nossa responsabilidade. Deus é justo e deu-nos poder limitado que corresponde à nossa natureza limitada e à nossa responsabilidade determinada.

Por outro lado, o conhecimento e poder eternos que Deus tem na execução dos Seus planos, não nos impedem de fazer os nossos próprios planos dentro da esfera limitada do nosso poder, antes pelo contrário, Deus exorta-nos a pensar, planear e ter opções saudáveis, mas se as coisas não acontecerem, assim como nós queremos ou tencionamos, não devemos perder a Fé, nem esgotar-nos em lamentações que venha a nos arruinar. Temos que tentar outra e outra vez, e se os resultados não forem satisfatórios, então sabemos que temos feito o melhor que sabemos e não podemos ser considerados responsáveis pelos resultados, porque o que se encontra além da nossa capacidade e responsabilidade é do domínio de Deus.

Os muçulmanos chamam este artigo de Fé ''crença no Qadá'' e ''Qadar'', que em outras palavras quer dizer pura e simplesmente que ''o conhecimento eterno de Deus antecipa os acontecimentos, e que os acontecimentos verificam-se conforme o Conhecimento exato de Deus''.

7º- O muçulmano crê que a criação de Deus tem sentido, e que a vida tem uma finalidade sublime além das necessidades físicas e atividades materiais do homem, a finalidade da vida é a adoração de Deus. Isso não quer dizer simplesmente que passemos a vida em isolamento permanente e em meditação absoluta.

Adorar a Deus significa conhecê-Lo; amá-Lo; obedecer aos Seus mandamentos; aplicar a Sua Lei em todos os aspectos da vida; servir a Sua causa praticando o bem e afastando o mal; ser justo para com Ele, para consigo próprio e para com os nossos semelhantes.

Adorar Deus é ''viver'' a vida, não fugir dela, em conclusão, adorar Deus é penetrar nos Seus atributos supremos. Portanto, se a vida tem uma finalidade, e se o homem é criado para servir tal finalidade, ele não pode esquivar-se a esta responsabilidade, ele não pode negar a Sua existência, nem ignorar o papel vital que tem que desempenhar.

Quando Deus lhe dá alguma responsabilidade, concede-lhe também toda a ajuda necessária, dá-lhe inteligência e força para escolher o caminho pelo qual tem que enveredar, deste modo,Deus manda o homem fazer o melhor que puder para servir completamente a finalidade da sua existência, caso assim não faça, se estragar a sua vida ou negligenciar os seus deveres, será responsável perante Deus pelas suas más ações.

8º- O muçulmano crê que o homem. tem um estatuto especial e uma alta posição na hierarquia de todas as criaturas conhecidas. Ele ocupa uma posição privilegiada porque só ele tem faculdades racionais e aspirações espirituais, assim como força de ação, mas à medida que a sua posição sobe, a responsabilidade também cresce.

Ele ocupa a posição de vice-rei de Deus na terra, a pessoa nomeada por Deus para ser o Seu agente ativo deve necessariamente ter força e autoridade, e pelo menos potencialmente, ser honrado e integro.

E tal é o estatuto do homem no Islam; não uma raça condenada desde o nascimento até à morte, mas sim um ser digno, potencialmente capaz de ações boas e nobres, o fato de Deus ter escolhido mensageiros da raça humana mostra que o homem é digno de confiança e capaz, e que pode adquirir imensos tesouros de bondade.

9º- O muçulmano crê que o próprio ato do nascimento verifica-se de acordo com a vontade de Deus, para realização dos Seus planos e em submissão aos Seus mandamentos, também quer dizer que cada pessoa dispõe das potencialidades espirituais e das inclinações intelectuais que o podem tornar um bom muçulmano, se tiver devido acesso ao Islam e se lhe for deixado desenvolver a sua natureza inata.

Muitas pessoas podem aceitar imediatamente o Islam se lhes for corretamente apresentado, porque é a fórmula divina para quem quiser satisfazer as suas necessidades morais e espirituais assim como as suas aspirações naturais, e para quem quiser levar uma vida construtiva e saudável, quer pessoal ou social, quer nacional ou internacional. E isso porque o Islam é a religião universal de Deus, o Criador da natureza humana, que sabe o que é melhor para esta natureza humana.

10º- O muçulmano crê que cada pessoa nasce livre do pecado e de qualquer pretensão à virtude herdada. É como um caderno branco, ao chegar à idade adulta, o homem torna-se responsável pelas suas ações e intenções, se o seu desenvolvimento for normal e saudável.

O homem não é só livre do pecado antes, de o cometer, mas também tem a liberdade de agir conforme os seus planos e com a sua própria responsabilidade. Esta dupla liberdade: liberdade do pecado e liberdade de agir concretamente, elimina da consciência do muçulmano o incômodo peso do pecado herdado, assim como alivia a sua alma e o seu espírito das inúmeras tensões da doutrina do pecado original.

Este conceito islâmico da liberdade baseia-se no princípio da justiça de Deus e da responsabilidade direta do indivíduo perante Deus. Cada pessoa deve suportar o peso da própria responsabilidade pelas suas ações, porque ninguém pode expiar pecados alheios.

Deste modo, o muçulmano acredita que, se Adão cometeu o primeiro pecado, a sua própria responsabilidade exigia-lhe que expiasse aquele pecado.

Supor que Deus não foi capaz de perdoar a Adão e teve que escolher outra pessoa para expiar aquele pecado, ou supor que Adão não pediu perdão ou pediu mas não lhe foi dado, seria muito improvável e contrário à clemência e justiça de Deus, assim como ao Seu atributo e poder de perdoar. A aceitação de tal hipótese seria um ousado desafio ao sentido comum e uma violação flagrante do próprio conceito de Deus.

Nesta base racional e com apoio na autoridade do Alcorão, o muçulmano crê que Adão compreendeu o que tinha feito e pediu perdão a Deus, assim como qualquer outro pecador teria feito caso tivesse bom senso. Igualmente, e na mesma base, o muçulmano crê que Deus, o Indulgente e Misericordioso, concedeu o Seu perdão a Adão.

Por isso, o muçulmano não pode aceitar de modo algum a doutrina segundo a qual Adão e toda a raça humana foram condenados e só conseguiram o perdão quando Jesus veio para expiar os pecados dos mesmos. Conseqüentemente, o muçulmano não pode aceitar a história dramática da morte de Jesus na cruz só para acabar com todos os pecados humanos de uma vez para sempre.

Aqui devemos prevenir o leitor do perigo de tirar conclusões errôneas. O muçulmano não crê na crucificação de Jesus pelos seus inimigos, porque a base da doutrina da crucificação é contrária à clemência e à misericórdia divinas, assim como à lógica e à dignidade humanas.

Tal discordância; nessa tese não diminui de modo algum o respeito que os muçulmanos têm por Jesus, nem degrada a alta posição que Jesus tem no Islam, assim como não afeta a crença dos muçulmanos em Jesus como um distinguido Profeta de Deus.

Antes pelo contrário, rejeitando essa tese de crucificação, o muçulmano aceita Jesus ainda com mais estima e respeito e considera a sua mensagem original como uma parte essencial do Islam. Portanto, digamos aqui outra vez que para ser muçulmano, uma pessoa deve aceitar e respeitar todos os Profetas de Deus, sem nenhuma discriminação.

11º- O muçulmano crê que o homem tem que assegurar a sua salvação sob a direção de Deus. Isso quer dizer que, para obter a salvação, o homem tem que combinar a Fé e a ação, a crença e a prática. A Fé sem ação é tão insuficiente como a ação sem Fé.

Por outras palavras, ninguém pode obter a salvação se a sua Fé em Deus não for dinâmica na sua vida e se a sua crença não for posta em prática. Isso harmoniza-se perfeitamente com os outros artigos da Fé Islâmica, e mostra que Deus não aceita palavras em vez de serviços, e que nenhum verdadeiro fiel pode ficar indiferente quanto aos mandamentos práticos da Fé. Por outro lado, também mostra que ninguém pode agir em nome dum outro, nem interceder por um outro junto de Deus.

12º- O muçulmano crê que Deus não responsabiliza nenhuma pessoa antes de lhe ter mostrado o bom caminho. Por isso, Deus enviou Mensageiros e revelações, e fez compreender que não castigaria ninguém antes de o guiar e dar o sinal de alarme.

Portanto, uma pessoa que não tenha conhecido nenhuma revelação divina ou mensageiro, ou uma pessoa que não possua todas as faculdades mentais, não é responsabilizada por Deus por não ter obedecido às instruções divinas.

Tal pessoa só será responsabilizada por não ter feito o que o seu bom senso lhe mandou fazer. Mas quem violar voluntária e conscientemente as Leis de Deus ou quem se desviar do Seu bom caminho será punido pelas suas más ações.

Este ponto é muito importante para todos os muçulmanos. Há muitos homens no mundo que nunca ouviram falar do Islam nem tiveram a possibilidade de tomar conhecimento dele. Esses homens podem ser honestos e tornar-se bons muçulmanos, se acharem o caminho que os leve ao Islam.

Se eles não sabem, nem têm possibilidade de saber, eles não serão responsáveis por não serem muçulmanos. Em troca, os muçulmanos capazes de apresentar o Islã a tais homens, serão os responsáveis por os não terem convidado a seguir o Islã e por lhes não terem mostrado o que é o Islam.

Isso exige que cada muçulmano, seja qual for o lugar onde se encontre, não deve limitar-se a pregar o Islã em palavras, mas também -e isso é mais importante- que o viva plenamente.

13º- O muçulmano acredita que na natureza humana, que Deus criou, há mais bem do que mal, e a probabilidade de transformação positiva é maior do que a probabilidade do fracasso sem esperança. Esta crença vem do fato de Deus ter encarregado o homem de certas tarefas e ter mandado Mensageiros com revelações para o guiarem.

Se o homem fosse pela sua natureza um caso sem esperança de melhorar, como poderia Deus, na Sua sabedoria absoluta, encarregá-lo de responsabilidades e exortá-lo a fazer ou evitar certas coisas? Como poderia Deus fazer tudo isso, se fosse em vão?

O fato de Deus cuidar do homem e se preocupar com ele prova que o homem não é desamparado, nem irrecuperável, mas que Deus sabe apreciar o bem e vela pelo homem para que ele não caminhe no sentido contrário.

Com toda a certeza, a firme Fé em Deus e a devida confiança no homem podem fazer milagres, mesmo nos nossos dias. Para que isso se compreenda corretamente, é preciso estudar os passos respectivos do Alcorão e refletir sobre o sentido deles.

14º- O muçulmano crê que a Fé não está completa se for seguida cegamente ou aceita sem vacilar, a não ser que o crente esteja satisfeito razoavelmente. Se a Fé tem que inspirar a ação, e se a Fé e a ação têm que levar à salvação, então a Fé tem que basear-se em convicções firmes, sem nenhum engano ou constrangimento.

Noutras palavras, a pessoa que se considerar muçulmana por causa das tradições da sua família, ou aceitar o Islã sob constrangimento ou imitação cega não é um muçulmano completo perante Deus.

O muçulmano tem que basear a sua Fé em convicções bem justificadas, acima de qualquer dúvida razoável e de qualquer incerteza. Se não estiver seguro da sua Fé, Deus exorta-o a ler o livro aberto da Natureza, a utilizar o poder do raciocínio e refletir sobre os ensinamento do Alcorão. Ele terá que procurar a verdade incontestável até a encontrar, e com certeza que a encontrará, se for bastante capaz e sério.

Por isso, o Islã exige convicções sãs e se opõe à imitação cega. O Islã manda, a cada pessoa que tiver a devida capacidade para se considerar autêntica e honesta na sua maneira de pensar, utilizar as suas capacidades ao máxi mo.

Mas se a pessoa não tiver esta capacidade ou não estiver segura de si própria, terá que prosseguir com o seu pensamento só até onde os limites permitem. Tal pessoa terá que basear-se só nas fontes autênticas da religião, que por elas próprias são suficientes, sem lhes aplicar nenhuma atitude critica da qual não é capaz.

A verdade é que ninguém pode considerar-se um muçulmano perfeito se a sua Fé não se basear em convicções fortes e se a sua mente não se libertar de quaisquer dúvidas. Visto que o Islã é completo só quando se baseia em convicções firmes e na liberdade de opção, não podendo ser imposto a ninguém, porque Deus não aceitará uma fé forçada, nem considerará um verdadeiro Islã se este não se enriquecer de convicções sólidas e livres.

E visto o Islã assegurar a liberdade de crença, muitos grupos não muçulmanos viveram e ainda vivem nos países muçulmanos beneficiando de plena liberdade de crença e consciência. Os muçulmanos adotam esta atitude porque o Islam proíbe o constrangimento na religião. Ela é a luz que deve irradiar de dentro, porque a liberdade de opção é o alicerce da responsabilidade.

Isso não dispensa os pais da responsabilidade pelos filhos, nem desculpa a indiferença deles pelos seus dependentes. De fato, eles devem fazer os possíveis para ajudar as pessoas que deles dependem, a criarem uma fé forte e inspiradora.

Para a Fé assentar em alicerces sólidos, existem várias vias paralelas. Existe urna abordagem espiritual que se baseia principalmente no Alcorão e nas Tradições de Muhammad (que a Paz e Bênção de Deus estejam sobre ele). Existe também a abordagem racional que leva finalmente à Fé no Ser Supremo. Isso não quer dizer que a abordagem espiritual careça de racionalidade sólida, nem que a abordagem racional careça de espiritualidade inspiradora.

Em realidade, ambas as abordagens completam-se reciprocamente e podem vir a influenciar-se vivamente. Se uma pessoa tiver suficientes qualidades racionais sólidas, poderá recorrer à abordagem racional ou à abordagem espiritual, ou a ambas, e pode estar segura de que a conclusão será certa.

Mas quem for incapaz de investigar profundamente ou estiver inseguro do seu poder de raciocínio, terá que se limitar à abordagem espiritual e contentar-se com os conhecimentos que poderá tirar das fontes autênticas da religião. A verdade é que no fim se chegará à Fé em Deus, seja qual for a técnica utilizada, a espiritual ou racional, ou ambas.

Todas estas vias são igualmente importantes e aceites pelo Islã, e se forem bem orientadas. Levam ao mesmo fim que é a Fé no Ser Supremo.

15º- O muçulmano crê que o Alcorão é a palavra de Deus revelada a Muhammad (que a Paz e Bênção de Deus estejam sobre ele) através do Anjo Gabriel. O Alcorão foi revelado por Deus, peça por peça, por várias ocasiões em que foi preciso darem-se respostas a várias perguntas, resolverem-se certos problemas e acalmarem-se certas disputas, e também para ser o melhor gula dos homens para a verdade de Deus e a felicidade eterna.

Cada letra no Alcorão é a palavra de Deus, e cada um dos seus sons é o verdadeiro eco da voz de Deus. O Alcorão é a primeira e a mais autêntica fonte do Islã, foi revelado em árabe. Encontra-se ainda e ficará na sua versão original e completa em árabe, porque Deus preocupou-se em conservar o Alcorão, fazê-lo sempre o melhor guia para o homem, para o salvaguardar da corrupção.

Para provar o fato de Deus se ter preocupado com a sua conservação, o Alcorão é a única Escritura da história da humanidade que sé tem preservado na versão original e completa sem a menor mudança de estilo ou mesmo de pontuação.

A história do registro do Alcorão, da compilação dos seus capítulos e da conservação do seu texto está presente, sem dúvida alguma, não apenas na mente dos muçulmanos, mas também na dos estudiosos honestos e sérios. Esta é uma verdade histórica que nunca foi contestada por nenhum teólogo de qualquer religião, pois respeita os seus conhecimentos e a sua integridade.

16º- O verdadeiro muçulmano crê numa nítida distinção entre o Alcorão e as Tradições de Muhammad (que a Paz e Bênção de Deus estejam sobre ele). O Alcorão é a palavra de Deus, enquanto as Tradições de Muhammad são as interpretações práticas do Alcorão. O papel de Muhammad (que a Paz e Bênção de Deus estejam sobre ele) foi transmitir o Alcorão, tal como o recebeu, interpretá-lo e praticá-lo cabalmente.

As suas interpretações e práticas produziram o que se conhece como as Tradições do Profeta Muhammad (que a Paz e Bênção de Deus estejam sobre ele). Elas são consideradas como a segunda fonte do Islã e têm que se harmonizar perfeitamente com a Primeira Fonte que é o Alcorão.

Caso haja alguma contradição ou falta de coerência entre alguma das Tradições e o Alcorão, o muçulmano adere só ao Alcorão e considera o resto discutível porque nenhuma Tradição autêntica de Muhammad pode afastar-se do Alcorão ou contradizê-lo.

http://www.ljib.hpg.ig.com.br/principios.htm


16 - TRADIÇÃO ISLÂMICA X TERRORISMO

As raízes de uma religião pacífica. A mensagem do profeta Maomé era de tolerância.

A ligação entre a carnificina provocada pelos terroristas muçulmanos e as raízes verdadeiras da fé islâmica é o maior problema enfrentado nos dias atuais pela religião mais praticada do planeta.

Dezenas de milhões de pessoas, em especial no Ocidente, confundem o islamismo com uma prática religiosa radical e raivosa, que convoca seus seguidores a matar inocentes, permite (e recompensa) o suicídio em nome de Deus e não tolera crenças diferentes.

De acordo com a esmagadora maioria dos especialistas, religiosos e fiéis, contudo, a verdadeira face do Islã é exatamente oposta: a de uma fé que estimula o entendimento e desencoraja o conflito.

A própria origem do termo Islã - ou "rendição", em árabe - está ligada à palavra salam, que significa "paz".

O fundador do islamismo, o profeta Maomé, dedicou sua vida à tentativa de promover a paz em sua terra, a Arábia. Antes do Islã, as tribos árabes estavam presas num círculo vicioso de ataques, revides e vinganças.

O próprio Maomé e seus primeiros seguidores escaparam de dezenas de tentativas de assassinato e de uma grande ofensiva para exterminá-los em Meca.

O profeta teve de lutar, mas em nome da própria sobrevivência - quando acreditou estar a salvo, passou a dedicar-se exclusivamente à reconciliação das tribos, através de uma grande campanha ideológica de não-violência.

Quando morreu, no ano de 632, a meta havia sido cumprida - e justamente em função de seus ensinamentos sobre paz e tolerância.


16.1 - ESPÍRITO DE CARIDADE

Quando revelou a base da crença islâmica pelos versos do Corão, Maomé convivia com uma guerra em larga escala em sua terra. Assim, muitas passagens das escrituras sagradas dos muçulmanos tratam de conflitos armados, da execução de inimigos, da guerra em nome de sua crença.

Os terroristas e radicais de hoje, contudo, gostam de citar o Corão apenas nos trechos em que se convoca a luta, e não nos versos em que se prega a paz e o entendimento. Pouco depois do ataque de 11 de setembro de 2001, a escritora americana Karen Armstrong, autora de vários livros sobre a religião islâmica, compilou alguns desses versos. A seguir, alguns deles:

• No Corão, os muçulmanos recebem a ordem de Deus para "eliminar os inimigos onde quer que eles estejam". A frase é uma das preferidas de Osama bin Laden e seus discípulos do terror. No verso seguinte, contudo, a mensagem é a segunte: "Se eles deixarem-no em paz e não fomentarem guerra, e oferecerem a paz, Deus não permite que sejam machucados".

• O texto sagrado dos muçulmanos diz que a única forma aceitável de guerra é aquela conduzida em auto-defesa. Os muçulmanos jamais devem iniciar as hostilidades. A guerra é sempre manifestação do mal, indica o Corão, mas às vezes é preciso lutar para preservar seus valores - ou, como fez o profeta Maomé em Meca, para combater perseguições e se livrar dos opressores.

• Em certo trecho, o Corão cita a Torá, escritura sagrada dos judeus, ao dizer que é permitido ao muçulmano retribuir uma agressão - olho por olho, dente por dente. O texto ressalta, porém, que perdoar e deixar de lado as vinganças em nome de um espírito de caridade é uma atitude digna de mérito e admiração.

• Quando a guerra é necessária e justificada, as hostilidades contra o inimigo devem acabar logo que for possível. A guerra termina quando o inimigo acena com um gesto de paz.

O Corão também diz que os outros povos, mesmo quando forem inimigos, jamais devem ser forçados a seguir a crença dos muçulmanos: "Não deve haver coerção nos assuntos da fé!"

Na mais famosa distorção a respeito da doutrina muçulmana, a palavra "jihad" é traduzida no Ocidente como "guerra santa" - quando, na verdade, equivale a "luta", "esforço", "empenho".

O termo se refere ao esforço que deve ser empregado para que a vontade de Deus seja colocada em prática em todos os aspectos da vida - não só na política, como também na vida pessoal e social.

Há relatos de que Maomé disse certa vez, ao retornar de uma batalha: "Estamos voltando da jihad menos importante para a jihad maior", que seria a tentativa de curar os males da sociedade.

O Corão diz que os "Povos das Escrituras", os cristãos e judeus - principais alvos dos extremistas islâmicos hoje, - devem ser respeitados. Em um de seus últimos discursos, o profeta Maomé teria dito: "Formamos nações e tribos para que conhecessem uns aos outros" - ou seja, não para que os povos conquistassem outros povos e tentassem oprimir suas crenças.


16.2 - REAÇÃO À MODERNIDADE

Se a brutalidade contra outros povos e religiões é proibida, se a guerra é uma manifestação do mal, se o inimigo só pode ser atacado se agredir primeiro, por que os radicais muçulmanos continuam usando a religião para justificar seus atos de terrorismo?

Para quase todos os especialistas, essa pergunta não tem uma resposta sensata - o que significa que a luta dos extremistas é, de fato, ilegítima e injustificada. Na avaliação de Karen Armstrong, a forma militante de culto religioso surgida no século XX sob a classificação de fundamentalismo é uma reação à modernidade. Seus seguidores estão convencidos de que a sociedade liberal e secular visa acabar com a religião - assim, os princípios de sua fé acabam desvirtuados e distorcidos em nome de uma luta irracional.

Desta forma, enxergar em Osama bin Laden e em seus seguidores terroristas uma representação legítima da tradição e da fé islâmica é um erro gravíssimo. Resta à maioria dos muçulmanos, que condenam os atos terroristas e as interpretações radicais das escrituras, a árdua missão de reverter essa imagem e reforçar as raízes pacíficas de sua crença.

O islamismo é a religião que mais cresce no mundo: 15% ao ano. São hoje mais de 1,2 bilhão de pessoas (7 milhões só nos EUA). Uma em cada cinco pessoas na Terra é muçulmana, outro nome dado aos seguidores do islamismo.

Essa religião nasceu com a revelação do livro sagrado dos muçulmanos, o Alcorão. Foi revelado ao profeta Muhammad por volta de 622 d.C., em Meca (Arábia Saudita). Muhammad (570-632 a.C) recebeu e recitou o Alcorão aos seus companheiros, que o escreveram. A religião mais conhecida era, até então, a dos cristãos (e, em menor número, a judaica). Muhammad recebeu a palavra de Deus por intermédio do anjo Gabriel.

Assim como a Bíblia, o Alcorão também ensina que há apenas um Deus, que existe céu (com anjos) e inferno (com demônios), e que sua lei deve ser seguida à risca. Também é repleto de metáforas, provérbios e sentenças, que podem ser bem ou mal interpretados.

Para os seguidores dessa religião, Jesus Cristo foi realmente um profeta enviado por Deus, mas sua missão não teria chegado ao final. Isso porque sua palavra não foi compreendida e aceita pelos judeus.

Por isso houve a necessidade que viesse um outro profeta, que teria contato direto com o Onipotente. Ele veio completar a mensagem de Jesus, diz a tradição. Esse homem que traria a lei divina foi Muhammad, cujo nome foi traduzido incorretamente para o português como Maomé.

A religião de Allah (como Deus é chamado pelos islâmicos) não aceita adoração de imagens e nem música instrumental, apenas percussão. Tampouco permite sexo antes do casamento. Mas, pelas leis religiosas, o homem pode casar com até quatro mulheres.

Também como há um aviso divino no último livro da Bíblia, para que nenhuma palavra ou letra seja alterada, retirada ou incluída (no Apocalipse de São João, 22, 18-19), o mesmo acontece com o Alcorão. Como foi ditado por Deus, nenhum ser vivo pode tocar em seu texto original.

Todo muçulmano que tiver saúde e dinheiro suficiente deve ir pelo menos uma vez na vida até Meca, na Arábia Saudita, onde está a Mesquita Sagrada. Lá, o fiel deve dar sete voltas em torno da primeira grande edificação sagrada, a Caaba.

Há outras atividades e locais que devem ser visitados, como o monte Ararat e a cidade de Medina --para onde Muhammad migrou quando foi perseguido em Meca.

Essa saída de Muhammad de Meca é chamada de hégira ("migração") e marca o início do calendário muçulmano. Marca o momento em que todo um povo pagão passou a seguir os preceitos do islamismo. O ano muçulmano é medido pelas 12 revoluções completas da Lua em torno da Terra. Numa média, seu ano é 11 dias menor que o nosso ano solar. Em 26 de março de 2001, entramos no ano 1422 de seu calendário.

Durante o controle de Meca, surgiu com força a idéia e sensação coletiva de que todos os muçulmanos são irmãos e que devem combater todos os homens até que reconheçam que só há um Deus.

fatan ala lissan, Saqilatan fil mizan, Habibatan ila Rahman : Subhana Allah Wa Bihamdih, Subhan Allah Al Azhim. Ou seja, o Profeta nos aconselhou: Duas palavras de fácil pronuncia, que pesam muito na balança(das boas ações) e que são muito queridas para o Clemente: Louvado e Glorificado seja Allah, Glorificado seja Allah, o Ingente!

Em outra semelhança com o mundo cristão, os muçulmanos também sofreram uma cisão, como a que ocorreu entre católicos e protestantes. No seu caso, a divisão é entre os sunitas e xiitas, que disputam o direito à sucessão de Muhammad. Só que os sunitas representam 90% dos muçulmanos no mundo.

Assim como no cisma cristão, um dos motivos da luta entre sunitas e xiitas é saber quem deveria liderar o islamismo depois da morte do profeta, e também quem teria a "propriedade" da interpretação correta da palavra de Deus. Mas, na verdade, a palavra é uma só.


16.3 - GUERRA SANTA, OU JIHAD (UM CAPÍTULO À PARTE)

O Islã ensina que o mundo está dividido em duas partes: dar al-islam (terra muçulmana) e dar al-harb (terra não-muçulmana).

Assim, haveria constante luta entre essas duas facções, e todo cidadão muçulmano fisicamente habilitado é incitado a participar da "guerra santa". Quem morre no "combate sagrado" entra diretamente no Paraíso.

Segundo a visão fora de contexto do legado do Profeta Maomé, Alá deixou dois mandamentos importantes: o de subjugar o mundo militarmente e matar os inimigos do Islamismo, ou seja, judeus e cristãos.

Algumas provas dessa determinação foi o assassinato do presidente do Egito, Anwar Sadat, por ter feito um tratado de paz com Israel e o massacre nas Olimpíadas de Munique em 1972.

A guerra no Kuweit, nada mais foi do que uma convocação de Saddam Hussein aos muçulmanos para uma “guerra santa”, também chamada de Jihad, contra os países do Ocidente (U.S.A.) devido à proteção dada a Israel.

Vinte e seis países entraram em uma guerra, gastaram bilhões de dólares, levaram os Estados Unidos a uma recessão que se sente até hoje, para combater um homem que estava lutando por razões religiosas.

Eles aparentemente perderam a guerra, mas, como resultado, houve 100 atos terroristas cometidos contra a América e Europa no mesmo mês. O “espírito” da liga muçulmana em unificar os países islâmicos e a demonstração do que podem fazer ficou bem patente aos olhos do mundo.


16.4 - COMO O TERRORISMO OBSTRUI O ISLÃ RADICAL

As atrocidades cometidas no Ocidente pelo terrorismo, tais como os ataques de 11 setembro de 2001 e os de Bali, Madri, Beslan e Londres, ajudam o Islã radical a alcançar sua meta de poder?

Não, elas são contraproducentes. Isso porque o Islã radical tem duas alas distintas — uma violenta e ilegal, a outra legalista e política —, e ambas em tensão permanente. A estratégia legalista provou-se eficaz, mas a que aposta na violência se interpõe em seu caminho.

A ala violenta faz-se representar, sobretudo, pelo fugitivo número um do mundo, Osama bin Laden. O popular e poderoso primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan, representa a legalista. Para Daniel C. Twining, “a Al-Qaeda tem mais adversários que qualquer outra força em toda a história”, e mesmo assim imãs envolvidos em política como Yusuf al-Qaradawi pregam para imensas platéias através da rede Al-Jazeera e são recebidos pelo prefeito de Londres, Ken Livingstone. Enquanto o clérigo xiita Muqtada al-Sadr esgueira-se pelo Iraque em busca de um papel a desempenhar, o aiatolá Sistani domina a vida política do país.

Sim, o terrorismo mata inimigos, inspira temor e desorganiza a economia. Sim, o terrorismo eleva o moral e ainda recruta não-muçulmanos para o Islã e muçulmanos para o Islamismo. Dá aos islamistas a oportunidade de lutar pelas causas que lhes são mais caras, como a eliminação de Israel ou a retirada das forças de coalizão do Iraque. Recolhe informação sobre o inimigo, lembra Mark Steyn. E sim, motiva declarações politicamente corretas sobre o Islã ser uma “religião de paz” e os muçulmanos serem vítimas.

O terrorismo, contudo, causa mais danos que benefícios ao Islã radical, e isso por duas razões fundamentais.

Primeiro, ele alarma e inflama os ocidentais. Os atentados de 7 de julho, por exemplo, foram executados quando o G8 se reunia na Escócia, e os líderes mundiais se ocupavam do aquecimento global, de programas de ajuda à África e de questões macroeconômicas. No minuto seguinte, os políticos voltavam sua atenção para o contraterrorismo. Desse modo, os terroristas conseguiram fortalecer, nas palavras de Mona Charen, “os últimos resquícios de determinação ainda perceptíveis na frouxa civilização ocidental”.

Na visão mais abrangente de Twining, “o avanço da Al-Qaeda produziu entre as grandes potências um tipo de entendimento que não se via desde o Concerto da Europa, em 1815”. (Mesmo os atentados terroristas de Madri, aparentemente uma exceção, contribuíram para que a Espanha e outros países europeus reforçassem as medidas de contraterrorismo.)

Segundo, o terrorismo dificulta o trabalho discreto do Islamismo político. Nos períodos de tranqüilidade, organizações como o Muslim Council of Britain e o Council on American-Islamic Relations realizam bem suas tarefas, empenhando-se em garantir a supremacia do Islã e impor a dhimmitude (condição pela qual os não-muçulmanos aceitam a superioridade islâmica e os privilégios dos muçulmanos). Em geral, os ocidentais reagem à maneira das rãs que, cozidas lentamente, não se apercebem de coisa nenhuma.

O Muslim Council of Britain desfruta, assim, de um título de Cavaleiro do Reino, do apoio entusiástico do primeiro-ministro Blair, de uma grande influência no Ministério dos Negócios Estrangeiros e da Commonwealth e de 250 mil libras esterlinas em verbas do Ministério do Comércio e da Indústria, às expensas do contribuinte.

Do outro lado do Atlântico, o CAIR insinua-se em várias instituições norte-americanas importantes, dentre elas o FBI e a NASA, e no jornal canadense Globe and Mail. Obteve o apoio de políticos de peso, tanto Republicanos (o governador da Flórida, Jeb Bush) quanto Democratas (a líder do Partido Democrata na Câmara de Representantes, Nancy Pelosi). Foi o organizador de um encontro de muçulmanos com o primeiro-ministro do Canadá, Paul Martin. Conseguiu que um estúdio de Hollywood modificasse o enredo de um filme e que uma rede de televisão transmitisse um anúncio de serviço público. Persuadiu uma emissora de rádio a despedir o apresentador de um programa.

Ao provocar a hostilidade contra o Islã e os muçulmanos, o terrorismo impede esses avanços. Coloca as organizações islâmicas sob o escrutínio indesejável da mídia, do governo e das forças da ordem. O CAIR e o MCB têm de ficar, então, na retaguarda. Os atentados de 7 de julho interromperam de forma dramática (se bem que temporária) o progresso do “Londonistão”, o descenso da Grã-Bretanha na lassidão multi-culturalista e na inépcia em contra-terrorismo.

Alguns islamistas admitem o problema. Um escritor britânico admoestou seus correligionários muçulmanos em um website: “Vocês não sabem que o Islã está em expansão na Europa??? Mas por que cargas d’água vocês querem estragar tudo???” Um relojoeiro muçulmano estabelecido em Londres fez uma avaliação semelhante: “Nós não precisamos lutar. Estamos assumindo o controle!” Soumayya Ghannoushi, da Universidade de Londres, sublinhou, em tom de amargura, que as maiores realizações da Al-Qaeda têm sido verter sangue inocente e “soprar as chamas da hostilidade ao Islã e aos muçulmanos”.

As coisas não são o que aparentam. O terrorismo prejudica o Islã radical e favorece os seus oponentes. A violência e a agonia da vítima fazem com que isso seja difícil de compreender, mas, sem a educação pelo assassínio, o movimento islâmico legalista teria muito mais a ganhar.


17 - O ISLAMISMO A VIDA APÓS A MORTE, A MORTE E O JUÍZO FINAL

Para o islamismo, a vida terrena é considerada um teste para o dia do juízo Final quando os seres humanos receberão a justa recompensa pelos seus atos.

Segundo a crença islâmica, todos os acontecimentos dessa vida são vistos como um Juízo Final de Alá para a vida futura.

Tanto os ganhos quanto as perdas fazem parte deste teste da vida e o ser humano tem de se sair bem de modo a não acarretar conseqüências graves na vida futura. Assim o curto período de tempo representado pela vida serve como uma forma de provar a devoção do muçulmano a Alá.

Para a correção dos erros (não agradar a Alá) não há segunda chance, bem como não existe perdão dos pecados baseados em sacrifícios de sangue de animais ou de qualquer outra entidade.

No dia do Juízo Final, segundo a crença, Alá alçará toda a humanidade a vida e fará com que cada individuo receba uma avaliação de seus atos em vida na Terra.

Aqueles que praticaram boas ações (ser generoso, orar, buscar pelo perdão, temer Alá) serão salvos e entrarão no Paraíso.

Aqueles que negaram a existência de Alá, que acumularam pecados, não praticaram a caridade, ou seja realizaram más ações, sofrerão os tormentos do inferno.

Para o Islã a morte é uma realidade, não a conseqüência do mal, pois Alá determinou que toda a humanidade fosse testada pela vida e levada de volta a Ele pela morte para depois se submeterem ao juízo final.

No islamismo, o que interessa é a pessoa ter se arrependido e buscado o perdão de seus pecados, seguindo o exemplo do profeta.


18– CONCLUSÃO

Ao que parece, à época de Maomé, a cidade de Meca era um ponto onde se reuniam diversas culturas, uma vez que se tratava de uma rota comercial entre ocidente, oriente e oriente médio.

Desse modo, era freqüente o contato com outras crenças e culturas, sendo as mais marcantes o judaísmo e o cristianismo.

Allah, a época do politeísmo árabe era um deus hierarquicamente superior aos demais, o que dava margem a um monoteísmo primitivo pouco antes da era islâmica.

O controle estava nas mãos dos Corraixitas que formavam a elite comercial de Meca, a qual detinha um importante santuário, a Kaaba. A elite aristocrática era respaldada pelo corpo sacerdotal a qual controlava o uso ideológico dos rituais religiosos, organizando festas com o fito de congregar todas as etnias da Arábia e de fora dela.

Assim, sendo Meca, um local de livre adoração, era um ponto atraente no que se refere ao comércio e, com a vinda de diversas etnias adoradores das diversas entidades, havia a cobrança de impostos sobre o comercio e taxas alfandegárias.

Com o crescimento econômico da Arábia, passou a haver uma necessidade de união político-economico-social que, com o Islã fora consolidada, com conseqüências históricas tanto na região como além dela.

Dessa forma, ao se analisar o Islã sob a ótica econômica, representou um grande avanço para a região, pois os árabes por meio do comércio, da unidade política e por meio de invasões, entraram em contato com diversas culturas.

Este contato fez com que seus conhecimentos em filosofia, ciências e matemática se tornasse um dos mais avançados da época em que tiveram seu ápice, uma vez que sua área de ação se estendia desde os Pirineus e África do Norte até a Malásia.

Entretanto, hoje o que vemos é um povo se fechando para o mundo, pois certas nações interpretam mal o que dispõe o Alcorão. Passaram a mover-se pelo ódio, pelo terrorismo, pela intolerância e pelo fanatismo.

Tais vertentes não tem raiz no legado de Maomé, mas no nacionalismo pelo controle das reservas de petróleo e pelo conflito árabe israelense.

Esse nacionalismo buscou alinhar-se com a União Soviética em confronto aos estados Unidos, o qual patrocinou o fundamentalismo islâmico de Sadan Hussein, do Taliban e as gerrilhas da Al Qaeda.

Estes mais tarde se voltaram contra seu criador o que culminou na queda dos regimes do Iraque e do Afeganistão, bem como na caça a Osama Bin Laden.

Ainda há os graves problemas enfrentados na região da Palestina entre o Estado de Israel e os palestinos, desde a fundação daquele.

Segundo o islamólogo Eqbal Ahmad, professos de estudos árabes da faculdade de Hampshire – EUA, os islamitas modernos estão mais preocupados com o poder em vez dos verdadeiros fundamentos do Islã.

Assim, há que se entender a origem da questão islâmica por meio da questão econômica.

A necessidade que existe é a de que os estados fundamentalistas entendam que tem de mudar, uma vez que não adianta buscar no Alcorão interpretações da economia moderna, das novas relações sociais e das políticas atuais, pois estas estariam incompletas.

Hoje há uma crise do modelo capitalista em escala planetária, pois a economia capitalista assumiu este viés.

As necessidades do povo árabe estão além do despertar nacional e de militâncias religiosas fundamentalistas. Elas consistem em que esse povo se liberte da opressão e do atraso ancestral, sendo que estes superam a necessidade de movimentos nacionais e dos limites do estado burguês.

O alcorão prega a igualdade e a fraternidade, o que vai de encontro a luta dos militantes islâmicos contra o domínio do ocidente. Cedo ou tarde essa militância se deparará com esse paradoxo do livro sagrado.

BIBLIOGRAFIA

Historia Viva - Grandes religiões Islamismo

O Guia Completo das Religiões do Mundo - Brandon Toropov e LUcke Buckles, Ed. Madras

O Livro de OUro das Religiões - John Bowker. Ediouro

http://www.midiasemmascara.org/artigo.php?sid=4097

http://www.sepoangol.org/islam.htm http://www.suapesquisa.com/islamismo/http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/islamismo/contexto_antecedentes.htmlhttp://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u356690.shtml