quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Resposta a uma pergunta distorcida












A publicação abaixo pertence ao site http://www.criacionista.blogspot.com/ e fora publicada em 12/01/2010 e sua pergunta é: De onde veio a informação externa?[MB] Esta perguntase trata de flagrante distorção baseada em uma afirmação de Hawking conforme segue abaixo:


Em inglês:

[Stephen Hawking said that] "At first, evolution proceeded by natural selection, from random mutations. This Darwinian phase, lasted about three and a half billion years, and produced us, beings who developed language, to exchange information.

But what distinguishes us from our cave man ancestors is the knowledge that we have accumulated over the last ten thousand years, and particularly, Hawking points out, over the last three hundred.

"I think it is legitimate to take a broader view, and include externally transmitted information, as well as DNA, in the evolution of the human race," Hawking said.

Traduzido:

Stephen Hawking disse: “Primeiro, a evolução agiu por meio da seleção natural de mutações aleatórias. Essa fase darwiniana durou 3,5 bilhões de anos, e nos produziu seres que desenvolveram a linguagem para a troca de informação.”

Mas o que nos distingue de nossos ancestrais homens da caverna é o conhecimento que temos acumulado ao longo dos últimos dez mil anos, e, particularmente, Hawking destaca, ao longo dos últimos trezentos anos.

“Acho que é legítimo tomarmos uma visão mais ampla, e incluir a informação transmitida externamente, bem como o DNA, na evolução da raça [SIC] humana”, disse o cientista.

(The Atlantic; via blog Desafiando a Nomenklatura Científica)


Segue uma nota abaixo, a qual tenta confundir o leitor com a idéia falsa de que Hawking deixa indefinida a resposta e de que a informação se refere a acrescentar pedaços pedaços de informação a um genoma, dando a idéia de que somenta algo superior e desconhecido poderia fazer.

Vejamos:


Nota: Independentemente da visão darwinista do autor de Uma Breve História do Tempo e O Universo Numa Casca de Nós, a questão é: De onde veio a informação externa?[MB]

Resposta:

De início recomendaria ao protagonista da nota que interpretasse melhor os textos que lê, pois é óbvio que Hawking não deixou nada no ar e nem é sem nexo sua colocação.

Hawking não se referiu a informações vindas do além, entrando, ao léu, na composição de genomas, como num passe de mágica (deus disse e ...pufffff!!! um um homo erectus virou homem). Isso é uma falsa indução a uma idéia a qual ele jamais faria menção, ou sequer, ele cogitaria em pensar, como cientista sério que é. Essa postura é a típica dos pseudocientistas "brincalhões e fanfarrões" do criacionismo e de sua versão requentada, o DI.

A questão a que Hawking se refere, não é uma questão de biologia propriamente dita, referente ao que torna o nosso genótipo humano, mas sim ao que nos faz humanos em termos comportamentais, que nos permite evoluir.

O que nos faz humanos é nossa capacidade de aprender com o outro, ou seja, é uma questão de cultura. Veja que no segundo parágrafo, Hawking menciona o conhecimento acumulado e não "pacotes de informação" oriundos do além.


Mesmo este acréscimo de informações ao genoma, já foi discutido em postagens anteriores (aqui).


Segundo a sociobiologia, ciência que atribui uma vertente biológica ao co
mportamento, muitos animais, não apenas o homem, antropóides e macacos em geral, possuem uma forma de cultura, como uma gramática entre macacos, onde cada som representa um predador, uma comida, uma ameaça, cetáceos e elefantes que se comunicam com sons variados deesde infra até ultra-som.

Porém, vamos nos ater aos macacos:


Macacos sabem usar ferramentas e desenvolvem mais e mais habilidade à medida que aprendem a usá-las. Ao lado, vemos um macaco-prego demonstrando suas habilidades.

Sabem planejar para o futuro, como a coleta de coquinhos, que são expostos ao Sol, 3 dias antes de serem quebrados. Furam árvores que possuem seiva doce e esperam até que a seiva flua para se deliciarem uns 2 dias depois.

Macacos sabem mentir e ser trapaceiros, mentindo acerca da presença de predadores, para descerem até o rio e resgatarem um alimento que em condições normais teria de ser dado aos membros de alta classe do bando.

É impre
ssionante, mas sentem a ausência de seus mortos em luta e se rescentem disso, alimentando espírito de vingança contra seus rivais.

Sofrem de stress, depressão, pressão alta e úlceras quando perdem seu posto no bando ou quando têm suas fêmeas tomadas por rivais, chegando muitas vezes a não ter apetite e morrerem.

Sabem se defender contra ataques de predadores, arremessando pedras contra eles.


As alegações acima expostas, são oriundas de um documentário que assisti no Animal Planet, cujo nome é "Macacos Inteligentes".

Como podemos perceber, é evidente que a essência do comportamento humano pode ser encontrada até mesmo nos mais simples macacos. Linguagem, amor, culpa, inveja, generosidade e raiva estão presentes nesta história fascinante de astúcia e perícia.

Certamente, estes seriam os itens referentes à informação transmitida externamente, o que pode ser definido como comportamento cultural, que, segundo a sociobiologia, é a nossa vantagem em sermos uma das espécies moldadas pela evolução a viver em sociedade e aprender habilidades com os outros membros de nossa espécie.

A cultura é o grande salto evolutivo da espécie humana, permitindo o desenvolvimento social de nossa espécie e o acúmulo de conhecimentos, bem como sua transmissão a outros seres humanos.


É a partir da cultura que nossos costumes, idiomas, evolução tecnológica, escrita, crença religiosa, preconceitos e regramentos morais tomam corpo e determinam os rumos de nossas sociedades.

É dentro desta relatividade cultural que o ser humano se torna humano e aprende ao manter contato com outras culturas, conforme tem ocorrido, desde que grupos humanos distintos entraram em contato uns com os outros.

Assim, não se trata de um ser ou seres divinos "socarem" informação em nosso genoma e, tão pouco, consiste em "enfiarem" cultura em nossas cabeças, nos tirando do estado animalesco e nos fazendo pensar como gente.

Este processo de aperfeiçoamento da condição humana foi paulatino e muito demorado, mutas vezes, havendo estagnação tecnológica de milhões de anos
e, no que se refere aos costumes e normas de convivência social, muitas vezes houve avanços e retrocessos, conforme podemos presenciar em teocracias islâmicas e em tribos isoladas.

Desse mo
do, espero ter sanado o estrago que criacionistas fazem ao pinçar espertamente frases, sem fazer uma análise crítica daquilo que cientistas sérios dizem. Simplesmente criam falsas idéias e "colocam" na boca dos outros aquilo que é fruto da imaginação fértil que somente o fanatismo e o fundamentalismo podem criar.

O documentário em questão é altamente recomendado para dar um choque de realidade e conhecimento à vida de religiosos que estão encerrados no mundo maravilhoso das religiões fundamentalistas, onde há cobras falantes, leões vegetarianos, terópodes pastando ao lado de saurópodes, dentes de sabre, megatérios, trilobites, zebras e aves do terror, com um homem feito de barro e uma mulher retirada de sua costela.

Como sempre digo, criacionistas são criadores de mentiras, bobagens, má fé e falsas idéias. Isso se dá porque lêem e interpretam mal o que está escrito em livros sagrados.

É o problema do apego à literalidade, o que anula qualquer tentativa de visão crítica e real compreensão, do que os textos religiosos querem de fato dizer, por meio de suas metáforas.


É uma pena que ao saírem tanto em busca de provas de seu deus da mentira se esqueçam do "NÃO DIRÁS FALSO TESTEMUNHO CONTRA TEU PRÓXIMO", o
que também se subentende como: não mentir, não mascarar e não omitir a verdade.


Uma pergunta aos criacionistas: Que raio de deus e de religião são estes que têm de ser sustentados pela má fé, pela ignorância alheia e por mentiras?






Esse tipo de deus, de ciência e de religião eu não quero...Estou fora!!!