quinta-feira, 3 de junho de 2010

Maus usos da filosofia e ignorância científica Parte 2

TEXTO 2:

O segundo texto vai na linha do primeiro. Em virtude da contestação de um leitor, a explicação agora ganha o auxílio de nada mais que J. P. Moreland e William Lane Craig, este denominado de "senhor erística" (técnica empregada com o objetivo de vencer uma discussão e não necessariamente de descobrir a verdade sobre determinada questão).

Não sei qual dos dois escreveu o texto, mas me parece bem ao gosto de Lane Craig, uma vez que implicitamente se vale das probabilidade para criar o ofuscamento da realidade.
O texto já começa com bobagem, ao tocar no tema da matéria e da antimatéria primordiais, conforme segue:

"Se a matéria e a antimatéria primordiais tivessem proporções diferentes, se o universo tivesse se expandido um pouco mais lentamente, sem que a entropia do universo fosse magistralmente maior, qualquer desses e de outros ajustes teria impedido a existência do “universo com vida”, embora tudo pareça perfeitamente possível no aspecto físico."
Ora, matéria e antimatéria no universo primordial tinham quantidades diferentes, pois se assim não fosse teriamos um mar de energia apenas.


Uma brevíssima história do universo:
No início, a 10^-11 segundos após o início do universo, quarks e antiquarks existiam em taxas iguas e se aniqulavam em radiação e devido às altas temperaturas se recriavam por meio desta radiação, para novamente se aniquilarem.

Com a expansão, o Universo começou a esfriar. Com este resfriamento, reduziu-se a possiblidade de criação de pares quark/antiquark e mais números de quarks que de antiquarks passaram a existir. Isso se verifica pois hoje temos mais quarks que antiquarks e prótons e nêutros são feitos de quarks.

A 10^-10 segundos, começam a se formar as partículas responsáveis pela força nuclear fraca. Os bósons são as partículas que transmitem a força nuclear fraca (que propicia a fissão de núcleos) e estes são muito pesados. A força nuclear fraca é a que propicia a cisão das partículas, e é responsável pelo decaimento beta (emissão de um elétron ou de um pósitron).

O seu ganho de massa se deve a um processo denominado quebra espontânea de simetria que ocorre em uma escala definida de energia. Acima desta escala, os bósons não possuem massa, assim como os fótonse glúons. abaixo desta escala os bósons são grandes e pesados e a força nuclear fraca passa a agir em distâncias da ordem de 10^-18 m.

Em 10^-4 s, os quarks e os glúons se uniram confinando-se nos mésons (méson pi) e nos bárions (próyons e nêutrons). A esta coesão denominamos de força nuclear forte.

Em 1 s, nêutrons e prótons cambiavam-se uns nos outros devido a emissão e absorção de neutrinos. Com o resfriamento do universo, este processo diminuiu e foram deixados 7 prótons para um nêutron. Isso ocorreu devido ao nêutron decair em próton, em um elétron e um elétron antineutrino. Mas os prótons não decaem em nada.

Com a expansão do universo e seu resfriamento, a conversão de prótons em nêutrons se reduziu, mas os nêutrons continuaram a decair em prótons. Para o hidrogênio é necessário apenas um próton e para o hélio são necessários 2 prótons e 2 nêutrons. Esta é a "razão de existir" mais hidrogênio que qualquer coisa no Universo.

A 100 s, com a expansão e o resfriamento, prótons e nêutrons puderam então mantêrem-se coesos formando núcleos atômicos de elementos leves (hidrogênio, hélio e lítio). A este processo se denomina nucleossíntese. Com isso pode-se perceber reduções da entropia local devido a queda de temperatura que permitiu a aproximação entre prótons e nêutrons.

Após 10 mil anos, mais e mais matéria passa a ser criada a partir da radiação de alta energia. Esta matéria formada determinou como o Universo se expandiria.

Em 500 mil anos, com o resfriamento do universo, os elétrons puderam ser capturados pelos núcleos e assim, formaram-se os átomos, e as primeiras moléculas, mas ainda de elementos leves.

No intervalo de 1 bilhão de anos, com os átomos formados, as forças gravitacionais começaram a se tornar importantes. O gás hidrogênio coalesceu e colapsou, dando início à fusão nuclear, criando as primeiras estrelas.

Em um intervalo de 2 a 13 bilhões de anos, os elementos pesados começaram a ser cozidos no interior das estrelas e, com a morte destas, eram ejetados no espaço.
O assunto sobre estas forças será mais profundamente tratado em postagem específica.

Isso propiciou a formação de sistemas planetários que passaram a circundar estrelas de segunda ou de terceira ordem. Na periferia destes sistemas se formaram os gigantes gasosos e mais interiormente os planetas rochosos, os quais se estiverem em uma "zona goldilocks" podem dar origem a vida.

Assim, como vimos na postagem anterior, para este universo, os 6 números estudados se ajustaram para dar condições para a vida complexa, mas não que isto possuísse um propósito determinado por alguma inteligência superior.

No que concerne à teoria das cordas, as 11 dimensões foram matematicamente determinadas e não meramente postuladas, como parece ser a mensagem deixada no artigo. Este número de dimensões poderia ser um novo número nas constantes de nosso universo, sendo quatro delas desenroladas (3 espaciais e uma temporal) e 7 outras dimensões espaciais enroladas no comprimento de Planck, o que permitiria a estabilidade de nossas cordas para formarem as partículas fundamentais, cada qual vibrando conforme sua energia.

A teoria dos multiversos não toma os 6 números estudados anteriormente como se devessem ser fixos e mesmo as dimensões do universo no que consiste a sua formação. Apenas conhecemos este universo e os numeros para este universo se ajustam conforme vimos.

Não necessariamente há uma necessidade física de que as coisas sejam assim, como não há um desígnio para tal.

O que temos são flutuações quânticas que ao acaso podem geram muitos tipos de universo. Alguns com durações efêmeras, outros longas e outros que mesmo propiciem vida simples ou complexa.

Quanto á questão da entropia (de novo não!!!) se partirmos de que o Universo tenha tido sua origem numa singularidade, as regras que hoje a ele se aplicam, não se aplicariam à singularidade, exatamente como ocorre com o buraco negro. Assim, somente é interessante falar-se em entropia após o big bang, sendo que neste, as 4 forças se separaram e, com o resfriamento do universo, as partículas elementares se formaram, cada qual vibrando com sua energia específica.

Mais adiante, passou a haver a possiblidade da nucleossíntese destas partículas elementares em prótons, nêutros e finalmente átomos, moléculas, matéria, estrélas primordiais e, mais futuramente estrelas de segunda ordem e sistemas planetários que deram condições para haver vida.

Assim, tanto a necessidade física como o designer, nada mais são que variantes do argumento teleológico.

Nos resta assim o acaso como a via para a existência do universo e de tudo o que nele há.

Abaixo segue uma sequência acerca do universo como o conhecemos:

Basta clicar next para ver o filminho.