terça-feira, 11 de agosto de 2009

Bolas de Neve na Argumentação contra o Relativismo Cultural Parte II



A seqüência da avalanche continua aqui











Relativismo é a posição em que todos os pontos-de-vista são tão válidos quanto quaisquer outros e em que o indivíduo é a medida do que é verdade para si.



Errado!! Como já fora anteriormente exposto aqui, são pontos de vista culturais e isso não significa que cada um fará o que bem entender.


Eu vejo um grande problema nisso. A seguir está uma ilustração para demonstrar por quê?

O contexto: Um ladrão está sondando uma joalheria a fim de roubá-la. Ele entra para checar se há algum alarme visível, fechaduras, o espaço, etc. Neste processo ele inesperadamente se vê envolvido em uma discussão com o proprietário da joalheria, cujo passatempo é o estudo de filosofia e que acredita que a verdade e a moral são relativas.
- Então – diz o proprietário – Tudo é relativo. É por isso que eu acredito que toda a moral não é absoluta é que certo e errado é algo que o indivíduo deve determinar dentro dos limites da sociedade. Mas não há um certo e errado absoluto.
- É uma perspectiva muito interessante – diz o ladrão. - Eu entrei acreditando que existia um Deus e que existia certo e errado. Mas eu abandonei tudo isso e concordo com você que não existe um certo e errado absoluto e que nós somos livres para fazer o que queremos.
O ladrão deixa a loja e volta à tarde para assaltar. Ele desarma todos os alarmes e travas e está no processo de roubar a loja. Neste momento entra o proprietário por uma porta lateral. O ladrão saca uma arma. O proprietário não pode ver a face do ladrão porque este usa uma máscara de ski.
- Não atire em mim – diz o proprietário. – Por favor, pegue o que quiser e me deixe em paz.
- É exatamente isso que eu pretendo fazer. – Diz o ladrão.
- Espere um pouco. Eu conheço você. Você é o homem que estava na loja hoje cedo. Eu reconheço sua voz.
- Isso é muito ruim para você – diz o ladrão. - Porque agora você também sabe como eu sou. E como eu não quero ir para a cadeia eu vou ter que matar você.
- Você não pode fazer isso – diz o proprietário.
- Por que não?
- Porque não é certo. – implora o homem desesperado.
- Mas você não me disse hoje cedo que não há um certo e errado?
- Sim, mas eu tenho uma família, filhos que precisam de mim e uma esposa.
- E daí? Eu tenho certeza que você tem seguro e eles vão faturar um bom dinheiro. Mas como não há certo ou errado não faz diferença se eu mato ou não você. E já que se eu deixá-lo vivo você irá me delatar e eu irei para a prisão. Lamento, mas isso não vai acontecer.
- Mas é um crime contra a sociedade me matar.
- Isso é errado porque a sociedade diz que é. Como você pode ver, eu não reconheço o direito da sociedade impor moralidade sobre mim. Tudo é relativo. Lembra-se?
- Por favor, não atire em mim. Eu lhe imploro. Eu prometo não contar para ninguém como você é. Eu juro!
- Eu não acredito em você e não posso arriscar.
- Mas é verdade! Eu juro que não conto para ninguém.
- Desculpe, mas isso não pode ser verdade, porque não há verdade absoluta, não há certo nem errado, nem erro, lembra-se? Se eu deixar você viver e sair você vai quebrar sua promessa porque isso tudo é relativo. Não há chance de confiar em você. Nossa conversa esta manhã convenceu-me que você acredita que tudo é relativo. Por causa disso eu não posso crer que você irá conservar sua palavra. Eu não posso confiar em você.
- Mas é errado me matar. Não está certo!
- Para mim não é nem certo nem errado matar você. Uma vez que a verdade é relativa ao indivíduo, se eu matar você, esta é a minha verdade. E é obviamente verdadeiro que se eu deixá-lo vivo eu irei para a prisão. Lamento, mas você mesmo se matou.
- Não! Por favor, não atire em mim. Eu lhe imploro.
- Implorar não faz diferença.
(Bang!)


Historinha deveras interessante esta, porém não reflete a realidade do pensamento relativista.



Se o relativismo é verdadeiro, então qual o problema em puxar o gatilho?


Talvez alguém possa dizer que é errado tirar a vida de outra pessoa sem necessidade. Mas porque seria errado se não há um padrão de certo e errado?

Outros podem dizer que é um crime contra a sociedade. Mas, e daí? Se o que é verdade para você é simplesmente verdade, então qual é o erro em matar alguém para se proteger depois de roubá-lo? Se o que é verdade para você que para se proteger você deve matar, então quem se importa com o que a sociedade diz? Por que alguém seria obrigado a se conformar com normas sociais? Agir assim é uma decisão pessoal.

Isso eu posso dizer quem nem mais bola de neve é!!! É a Era do Gelo 4 !!!! Já foi exaustivamente exposta a falha dessa colocação aqui.

Isso é o caos social e nada no relativismo cultural fomenta este tipo de atitude.

Aliás, vc é incoerente. Uma hora diz que no relativismo, os padrões de certo e errado são derivados de normas sociais e, outra hora diz que pouco importam tais normas.

Normas possibilitam a vida em sociedade, então elas importam e muito.


Embora nem todos os relativistas ajam de maneira não-ética, eu vejo o relativismo como um contribuidor para a anarquia geral. Por quê? Porque é uma justificação para fazer o que você quiser.


Acho que em vez de professor o chamarei de “Senhor Gelo”, pois percebi que adora a falácia da “bola de neve”.



Relativismo Cultural não se trata de justificação para se fazer o que quiser, mas sim de uma forma para enxergar a cultura alheia e respeitá-la, sem querer impor seus pontos de vista, como os únicos verdadeiros acima de qualquer contestação.



CONCLUSÃO:
O Sr. João Flávio Martinez comete falhas conceituais e lógicas terríveis, além de falácias, no que consiste a expor e esclarecer a forma de pensar relativista.
Sua colocação é a de que o relativismo, acredito em qualquer de suas nuances, é o combustível para levar o mundo ao caos. Mas não é por ai.
O caos é atingido se não respeitamos o outro, se impomos nossos pontos de vista, se achamos que nossa cultura é superior às demais, como muito tempo fez o cristianismo e, se tiver oportunidades, continuará fazendo, em fim, é atentar contra as liberdades do outro e ter uma postura egoísta no seio da sociedade em que se vive.
As normas oriundas do "sistema relativista" conforme o Sr. João Flavio Martinez aborda é quem propiciaram a formação do Estado de Direito e o respeito ao indivíduo em suas liberdades.
Vale citar o adágio:
"O seu direito termina quando começa o do outro."
Ou seja, respeite as liberdades sem atentar contra a esfera de terceiros, pois se você o fizer será punido pelas normas do sistema relativista.

Bolas de Neve na Argumentação contra o Relativismo Cultural


Religiosos realmente são engraçados!!! Quando algo começa a questionar suas ideologias e crenças se valem de quaisquer meios a fim de refutá-los. Agem de forma pseudocientífica e com uma péssima retórica a qual envolve um poderoso arcabouço de falácias e distorções de disciplinas como ciências naturais, lógica e filosofia.




A pérola do dia está aqui "Relativismo I" escrita pelo Prof. João Flávio Martinez.

Vejamos (em preto a abordagem dele; em vermelho minha análise).




Relativismo é a teoria filosófica que se baseia na relatividade do conhecimento e repudia qualquer verdade ou valor absoluto. Ela parte do pressuposto de que todo ponto de vista é válido.



Errado!!! Se forem pontos de vista culturais, temos que considerar o que cada povo adota como certo ou errado. Todo ponto de vista é valido desde que considerado em sua cultura particular.

Eis a definição de relativismo: O relativismo é uma doutrina que prega que algo é relativo, contrário de uma idéia absoluta, categórica. Atitude ou doutrina que afirma que as verdades (morais, religiosas, políticas, científicas, etc.) variam conforme a época, o lugar, o grupo social e os indivíduos de cada lugar.


O relativismo, dessa forma, leva em consideração diversos tipos de análise, mesmo sendo análises aparentemente contraditórias. As diversas culturas humanas geram diferentes padrões segundo os quais as avaliações são geradas.

Max Weber, em suas obras sobre epistemologia, abre espaço para o relativismo nas ciências da cultura quando diz que a ciência é verdade para todos que querem a verdade, ou seja, por mais diferentes que sejam as análises geradas por pontos de vista culturais diferentes, elas sempre serão cientificamente verdadeiras, enquanto não refutadas.


Essa filosofia afirma ainda que todas as posições morais, todos sistemas religiosos, todos movimentos políticos, etc., são verdades que são relativas ao indivíduo.

Errado!!! São relativas à sociedade em que vive o indivíduo.


Infelizmente, a filosofia do relativismo é penetrante em nossa cultura hodierna. Com a rejeição de Deus, e do Cristianismo, a verdade absoluta particular está sendo praticamente abandonada.


Disse bem, a verdade absoluta particular e não do mundo. Quanto à rejeição de deus ou do cristianismo, considere o que cada um aceita em termos de religião. Essa diversidade existe , enquanto o ser humano tiver capacidade de pensar e contestar, a diversidade de pensamento continuará.


Nossa sociedade pluralista deseja evitar a idéia que há realmente o certo e o errado. Isto é demonstrável através de nosso ambiente social: do sistema judicial deteriorado que possui cada vez mais dificuldades em punir os criminosos, da mídia que continua a nos empurrar o seu pacote particular do que seja moralidade e decência, de nossas escolas que ensinam a evolução e a "tolerância social", etc.


A dificuldade em punir criminosos vem do próprio sistema legal que é elaborado por nossos representantes. Para se punir alguém há que se terem provas contundentes do fato criminoso. É melhor um culpado solto que um inocente preso.

Quanto à mídia, se está insatisfeito com ela, simplesmente a evite.

Quanto a TE em escolas, que tal substituir as aulas de estatística por jogo de búzios e tarô ou ainda deixar a previsão do tempo ao arbítrio dos deuses. TE é ciência e não crença religiosa, para fazer proselitismo e angariar fiéis.

Sobre a tolerância social, devemos tê-la. Se não gosta de negros, gays, gaúchos, loiros, católicos, macumbeiros, cientistas, simplesmente evite-os, mas não destile seu ódio sobre ninguém, pessoas têm o direito de serem e fazerem o que quiserem, desde que não afetem terceiros.


Como conseqüência, o relativismo moral está cada vez mais ganhando espaço no sentido de encorajar a todos em aceitar o homossexualismo, a pornografia na TV, a fornicação, e uma avalanche de outros pecados que outrora foram considerados errados e perniciosos, mas que agora estão sendo aceitos e até mesmo encorajados em nossa sociedade. Isto se infiltrou tanto em nossa moderna maneira de pensar que se você falar algo contra o relativismo e sua vã filosofia, então prontamente te rotulam como fanático intolerante.

Pura falácia da bola de neve... A censura existe para realmente não deixar que tais coisas aconteçam. Se não estão atuando devidamente denuncie a sua insatisfação ao MP.

Se não gosta do que a TV apresenta, ligue no canal gospel e assista até sentir sono. Do contrario compre uma TV a cabo e se não tiver recursos para tal, alugue DVDs de seu gosto e desligue sua TV.

Eu mesmo faz anos que não assisto a TV aberta, pois a programação, seja da Globo, do SBT e dos canais evangélicos se tornou um lixo.

No entanto, é necessário esclarecer que isto não passa de hipocrisia por parte daqueles que condena quem afirme que exista ainda moralidade absoluta hoje em dia. Parece que o único objetivo de seus proponentes é afirmar que todos os pontos de vistas a respeito do que seja a “verdade” são válidos, menos aqueles que defendem que há verdades absolutas, um Deus absoluto e coisas certas e erradas de modo absoluto.

Depende de quem é o seu deus... Deuses são absolutos para a cultura que os adora. Assim, os deuses indianos, do Xintó, da religião chinesa, africana, egípcia, assíria, grega, etc eram ou são absolutos para eles, mas não para os outros.


É o deus que cultua não foge à regra. É apenas mais um no mundo da diversidade religiosa.

Algumas expressões típicas que revelam basicamente as pressuposições dos relativistas são: "Esta é a sua verdade, não a minha”; "Isto é verdadeiro para você, mas não para mim," e "Não Há verdades absolutas."


Do ponto de vista lógico todas estas declarações não procedem. Nossa sociedade não pode florescer nem sobreviver em um ambiente onde todos fazem aquilo que acham melhor para si, onde que as circunstancias e a situação são os fatores que determinam suas ações, onde a mentira ou o engano é totalmente aceitável. Sem uma base comum de verdades absolutas, nossa cultura tornar-se-á fraca e fragmentada.

Disse bem, do ponto de vista lógico, mas não real. Permita-me lhe dar uma breve aula de lógica.



Em lógica há três princípios:


Identidade: se algo é verdadeiro então ele é verdadeiro;


Não contradição: uma idéia não pode ser verdadeira e falsa;


Terceiro excluído: ou o algo é verdadeiro ou é falso.


O raciocínio lógico deve se guiar por estes três princípios. Mas para exteriorizar o raciocínio, necessitamos do argumento que são proposições encadeadas por inferências. O argumento pode ser lógico, mas isso não significa que sua conclusão seja verdadeira, ou seja, que corresponda à realidade. A garantia que temos do raciocínio lógico é que sendo verdadeiras as premissas e valida a inferência a conclusão será verdadeira.

Assim para que o raciocínio nos conduza a verdade, são necessárias a veracidade das premissas e a correção do raciocínio.

Da veracidade das premissas quem cuida são os cientistas em geral e da correção do raciocínio cuidam os lógicos.

A lógica não guarda absoluta correspondência com a realidade, vide o argumento da flecha de Zenão - “um corpo não pode percorrer o infinito senão em um tempo infinito, logo o movimento não existe”. O argumento é lógico, mas sua conclusão não é verdadeira.

Assim, essa percepção é importante para o completo entendimento da maneira de pensar e sem dúvida é indispensável para a adequada utilização de recursos lógicos na vida.

Bem vejamos: quais são suas premissas para dizer que uma verdade é absoluta? Pelo visto vc fica no mundo da doxa (opinião), ao estabelecer a sua crença como a verdade suprema, enquanto cientistas sociais dizem não haver padrões, crenças e costumes absolutos para todas as culturas.

Se as suas premissas não são verdadeiras, então a sua tese de que existe verdade absoluta é falsa, portanto não existe verdade absoluta.

As premissas que afirmam a não existência de verdades absolutas quando tratam da diversidade cultural, são baseadas em verificações pautadas segundo as regras do método sociológico e análise de culturas (costumes, religiões, mitos e padrões ético-morais) de povos que não mais estão entre nós. Há vasta bibliografia sobre o tema.

Ao menos verificam-se que atitudes como adultério, assassinatos, furtos, roubos, desrespeito aos pais e aos mais velhos, negligência com jovens, gula, inveja, avareza, soberba, homossexualidade e preguiça são mau vistas em diversas sociedades, por causarem “prejuízos sociais”, ou seja, podem comprometer a sobrevivência dos demais, mas cada qual possui seu grau de tolerância dentro de seu respectivo grupo.

Caso as regras das sociedades não sejam obedecidas, a convivência social se tornará caótica e levará ao perecimento do grupo e do próprio indivíduo. Assim, posturas egoístas e atentatórias da paz social não são toleradas, se passarem dos limites e, portanto, o indivíduo será punido conforme dispõem as regras do sistema legal pertencente a sua sociedade.

Sobre a teoria argumentativa, argumentos são conjuntos de proposições, mas não proposições quaisquer. Devem estar concatenadas de forma específica, ou seja, devem se sustentar o que significa haver inferência entre elas.

Ao obedecerem com rigor aos princípios da identidade, não contradição e terceiro excluído e demais regras lógicas, o argumento é lógico. Logo, se tivermos certeza de que as premissas são verdadeiras e se são atendidos os princípios e regras lógicos, a conclusão será verdadeira.

Assim, argumentos não são falsos ou verdadeiros; isso é para as premissas e quem as formula e as testa é o cientista em seus diversos campos.

A questão da verdade singelamente se divide em três formas:


Alethea o conceito grego que é aplicado às ciências naturais;


Véritas que é o conceito romano aplicado na ciência do direito;


Emunah que é o conceito hebraico aplicado à revelação religiosa.

Todas estas formas podem ser combinadas a fim de darem corpo às premissas de um raciocínio lógico.

Para nosso caso (pesquisa social), ficamos com o conceito de alethea, pois não se trata de meros argumentos para convencer a pessoa, mas de buscar por algo que exista na realidade.

Dessa forma, a solidez de um argumento se traduz na composição de premissas verdadeiras e na condição que pode se considerar lógica uma inferência (obediência às regras do pensamento lógico).

Assim, argumentos são válidos ou inválidos.

O ponto interessante é que somente por meio da reductio ad absurdum é que o argumento contra a inexistência da verdade absoluta funciona. É logicamente perfeito; inclusive sob o ponto de vista dialético, pois busca tocar as paixões e emoções dos leitores e não o raciocínio deles, com um jogo retórico extremamente persuasivo.

Sob a ótica científica, que busca refletir a realidade e não a estrutura de pensamento ou tocar as emoções de quem quer que seja, o equivoco reside na ausência de premissas referentes aos estudos de culturas (crenças ideológico-religiosas, valores, fundamentos ético-morais, variabilidade desses itens ao longo do tempo).

A lógica formal busca a coerência interna do pensamento (a coerência do pensamento consigo mesmo) e não com o mundo (a realidade) que se liga ao estudo das condições cognitivas e não as condições formais da verdade, que é um problema da gnosiologia (teoria do conhecimento - epistemologia).

A lógica não tem como função encontrar a verdade, que é função das ciências naturais, exatas e sociais.

Ela é propedêudica à ciência, pois serve apenas para ordenar o que foi descoberto, dando coerência e sistematização ao pensamento científico, com vistas a justificar a verdade.

Logo, buscar a verdade envolve fatores objetivos e subjetivos que em nada se coadunam à lógica.

A verdade científica envolve a pesquisa empírica e, portanto, se traduz como a relação entre o pensamento e a realidade em conjunto com os meios para aprendê-la.

A lógica, portanto, não lida com a realidade do mundo inclusive o psicológico e o subjetivo, mas apenas com a realidade do pensamento, enquanto abstraído de suas relações com o mundo.

Assim, a lógica estuda:


as condições objetivas e ideais para justificar a verdade, sem cuidar da própria verdade e se ater às suas condições materiais ou subjetiva;

as condições formais para justificar a verdade que já é conhecida (a coerência interna do pensamento);

a coerência interna do pensamento a fim de possibilitar um contexto correto de justificação, ou seja, define de modo argumentativo premissas corretamente dispostas para uma conclusão justificada.


Logo, a lógica é condição necessária, mas não suficiente para se demonstrar a verdade, pois esta tem de ser buscada empiricamente e aquela estrutura o pensamento.

Portanto, considerando-se apenas a estrutura de pensamento sem conectá-la à realidade do mundo a fim de justificar crenças pessoais e ideológicas é fazer mau uso da lógica.

Reductio ad absurdum é excelente para analisar estruturas de pensamento sob o ponto de vista lógico formal, mas jamais pode ser considerada como realidade.

Crenças e ideologias não possuem fundamento lógico. Elas se sustentam por fatores sociais, psicológicos e culturais que atuam sobre nós sem que saibamos porque e como eles nos influenciam. A justificativa de nossas crenças se dá em nível lingüístico com maior ou menor força de convencimento.

Assim, passa-se da inferência para a apresentação de argumentos que julgamos pertinentes ou razoáveis mediante sentenças estruturadas de acordo com nossa comunidade lingüística.

Portanto, ao enunciarmos provas e conclusões estaremos apresentando os argumentos, que expressam intersubjetivamente as inferências anteriormente feitas em nosso interior.

A inferência deve ser feita por aquele que possui as provas que podem ser aduzidas em seu apoio. Logo meras opiniões não provam nada e nem podem ser denominadas de argumento. Somente após justificarmos a opinião é que ela se torna argumento, ou seja, o enunciado das inferências é que consiste no argumento e este deve possuir provas para sustentar as conclusões.

Todavia, tais provas não necessitam de estar caracterizadas pela certeza de sua verdade, mas podemos conjeturar a respeito da probabilidade de uma prova a fim de fazermos inferências razoáveis no sentido de uma deliberação de menor risco.

Inferências estão além de serem meros enunciados são na verdade processos psicológicos, o que está fora do campo da lógica que apenas visa a legitimidade do pensamento enquanto estuda as condições formais para justificar ou fundamentar alguma assertiva como conclusão de determinado argumento.


Contudo, devo admitir, entretanto, que há validade para alguns aspectos positivo do relativismo. Por exemplo, que uma sociedade considera direito (dirigir do lado esquerdo do carro) enquanto outra considera errado. Esses são costumes que são certo para uns e errado para outros. Mas são costumes puramente relativista baseados na cultura do país e não universalmente.

Alguns princípios de costumes sobre enterros, casamentos, sexo, variam de país para país ou até mesmo de cidade para cidade. Esse senso de “certo e errado” relativista não influi em nossa vida moral, pois não foi um mandamento de um Deus universal. Há coisas que são validadas apenas dentro da experiência humana particularmente individual. Eu posso me irritar com o som de uma música Rock e a outra pessoa não. Neste sentido o que é verdadeiro para mim não precisa ser necessariamente verdadeiro para outros. Sim, há aspectos positivos e verdadeiros dentro do relativismo.

Determinados costumes, gostos e princípios não afetam em nada a esfera de terceiros e nem podemos considerar como certo ou errado, Exceto se começam a nos atormentar e a exigir que os cumpramos quando pertencemos a uma cultura diversa.

Vi um caso referente a uns habitantes de Papua (Salvo engano no Discovery Civilization) que eles deixavam seus mortos mumificados no alto de uma encosta olhando para a aldeia deles. Isso se traduzia em sua crença como proteção dos ancestrais.

Mas, missionários cristãos chegaram e começaram a exigir deles que enterrassem seus mortos, o que era negar-lhes a vida espiritual.

Conclusão: ficaram muito aborrecidos, puseram os missionários para correr e continuaram com suas práticas de mumificação.

Isso é um típico exemplo de imposição de costumes e crenças a outrem, o que também é um atentado a liberdade do indivíduo por pensar de forma etnocêntrica.

Mas se eu vivesse entre eles, não ia querer a honra de ter o meu corpo mumificado olhando para a aldeia. Iria pedir a eles que quando morresse me cremassem.


Mas, isto não é válido o bastante para dizer que porque há um tipo de relativismo pessoal, nós então podemos estende-lo e aplica-lo em todas as áreas da vida e dizer que tudo o mais é relativo. Não, isto não é uma suposição válida nem lógica. Primeiramente, porque isto é uma grande contradição que acaba por destruir o alicerce dos defensores do relativismo.

Mais uma vez, atente-se a sociedade em que vc vive. É claro se eu estiver em uma cultura que goste de troca de casais, não permitiria isso comigo, pois estariam atentando contra minha esfera pessoal.

A relatividade do pensamento está na cultura e não no atentado à liberdade de outrem. Se eu gosto de determinada prática que me prejudique e a outrem, tendo o consentimento delas, desde que todos sejamos adultos e em nosso juízo perfeito, isso é um problema de cada um.

Mas se obrigo terceiros a tal prática, os estarei prejudicando e, portanto, deverei ser punido.

Caso decida seguir o candomblé em vez de ir a igreja adventista, é opção minha. O candomblé e seus deuses são a minha verdade religiosa absoluta e a igreja adventista e seu deus não. Por seguir o candomblé devo ser punido? É claro que não, pois não estou atentando contra ninguém.

Houve um caso interessante de uma indiazinha abandonada por ser deficiente, o que gerou grande alvoroço entre cristãos. Imagine vc ser nômade coletor e caçador. O que um deficiente faria com esse grupo?

Para nós é fácil condenarmos, pois se temos fome é só abrir a geladeira ou ir ao restaurante mais próximo e comermos, mas para eles não. Hoje comem na próxima semana não se sabe. Devem ser punidos por tal postura? É claro que não, pois pensaram na sobrevivência do grupo.

Mas e testemunhas de Jeová quando preferem que a pessoa morra ao negar uma transfusão de sangue devido a uma má interpretação bíblica? Cometem crime? É claro que sim (crime comissivo por omissão), pois não vivem a mesma condição de nômades coletores e têm todos os recursos disponíveis na sociedade em que vivem para salvar uma vida, mas se negam a faze-lo por conta de preceitos religiosos mal interpretados.

E se eu abandono um filho deficiente e deixo ele morrer de fome cometo crime? É claro que cometo (o mesmo do caso anterior), pois minha sociedade me proporciona recursos para cuidar dessa pessoa.


Além Disso, se todas as coisas são aparentes e relativas, então podemos afirmar que não existe nada de verdadeiro e absoluto entre as pessoas. Em outras palavras, se todas as pessoas negam a verdade absoluta e estabelece verdades relativas unicamente provindas de suas experiências, então tudo é aparente ao indivíduo. Perguntamos: Partindo dessa premissa, como então poderá alguém julgar o que é realmente certo ou errado, verdade ou mentira?

Novamente a falácia da “bola de neve” rola montanha abaixo!!!!

O que é mentira? Significa ludibriar o outro, pratica não tolerada em nenhuma sociedade.

O que é errado, é vc atentar contra o outro e contra sua comunidade prejudicando-os, o que pode levar ao caos social.

Bem o cunho da questão é religioso. Como podemos dizer que esta ou aquela crença é a verdade, senão nos valendo de petições de princípio?

Sob a lógica formal, não há como fazer isso. Apenas a dialética valendo-se de seu poder de conhecimento como fora visto no breve apanhado sobre lógica, é que pode dar conta deste aspecto. O mesmo vale para me convencer a respeito de ser capitalista ou socialista.

O mesmo vale sobre votar no Serra ou na Dilma para presidente, embora estes dois possam apresentar projetos que sob a lógica formal poderei analisá-los como bons ou ruins para o país e para mim.

E ainda: Se todas as “visões” morais são igualmente válidas, então que direito temos nós de punir alguém? Será que podemos sempre afirmar que aquilo ou aquela pessoa não tem razão? Para sabermos que algo ou alguém não está certo ou errado, nós primeiramente devemos ter um padrão de certo e errado pelo qual nós basearemos nossos julgamentos. Se aquele padrão de certo e errado for baseado no relativismo, então não temos nenhum padrão. No relativismo, os padrões de certo e errado são derivados de normas sociais. Se há mudanças na sociedade as normas morais de certo e errado podem mudar. Se seguirmos este paradigma, então não podemos julgar ninguém por qualquer coisa que tenha feito de errado, se o que consideramos errado agora pode tornar-se certo no futuro!

Novamente a falácia da “bola de neve” !!! Desse jeito vamos passar por uma nova era glacial ein professor!!!

Temos todo o direito de punir as pessoas conforme exaustivamente já expus. Pense sempre na comoção social que as coisas podem gerar, daí surgem nossos padrões de certo ou errado. Eles têm de evitar o caos social.

Não é no relativismo cultural que padrões de certo ou errado derivam de normas sociais (acho que não lê atentamente a bíblia e desconhece história antiga e direito antigo). Os padrões de certo e errado foram codificados por povos da antiguidade a fim de poderem viver em sociedade e para seus líderes tornarem seus domínios governáveis.

De fato, sociedades mudam ao longo do tempo e coisas que passam a escapar da esfera de atuação do Estado passam a ser descriminalizadas (como é o caso do adultério) e se o estado decide que tal coisa é de seu interesse, passa a criminalizá-las (ex. dirigir sob certo grau de teor alcoólico).

Mas seria deveras interessante se no Brasil tivéssemos práticas como: apedrejar adúlteras, matar quem adorasse uma imagem ou seguisse outros cultos que não os da sua igreja, castigar fisicamente fornicadores, matar homossexuais, matar que decide trabalhar de sábado ou blasfemar contra deus, mandar para fogueira os hereges, fundar nossa economia na escravidão, a termos um sistema de castas, proibir o carnaval, fornecer uma burka para as mulheres, isolar o sujeito por ser judeu, não dar direitos a um sujeito por ser estrangeiro, confiscar bens de pessoas por estar em guerra com o país do qual ela é oriunda, ter a mulher como um ser inferior, impedir a liberdade de pensar politicamente, entre outras façanhas.

Como vê isso tudo existe ou existiu um dia. Mas felizmente o mundo mudou e espero que continue, sempre assim, para melhor.

Assim a alegação de que não podemos julgar ninguém não é valida. O certo e o errado existem, variam e têm de assegurar a manutenção da sociedade, uma vez que o homem é um animal social, que, fora deste âmbito, seria extinto.

Mas muitas condutas que eram reprimidas nos Códigos de Hamurabi, e de Manu, Direito Chinês, Direito Romano, Direito Germânico e em sociedades que não possuem leis codificadas ainda continuam sendo reprimidas e continuarão por muito tempo, enquanto existir um grupo social de humanos.

Para concluir, se o relativismo é o ponto de vista verdadeiro, então minha ótica sobre a falsidade do relativismo é verdadeira? A verdade contradiz a si mesma? Claro que não!

Voltando à lógica, o que é verdadeiro, se assim foi detectada esta “verdade”, não trará contradições ao raciocínio e nos assegurará de fazermos as inferências corretas. Aqui professor o senhor se vale da reductio ad absurdum, mas procure olhar a realidade ao seu redor e olhar mais de perto as diversas culturas e seus padrões de certo e errado a fim de que possam viver em grupo.