sábado, 26 de julho de 2008

não é retorno às origens. É seleção natural.



Desmestificar as bobagens criacionistas anti-evolução é uma empreitada difícil. Quanto mais se tenta, mais elas aparecem.

Ora há sujeitos que não possuem qualquer conhecimento aparecem discutindo temas que fogem até mesmo à compreensão científica, ora há indivíduos que detêm credenciais científicas e, por serem cristãos fundamentalistas, a fim de darem suporte às escrituras, se valem da retórica ruim.

Encontrei mais um desses casos aqui ao tratar da adaptabilidade da podarsis sicula no que se refere à alimentação onívora.

Quanto ao artigo, mais uma vez, nada de anormal e deveras cuioso. Mostra efetivamente como funciona a teoria da evolução, no que se refere à seleção natural, ao adaptar os seres ao meio em que vivem.

Mas a falta de conhecimento e a má fé religiosa (numa tentativa sem nexo de atestar como verdade o que dizem as escrituras) deturpam, novamente, o que essa teoria nos trás como explicações para entendermos o segredo da vida e da origem das espécies.

Segue abaixo o artigo e sua desmestificação sob a ótica científica. Meus comentários em azul.

Para alguns darwinistas, modificações sofridas pela lagartixa italiana Podarcis sicula nos últimos 37 anos são exemplo de “evolução”.

Tudo começou em 1971, quando um grupo de pesquisadores transportou cinco fêmeas e cinco machos da espécie Podarcis de uma ilha do Mar Adriático para outra ilha do mesmo mar. Trinta e seis anos depois, Anthony Herrel e outros biólogos voltaram às ilhas para ver as lagartixas.

Numa das ilhas, as lagartixas eram como sempre foram: pequenas, rápidas, comiam insetos e os machos lutavam para controlar o território. Mas, na outra ilha, uma surpresa esperava os pesquisadores.


Lá, além dos insetos, as lagartixas comiam folhas, principalmente na Primavera e no Verão. Essa foi considerada uma mudança muito brusca em apenas 30 gerações, levando-os a analisar o DNA para ter certeza de que se tratava da mesma espécie em ambas as ilhas. E eram, apesar de não mais lutarem por seus territórios.

Obviamente que em 36 anos, não haveria mudanças significativas na estrutura do DNA de qualquer espécie (aqui).

Todavia, se um ambiente se mostrar adequado a espécie, suprindo-a de recursos como alimentos e espaço, ela se adaptará muito bem.





Mas se este ambiente se mostrar adverso a ela, ou terá de se adaptar ou morrerá.
No caso, esta espécie pode ter encontrado espaço, o que pôs termo à necessidade de machos disputá-lo.

Quanto às refeições vegetarianas, pode ter ocorrido carência de seu alimento principal (os mosquitos) ou mesmo pode ter encontrado vegetais que a espécie pudesse digerir e, assim, utilizá-los como uma nova fonte de alimentos.


Essa mudança de comportamento foi acompanhada por mudanças físicas. O crânio dessas "novas" lagartixas é maior e mais largo, o que faz com que as mordidas sejam mais fortes – o que se torna útil quando se tem que comer folhas duras em lugar de mosquitos.

Mas a mudança mais surpreendente estava no intestino das “novas” lagartixas. Elas se tornaram capazes de acumular a celulose das plantas por tempo suficiente para ser digerida pelas bactérias intestinais (algo semelhante ao que fazem os herbívoros).


As lagartixas com crânios maiores, bem como aquelas que possuem intestinos capazes de digerir celulose se tratam de adaptações ao meio em que o ser vive.

Genes como já exaustivamente explicamos, se tratam realmente de uma loteria. De acordo com o meio, são selecionados ou eliminados.

Lagartixas se reproduzem rápido e, assim, suas mudanças se acumulam mais rapidamente que em espécies cujo ciclo reprodutivo seja mais longo.

Um intestino capaz de digerir celulose não é útil a um animal meramente carnívoro; aliás lhe seria prejudicial. Mas o que garante que entre carnívoros de determinada espécie não possa haver elementos capazes de digerir celulose?

É claro que a tendência desse gene é ir desaparecendo, à medida que a espécie se reproduz e se adapta, ao longo das gerações ao meio em que ela vive.

Talvez, tais lagartixas onívoras possam ter encontrado carência dos mosquitos que eram seu cardápio principal. De início muitas podem ter morrido de inanição enquanto aquelas cuja diferença permitia triturar folhas e digerí-las tenham triunfado.

Há que se ter uma noção mais profunda no que se refere ao acompanhamento dessa experiência, se é que houve algum, ao longo desses 36 anos para se ter uma melhor avaliação sobre o que se passou com essas criaturas em seu novo ambiente.


O que ocorreu com o Podarcis sicula é bastante semelhante à “evolução” dos tentilhões observados por Darwin nas ilhas Galápagos (na verdade, quem estudou mesmo os tentilhões foi o ornitólogo John Gould).

O que muitos livros-textos procuram é tentam induzir os alunos a crer que a variação dos tentilhões de Darwin explica a origem das espécies por meio da seleção natural.

Mas o fato é que não ocorreu nenhuma megaevolução. Os tentilhões, apesar da variedade de bicos e costumes alimentares, continuam sendo tentilhões; assim como as lagartixas do Mar Adrático, apesar das modificações que sofreram, continuam sendo lagartixas.


Aqui ja começamos com as clássicas deturpações da teoria da evolução. É claro que tentilhões seguem como tentilhões e lagartixas, rãs, ratos, etc. seguem como tal.






Curtos períodos de isolamento não levam a variações gritantes. Teoria da evolução, no que se refere à macroevolução, envolve de centenas de milhares a milhões de anos a fim de melhor adaptar as espécies e levá-las a variações que as tornem distintas de seus ancestrais.

Caso tais tentilhões se isolassem por algumas centenas de milhares de anos e o meio solicitasse deles situações adversas muito diferentes do de seus ancestrais, ter-se-íam espécies diferentes ou a extinção.

O isolamento sofrido tanto pelos tentilhões, como pelas lagartixas, apenas os transformou em sub-espécies, sendo provavelmente possível o acasalamento entre elas e a geração de híbridos férteis ou estéreis.

Um exemplo típico dessas adaptações é a espécie "rana pipiens" (aqui) que é descrita no tópico caso real.







abaixo reproduzimos um texto sobre o que vem ocorrendo a esta espécie.

Isolamento Geográfico e Reprodutivo

Quando Darwin visitou as ilhas Galápagos, impressionou-o encontrar ali inúmeras espécies que não existiam em nenhum outro lugar. Certos pássaros da subfamília dos geospigíneos, por exemplo, diferenciaram-se, em Galápagos, em 14 espécies, pertencentes a quatro gêneros, não representadas em nenhum outro lugar. A principal diferença entre as espécies está no bico, que vai desde um tipo curvo e robusto, como o dos periquitos, até um tipo fino e delgado, que corresponde, em cada espécie, ao tipo de alimento usado (frutos, grãos, insetos) e tem, portanto, evidente função adaptativa.

É provável que o arquipélago tenha sido ocupado por aves vindas do continente, que ocuparam as diferentes ilhas e constituíram populações relativamente isoladas, que puderam evoluir independentemente, até virem a formar espécies distintas. Numa ilha onde abundavam insetos pequenos as mutações que tornavam o bico delicado foram fixadas pela seleção natural, enquanto em outra ilha, rica em sementes duras, o bico forte tinha maior valor adaptativo e por isso se diferenciou.


Isolamento Reprodutivo

A distribuição da espécie Rana pipiens por toda a área dos Estados Unidos determinou um isolamento geográfico entre as populações mais distintas. Assim, exemplares do extremo norte podem cruzar-se, no laboratório, com exemplares do extremo sul, mas os embriões morrem antes da eclosão, o que demonstra que, mesmo que as duas raças vivessem lado a lado, não poderiam trocar genes, pois os híbridos são inviáveis.

Entretanto, cada população da Rana pipiens dá prole fértil, ao cruzar-se com outra população contígua, e isso desde o norte até o sul dos Estados Unidos. Assim, um gene surgido por mutação no extremo norte teria a possibilidade de ser introduzido na população da Flórida, migrando por meio das outras.


Todavia, se as populações intermediárias desaparecessem, em conseqüência de modificações geológicas, e as duas populações extremas passassem a conviver no mesmo ambiente, a troca de genes entre elas seria impossível: elas constituíram duas espécies distintas.



Provavelmente, a distribuição da espécie pela enorme área que ocupa determinou um isolamento geográfico entre as populações mais distantes; ao mesmo tempo, tais populações encontraram ambientes diferentes, que fizeram com que seu patrimônio hereditário evoluísse em direções diversas, sob a influência das mutações e da seleção natural.


Nas populações mais extremas, essa diferenciação atingiu um ponto tal que a produção de híbridos viáveis tornou-se impossível. Surgiu, então, em conseqüência do isolamento geográfico, um isolamento reprodutivo total entre elas.

Desse modo, é patente que o isolamento pode gerar espécies distintas ou seja, a partir do momento que não mais há reprodução viável podemos falar em espécies distintas.

Portanto a tese acima apresentada no tocante a que o isolamento não possa gerar novas espécies é falha.

Embora as rãs continuem sendo rãs, são rãs de uma espécie distinta. Acrescente a isso milhões de anos, mutações genéticas causadas por agentes físicos, químicos e biológicos e teremos espécies diversas, com diferenças gritantes entre sí, como é o caso dos mamíferos e mesmo da diversidade que existe entre os anfíbios, répteis, aves, artrópodes, etc.


Falando em tentilhões, note o que William Brookfield escreveu: “A ‘macroevolução’ é uma extrapolação da ‘microevolução’. A ‘microevolução’, por sua vez, é dependente da flexibilidade de cada espécie. Essa flexibilidade/adaptabilidade é em si um atributo de design positivo que exige uma explicação.

Os tentilhões de Galápagos que sufocariam imediatamente e morreriam com as primeiras sementes endurecidas pela seca, são fáceis de ser planejados comparados com os tentilhões de Galápagos que podem adaptar e sobreviver diante de incontáveis ataques ambientais.

Na natureza as coisas parecem ser planejadas por alguma outra coisa; mas apenas parecem.

É muito provável que muitos tentilhões ao trocarem de habtat tenham perecido, mas alguns poucos tenham conseguido vencer as dificuldades e se adaptado ao novo meio.

Macroevolução (aqui, em linguagem simples) não é extrapolação de micro evolução, uma vez que os registros fósseis são evidentes no que se refere a "animais de transição".

Aqui, um pouco sobre evolução de mamíferos. E aqui um pouco sobre a evolução das aves.


São alguns milhões de anos a fim de que espécies se adaptem a novos meios e quantos meios diferentes já ocorreram no planeta Terra.

A cada terremoto, explosão vulcânica, queda de corpo celeste, ou a cada acidente natural, os meios podem sofrer mudanças drásticas. Caso as espécies respondam a tais mudanças sobreviverão a elas se adaptando. Do contrário perecerão, como bem demonstram os registros fósseis.

Um programa de computador que mal pode rodar num único ambiente de computador é muito mais fácil de planejar do que um programa que pode se adaptar, autocorrigir-se, e prosperar em incontáveis ambientes de computadores (PC, Mac, Unix, Atari, etc.). Se as espécies vivas fossem mais pobremente planejadas, elas morreriam imediatamente em resposta a mais insignificante mudança ambiental – e não haveria ‘evolução’ darwiniana.

Errado!!!! pois muitas espécies foram extintas após a explosão cambriana,após o cretáceo e antes e após às eras glaciais.

Ocorreram ao meio mudanças drásticas e poucas espécies sobreviveram (cerca de 15% após a explosão cambriana), principalmente após o cretáceo, quando quase todas as espécies foram riscadas da face do planeta, o que abriu caminho para a evolução dos mamíferos.

Caso a visão do autor fosse correta, o planeta seria um deserto, principalmente após as mega-catástrofes ocorridas nas épocas acima citadas.

A evolução se dá em razão dessas mudanças, pois se o mundo fosse estático em seus ambientes, não haveria necessidade de se adaptar e, portanto as espécies permaneceriam fixas. Certamente, é provável que no máximo o planeta estivesse na época cambriana.



Um exemplo são os tubarões. Ao serem comparados os atuais com os de há 450 milhões de anos, pouca coisa mudaram (veja aqui).


A informação genética correspondente a cada mudança ambiental tem que estar no lugar antes que qualquer organismo possa ‘evoluir’ em resposta à pressão seletiva. Portanto, a teoria darwinista não tem validade em si mesma e é totalmente parasítica no design requintadamente competente.


Errado!!! Genes são uma loteria. Caso a condição favorável exista, a espécie, juntamente com suas alterações adaptativas, poderá continuar a existir e mesmo vir a divorciar-se de seus ancestrais, dependendo das pressões do meio em que vive.









Um exemplo claro disso são os fósseis de braquiossauros que existem na África, América e India, cuja razão é dessas três porções de terra estarem unidas no passado.









A partir do momento em que se separaram, passaram a haver dinossauros distintos nesses três meios.

O mesmo se deu com a África, uma vez que África do Norte e África do Sul já estiveram separadas e sua fauna mezozóica diferia muito uma da outra.






Desse modo, tecer argumentos em torno de hipóteses de DI é totalmente infundado, uma vez que evolução darwiniana possui evidências e DI não.



O fator mais importante é que as espécies adaptáveis são exponencialmente mais ricas em informação do que as espécies que não são adaptáveis. Assim, toda a ‘evidência da evolução’ (as mariposas de Manchester, resistência antibiótica pelas bactérias, etc.) é, na verdade, [evidência] a favor do design.”

A argumentação é falaciosa. O primeiro ponto é óbvio, pois as espécies que se adaptam aos meios em que vivem, logo, os que se adaptam possuem chances de reproduzirem mais e, portanto, adquirirem um pool genético bem mais diversificado.

Todavia, a segunda afirmação não se trata de uma conseqüência da primeira (falácia non sequitur a conclusão não se sustenta nas premissas), uma vez que a adaptabilidade ao meio não é conseqüência de design algum , mas de seleção natural.

Como o termo “evolução” é de uma plasticidade semântica incrível, “evoluiu”, tanto no caso da lagartixa quanto no dos tentilhões, significa que houve algumas alterações limitadas. E só.

Errado!!! Evoluir é adaptar-se ao meio em que vive, seja grande ou pequena a alteração.

O que se observou em 33 anos de pesquisas com os tentilhões? Uma espécie se transmutando noutra espécie? Não, apenas a redução do tamanho médio de bicos em uma população de tentilhões-da-terra-médios (Geospiza fortis) que já tinham já tinham bicos pequenos.

Isso é chamado de "deslocamento de caráter" (character displacement), quando uma espécie adquire características diferentes em razão da competição com outra.

Em 1982, uma população de tentilhões-da-terra-grandes (G. magnirostris) invadiu a ilha de Daphne Maior, competindo por comida com a população dominadora de tentilhões-da-terra-médios (G. fortis). Confira esse estudo na Science.

Para complicar mais ainda, diversas espécies de tentilhões parecem estar se misturando por hibridização, em vez da diversificação através da seleção natural, como exige a teoria neodarwinista. (Peter R. Grant e B. Rosemary Grant, "Hybridization of Bird Species", Science 256 [1992], p. 193-197)

O período de 33 anos é demasiado curto para que se tenham espécies transmutando-se em outras. Mas, as pequenas variabilidade demonstram a seleção natural.

Essas pequenas variabilidades faz de uma espécie surgirem subespécies, como é o caso das rana pipiens e dos tentilhões, bem como das lagartixas aqui analisadas.

A competição poderá levar à extinção de uma das espécies, à convivencia mútua entre ambas as espécies bem como sua possível hibridização, extinguindo ambas as espécies e vir a favorecer a existência de híbridos.




Isso ocorre em razão de ambas as subespécies ainda se reconhecerem como parceiros sexuais e serem seu genomas próximos o suficiente de modo a não causar problemas durante as fases de desenvolvimento da reprodução.

É o mesmo que ocorre com cães, gatos, humanos, bois, periquitos , galináceos, rana pipiens em ecossistemas próximos e ... com tentilhões.

Para finalizar, é curioso notar a facilidade com que a Podarcis sicula se tornou herbívora. Seria isso o "eco" de um passado distante, quando todos os seres vivos se alimentavam de vegetais? Portanto, trata-se de "evolução" ou uma espécie de "retorno às origens"? Dá o que pensar...[MB]

Sim se trata de uma possível reminiscência passada de um provável ancestral herbívoro, como pode se tratar de mera questão de facilidade adaptativa.

Todavia, estender tal raciocínio para um passado dominado por animais herbívoros é uma grande bobagem.

Há fósseis denominados coprólitos, os quais se tratam de fezes fossilizadas e, por meio deles pode-se estudar a dieta dos animais.

Dinossauros e mamíferos apresentam coprólitos (aqui) cujas dietas por eles apresentadas são carnívoras, herbívoras ou onívoras, o que revela os hábitos de animais já extintos. Assim, a afirmação de um passado vegetariano a todos os animais não se sustenta.






CONCLUSÃO:

Mais uma vez, a má retórica se faz presente nos argumentos criacionistas. As análises são extremamente pobres em conteúdo científico e em nada colaboram para divulgar o conhecimento.

O cunho é sempre o mesmo: criticar a TE que contrará as escrituras e tentar com essa manobra trazer respaldo à teoria do DI, a qual é criacionismo travestido de ciência.

No campo da argumentação até há plausibilidade, tanto para o DI como para o criacionismo. Todavia, no que concerne à seara científica, ambas carecem de evidências e de razoabilidade que as tornem plausíveis.

É uma tarefa difícil desmestificar superstições, principalmente aquelas pertencentes à literatura bíblica, pois há muito estão arraigadas na maioria das pessoas. Essa tarefa exige trabalho e conhecimento que somente os estudos e o espírito contestador proporcionam.




Quanto à mistificação, esta é tarefa fácil, uma vez que não demanda qualquer conhecimento. Basta ter-se uma linguagem ardilosa e agradável aos ouvidos da população.



Desde a mais tenra infância, crianças são doutrinadas a acreditarem em seu conteúdo, e a serem culpadas por pecarem caso não creiam ou resolvam contradizer o que dizem as escrituras.

Soma-se a isso o fato das unidades de ensino possuírem professores despreparadaos e mal remunerados, os quais com sua omissão, indiretamente colaboram para que a ignorância se propague e ganhe permanência no seio de nosso povo.

Desse modo, o mito, a ignorância, a má compreensão e a superstição continuarão a ter estatus de ciência, principalmente nos meios dominados por evangélicos fundamentalistas.