terça-feira, 11 de agosto de 2009

Bolas de Neve na Argumentação contra o Relativismo Cultural Parte II



A seqüência da avalanche continua aqui











Relativismo é a posição em que todos os pontos-de-vista são tão válidos quanto quaisquer outros e em que o indivíduo é a medida do que é verdade para si.



Errado!! Como já fora anteriormente exposto aqui, são pontos de vista culturais e isso não significa que cada um fará o que bem entender.


Eu vejo um grande problema nisso. A seguir está uma ilustração para demonstrar por quê?

O contexto: Um ladrão está sondando uma joalheria a fim de roubá-la. Ele entra para checar se há algum alarme visível, fechaduras, o espaço, etc. Neste processo ele inesperadamente se vê envolvido em uma discussão com o proprietário da joalheria, cujo passatempo é o estudo de filosofia e que acredita que a verdade e a moral são relativas.
- Então – diz o proprietário – Tudo é relativo. É por isso que eu acredito que toda a moral não é absoluta é que certo e errado é algo que o indivíduo deve determinar dentro dos limites da sociedade. Mas não há um certo e errado absoluto.
- É uma perspectiva muito interessante – diz o ladrão. - Eu entrei acreditando que existia um Deus e que existia certo e errado. Mas eu abandonei tudo isso e concordo com você que não existe um certo e errado absoluto e que nós somos livres para fazer o que queremos.
O ladrão deixa a loja e volta à tarde para assaltar. Ele desarma todos os alarmes e travas e está no processo de roubar a loja. Neste momento entra o proprietário por uma porta lateral. O ladrão saca uma arma. O proprietário não pode ver a face do ladrão porque este usa uma máscara de ski.
- Não atire em mim – diz o proprietário. – Por favor, pegue o que quiser e me deixe em paz.
- É exatamente isso que eu pretendo fazer. – Diz o ladrão.
- Espere um pouco. Eu conheço você. Você é o homem que estava na loja hoje cedo. Eu reconheço sua voz.
- Isso é muito ruim para você – diz o ladrão. - Porque agora você também sabe como eu sou. E como eu não quero ir para a cadeia eu vou ter que matar você.
- Você não pode fazer isso – diz o proprietário.
- Por que não?
- Porque não é certo. – implora o homem desesperado.
- Mas você não me disse hoje cedo que não há um certo e errado?
- Sim, mas eu tenho uma família, filhos que precisam de mim e uma esposa.
- E daí? Eu tenho certeza que você tem seguro e eles vão faturar um bom dinheiro. Mas como não há certo ou errado não faz diferença se eu mato ou não você. E já que se eu deixá-lo vivo você irá me delatar e eu irei para a prisão. Lamento, mas isso não vai acontecer.
- Mas é um crime contra a sociedade me matar.
- Isso é errado porque a sociedade diz que é. Como você pode ver, eu não reconheço o direito da sociedade impor moralidade sobre mim. Tudo é relativo. Lembra-se?
- Por favor, não atire em mim. Eu lhe imploro. Eu prometo não contar para ninguém como você é. Eu juro!
- Eu não acredito em você e não posso arriscar.
- Mas é verdade! Eu juro que não conto para ninguém.
- Desculpe, mas isso não pode ser verdade, porque não há verdade absoluta, não há certo nem errado, nem erro, lembra-se? Se eu deixar você viver e sair você vai quebrar sua promessa porque isso tudo é relativo. Não há chance de confiar em você. Nossa conversa esta manhã convenceu-me que você acredita que tudo é relativo. Por causa disso eu não posso crer que você irá conservar sua palavra. Eu não posso confiar em você.
- Mas é errado me matar. Não está certo!
- Para mim não é nem certo nem errado matar você. Uma vez que a verdade é relativa ao indivíduo, se eu matar você, esta é a minha verdade. E é obviamente verdadeiro que se eu deixá-lo vivo eu irei para a prisão. Lamento, mas você mesmo se matou.
- Não! Por favor, não atire em mim. Eu lhe imploro.
- Implorar não faz diferença.
(Bang!)


Historinha deveras interessante esta, porém não reflete a realidade do pensamento relativista.



Se o relativismo é verdadeiro, então qual o problema em puxar o gatilho?


Talvez alguém possa dizer que é errado tirar a vida de outra pessoa sem necessidade. Mas porque seria errado se não há um padrão de certo e errado?

Outros podem dizer que é um crime contra a sociedade. Mas, e daí? Se o que é verdade para você é simplesmente verdade, então qual é o erro em matar alguém para se proteger depois de roubá-lo? Se o que é verdade para você que para se proteger você deve matar, então quem se importa com o que a sociedade diz? Por que alguém seria obrigado a se conformar com normas sociais? Agir assim é uma decisão pessoal.

Isso eu posso dizer quem nem mais bola de neve é!!! É a Era do Gelo 4 !!!! Já foi exaustivamente exposta a falha dessa colocação aqui.

Isso é o caos social e nada no relativismo cultural fomenta este tipo de atitude.

Aliás, vc é incoerente. Uma hora diz que no relativismo, os padrões de certo e errado são derivados de normas sociais e, outra hora diz que pouco importam tais normas.

Normas possibilitam a vida em sociedade, então elas importam e muito.


Embora nem todos os relativistas ajam de maneira não-ética, eu vejo o relativismo como um contribuidor para a anarquia geral. Por quê? Porque é uma justificação para fazer o que você quiser.


Acho que em vez de professor o chamarei de “Senhor Gelo”, pois percebi que adora a falácia da “bola de neve”.



Relativismo Cultural não se trata de justificação para se fazer o que quiser, mas sim de uma forma para enxergar a cultura alheia e respeitá-la, sem querer impor seus pontos de vista, como os únicos verdadeiros acima de qualquer contestação.



CONCLUSÃO:
O Sr. João Flávio Martinez comete falhas conceituais e lógicas terríveis, além de falácias, no que consiste a expor e esclarecer a forma de pensar relativista.
Sua colocação é a de que o relativismo, acredito em qualquer de suas nuances, é o combustível para levar o mundo ao caos. Mas não é por ai.
O caos é atingido se não respeitamos o outro, se impomos nossos pontos de vista, se achamos que nossa cultura é superior às demais, como muito tempo fez o cristianismo e, se tiver oportunidades, continuará fazendo, em fim, é atentar contra as liberdades do outro e ter uma postura egoísta no seio da sociedade em que se vive.
As normas oriundas do "sistema relativista" conforme o Sr. João Flavio Martinez aborda é quem propiciaram a formação do Estado de Direito e o respeito ao indivíduo em suas liberdades.
Vale citar o adágio:
"O seu direito termina quando começa o do outro."
Ou seja, respeite as liberdades sem atentar contra a esfera de terceiros, pois se você o fizer será punido pelas normas do sistema relativista.

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