quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Criacionista frustrado ataca projeto Catavento cultural


Não é de hoje que a desonestidade e a leviandade criacionistas são abordadas e denunciadas por este blog.

Agora, o ataque é direcionado a Semana Darwin promovida pelo Catavento Cultural e Educacional  (O Catavento Cultural e Educacional é o espaço de ciência e tecnologia da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo), acusando o projeto de "catequisação darwinista" como forma de educar crianças para que nas universidades não ajam contra ou questionem os "dogmas darwinistas".




A pérola saiu daqui:

Nossos promotores tupiniquins da ignorância ainda acusam o Estado de apoio incondicional à ideia, como se o Estado apoiasse uma seita religiosa em detrimento daquelas que os criacionistas professam.

A semana Darwin possui a seguinte programação:

1 - de 05 de fevereiro a 10 de março a exposição "Darwin:Evolução para todos", organizada pelo Museu de Zoologia da USP. Falará sobre sua passagem pelo Brasil e as espécies que aqui coletou.

2-  23 e 24 de fevereir; Evolução e biodiversidade que serve para toda a família. Os exemplos aboradados serão aqueles observados pelo naturalista britânico como os tentilhões.

3 - 23 e 24 de fevereiro; teatro de bonecos: Darwin e a bicharada. Abordará o que o naturalista gostava de fazer em sua infância, juventude e sua viagem ao redor do mundo.

Todavia, os opositores da teoria evolutiva já iniciam deturpando a iniciativa do Catavento afirmando que [Seria bom que as crianças aprendessem que esses são exemplos de microevolução que não respaldam a hipótese macroevolutiva de Darwin e seus seguidores.] e [vão falar que ele era teólogo?].


Para a primeira acusação, vale salientar que, de fato os exemplos que Darwin colheu nas Ilhas Galápagos eram assentados na microevolução, que foi de onde nasceram as bases da teoria evolutiva.






Aqui me valerei de uma explicação dada no site Evolucionismo:

Criacionistas têm realmente muita dificuldade, tanto em compreender, como em aceitar os conceitos e evidências da biologia evolutiva e da paleontologia, muitas vezes se apropriando de termos e expressões científicas apenas para distorce-los. 

Muito da oposição dos criacionistas mais tradicionais advém (pelo menos alegadamente) da incapacidade de observarmos a macroevolução, o que não é verdade. 

Essa objeção é obviamente tendenciosamente explorada por eles, já que boa parte de nosso conhecimento, depende de evidências indiretas, para se chegar a conclusões sobre nosso passado. 

Na verdade muitas das crenças particulares que eles defendem, como muitas outras que partilham com todos nós, são dependentes de documentação, artefatos e restos biológicos, todas evidências indiretas e históricas, investigadas por historiadores, arqueólogos e antropólogos.


A biologia evolutiva apenas expande o horizonte temporal a partir dos conhecimentos das ciências da terra e planetárias, como a geologia, que em última instância são muito bem calcadas na química e na física experimental e teórica (incluindo astrofísica e cosmologia). 

Mas pior do que isso é simplesmente constatar que boa parte da ciência experimental, como a física de partículas por exemplo, dependem também de evidências indiretas adquiridas em experimentos bem complicados orientados por teorias muito bem pensadas. 

Então, o fato de não podermos observar alguns dos eventos macro-evolutivos mais extremos não impede que possamos atestar sua factualidade e tirar conclusões sobre eles usando a imensa variedade de evidências empíricas disponíveis, e métodos analíticos e comparativos existentes atualmente, guiando-nos pela teoria evolutiva.


 O primeiro e principal ponto é que a chamada macroevolução está muito bem estabelecida. Foram exatamente os padrões mais gerais de semelhança entre as biotas de diferentes lugares e diferentes épocas, em diferentes fases do desenvolvimento, as primeiras evidências para a evolução.

 Outro ponto importante é que o processo de especiação é um processo macroevolutivo conforme estabelecido pelos cientistas. 

A divisão de linhagens é a base do processo que produz a diversificação biológica que tanto conhecemos. Isso é macroevolução. Desta maneira, os estudos em espécies em anel ou em clinas e a investigação das zonas de hibridização ‘capturam’ a macroevolução em progresso. 

Os grandes padrões macroevolutivos podem ser traçados de várias formas, como:

 a partir do registro fossilífero (identificando séries fósseis que nos permitam reconstituir a origem e a progressão de determinadas características evolutivas); 

da distribuição das espécies, ou seja, biogeografia (uma elemento essencial do modelo Darwiniano-Wallaciano); 

 da análise filogenética de espécies extintas e atuais. 

Os estudos filogenéticos, por sua vez, podem se conduzidos através da comparação de características morfológicas (de adultos, formas juvenis e embriões) e, no caso das espécies atuais, através da comparação dos extensos dados moleculares (especialmente frutos do sequenciamento de genomas, proteomas etc). 

Essas diferentes abordagens podem ser utilizadas para informar e validar umas as outras e todos estes tipos de estudos atestam a macroevolução em sentido mais restrito, ou seja, mostram os grandes padrões de divergência e alteração morfológica ao longo da evolução das linhagens, o surgimento de novos grupos, as radiações adaptativas e conquistas de novos ambientes, as grandes transições e extinções entre biotas e o padrão genealógico estas linhagens.

Isso está muito bem estabelecido e precisaríamos, na verdade, levar mais deste tipo de informação às pessoas em geral e, principalmente, aos alunos de ensino médio, como insiste o paleontólogo Kevin Padian.


A questão, entretanto, é que os criacionistas às vezes co-optam um outro tipo de debate que aparece na literatura especializada, mas que não diz respeito a factualidade da macroevolução. 

Este debate abrange apenas aos processos e mecanismos que levaram as mudanças ao longo do tempo, particularmente, aos padrões de biodiversidade que vemos hoje e ao longo da coluna geológica ao redor do mundo. Neste contexto bastante específico é que existe uma certa discussão. 

Embora muitos pesquisadores (especialmente geneticistas evolutivos) adotam a perspectiva de que as causas da macroevolução são as mesmas da microevolução (ou seja aquilo que ocorre dentro das populações, como mutações e recombinação, seleção natural, migração/fluxo gênico, deriva genética aleatória).

Os processos acima seguem em conjunto com processos que culminam em isolamento reprodutivo, como fragmentação de habitats, sendo que todos esses fatores somam-se ao longo de milhões e bilhões de anos;

Outros pesquisadores, em geral, paleontólogos, defendem que as grandes mudanças das biotas (como as diferenças nas taxas de extinção e especiação de diferentes linhagens) e grandes eventos geológicos, atmosféricos e até astronômicos (ao influenciar o equilíbrio ecológico e a dinâmica das populações, comunidades e biomas) interajem, enviesam e coajem os mecanismos microevolutivos para produzir esses grandes padrões. 

Esses pesquisadores advogam que ao estudarmos a evolução ao longo de grandes períodos de tempo, alguns processos extras são necessários para explicar certos padrões. 

Claro, todos eles perfeitamente naturais e empiricamente investigáveis.



Alguns desses pesquisadores sugerem, inclusive, que processos mais complexos envolvendo escalas mais amplas de tempo - análogos a seleção natural que ocorre com os indivíduos em populações de uma dada espécie- como a ‘seleção (e o ‘sortig’) de espécies’ tem, de fato, um papel muito importante nas grandes mudanças evolutivas. 



Existem mesmo alguns indícios moleculares que o tipo de mutações envolvidas na (micro)evolução dentro das espécies sejam um tanto diferentes das envolvidas na (macro)evolução entre espécies, com o primeiro tipo dependendo de mutações em regiões codificadoras dos genes e o segundo tipo em regiões Cis-regulatórias, especialmente, em genes que ocupariam uma certa posição hierárquica nas redes genéticas de controle do desenvolvimento dos organismos (Veja os trabalhos de Stern e Orogozo, por exemplo. Discuti algumas dessas questões, no evolucionismo.org).


É neste ponto que existe um debate real (inclusive entrando em questões conceituais importantes como referentes aos níveis e unidades da seleção natural.

 Discutem-se algumas dessas questões e não sobre o fato da macroevolução ter ou não ocorrido ou de se há ou não evidências para ela. 

Esta perspectiva insere-se na visão hierárquica da evolução biológica por seleção natural, em que ela atuaria em vários níveis de organização biológica, gerando mesmo alguns conflitos. 

Isso não tem qualquer relação com dúvidas sobre a ancestralidade comum ou falta de fósseis de transição entre grandes grupos de seres vivos.

A macroevolução é extremamente bem corroborada, portanto, é um fato científico que não é posto em dúvida pela comunidade científica. Os criacionistas ou não conseguem compreender estas diferenças ou simplesmente as ignoram para fins retóricos jogando em favor da distorção de conceitos e questões científicas.


Ver maiores detalhes aqui, aqui, aqui, aqui e aqui:



Já, para a segunda acusação, o que interessa o fato de Darwin ter se interessado por teólogia ou ter estudado medicina?




Em 1827 seu pai, decepcionado com a falta de interesse de Darwin pela medicina, matriculou-o em um curso de bacharelado em artes na Universidade de Cambridge, para que ele se tornasse um clérigo. Nesta época, clérigos tinham uma renda que lhes permitia uma vida confortável, e muitos eram naturalistas, uma vez que, para eles, "explorar as maravilhas da criação de Deus" era uma de suas obrigações.



Em Cambridge, entretanto, Darwin preferia cavalgar e atirar, ao invés de estudar. Passava muito do seu tempo coletando besouros com seu primo William Darwin Fox. 

Este o apresentou ao reverendo John Stevens Henslow, professor de botânica e especialista em besouros que, mais tarde, viria a se tornar seu tutor. Darwin ingressou no curso de história natural de Henslow e se tornou um de seus alunos prediletos. 

Nesta época Darwin se interessou pelas ideias de William Paley, em particular a noção de projeto divino na natureza. Em suas provas finais em janeiro de 1831, ele se saiu muito bem em teologia e, mesmo tendo feito apenas o suficiente para passar no estudo de clássicos, matemática e física, foi o décimo colocado entre 178 aprovados. 


Seguindo os conselhos e exemplo de Henslow, Darwin não se apressou em ser ordenado. Inspirado pela narrativa de Alexander von Humboldt, ele planejou se juntar a alguns colegas e visitar a Tenerife para estudar história natural dos trópicos. 

Como preparação, Darwin ingressou no curso de Geologia do reverendo Adam Sedgwick, um forte proponente da teoria de projeto divino, e viajou com ele como um assistente no mapeamento estratigráfico no País de Gales. Contudo, seus planos de viagem à Ilha da Madeira foram subitamente desfeitos ao receber uma carta que lhe informava a morte de um dos seus prováveis colegas de viagem. 

Outra carta, entretanto, recebida ao retornar para casa, o colocaria novamente em viagem. Henslow havia recomendado que Darwin fosse o acompanhante de Robert FitzRoy, capitão do barco inglês HMS Beagle, em uma expedição de dois anos que deveria mapear a costa da América do Sul. 

Isto lhe daria a oportunidade de desenvolver a sua carreira como naturalista. Esta se tornaria uma expedição de quase cinco anos que teria profundo impacto em muitas áreas da Ciência. 

Feitas estas considerações, vamos às notas infelizes do autor da pérola:


Nota 1: Não é de hoje que os evolucionistas tentam passar a ideia de que darwinismo é sinônimo de ciência, deixando de lado as insuficiências epistêmicas da teoria que tornou famoso o naturalista inglês Charles Darwin. Expor crianças a essa teoria cujos pressupostos são apriorísticos, sem tocar em seus pontos controversos é, para dizer o mínimo, desonestidade. Quando criacionistas procuram ensinar às crianças que existem evidências de design inteligente na natureza, que toda consequência tem uma causa, que informação genética não poderia ter surgido do nada, que vida só provém de vida, etc., são logo taxados de “catequistas”, “manipuladores”, ou coisa que o valha. Taí mais um exemplo de catequização evolucionista sob a chancela do Estado.[MB]


Realmente, se tivermos uma ideia de darwinismo, como aquela divulgada por  Richard Hofstadter e pregada por Herbert Spencer, de forma alguma que será considerada como ciência. Assim como o criacionismo, não passa de ideologia.

No mais, a teoria evolutiva em sua evidenciação segue toda a metodologia científica e seu núcleo duro tem se mantido até então. Francamente, eu não sei que tanto são essas "insufuciências epistêmicas" que o autor da infeliz nota constantemente aborda, uma vez que jamais as escreveu.

Quem seria o autor da nota para falar em o que é honesto ou desonesto? Obviamente que não é possível se levar questões abordadas em nível de mestrado e doutorado para crianças entre 6 e 15 anos. É o mesmo que falar de gravidade quântica no ensino médio.

Design na natureza existe e vai muito bem. Todavia ele não é inteligente. É apenas funcional (que dirá do pescoço da girafa, dos 10 corações de uma minhoca, das asas de uma galinha e da velocidadeXconsumo de energia de um guepardo...). Sem falar ainda na maravilhosa criação dos vírus, das bactérias, protozoários, insetos, vermes e aracnídeos parasitas...

Quanto à informação, que tipo de "informação" o autor se refere? 

Caso seja aquela dos genes, já exaustivamente tratamos acerca de genes homólogos ortólogos (genes encontrados em diferentes táxons que, ao serem comparados, são passíveis de rastreamento até os eventos que levaram à especiação) e parálogos (genes em iguais ou diferentes táxons relacionados à ocorrências de duplicação gênica). 

Ou seja, a informação genética pode se duplicar e construir organismos bem diferentes dos usuais e tais modificações podem ser rastreadas até um ancestral comum.

Ler mais aqui e aqui.

Mais uma vez: AS ORIGENS DA VIDA NÃO SE TRATAM DE PROBLEMA RELACIONADO À TEORIA EVOLUTIVA, MAS DA QUÍMICA INORGÂNICA, QUÍMICA ORGÂNICA, FÍSICO QUÍMICA E BIOQUÍMICA. É A PARTIR DO MOMENTO QUE SURGE A VIDA QUE SE PODE FALAR EM EVOLUÇÃO.





Ler aqui sobre as origens da vida e seus modelos.

 Vida pode ser considerado tudo aquilo que possui um metabolismo. Reprodução não é condição necessária para a vida (ex. uma mula; não se reproduz e é vida, pois o animal possui um metabolismo). Porém é suficiente, pois o que se reproduz possui vida, uma vez que possui um metabolismo.

Sim, criacionistas são manipuladores e desonestos em suas colocações, tanto que aqui acusam um projeto educacional de catequista sob a chancela do Estado. Tal postura é de uma leviandade sem limites.



Além de manipuladores são mentirosos e criminosos, por quererem enfiar o seu "lixo religioso" goela abaixo das pessoas, passando por cima de direitos fundamentais como a liberdade de crença ou de descrença de cada um.

Não é direito deles idiotizar as pessoas com sua crença religiosa, ensinando errado em sala de aula, fazendo questionamentos e interpretações infundadas, acerca de temas relacionados a teorias que comprometem a ideologia fundamentalista religiosa e se valer de proselitismo como argumento da força. 

Nem mesmo os filhos de criacionistas podem ser vítimas dessa barbaridade, uma vez que existem os direitos da criança. Ver art. 53 do Estatuto da Criança e do Adolescente e a Constituição Federal arts. 205 e 206, sem falar no art. 5, inciso VI do mesmo diploma, que trata da liberdade de consciência e de crença religiosa.



Não se subsumem a esta liberdade de crença ou de consciência matérias de cunho científico, pois elas pertencem ao campo de conhecimento formal. 

Assim, não é minha liberdade de crença acreditar ou não nas leis da gravidade, na teoria dos orbitais químicos ou na teoria mendeliana, se Roma caiu ou não sob o domínio bárbaro, se Napoleão existiu, respeitar ou desrespeitar as leis que nos são impostas pelo Estado.








Algumas perguntas ao Senhor Michelson: 


POR QUE OS CRIACIONISTAS NÃO TRATAM DE TODOS OS MÉTODOS DE CRIAÇÃO EM VEZ DE APENAS TRATAR DO CRIACIONISMO BÍBLICO?

EM QUE O CRIACIONISMO BÍBLICO É MAIS OU MENOS VERDADE QUE OS DEMAIS CRIACIONISMOS QUE EXISTEM POR AI?

O SENHOR CONSEGUE FAZER PROVA QUE A SUA FORMA DE CRIACIONISMO É A MAIS VERDADEIRA QUE AS DEMAIS?





Nota 2: Será coincidência a realização dessa “Semana Darwin” justamente neste trimestre em que a Igreja Adventista está dando grande ênfase a assuntos criacionistas? Na semana passada, mesmo, tivemos um grande evento dessa natureza, transmitido ao vivo de Brasília. Confira aqui.[MB]

Só faltava essa agora!!! Vir com esse "mimimi" de que o Estado está perseguindo a grande e mentirosa Igreja Adventista em sua "semana do criacionismo"!!! 




É muito mais proveitoso a jovens e crianças a semana Darwin que a semana criacionista. Esta é idiotização ideológica fundamentalista cristã. Aquela é educação científica, para não cair no conto do vigário da segunda. 

Quanto ao debate apresentado, insiste nos velhos e batidos erros corriqueiros do criacionismo, recheados de erros crassos, de argumentos da ignorância e falácias do argumento da autoridade, ad nauseam, egocentrismo ideológico, circularidade, distorção de fatos, estilo sem substância, parte pelo todo e non sequitur. 

Não passou de proselitismo de banheiro, como tudo o que fazem os criacionistas. 

Outro ponto, somente havia criacionistas presentes, o que prejudicou por completo o debate. É nítido nestes debatedores suas convicções pessoais, quanto à questão religiosa e de suas crenças, pessoais, doutrinados desde a infância a crer na bíblia.




Certamente, se houvesse cientistas de verdade, os pseudocientistas do criacionismo sairiam "catando seus cacos".