quinta-feira, 10 de julho de 2008

DILÚVIO E DINOSSAUROS. MAIS UMA....



Mais uma vez, surge uma analogia completamente equivocada a respeito de morte dos dinossauros tendo como causa o dilúvio (aquele da Arca de Noé).

Alerto aos leitores que tal analogia é completamete errada. Há diversas hipóteses sobre a morte dos dinossauros e o dilúvio não se encontra neste rol.

Todavia, os círculos criacionistas afirmam serem as pegadas fossilizadas dos dinossauros evidências de uma catástrofe hídrica, conforme a nota do comentarista encontrada aqui e, por nós reproduzida em sua íntegra.

Quanto a notícia, é deveras interessante o seu conteúdo. Nada de anormal. Mas, quanto as especulações do autor da nota, bem como as da senhora Ellen White soam lamentáveis.

Quanto a Sra. Ellen, tudo bem, pois se trata de uma pessoa que viveu de 1827 a 1915 .

Ao que parece, segundo consta em sua biografia (aqui) não foi uma pessoa que primou pelos estudos. Logo, é natural que a religião fosse sua fonte de conhecimento mais fidedigna.




Entretanto, tomar seus escritos como base para uma resposta a pesquisas científicas se trata de um grande equívoco, além de uma tolice desmedida, como será analisado mais adiante.

Vejamos o artigo:

Pegadas de dinossauros no Iêmen

Cientistas dizem ter descoberto, no Iêmen, pegadas de dinossauros datadas de 150 milhões de anos [sic]. Os rastros encontrados teriam sido feitos por um rebanho de 11 saurópodos e por uma outra espécie de dinossauro de duas patas que pertencia à família dos ornitópodes e comia plantas.

Segundo a descoberta, publicada na edição desta semana da revista científica Public Library of Sciences One, as pegadas não teriam sido identificadas antes pois estavam cobertas por escombros e entulhos.
As pegadas foram observadas pela primeira vez na região de Madar, ao norte da capital, Sanaa, por uma jornalista iemenita.

Posteriormente, foram classificadas como pertencentes a um ornitópode – um dinossauro grande que existiu durante o final do Período Triássico até o fim do Cretáceo.

Em 2006, uma geóloga da Universidade de Sanaa descobriu que as pegadas mais redondas, similares a dos elefantes, pertenciam a uma outra família de dinossauros – a dos gigantes saurópodos. Segundo Anne Schulp, do Museu de História Natural de Maastricht, na Holanda, que ajuda na investigação, “as pegadas estão muito bem preservadas”.

"O mais impressionante é que temos várias pegadas dos saurópodos, 11 dinossauros caminhando na mesma direção”, afirmou Schulp à BBC News.

"Trata-se de um grupo de animais de tamanhos diferentes, portanto, temos dinossauros de todas as idades vivendo juntos nesta localidade", disse.

Até então, apenas alguns fósseis de dinossauros haviam sido encontrados na Península Arábica, incluindo alguns ossos no Omã e possíveis fragmentos de um dinossauro de pescoço comprido no Iêmen. "É a primeira vez que encontramos pegadas de dinossauros na Península, portanto trata-se mesmo de uma primeira descoberta", afirmou Schulp. (BBC Brasil)

Quanto ao artigo, nada de anormal com ele. É até bem interessante e instrutivo.



Segue abaixo a nota comentando o artigo acima.

Nota: Não sou especialista no assunto, mas a disposição das pegadas me sugere um tipo de migração ou fuga. Isso parece ser reforçado pelo fato de haver duas espécies caminhando juntas. Para que pegadas fósseis sejam preservadas, os animais têm que imprimi-las na lama e, depois, essas mesmas pegadas têm que ser cobertas por outra camada de lama, a fim de que sejam protegidas da ação das intempéries e a lama possa petrificar. Fósseis de dinossauros e de suas pegadas são encontrados em várias partes do mundo e sugerem que houve uma catástrofre hídrica responsável por esses vestígios. Leia mais sobre isso clicando no marcador "dilúvio", logo abaixo.[MB]

Bem, a nota é muito sugestiva, porém equivocada. No mundo, há muito tempo caem chuvas, há inundações ou deslizamento de terras, como há rios e lagos os quais, em épocas de cheias cobrem a várzea e depositam lama.

Também, podem haver variações climáticas que secam rios e lagos, ou mesmo sismos, maremotos, furacões, erupções ou queda de corpos celestes que alteram qualquer paisagem.

Espécies animais migram juntas, como ocorre com os gnus, búfalos africanos e antílopes e, atrás destes, leões, guepardos, hienas e leopardos.

Os fósseis não sugerem qualquer catástrofe hidrica, exceto que tais animais existiram e muito pouco de seu registro se conservou.




Tão pouco, se uma catástrofe nas dimensões do dilúvio tivesse ocorrido, o planeta estaria morto, seja antes, seja depois, uma vez que a pressão atmosférica, supondo a água em estado gasoso, seria em torno de 350, a 400 atmosferas, sem considerar o efeito estufa, o que seria impossível para a vida como a conhecemos.

No máximo, poderia haver formas de vida tal como aquelas das fossas abissais.

Assim, tal nota é mais um dos devaneios do criacionismo, sem qualquer fiundamento científico.

Segue abaixo a nota da senhora White:

Ellen White escreveu há um século: "É verdade que vestígios encontrados na terra testificam da existência do homem, animais e plantas muito maiores do que os que hoje se conhecem. Tais são considerados como a prova da existência da vida vegetal e animal anterior ao tempo referido no relato mosaico.

Isto é óbvio, antes de Moisés, o planeta já possuia vida há uns 3,5 bilhões de anos. Veja aqui.

O que causou o gigantismo na Pré-história?

Como se explica a diferença de tamanho dos animais atuais em comparação com os grandes dinossauros da Pré-história?

Se algo surpreende um ocasional visitante de um museu de paleontologia, é sem dúvida o tamanho que possuíam alguns dos animais mais famosos da história: os dinossauros.


Seus ossos, fósseis ou reproduções, organizados para refletir fielmente o aspecto de seu esqueleto, mostram as dimensões destas gigantescas criaturas que evoluíram durante milhões de anos, para depois se extinguirem misteriosamente. Os mamíferos, por outro lado, quase sempre mantiveram um tamanho discreto.

As razões para esta diferença ainda estão sendo estudadas, mas uma das teorias sobre o assunto baseia-se principalmente na diferente constituição de seus corpos.

Mamíferos

Os mamíferos, que são animais endotérmicos, não respondem bem ao clima quente e tropical, já que têm dificuldades na hora de liberar o calor que produzem. Este calor é maior, quanto maior eles forem, por isto eles precisam ter um corpo reduzido para manter sob controle esta importante função biológica.




Nos trópicos, os poucos mamíferos que podem ser classificados como realmente grandes preferem sair à noite.

Os elefantes, por sua parte, usam suas grandes orelhas para liberar mais calor ao exterior. No mar existem alguns animais gigantes, como a baleia, mas se tratam de exceções fomentadas pela alta oferta de alimentos.

Além disto, a água lhes permite dissipar bem as cargas térmicas geradas por seus corpos, assim como sustentar sua enorme massa. Mesmo baleias e elefantes, alguns dos maiores mamíferos, só apareceriam no final da era Cenozóica, quando o clima se esfriou.

Os dinossauros, em contrapartida, viveram em uma época na qual os ambientes quentes eram habituais. Sem necessidade de ter um metabolismo muito ativo, seu corpo não teve dificuldades em seguir a tendência natural do gigantismo (seres vivos cada vez maiores e complexos).

Uma das hipóteses para o gigantismo pré histórico é a de que no início da era Mesozóica, um aumento na quantidade do dióxido de carbono na atmosfera provocou o aquecimento global, criando um ambiente perfeito para os animais exotérmicos. Além disto, a abundância de CO2 fomentou um maior crescimento das plantas, que também aumentaram seu tamanho. A disponibilidade de uma maior quantidade de alimentos e o aumento das temperaturas ajudou os dinossauros a ficarem gigantes.

Apesar de todas estas informações ainda não está claro se os dinossauros eram endotérmicos, como os mamíferos, ou exotérmicos. O que se sabe é que a rápida evolução dos primeiros arcossauros até os grandes répteis atuou como uma força seletiva poderosa na qual foram favorecidos os corações adaptados para responder bem às demandas exigidas pelo gigantismo.

Era necessário enviar às células quantidades suficientes de nutrientes e oxigênio. A solução do coração dotado de quatro câmaras seria ideal para a posterior aparição das aves, mas nos dinossauros não fez senão continuar favorecendo o gigantismo.

Mas com referência a estas coisas a história bíblica fornece ampla explicação. Antes do dilúvio o desenvolvimento da vida vegetal e animal era superior ao que desde então se conhece.

Por ocasião do dilúvio fragmentou-se a superfície da Terra, notáveis mudanças ocorreram, e na remodelação da crosta terrestre foram preservadas muitas evidências da vida previamente existente.

As vastas florestas sepultadas na terra no tempo do dilúvio, e desde então transformadas em carvão, formam os extensos territórios carboníferos, e fazem o suprimento de óleos que servem ao nosso conforto e comodidade hoje. Estas coisas, ao serem trazidas à luz, são testemunhas a testificarem silenciosamente da verdade da Palavra de Deus" (Educação, p. 129).



Bem, o planeta já passou por muitas mudanças e continuará passando por elas. Todavia não há qualquer evidência de dilúvio, seja por ter deixado marcas no planeta, seja por ser algo impossível de ter ocorrido, conforme anteriormente analisado.

Se realmente tivesse ocorrido um dilúvio, não haveria petróleo ou carvão no planeta, uma vez que o risco de toda a matéria orgânica ter apodrecido seria grande.







Florestas, animais terrestres e aquáticos estariam mortos e, tanto a água quanto a atmosfera estariam envenenadas, somente propiciando o desenvolvimento de saprófitas.

Não daria tempo do planeta se recuperar de tal catástrofe e reorganizar a vida como ela é hoje.

Tão pouco, não é coerente a afirmação de que todas as espécies mesozóicas eram gigantes. Havia dinossaurios do tamanho de galinhas e de pardais. Por que Deus não ordenou que eles entrassem na arca?

Certamente, um anurognathus (veja aqui os pterossauros), que era um pequeno carnívoro devorador de insetos seria bem mais útil a nós que um pardal que é um devorador de sementes.









Sendo assim, o texto da senhora Ellen White não possui nada de científico ou de lógico, não devendo ser um parâmetro para tratar de temas relacionados ao desenvolvimento de animais ou plantas, suas características ou evolução.

MAIS ARGUMENTAÇÃO RELIGIOSA




Em entrevista, o biólogo Francis Futuyma para o Estadão responde questões acerca da teoria da evolução, a fim de elucidar um pouco ao leitor leigo a respeito do que ela trata e o que ela envolve.

Todavia, para variar, mais uma vez a militância criacionista age em prol de deturpar a pequena aula que o biólogo nos traz.

Os comentários possuem a impropriedade e a falácia típica do criacionismo, que ardilosamente, deturpa a singela explicação ora dada pelo cientista.

Douglas Futuyma, foi presidente da Sociedade Americana para o Estudo da Evolução e editor da revista científica especializada Evolution.

Ele é autor, entre outros livros, de Science on Trial: The Case for Evolution (Ciência em Julgamento: O Caso em Favor da Evolução), sobre o embate entre o ensino da evolução e do criacionismo, e de Biologia Evolutiva, uma das principais obras usadas no ensino da evolução nos cursos universitários brasileiros de Biologia.

Seguem:

Em preto a resposta de Futuyma;

em verde a réplica da entrevista;

em vermelho a tréplica a respeito dos comentários.


Como está a teoria da evolução hoje, 150 anos depois de sua formulação inicial?

Mais forte que nunca. ... [No] tempo de Darwin ... não sabíamos sobre DNA, sobre genes, não sabíamos como as características passavam dos pais para filhos. Agora, usamos DNA para entender melhor a evolução, e a evolução para entender melhor o funcionamento dos genes. Outro exemplo: Darwin sugeriu, em 1866, que humanos e chimpanzés vinham de um ancestral comum e agora sabemos, graças ao DNA, que ele estava certo, porque o DNA humano e dos chimpanzés coincide em mais de 90%.

[Com todo respeito a Futuyma, a quem considero um cientista bem mais equilibrado que o estridente Richard Dawkins, por exemplo, essa história dos 90% de semelhança genética entre humanos e chimpanzés é bastante controversa. O que ocorreu foi que a equipe de pesquisadores, dirigida por Morris Goodman, da Faculdade de Medicina da Wayne State University, comparou 97 genes de seres humanos, chimpanzés, gorilas, orangotangos e camundongos.

Os pesquisadores concluíram que os genes de chimpanzés e bonobos (gênero Pan) têm mais em comum com os genes humanos do que com os de quaisquer outros primatas. Dificilmente esses dados seriam suficientes para sustentar uma conclusão tão radical. Os pesquisadores compararam apenas 97 genes, porém o genoma humano (que foi mapeado em sua totalidade de uma maneira muito “geral”) tem pelo menos 30 mil genes – portanto eles compararam apenas 0,03 por cento do total! Além disso, os genomas dos primatas não foram nem sequer mapeados de maneira aproximada.

Assim, qualquer tentativa de comparar o DNA total atualmente é apenas uma hipótese. Como, de fato, os chimpanzés são mais semelhantes aos seres humanos do que outros macacos ou símios, por que isso não se refletiria em alguns de seus genes?

Não é surpresa que a anatomia parecida refletisse genes parecidos, porém isso nada tem a ver com a origem das semelhanças, seja no nível anatômico, seja no nível genético. A questão da ancestralidade comum versus projeto comum não se decide pelo grau de semelhança. O problema é que, embora equivocado, o número de 90% chama a atenção. O público em geral é levado a interpretar as reportagens como tendo dito que os chimpanzés são “90% humanos”. Aqui é bom lembrar o que disse o professor evolucionista Steven Jones: ele afirmou que as bananas compartilham 50 por cento de seus genes com os seres humanos, mas que isso não torna as bananas 50 por cento humanas! E sobre a tal ancestralidade comum entre humanos e macacos, é bom lembra, também, que a tal “árvore da evolução humana” vive sendo revisada e “ancestral” comum nunca foi encontrado.]

Com todo o respeito ao comentarista: Quanto mais semelhança genética entre as espécies, maior a proximidade entre elas.

O número que critica (97 genes num universo de 30 mil) se trata de uma comparação por amostragem, muito comum em estatística, quando possuímos um universo elevado de dados em nossa população.

As amostras possuem erros, os quais são estipulados em intervalos. Tais intervalos são estipulados conforme erros toleráveis, dependendo do objeto analisado. Com elas podemos ter um perfil do que se encerra tanto na população humana quanto na dos pongídeos analisadas.

Portanto, exigir que tudo seja analisado é, além de falta de conhecimento a respeito de execução de análise estatística, uma proposta descabida em termos de se coletarem dados a fim de se tecer qualquer parecer sob o objeto estudado.


Qualquer árvore evolutiva, de qualquer espécie não está completa. Estamos com apenas cerca de 200 anos de teoria da evolução e, como volto a repetir, muito se perdeu, pois fósseis são raros de acontecer.



Saber que uma espécie guarda semelhanças com outra, não significa que ela seja com base em percentuais tanto da outra (aliás, comentário bem infeliz de Steve Johnes). São apenas próximas.

Há que se lembrar que genes sejam de gente, de banana ou de pulga, são feitos da mesma coisa (adenina, timina, citosina, guanina, desoxirribose e fosfato - DNA). Assim, para se construir um ser vivo, certamente haverá entre eles muitos graus de semelhança.

Entenda que não temos nada de especial, que somos apenas mais uma espécie no Planeta Terra, que podemos ser extintos num piscar de olhos, bastando uma mudabnça climática brusca ou uma guerra nuclear.


Críticos da evolução costumam dizer que a teoria é um raciocínio circular, já que afirma “a sobrevivência dos mais aptos”, mas o único jeito de saber quem é mais apto é esperando para ver quem sobrevive...

Não se trata de um argumento forte. Os críticos dizem que só dá para saber quem é o mais apto depois que ele sobrevive. Mas sabemos que é possível um tipo de indivíduo ser mais abundante na espécie, mesmo se não for o mais apto.

Esse é um processo puramente aleatório, de variação dos genótipos (seqüências de DNA) dentro das populações. É um processo chamado deriva genética. E não é um processo de seleção natural.

Se você olhar para duas populações que começaram do mesmo jeito, uma delas poderá acabar diferente, por puro acaso, como num lance de dados. Isso elimina o argumento de que se trata de um raciocínio circular.

Além disso, é possível prever qual organismo se sairá melhor num determinado ambiente. Em praticamente toda edição da revista Evolution há um exemplo do tipo, onde pegamos uma característica de um organismo, prevemos como ela pode ajudar a sobrevivência em um determinado ambiente, e depois vemos que esse é exatamente o caso.

Não é preciso ser um gênio para entender que se há dois tipos de bactéria, e um deles é capaz de digerir uma substância e outro, não, se você colocá-los num ambiente com esse produto, um vai ganhar e o outro vai perder. Isso é evolução por seleção natural, e podemos prever seu resultado.

[Aqui está um clássico exemplo da frase que diz: “Darwin acertou no varejo e errou no atacado.” Os criacionistas (pelo menos os bem informados) não dizem que Darwin errou de todo.

A idéia da seleção natural explica bem a existência e prevalência de certos seres vivos em detrimento de outros, mas não explica a origem desses seres. O que se condena são as extrapolações hipotéticas feitas com base nesses dados, como a da ancestralidade comum de todos os seres vivos.]

A explicação para este tema é longa, de modo que não reste dúvidas. Envolve muitos conceitos referentes à genética, biologia celular, além da própria teoria da evolução.

Caso o comentarista tivesse percebido, há a deriva genética, que não é seleção natural. Uma explicação sobre o tema, em relação à humanidade é dada aqui.

O termo deriva genética refere-se ao fenômeno de flutuação puramente aleatória nas freqüências alélicas de uma população ao longo do tempo, como conseqüência de um efeito de amostragem.

Um alelo é cada uma das várias formas alternativas do mesmo gene ocupando um dado locus - posição - num cromossomo.

Para entender por que isso ocorre é preciso lembrar que o conjunto de genes de uma geração não é simplesmente uma cópia exata da geração precedente, mas sim uma amostra, sujeita a erros estatísticos, qual uma loteria genética.

Embora a deriva genética possa também ocorrer em grandes populações, como brilhantemente demonstrado pelo geneticista japonês Moto Kimura (aqui), seus efeitos são muito mais dramáticos em pequenas populações.

Veja o caso da rana pipiens. O isolamento, dependendo da distância em que os exemplares vivem uns dos outros, criou espécies distintas, cada qual adaptada ao seu meio.

A teoria da evolução aborda um processo de milhões de anos. Nesse período houve muitas mudanças no planeta e com ela nascimento e extição de muitas espécies e, daquelas que sobraram, deu-se a adaptação.

Assim, não há que se criar hipóteses sem qualquer base acertos no atacado ou erros no varejo.

Quanto a Darwin, à sua época, nada se conhecia a respeito de genética ou DNA e suas mutações. Assim, ele apenas baseou suas teorias em observações de espécies.

Somente a partir da década de 1950 é que foi possível um estudo mais profundo do DNA, genes e, por volta dos anos 1990, estudos mais detalhados sobre genomas de espécies e seus estudos comparados.


Existem quatro explicações normalmente oferecidas para a variação observada dentro de uma espécie e entre espécies diferentes: influências ambientais, mutação, recombinação e seleção natural.

1 - Influências ambientais:

Fatores ambientais podem produzir diferenças entre indivíduos, não por ocorrência da presença de novos genes, mas devido a genes já presentes na espécie. Esta variação não afeta a linhagem da espécie, pois esta se desenvolverá conforme o ambiente em que se encontrar.



2 - Mutação:

É um evento que dá origem a alterações qualitativas ou quantitativas no material genético. O modelo da teoria da evolução pressupõe o mecanismo da mutação, o qual produz o processo ascendente requerido em termos de complexidade, que se define pela dimensão mais ampla desta teoria. Aqui há um bom estudo sobre mutações.

O fenômeno da mutação divide-se em:

2.1 - mutação gênica ou de ponto:

São alterações muito pequenas que não afetam os cromossomos de maneira visível, pois envolvem alterações num número reduzido de nucleotídeos da molécula de DNA. Podem ser substituições de bases ou adições ou deleções de nucleotídeos na molécula de DNA.

2.2 - mutação cromossômica ou aberração cromossômica:

São mutações que alteram de maneira visível ao microscópio, seja o número, seja a estrutura dos cromossomos. Divide-se em:

2.2.1 - Numéricas: envolvem alterações no número cromossômico. Estas podem ser subclassificadas em euploidias e aneuploidias.

2.2.1.1 - Euploidias: um indivíduo ou célula diplóide normal tem dois genomas (2n). Euplóides são células ou organismos nos quais o número de genomas (n) ocorre em múltiplos inteiros (n, 3n, 4n, 5n, etc.).

2.2.1.2 - Aneuploidias: neste tipo de modificação, o número de cromossomos do genoma fica alterado, formando complementos somáticos que são múltiplos irregulares do genoma característico da espécie. Assim, o indivíduo tem cromossomos a mais ou a menos em um dos pares, mas não em todos.

2.3 - Mutações Estruturais: afetam a estrutura dos cromossomos, ou seja, o número ou o arranjo dos genes nos cromossomos. Podem ser subclassificadas em:

2.3.1 - Deficiência ou deleção: é a perda de uma porção maior ou menor do cromossomo, resultando na falta de um ou mais genes.

2.3.2 - Duplicação: é o produto da presença de uma porção extra de cromossomo, resultando na repetição de um ou mais genes.

2.3.3 - Inversão: ocorre quando, num determinado segmento de cromossomo, houver duas fraturas, seguidas da subsequente soldadura do fragmento mediano, agora, porém, colocado em posição invertida.

2.3.4 - Translocação: ocorre quando os fragmentos de um cromossomo são transferidos para outro cromossomo não homólogos.

A maioria das mutações é deletéria, mas a seleção natural é efetiva em eliminar as mutações mais destrutivas e preservar as benéficas.

Conseqüentemente o efeito resultante é para cima, melhorando a adaptação ao ambiente, e, portanto, levando à produção de novos genes, novas adaptações e mesmo novos sistemas de órgãos.

Desse modo, a variação genética se origina de mutações aleatórias que ocorrem no genoma dos organismos.

Mutações são mudanças na sequência dos nucleotídeos do genoma de uma célula, sendo causadas por radiação, vírus, transposons e substâncias químicas mutagênicas, assim como erros que ocorrem durante a meiose ou replicação do DNA.

Transposons são fragmentos de DNA linear com no mínimo 5 mil pares de bases. Suas extremidades são constituídas de seqüências complementares de nucleotídeos que variam entre 40 e 1000 pares de bases.

Os transposons são elementos genéticos móveis capazes de se inserirem em diferentes pontos do cromossomo bacteriano. Após inserir-se em um determinado sítio do cromossomo, o transposon pode deixar uma cópia neste sítio e inserir-se em outro ponto do cromossomo (transposição).

A transposição ocorre devido à presença, no transposon, de seqüências específicas de DNA denominadas seqüências de inserção (IS). As IS são pequenas seqüências de DNA com cerca de 1000 pares de bases de extensão e que codificam a enzima transposase, responsável pela transposição.

Os transposons codificam uma ou mais proteínas que conferem características como resistência a antibióticos, enterotoxinas e enzimas degradativas.


Esses agentes produzem diversos tipos de mudança nas sequências de DNA, que podem ser sem efeito, podem alterar o produto de um gene, ou alterar o quanto um gene é produzido. Estudos com a mosca-das-frutas, Drosophila melanogaster, apontam que cerca de 70% das mutações são deletérias (prejudiciais), sendo as restantes neutras (sem efeito) ou com pequeno efeito benéfico.


Devido aos efeitos danosos das mutações sobre o funcionamento das células, os organismos desenvolveram ao longo do tempo evolutivo mecanismos responsáveis pelo reparo do DNA para remover mutações.


Assim, a taxa ótima de mutação é resultado do balanço entre as demandas conflitantes para reduzir danos em curto prazo, como risco de câncer, e aumentar os benefícios em longo prazo de mutações vantajosas.


Grandes porções de DNA também podem ser duplicadas, fenômeno que funciona como fonte de material para a evolução de novos genes, sendo estimado que dezenas a centenas de genes são duplicados nos genomas de animais a cada milhão de anos.


A maioria dos genes pertence a famílias de genes homólogos, que partilham um ancestral comum, de forma semelhante ao que ocorre com linhagens de espécies.


Novos genes podem ser produzidos tanto por duplicação e mutação de um gene ancestral como por recombinação de partes de genes diferentes para formar novas combinações com funções distintas.


Por exemplo, quatro dos genes utilizados no olho humano para a produção de estruturas responsáveis pela percepção de luz, derivam de um ancestral comum, sendo que três desses genes atuam na visão em cores e um na visão noturna.


Uma vantagem na duplicação de genes (ou mesmo de genomas inteiros por poliploidia) é que sobreposição ou redundância funcional em vários genes pode permitir que alelos que seriam deletérios sem essa redundância sejam mantidos na população, aumentando assim a diversidade genética.


Mudanças em número de cromossomos também podem envolver a quebra e rearranjo de DNA entre cromossomos. Por exemplo, no gênero Homo, dois cromossomos se fundiram, formando o cromossomo 2 humano.


Essa fusão não ocorreu na linhagem dos outros grandes primatas (orangotango, chimpanzé, e gorila), e eles mantêm esses cromossomos separados.


O papel mais importante desse tipo de rearranjo dos cromossomos na evolução pode ser o de acelerar a divergência de uma população em novas espécies, por meio de uma redução na chance de cruzamento entre as populações, preservando as diferenças genéticas entre elas.

Seqüências de DNA que têm a capacidade de se mover pelo genoma, como transposons, constituem uma fração significativa do material genético de plantas e animais, e podem ter sido importantes na evolução de genomas.

Por exemplo, mais de um milhão de cópias de um padrão denominado seqüência Alu, estão presentes no genoma humano, e tem sido demonstrado que essas seqüências podem desempenhar um papel da regulação da expressão gênica.

Outro efeito dessas seqüências de DNA é que, ao se moverem dentro do genoma, elas podem mudar ou apagar genes existentes, gerando assim diversidade genética.

3 - Recombinação:


Recombinação é a mistura de genes que ocorre durante a meiose, para formação dos gametas. Essa recombinação é responsável pela singularidade de cada indivíduo de uma mesma espécie. A probabilidade de que dois indivíduos da mesma irmandade sejam iguais é praticamente zero.


Em organismos de reprodução assexuada, os genes são herdados todos juntos, ou ligados, dado que eles não podem se misturar com genes de outros organismos durante a reprodução.


Por outro lado, a prole de organismos sexuados contêm uma mistura aleatória dos cromossomos de seus pais, produzida por meio da segregação independente durante a meiose. No processo relacionado de recombinação gênica, organismos sexuados também podem trocar DNA entre cromossomos homólogos.


Esses processos de embaralhamento podem permitir que mesmo alelos próximos numa cadeia de DNA segreguem independentemente. No entanto, como ocorre cerca de um evento de recombinação para cada milhão de pares de bases em humanos, genes próximos num cromossomo geralmente não são separados, e tendem a ser herdados juntos.


Essa tendência é medida encontrando-se com qual freqüência dois alelos ocorrem juntos, medida chamada de desequilíbrio de ligação. Um conjunto de alelos que geralmente é herdado em grupo é chamado de haplótipo, e essa co-herança pode indicar que o locus está sob seleção positiva.


A recombinação em organismos sexuados ajuda a remover mutações deletérias e manter mutações benéficas. Conseqüentemente, quando alelos não podem ser separados por recombinação - como no cromossomo Y humano, que passa intacto de pais para filhos - mutações deletérias se acumulam.


Além disso, a recombinação pode produzir indivíduos com combinações de genes novas e vantajosas. Esses efeitos positivos da recombinação são balanceados pelo fato de que esse processo pode causar mutações e separar combinações benéficas de genes.

A taxa ótima de recombinação para uma espécie é, portanto, o resultado do balanço entre essas demandas conflitantes.

4 - Transferência horizontal de genes:

A transferência horizontal de genes é um processo pelo qual um organismo transfere material genético para outra célula que não a sua prole, em contraste à transferência vertical em que um organismo recebe material genético de seu ancestral.

A maior parte do pensamento em genética tem se focado na transferência vertical, mas recentemente a transferência horizontal tem recebido maior atenção.

5 - genética populacional:

De um ponto de vista genético, evolução é uma mudança de uma geração para a outra nas freqüências de alelos de uma população que compartilha um conjunto de genes.

Uma população é um grupo de indivíduos pertencentes a determinada espécie e que ocupa um espaço delimitado. Por exemplo, todas as mariposas da mesma espécie, que vivem numa floresta isolada representam uma população.

Um determinado gene nessa população pode ter diversas formas alternativas, que respondem por variações entre os fenótipos dos organismos. Um exemplo pode ser um gene para coloração em mariposas que tenha dois alelos: preto e branco.

O conjunto de todos os genes presentes em todos os organismos de uma determinada população é conhecido como pool gênico, sendo que no pool gênico cada alelo ocorre várias vezes. A fração de genes dentro desse conjunto que é um alelo em particular é uma quantidade denominada freqüência alélica, ou freqüência gênica.

A evolução ocorre quando há mudanças nas freqüências de alelos de uma população de organismos intercruzantes. Por exemplo, quando o alelo para a cor preta se torna mais comum numa população de mariposas.

Para entender os mecanismos que fazem com que uma população evolua, é útil considerar quais as condições necessárias para que a população não evolua.


Segundo o princípio de Hardy-Weinberg, as frequências de alelos numa população suficientemente grande irá se manter constante apenas se as únicas forças atuando na população forem a recombinação aleatória dos alelos na formação dos gametas e a combinação aleatória dos alelos nessas células sexuais durante a fecundação.


Uma população em que a freqüência dos alelos é constante não está evoluindo: a população está em Equilíbrio de Hardy-Weinberg.


Aqui e aqui há explicações sobre o assunto.

6 - Mecanismos de mudança evolutiva:

6.1 - seleção natural

Segundo a teoria da evolução, a mudança começa com o material genético fornecido por mutações casuais e recombinação.

A seleção natural é o processo que age sobre a casualidade da mutação e seleciona as características apropriadas para melhorar a adaptação dos organismos.


6.2 - deriva genética:

Deriva genética é a mudança na freqüência alélica de uma geração para a outra que acontece porque os alelos nos descendentes são amostras aleatórias dos presentes nos progenitores.


Em termos matemáticos, os alelos estão sujeitos a erros de amostragem. Como resultado disto, quando forças seletivas estão ausentes ou são relativamente fracas, freqüências alélicas tendem a "andar à deriva" para cima ou para baixo ao acaso (numa caminhada aleatória).


Esta deriva termina quando um alelo eventualmente fique fixado, quer por desaparecer da população, ou por substituir completamente todos os outros alelos.


A deriva genética pode assim eliminar alguns alelos de uma população meramente devido ao acaso, e duas populações separadas que começaram com a mesma estrutura genética podem divergir para duas populações com um conjunto diferente de alelos.


O tempo necessário para que um alelo se fixe por deriva genética depende do tamanho da população, com a fixação acontecendo mais rapidamente em populações mais pequenas. A medida mais importante para este caso é o efetivo populacional, que foi definido por Sewall Wright como o número teórico que representa o número de indivíduos reprodutores que exibem o mesmo grau de consangüinidade .


Apesar da seleção natural ser responsável pela adaptação, a importância relativas das duas forças, seleção natural e deriva genética, como motores de mudança evolutiva em geral, é uma área de pesquisa atual em biologia evolutiva.


Estas investigações foram desbancadas pela teoria neutral da evolução molecular, que propôs que a maioria das mudanças evolutivas resultam da fixação de mutações neutrais que não têm efeitos imediatos na aptidão de um organismo.

Daí que, neste modelo, a maioria das mudanças genética resulte da constante pressão mutacional e deriva genética.

Aqui e aqui há esquemas explicativos a respeito de deriva genética, e aqui há uma explicação melhor sobre o tema.

6.3 - fluxo gênico:

Fluxo gênico é a troca de genes entre populações, que são normalmente da mesma espécie. Exemplos de fluxo gênico entre espécies incluem a migração seguido de cruzamento de organismos, ou a troca de pólen.


A transferência de genes entre espécies inclui a formação de híbridos e transferência lateral de genes.


Migração para dentro ou para fora de uma população pode mudar as freqüências alélicas. Imigração pode adicionar material genético novo para o pool genético já estabelecido de uma população.


Por outro lado, emigração pode remover material genético. Barreiras à reprodução são necessárias para que as populações se tornem em novas espécies, sendo que o fluxo génico pode travar este processo, espalhando as diferenças genéticas entre as populações.


Fluxo gênico é impedido por barreiras como cadeias montanhosas, oceanos ou desertos ou mesmo por estruturas artificiais como a Grande Muralha da China, que tem prejudicado o fluxo de genes de plantas.


Dependendo de quanto é que duas espécies divergiram desde o seu ancestral comum mais recente, pode ainda ser possível que produzam descendência, tais como é exemplificado pelo cruzamento entre cavalos e burros, produzindo mulas.



Tais híbridos são geralmente inférteis, devido à impossibilidade dos dois conjuntos de cromossomos se emparelharem durante a meiose.


Neste caso, espécies próximas são capazes de se cruzar regularmente, mas os híbridos serão selecionados contra e as espécies permanecerão separadas. Contudo, híbridos viáveis podem formar-se ocasionalmente e mesmo formar novas espécies.


Estas novas espécies podem ter propriedades intermédias entre as espécies parentais ou possuir fenótipos totalmente novos. A importância da hibridização no processo de criação de novas espécies de animais não é clara, apesar de haverem alguns casos conhecidos em muitos tipos de animais, sendo a espécie Hyla versicolor um exemplo particularmente bem estudado.


No entanto, a hibridação é um importante meio de especiação em plantas, uma vez que a poliploidia (ter mais do que duas cópias de cada cromossomo) é tolerada em plantas mais prontamente do que em animais.


A poliploidia é importante em híbridos porque permite a reprodução, com cada um dos conjuntos de cromossomos capaz de emparelhar com um par idêntico durante a meiose.


Os poliplóides também têm mais diversidade genética, o que permite que evitem depressão de consangüinidade em populações pequenas.


A transferência gênica horizontal é a transferência de material genético de um organismo para outro que não é seu descendente. Isto é mais comum em bactérias.


Em medicina, isto contribui para a disseminação de resistência a antibióticos, porque assim que uma bactéria adquire genes de resistência eles podem-se transferir rapidamente para outras espécies.


Também é possível que tenha ocorrido transferência horizontal de genes de bactérias para eucariontes como a levedura Saccharomyces cerevisiae e para o escaravelho Callosobruchus chinensis, por exemplo.


Os vírus também podem transportar DNA entre organismos, permitindo a transferência de genes mesmo entre domínio.


A transferência de genes também ocorreu entre os ancestrais das células eucarióticas e procariontes, durante a aquisição do cloroplasto e da mitocôndria.



Aqui há uma explicação sobre o tema.

Desse modo, há muitas formas e fatores conjuntos capazes de explicar a diversidade dos seres vivos de forma plausível e não calcada em mítica religiosa ou má retórica por parte de pseudocientístas.

Também há quem diga que não é possível testar a evolução, para saber se ela está certa ou errada.

Isso também é falso. Vamos pegar a questão da evolução no esquema mais amplo, que é a proposição de que todos os organismos evoluíram, por descendência com modificações, de um ancestral comum. Eu e as árvores lá fora, e as bactérias em meu aparelho digestivo, todos viemos de uma única forma de vida ancestral que deu origem a toda a variedade atual. Isso ocorreu ao longo do tempo, a um ritmo determinado, é claro. Não dá para tirar um mamífero de uma bactéria de uma hora para a outra, deve haver passos intermediários. Então, entendemos que as formas de vida mais recentes não podem ter ocorrido muito cedo na história da evolução. Portanto, se você conseguisse encontrar fósseis de mamíferos, indisputáveis, de 400 milhões de anos, isso causaria muita dor e sofrimento, porque os biólogos diriam “não pode ser”. Então, essa é uma observação possível, um teste, que forçaria a uma revisão completa da teoria da evolução.

[Tudo bem que ainda não foi encontrado um fóssil de mamífero em extratos geológicos nos alegados 400 milhões de anos. Mas, como o próprio Futuyma admite: “Não dá para tirar um mamífero de uma bactéria de uma hora para a outra, deve haver passos intermediários.” ]

Os tão procurados "passos intermediários" se encontram dentro das espécies, geração após geração, conforme acima explicado.

O tal fóssil de mamífero de 400 milhões de anos jamais será encontrado, pelo simples fato de que ele não existia a esta época, como jamais será encontrado um fóssil de dinossauro com 6 mil anos.

[O que dizer, então, da “explosão cambriana”? Um trilobita, por exemplo, era quase tão complexo quanto um mamífero. Pelo menos em nível bioquímico, era. Ele era pluricelular (e suas células possuíam toda complexidade para funcionar como as células atuais), se reproduzia sexualmente (com toda complexidade envolvida nessa forma de reprodução) e tinha até olhos de calcita. O problema (para o modelo evolucionista defendido por Futuyma, é que não existem “passos interemediários” de trilobitas no Pré-cambriano...]

Trilobitás, polvos, lulas, celenterados, artrópodes e vermes cambrianos assemelhavam-se ao que existe nos dias de hoje.

Porém, quase toda essa fauna como ela apareceu ela se foi. Desse modo, muitas espécies sumiram (foram extintas) e, as que sobraram, seguiram seu curso, adaptando-se ao meio em que viviam.

A Explosão Cambriana desperta a curiosidade dos cientistas, que questionam como a vida teria, após milhões de anos de estabilidade e pouca diversidade, subitamente gerado organismos tão diversos em um espaço tão curto de tempo, e por que isto jamais voltou a ocorrer.

Alguns argumentam que, após milhões de anos gerando oxigênio através da fotossíntese, as algas tenham permitido o surgimento de organismos aeróbicos complexos, que demandavam de mais oxigênio para suas atividades do que as medusas e esponjas.

Outros sugerem que cargas excepcionais de radiação emitidas por fontes externas tenha provocado mutações genéticas em altos índices, ocasionando as mudanças morfológicas aleatórias observadas nos fósseis.

Os animais mostraram uma diversificação dramática durante este período da historia da terra. Isto foi chamado "a explosão cambriana".

O maior registro de grupos animais ocorreu durante os estágios Tomotiano e de Atdabaniano do Cambriano superior, um período de tempo que pode ter sido tão curto quanto cinco milhões de anos! Os animais encontrados em todo o mundo são os anelídeos, artrópodes, braquiópodes, equinodermos, moluscos, onychophorídeos, esponjas, e priapulideos.

Boa parte dessa diversidade (estima-se em 85% de toda a vida no planeta) se extinguiu ainda no Cambriano, há cerca de 490 milhões de anos, e alguns planos de organização nos animais jamais foram vistos novamente.

Sua extinção em massa é mais facilmente explicada através de uma mudança brusca no clima do planeta (uma glaciação, ou um efeito estufa, talvez o impacto de um asteróide), que teria abalado os ecossistemas adaptados às condições anteriores, e selecionado organismos mais adaptáveis a essas mudanças.

Aqui, aqui e aqui há explicações interessante sobre a explosão cambriana.


O debate entre evolução e criacionismo, se evolução deve ser ensinada nas escolas, se o criacionismo deveria ser ensinado por professores de ciências, causa muita polarização, muita polêmica, desencadeia discussões apaixonadas. A evolução parece ser o único tema, no currículo de ciências, a provocar reações tão extremas. Por quê?

É precisamente porque as pessoas resistem muito à idéia de que surgimos por meio de um processo puramente material, a partir de outras formas de vida. É uma idéia que preocupa. É vista como uma ameaça à dignidade humana, talvez. E também uma ameaça às crenças religiosas, porque as crenças religiosas dizem que os seres humanos são muito especiais, foram deliberadamente criados por um Criador bondoso que se importa com elas. Enquanto que a explicação científica para a origem dos seres humanos entra em conflito com esse ponto de vista. Creio que é por isso que a evolução causa uma reação tão emocional.

[Aqui, o biólogo cai no lugar comum de polarizar a questão como sendo ciência versus religião, ignorando o fato de que muitos cientistas que se pautam pelo método científico discordam das premissas básicas extrapolativas do darwinismo. Mas Futuyma está certo quando afirma que a visão darwinista rebaixa o ser humano. Na verdade, como disse alguém, essa visão humaniza os macacos e “macaquiza” o ser humano.]

Não é ciência X religião; é religião X ciência, e essa questão quem polariza como um conflito, são os religiosos.

Qual é o cientista fora do âmbito criacionista, que discorda da teoria da evolução? Não há premissas nessa teoria que extrapolem qualquer coisa, uma vez que se pautam de início, em registros fósseis e, a partir da década de 50, em evidências genéticas.

A visão darwinista não rebaixa o ser humano. Simplesmente explica o que ele é, diferentemente da religião, que o reveste de toda uma aura de ser especial feito à imagem de um criador, conforme o tronco judaico-cristão-islâmico prega.

Seres humanos são primatas, exatamente como os pongídeos, catarrinos, platirrinos e outros grupos de símios. Porém, somos diferentes deles, como é fácil de se notar.



Nossa mente é cognitiva e criativa e somos capazes de raciocinar de modo a extrapolar formas de pensamento (matemática).

Teoria da evolução não nos macaquiza e nem humaniza os demais primatas. Ela simplesmente explica o que somos, como somos e porque somos, por processos meramente naturais, sem envolver a questão divina.


Mas essa ameaça é real? O sentimento humano de ser protegido por um Criador onipotente está mesmo sob ameaça da teoria da evolução, ou se trata de um mal-entendido?

Creio que é possível aceitar a evolução totalmente e, ao mesmo tempo, preservar crenças religiosas e teológicas. E digo isso porque há milhões de pessoas que fazem isso. Incluindo inúmeros cientistas, que aceitam a religião, têm sentimentos religiosos, e aceitam as evidências a favor da evolução, incluindo a evolução da espécie humana. Um de meus melhores alunos de doutorado, que hoje é um biólogo evolucionista muito produtivo, é católico devoto e praticante. O papa anterior (João Paulo II) escreveu um documento dizendo que a evidência a favor da evolução é tão forte que a teoria deveria ser aceita como mais que pura especulação. No entanto, o papa disse que isso não significa que existe uma explicação biológica para a parte mais íntima do ser humano, a alma. Ele reserva uma parte para a religião. Creio que muitos líderes religiosos, e muita gente religiosa, não têm problema nenhum com a evolução. A Igreja Católica tem aceito a evolução há muito tempo. No entanto, é claro que isso significa que há certas afirmações específicas na Bíblia que não são literalmente compatíveis com a evolução. Mas também não são compatíveis com física, geologia, ou astronomia, ou nenhuma das outras ciências. Se você acredita que o mundo foi criado em seis dias, ou se acredita que o mundo foi criado há 100.000 anos, isso não é aceitável para astrônomos, geólogos ou físicos. Você tem de estar preparado para reinterpretar os textos religiosos, o que é exatamente o que os teólogos fazem. Bons teólogos não acreditam que tudo que aparece escrito nas versões em inglês, em português ou espanhol da Bíblia é para ser tomado exatamente como verdade literal.

[O papa João Paulo II estava duplamente errado: o ser humano não possui alma; ele é uma alma (nephesh = ser vivente), segundo a descrição bíblica da criação, em Gênesis. Essa idéia dualista (corpo/alma) é de origem pagã e foi adotada pelo catolicismo há muito tempo. E o papa estava errado também em tentar conciliar a Bíblia com o darwinismo. Isso é impossível para aqueles que aceitam o princípio protestante do Sola Scriptura.]

O principio Sola Scriptura é uma interpretação literal da bíblia.

Segundo a Reforma (século XVI) é o principio no qual a Bíblia tem primazia antes a Tradição legada pelo magistério quando, os princípios doutrinários entre estas e aquelas forem conflitantes.


Nada mais equivocado, uma vez que a bíblia não é instrumento hábil a se opor a nada, uma vez que foi criada em um contexto sócio-econômico e cultural bem diferente daquele existente durante e após a idade média, principalmente no que se refere ao velho testamento.

Na Reforma, não se rejeita a Tradição, ela continua a ser usada como legitimadora para qualquer assunto omitido pela Bíblia. Ou seja, a tradição deve falar mais alto que pesquisas e descobertas científicas.


No movimento considerado historicamente como radical do século XIX, esse principio ganhou um significado, passando a ser entendido ao pé da letra, adotando-se a idéia de que a "A Escritura interpreta a própria Escritura.", bem como a que a mesma era "suficiente como única fonte de doutrina e prática cristãs" em todos aspectos.


Devido a esse novo significado, passou-se a chamar o entendimento anterior reformado de "Prima Scriptura".


A fim de que alguém, seja qualquer coisa em termos religiosos, não precisa se manter aparte das descobertas científicas e principalmente se negar a entender que o mito é o que predomina nas histórias religiosas sobre criação.

Tanto o papa, como os adeptos do princípio sola scriptura se equivocam. Teoria da evolução, ou qualquer outro ramo da ciência nada tem a ver com bíblia. É uma situação aparte da questão religiosa.

Ser cientista não significa negar a fé ou a ideologia que se é adepto. Quem pregar ao contrário raciocina de modo falacioso (falso dilema).

A religião não possui necessidades de ser provada como verdadeira, seja pela lógica formal, seja pela lógica da argumentação. Basta que ela cuide do que pertence a sua alçada e deixe de lado aquilo que pertence à seara da ciência.

Quanto á questão de uma teoria da evolução teista, esta não passa de bobagem, tal como o é o criacionismo e o DI.


Não há que se inserir o elemento divino como resposta aos problemas de cunho meramente natural como aqueles abarcados pela ciência.


(Clique aqui e saiba por quê.)


Nio link acima, o qual trata da teoria da evolução teísta, apesar de pregar a igualdade entre todos em conformidade com a bíblia, há diversos equívocos no que concerne a associar a teoria da evolução com o darwinismo social e a rejeição dos mandamentos bíblicos.


O raciocínio parte de uma petição de princípio, conforme segue: "Se partirmos da premissa de que Deus é o Criador, mas Se utilizou de processos evolutivos para trazer a vida como a conhecemos à existência, a primeira a ser atingida por esse raciocínio “conciliatório” é a Bíblia. "


Tal forma de argumentação não é indicada em ciências naturais, uma vez que não traz evidências de nada. Princípios são diferentes de petições de princípio. Estas são o ponto de partida para se construir uma teoria, mas não são observáveis na natureza, ao contrário daqueles.



Se a espécie humana evoluiu, tem significado o importante conceito “todos são criados iguais”? E como a regra áurea “fazei aos outros o que quereis que vos façam” encontra significado na sociedade, se a “sobrevivência dos mais aptos” tem sido responsável por trazer a humanidade ao seu presente estado de inteligência superior? As duas idéias não parecem ser compatíveis. Aliás, se a teoria evolucionista estiver correta, nem ao menos poderemos estar certos de que a “raça” branca, a “raça” negra, ou qualquer outra “raça” não seja inferior.


A igualdade a ser pregada entre os homens é a igualdade em seus direitos, uma vez que o fato de haver fenótipos ou genótipos distintos não é fator para que se dê a desigualdade social.


Humanos são diferentes em seus fenótipos, genótipos e culturas. No passado, quando vivíamos em estado de natureza, os humanos mais aptos ao meio sobreviveram e tiveram maiores oportunidades de se reproduzir e aprimorar a nossa espécie.


Hoje não mais vivemos nesse estado e assim podemos respeitar e cuidar de nossos idosos, deficientes, proteger culturas distintas da nossa e preservar os humanos que vivem em estágios inferiores de civilização. Ou seja, devemos tratar os desiguais na medida de sua desigualdade.


Não há raça mais ou menos evoluida, mas culturas mais ou menos avançadas de acordo com o padrão ocidental.


Portanto, isso em nada atenta contra qualquer princípio bíblico.


No mais, o link se resume em pregar a conceituação cristã, tentando opô-la a teoria da evolução como se esta negasse qualquer princípio religioso, o que é uma grande bobagem.


Mais uma vez, há a falácia do falso dilema, ou seja, se você acretita em teoria da evolução, então você nega Deus. Um ponto nada tem a ver com o outro, pois posso ser um evolucionista sem deixar de crer em divindades ou no sobrenatural, pois essa é uma questão de foro íntimo, diferente daquela que é uma questão de cunho científico.


Mais uma vez, o acaso não faz nada. Reações químicas ocorrem pois existem razões para tal e seres vivos se adaptam ao meio pois este lhes solicita como a espécie deve ser para sobreviver. O acaso apenas existte no que se refere a acidentes naturais (furacões, maremotos, terremotos, vulcanismo, queda de corpos celestes, emissão de campos magnéticos, glaciações, etc.). Porém, jamais o acaso age diretamente no que se refere aos rumos que uma espécie irá tomar.


Todavia, em um ponto concordo com o comentarista: Evolução teísta é uma tolice. Tolice semelhante ao DI e ao criacionismo, pois, como estes, não passa de pseudociência.


[Curiosamente, as ciências que foram “infectadas” pela visão evolucionistas acabam entrando em atrito com as Escrituras, como é o caso da Geologia e sua “geocronologia padrão”. Por outro lado, diversos fatos corroborados pela ciência experimental estão em perfeito acordo com a Bíblia. No fim de sua resposta, Futuyma revela sua visão teológica liberal, elogiando os teólogos que não aceitam as Escrituras como “verdade literal”. Reinterpretar ou relativizar a Bíblia quando diante de alguma teoria discrepante torna fácil acomodar a religião à ciência...]

Não, as ciências não foram infectadas pelo vírus da teoria da evolução. As ciências se desvencilharam dos grilhões da religião, a qual é infectada pela má retórica, pela resistência em acatar que estão erradas ao quererem discutir matérias pertencentes ao campo científico e pela arrogância de seus seguidores em proclamarem que sua ideologia é a verdade suprema, acima mesmo de evidencias que confirmam ser essa certeza um grande equívoco.

As ciências entenderam a plausibilidade da teoria da evolução em detrimento da fantasia das escrituras. Estas é que passaram a entrar em atrito com aquela.

Resta-me uma pergunta: o quê dentro da ciência experimental está de acordo com a bíblia? Esta não se trata de um compêndio científico, mas de um livro onde existe o mito relacionado à história, exatamente como os vedas, o corão, bem como fazem todas as lendas e crenças religiosas.

Escrituras não devem ser entendidas literalmente. Devem ser entendidas conforme o contexto social em que foram criadas.

Mas as religiões pararam de perseguir astrônomos há séculos, enquanto que professores de biologia ainda encontram problemas. A resistência às novas verdades científicas que vêm da biologia é maior por quê...?

É por causa do conteúdo emocional, eu acho. As pessoas não se preocupam muito se a física entra em conflito com a Bíblia, mas creio que, porque são humanas, elas se preocupam com a biologia. Mas eu gostaria de destacar que são apenas algumas lideranças religiosas, e algumas pessoas religiosas, que condenam a evolução. Nos países onde a maioria da população é católica, como Espanha, Portugal, ou na maior parte da América Latina, não há conflito. O conflito surge onde há versões fundamentalistas do cristianismo, que tomam a Bíblia literalmente.

[Ou seja, os que adotam a teologia liberal não vêem contradição entre o darwinismo e a Bíblia. O problema são os “fundamentalistas”...]

Sim, o problema são os fundamentalistas protestantes e católicos dentro do cristianismo e os fundamentalistas islâmicos no oriente médio, bem como os fundamentalistas judeus.

O que essas pessoas não entendem é que seres humanos, animais, plantas, rochas, etc, tudo faz parte do planeta Terra.

Nenhuma espécie está aqui para nos servir em nada. Simplesmente somos uma espécie que se deu bem em tornar-se inteligente e assim poder dominar as demais.

Entretanto, isso nos deu o encargo de sermos obrigados a cuidar do planeta a fim de que todos sobrevivam, pois é direito das demais espécies viverem e é nosso dever cuidar delas, sob pena de nós mesmos perecermos.

Fundamentalismos religiosos parecem se recusar a entender que seres vivos, no que se refere aos seus instintos, são organismos biológicos. Não há espíritos ou deuses comandando as ações destes seres.

Fundamentalistas parecem querer que o conhecimento científico se dobre às suas crenças. Mas isso é impossível, uma vez que os mitos de criação e de especialidade do ser humano há muito foram derrubados. São apenas alegorias e metáforas a fim de explicar o que não se compreendia há alguns milhares de anos.

Mas os fundamentalistas insistem em interpretar isso literalmente, como uma verdade absoluta. Daí o conflito deles com a ciência e não o contrário.


Futuyma prossegue: “Quando se propõe que a ciência aceite explicações religiosas, aí você tem idéias que não podem ser testadas. Ao postular que algo foi causado por um ser sobrenatural, ninguém tem a menor idéia de como determinar se essa é uma explicação verdadeira ou falsa. E se você pode dizer que um ser sobrenatural é responsável por esse evento em particular, por exemplo, a origem dos seres humanos, então você pode dizer que ele é responsável por tudo, pelo terremoto que aconteceu na China. Gostaríamos de parar de tentar entender os terremotos, porque alguém disse que há uma causa sobrenatural? A ciência tem de se manter materialista em suas explicações, o que não significa que a visão de mundo do cientista tenha de ser materialista. O materialismo não cabe quando o assunto é amor, ou ética, mas quando tentamos entender o mundo natural, é essencial.”

[O biólogo acerta quando diz que a ciência tem que ser materialista, enquanto metodologia, mas isso não significa que o cientista tenha que adotar uma filosofia materialista que nega tudo que esteja fora do escopo e da mensuração científica. Mas ele também “embola” tudo quando fala do terremoto na China. Aqui nota-se como faz falta uma correta compreensão da teologia bíblica...]

Futuyma faz uma abordagem correta sobre a temática ora questionada pelo comentarista. A ciência tem de ser materialista, sob pena de se tornar estanque no momento em que esbarrar com a questão divina.

Não há qualquer menção por parte de Futuyma que um cientista deva ser um materialista, exceto na hora de seu trabalho. Aqui temos a falácia do falso dilema, bem como má compreensão do que Futuyma disse.

Não há falta de entendimento bíblico por parte de Futuyma, uma vez que ele apenas menciona o fato de que o sobrenatural deve estar excluído de qualquer estudo de cunho científico, pois do contrário, este estaria prejudicado devido ao ponto estanque que surgiria á medida que se aprofundasse.

Os terremotos já foram compreendidos como manifestações divinas por nossos antepassados. Como resolviam tal dilema a fim de aplacar a ira dos deuses? Era por meio de cultos, oferendas e sacrifícios animais e humanos.

Realmente, ao dizermos que Deus fez a vida ou o mundo é o mesmo que dizer ser ele o responsável pelo terremoto na China. Como testar tal hipótese? É simplesmente impossível, pois não há nada em ciência que confirme ser esta criatura responsável ou não por algo.

Mas movimentos tectônicos e cadeia de fósseis explicam porque se dão os tereemotos e de onde pode ter vindo determinada espécie.


Se o Brasil vier a viver uma radicalização como a que existe nos EUA em torno do ensino da evolução e do criacionismo, qual seria seu conselho aos cientistas e professores brasileiros?

Meu conselho seria que os cientistas venham a público, que tentem educar a população sobre essas questões. Eles têm de tentar explicar a diferença entre uma abordagem científica e uma abordagem não científica. Eles têm de tentar explicar às pessoas que dependemos da ciência para avanços tecnológicos com muitos resultados práticos. ... É preciso que todos os cientistas tentem explicar às pessoas qual é a natureza da ciência, e manter a ciência separada da religião. Não para fazer pouco caso da religião. As pessoas têm sua liberdade de crença religiosa, mas precisam entender que isso tem de ficar do lado de fora da aula de ciências. Assim como a ciência deve ficar fora dos ensinamentos das igrejas sobre moralidade. Creio, ainda, que os cientistas devem fazer todo o esforço para contestar as alegações feitas por criacionistas. Então, se houver algum criacionista, algum defensor do design inteligente (movimento que propõe que a vida é complexa demais para ter surgido por meios estritamente naturais), alguma figura religiosa que vá à televisão para fazer alegações falsas sobre a evolução, então os cientistas devem procurar o canal de TV, a revista, ou o veículo que for, e dizer, não, isso é errado, não é o que entendemos do ponto de vista científico, e aqui está o que é correto, e eis o porquê.

[Futuyma não precisa se preocupar com isso. Como escreveu G. K. Chesterton, há cem anos, em seu livro Ortodoxia, “não será necessário que ninguém lute contra a censura da imprensa. Nós temos a censura pela imprensa”. Como? Apenas um exemplo: o articulista Marcelo Leite, da Folha de S. Paulo, disse certa vez que eles simplesmente não dão espaço aos criacionistas. Futuyma se preocupa com possíveis alegações falsas de criacionistas na mídia, mas o que dizer das muitas alegações falsas sobre o criacionismo que já foram publicadas por aí? Não se preocupe, Futuyma, a maré midiática não está a favor dos “fundamentalistas”.]

Não deve mesmo ser dado espaço para criacionistas, uma vez que o que mais sabem fazer é serem ardilosos e travestir religião como ciência. Ao em vez de informarem, desinformam as pessoas.

A imprensa deve prestar serviços de educação, sendo um secundário ao ensino, informar bem e corretamente seu leitor ou ouvinte.

Jamais deve ser sensacionalista, como o que vemos hoje em relação à infeliz abordagem referente ao crime que entristeceu o País, nem tão pouco prestar desserviços abordando pseudociência como alternativo de trabalho duro por parte de cientistas sérios.

O fito do criacionismo e de seu correlato o DI é meramente proselitista cristão. Não possui nada de científico nem de alternativo a qualquer ramo da ciência.

Imaginemos se curandeiros, astrólogos e tarólogos, se valendo de todo um jargão científico resolvam por em prática suas teorias. Teríamos uma maré de superstição pior do que a existente.

O criacionismo se enquadra na mesma situação. Apenas se traveste de ciência, mas sua construção é fraca, servindo apenas para pessoas leigas serem iludidas com sua falsa ciência.


E o biólogo conclui: “Minha mensagem para os cientistas, então, seria: reconheçam a humanidade das pessoas. Tentem mostrar a elas que é possível conciliar o ponto de vista científico com o religioso, em vez de criar uma dualidade. Mas é claro que muitos religiosos, principalmente evangélicos fundamentalistas, insistem nessa dualidade. Insistem que é preciso escolher.”

[Isaac Newton era “fundamentalista” (até cria nas profecias de Daniel e Apocalipse, veja só!) e, juntamente com outros “fundamentalistas” como Galileu e Copérnico, nos legou o método científico. Eles, assim como os criacionistas bem informados de hoje, não propõem o dualismo ciência/religião ou que tenhamos que escolher entre uma ou outra. Propõem, sim, uma correta interpretação dos dados científicos e uma correta interpretação das Escrituras. Esse esforço trará a devida compatibilização de ambas as áreas, afinal, foi Deus quem as estabeleceu.]

Pela época em que os cientistas citados viveram, não se poderia esperar comportamento diferente.

Era uma época em que a metafísica se mesclava à ciência (basta sabermos que boa parte dos sábios do passado era alquimistas).

O comentário encerra uma falácia do falso dilema, pois um sujeito pode ser cientista e ao mesmo tempo religioso, sem que uma coisa afete a outra.

O grave problema que existe com a teoria da evolução, da teoria da origem da vida e do big bang se trata de que estas teorias não se coadunam às escrituras. Caso se curvassem ao que dizem as escrituras tudo bem; do contrário são fantasias humanas para excluir o divino da explicação de por que tudo é assim.

Há que se considerar que escrituras sejam bíblicas, indianas, budistas ou qualquer outra, não se tratam de compêndios científicos, mas apenas de mitos mesclados a fatos históricos. Assim, não se pode tomá-las cegamente como realidade.

Desse modo, traçar a ciência com parâmetros calcados em mítica religiosa, se trata de uma grande estupidez, além de um desastre para a ciência.

Ciência não lida com mitos, mas com observações do mundo real palpável. Jamais houve qualquer confirmação de que deuses existam ou não existam, todavia, estes estão cada vez mais se afastando no que concerne a explicações que considerem o mundo natural.

A influência do divino é algo de cunho altamente subjetivo, que varia de indivíduo para indivíduo e de cultura para cultura, não podendo uma crença se sobrepor a outra como uma verdade suprema.

[Deixo um último desfio para o Futuyma e os leitores darwinistas deste blog: O que as evidências contrárias à teoria da evolução significam num contexto de justificação teórica? Que tal abordá-las se atendo somente ao atual status epistêmico da teoria da evolução?]

Respondo seu desafio:

Evidências contrárias significam que não compreendemos ainda essa teoria como um todo e assim seu corpo teórico está ainda em construção.

Tais evidências não dão azo a que marolas metafísicas como criacionismo e design inteligente ganhem status de ciência ou de teoria alternativa, uma vez que nada a seu favor se confirma.

Ambas não passam de pseudociência, uma vez que apenas se apóiam em deficiências de determinadas teorias, sem nada de concreto trazer para que seu corpo teórico se construa, além de possuírem cunho fortemente religioso cristão de linha protestante e terem seu pilar calcado no dogma da existência de Deus.

Ciências se constroem com estudos, trabalho, dedicação, erros e acertos, não com falácias, sofismas, má retórica e subjetivismo religioso.