segunda-feira, 13 de outubro de 2008

O tiro pode sair pela culatra

Mais uma vez surge um novo blá blá blá contrário à Teoria da Evolução.

Desta vez não parte de "renomados cientistas" com uma "cosmovisão" crítica a respeito das teorias de Darwin e de seus seguidores, mas de um professor de direito de Berkeley.

O título parece o chamamento para uma guerra, que é o que criacionistas têm empreendido, desde a formulação das teorias de Darwin, em pról de sustentar o mito da criação como uma verdade incontestável acima de tudo que possa contrtadizê-la.

vejamos:

Munição para a “batalha”













Apesar do título belicoso, Como Derrotar o Evolucionismo com Mentes Abertas, de Phillip Johnson (Editora Cultura Cristã), é um bom livro para quem quer se situar em meio à controvérsia entre darwinismo e design inteligente.

Bem, se ter "mente aberta" é incentivar que algo que vem sendo confirmado deva ser derrotado, o que seria então ter uma mente fechada?

Nada mais "travador de mentes" que encerrar a questão científica no dogmatismo religioso, onde tanto o criacionismo, como a sua carinha nova o DI se encerram.

Infelizmente, este livro deve ser mais uma daquelas porcarias que surgem no mercado para enganar pessoas leigas exatamente como "O Delírio de Dawkins" de Mc. Grath.

Johnson, que é formado pela Harvard e pela Universidade de Chicago, leciona direito há mais de 30 anos na Universidade da Califórnia, em Berkeley. Exatamente por isso, ele foi capaz de investigar o âmago dos argumentos darwinistas, atuando como uma espécie de “promotor de justiça” da teoria. E justiça seja feita: apesar de não ser cientista, Johnson demonstra amplo conhecimento dos temas em questão e analisa tudo de forma crítica e lúcida.

Fazendo um retrospecto a questão da análise a respeito do que é verdade, a investigação argumentativa (mundo da véritas) é bem diferente da investigação científica (mundo da alethea).

As críticas podem ser feitas, no que se refere a argumentos meramente hipotéticos, os quais ainda não possuam nada que os tenham confirmado.

Todavia, se algo apresenta estudo que aponte para confirmação ou desconfirmação de teorias, somente poder-se-á sanar a questão por meio de estudos cujos resultados se oponham à tese que embasa a respectiva teoria apresentada.


Logo na introdução do livro, o advogado justifica por que os jovens acabam sendo o público alvo da obra:

Prestem atenção no espírito do livro:

“[Os] jovens precisam tirar vantagem das maravilhosas oportunidades educacionais que nossa sociedade oferece, mas também precisam se proteger da doutrinação no naturalismo que geralmente acompanha a educação.

Aqui, a coisa já degringola contra o método utilizado no ensino, cujos estudos devem estar isentos de cargas valorativas e ideológicas, dentre elas a religião.

Livros didáticos e outros materiais educacionais tomam o naturalismo evolucionário como certo e, assim, admitem a resposta errada para a mais importante questão com que nos deparamos: Existe um Deus que nos criou e que Se importa com o que fazemos? Os jovens precisam estar preparados para a doutrinação e para isso precisam saber algumas coisas que as escolas não estão autorizadas a ensiná-los. Esse é o principal objetivo deste livro.”


De início, nosso doutor já comecou a falar besteiras. Nenhum livro didático ou científico sério toma nada como certo (acho que ele confundiu doutrina religiosa com ensino laico). Apenas apresenta a teoria como ela tem sido desenvolvida ao longo do período em que está sendo estudada.

Querer que um livro didático se aprofunde em questões científicas não é lógico nem correto, principalmente no segundo grau onde o contato com as matérias científicas é ainda inicial.

Exigir que estudantes de segundo grau tomem contato com disciplinas que apenas são ministradas em nível de especialização faria com que o curso perdesse o seu foco (formação generalista) e , portanto, os estudantes sairiam sem entender nada.

O aprofundamento das disciplinas começa na graduação e prossegue na pós graduação (mestrado, doutorado e PhD).

Também, não é objetivo do ensino laico ou de estudos científicos se preocupar com que deuses pensam, desejam ou se importam. Isso é tarefa da religião (aliás que insistência em tornar novamente o ensino um apêndice da crença religiosa que possuem determinados cristãos).

Para que tipo de doutrinação jovens devem estar preparados?

Doutrinação é o método de que se valem Estados totalitários como os nazi-fascistas, comunistas stalinistas, castristas, maoístas, estados teocráticos (estados islâmicos fundamentalistas e os estados religiosos europeus da antiguidade) e socialistas falastrões como los hermanos de America del Sur) a fim de dominar as massas, fazendo-as pensar como o Estado deseja que elas pensem, eliminando toda e qualquer visão crítica possível a fim de assegurarem seu poder.

De boas intensões, o inferno está cheio.....

Realmente, jovens são presas fáceis para doutrinadores, uma vez que seu senso crítico ainda não se encontra devidamente aguçado para percerber o quanto de carga ideológica se encerra nas doutrinas e as falhas lógicas nos argumentos do DI e do criacionismo. S
im, apenas argumentos, pois nada em termos científicos respalda estas teorias.

Se este é o principal objetivo do livro, aconselho a adultos, jovens e crianças ficarem bem longe dele, uma vez que não trará nenhum conhecimento ou visão crítica da teoria da evolução que mereça crédito.

Johnson então passa a utilizar seu “detector de conversa fiada” para analisar a teoria da evolução e chega a propor uma “verdadeira educação em evolução”, com uma abordagem mais autocrítica e menos triunfalista. Ou seja, ele ajuda o leitor a desenvolver uma visão cética com respeito às pretensões darwinistas.

Até aqui, acho que ele deveria usar seu "detector de conversas fiadas" para seu livro, uma vez que os cientistas, mesmo em teorias confirmadas mantém o seu ceticismo.

De acordo com o método Popper, nada é absolutamente verdadeiro (verdades objetivas), principalmente em teorias científicas quaisquer que sejam, pois a qualquer momento podem ser desconfirmadas.

Dessa forma, o livro não deve ser uma "educação em evolução", mas uma "educação em conversa fiada", a fim de respaldar a religião como resposta alternativa ao que até então foi construído pela teoria da evolução aliada à genética, ecologia, fisiologia, histologia, botânica entre outros ramos da biologia e interdisciplinarmente com a química, física e bioquímica.

Ou seja, este livro deve em todo o seu texto se pautar em argumentação e não em análises científicas a fim de desbancar uma teoria.

É o velho padrão criacionista de sempre: Detonar uma teoria demonstrando seus pontos fracos e, assim eleger como alternativa as caronistas: o criacionismo e seu disfarce o DI (ambos pautados no deus das lacunas), para então começar com toda aquela questão religiosa e terminar no plano da salvação onde só Cristo salva.

Desse modo, há que se ter uma visão cética em relação aos argumentos que este livro apresenta, pois sua pretensão é bem clara: doutrinar jovens e aliciá-los ao cristianismo fundamentalista onde a visão crítica relativa as suas crenças é totalmente anulada, chegando a tornar-se um tabu empreender qualquer tentativa neste sentido.

Certamente este livro não se trata de um debate científico, mas de debate puramente ideológico em prol da defesa dos mitos relativos à crença judaico-cristã-islâmica.

Portanto, se jovens pretendem ter visões críticas de algo, devem estudar muito e procurarem autores sérios para então examinarem seus estudos, a fim de ser possível traçar linhas de aprendizado e tecer críticas concretas e fundamentadas a respeito de determinada teoria.

Caso alguém se interesse por teoria da evolução, recomendo Dawkins (o ateu fundamentalista), Gold (o enrolado), Mayr (
o detestável) e o próprio Darwin (o anticristo).

Caso queiram entender um pouquinho sobre o Universo leiam Hawking, Sagan, Michio Kaku, Bryan Greene, Einstein e Perlmutter e assistam às quartas feiras e domingo O Universo no History Chanell (não é propaganda - não ganho nada com isso).