quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O Mistério do Sexo Parte 16

10 – Notas criacionistas

Neste ponto analisaremos e tentaremos responder aos questionamentos feitos por criacionistas.

Tais questionamentos, devido ao seu teor, se tratam, em sua maioria, de argumentos da ignorância “pró-deus das lacunas”, uma vez que é evidente o seu teor malicioso no que concerne a gerar confusões ao universo leigo.


10.1 - primeira nota

A respeito do artigo “9.8 - Você gosta de sexo? Agradeça a um parasita” segue uma nota extraída daqui: (nota em azul, sendo minha resposta em vermelho)


E nos ambientes em que não há tantos parasitas, para que sexo? E nos seres que conseguem lidar bem com esses parasitas de forma mais simples, para que "inventar" um meio de reprodução tão complexo e dispendioso do ponto de vista do gasto de energia e dos riscos envolvidos no processo todo?
Bem, minhas perguntas a serem feitas seriam:

Qual seria um ambiente imune de agentes parasitários (bactérias, protozoários, vírus, vermes, ácaros, insetos hematófagos, peixes parasitas, etc)?

Será que os sistemas imunológicos de seres que se reproduziam assexuadamente “sabiam” antes de serem infectados como lidar bem com tais parasitas?

De acordo com o teor da pergunta, talvez o Jardim do Éden fosse um ambiente asséptico imune de micróbios, de vermes, e toda a sorte de parasitas. Será que Adão e Eva e os demais habitantes do Éden tinham flora intestinal e sistema imunológico?

Sabemos que na natureza, a fim da vida poder ter continuidade, esta vida se adapta aos diversos meios.

Respondendo a questão, parasitas podem ter tido mutações que proporcionaram eles a invadirem os clones produzidos por reprodução não sexuada e, portanto, causado uma mortalidade em massa, ou até mesmo extinguido algumas espécies.

Entretanto, como a vida evolui, indivíduos mutantes que possuíam cromossomos sexuais distintos ou quase idênticos (conforme visto no item 5), que já praticavam a troca de material genético (que ocorre desde as bactérias) sobreviveram, o que pode ter originado a reprodução sexuada.

Como vimos anteriormente, sexo não é particularidade de animais ou plantas considerados “mais evoluídos”, os metazoários; mas também de bactérias, protozoários, algas e fungos.

Quanto às espécies que se reproduzem assexuadamente hoje existentes, é provável que tenham desenvolvido mutações em outros genes, que não aqueles dos cromossomos sexuais (ver item 10.2.3.2 – Informação Complexa Especificada), e, assim, aprenderam a se defender dos parasitas e das adversidades do meio.

Logo, a invenção do sexo poderia já existir antes mesmo de ter ocorrido qualquer problema quanto à infestação por parasitas, para resolver questões relacionadas à adaptação, em relação ao meio, ou para integrar genes de outra espécie, como a conjugação em bactérias e determinados protozoários, a fim de se diversificarem e ocuparem outros nichos ecológicos.

O estudo apenas prova, mais uma vez, que o sexo é o melhor e mais vantajoso meio de reprodução, mas evita, como sempre, tocar no delicado e difícil tema da origem da reprodução sexuada e da complexidade envolvida na interdependência dos órgãos sexuais femininos e masculinos, que precisariam ter evoluído separadamente e, mesmo assim, ser perfeitamente compatíveis - um tipo de mutação dupla independente, na mesma geração e funcional.

O problema dos órgãos sexuais também se resume a uma questão meramente evolutiva relacionada à seleção natural das espécies.

Obviamente aqueles que eram incapazes de se acoplarem ou fazer a troca de material genético foram eliminados, e restaram os mais capacitados à execução da tarefa.

Quanto à origem da reprodução sexuada, nos tópicos acima (itens 5 e 9) foi explorada a possível origem de acordo com estudos realizados em cromossomos sexuais e com base na Teoria da Rainha Vermelha e do Bobo da Corte.

Para o caso de animais realizam fecundação cruzada, a resposta não está em se saber por que se desenvolveram pênis ou vaginas ou órgãos semelhantes com as mesmas funções, bem como todo o aparato reprodutor.
Tal informação é determinada pelos genes presentes nos cromossomos X e Y ou assemelhados. Assim, a questão se resume em saber por que surgiram pares de cromossomos sexuais distintos para machos e fêmeas e qual a influencia destes cromossomos nos genomas das espécies.

Todavia, salienta-se que há animais cujo sexo é determinado por temperatura, conforme exposto acima, se relaciona ao controle da regulação da enzima aromatase. Ver item 6.1 - DETERMINAÇÃO DO SEXO PELA TEMPERATURA EM REPTILA.
Parece que, mais uma vez, a melhor explicação está no design inteligente: o livro de Gênesis afirma que Deus criou o sexo como um presente para o primeiro casal, para ser desfrutado dentro do casamento, numa relação de amor e compromisso. O sexo, segundo a Bíblia, serve tanto para prover prazer e satisfação no relacionamento (e basta ler Cantares para descobrir isso, já que ali não se fala em filhos), quanto para possibilitar a reprodução da espécie.[MB]

Sim a explicação se encontra no DI, cujo desenhista/projetista é denominado seleção natural e não “criador inteligente”, deus, Shiva, ET, predador ou coisa que o valha.

Quanto ao cunho religioso, moral do sexo ou o sexo visto como tabu, tais formas de pensar variam de acordo com a cultura em que vive o indivíduo.

Mas sob a ótica científica e da natureza, sexo é meio para a espécie garantir a sua sobrevivência e uma via para que ela evolua e se adapte ao meio em que vive, interagindo entre si, com as outras espécies habitantes deste meio e com o próprio meio.

Faz-se ressalva de que em algumas espécies de primatas (macaco de Gibraltar e bonobos), incluindo o homem, sexo é fonte de prazer e serve como poderosa moeda de troca para as fêmeas garantirem sua sobrevivência e da sua prole, além de estreitarem os laços entre os membros do bando.

10.2 - Segunda nota
10.2.1 - Esta se relaciona ao item 4.1.2.4.1 - Descoberto aparelho reprodutor de peixe de 350 mi de anos;

Nota: Para o criacionista, o achado sugere outras coisas: (1) em tantos milhões de anos, o sistema reprodutor do Incisoscutum é praticamente o mesmo do tubarão moderno, assim, não houve "evolução";

Errado!!! Conforme segue abaixo:

A explicação se encontra no item 4.1 – Peixes.

Desse modo, de acordo com o exaustivamente explicado, dizer que tubarões não passaram por evolução ao longo destes 450 milhões de anos é dar as costas ao que está demonstrado pelo registro fóssil. Há que se comentar também que o Incisoscutum não se trata de um tubarão primitivo (Chondrichtyes), mas de um placodermo já extinto.

Ressalva-se também que os tubarões atuais não se tratam dos mesmos tubarões que viveram à época do Incisoscutum, durante o período carbonífero (entre 360 a 300 milhões de anos atrás).

De acordo com os registros fósseis, calcula-se que os
tubarões existam desde há 400 milhões de anos (desde o período devoniano), sem grandes alterações em sua morfologia, o que sugere um bom nível de adaptação e evolução.

Muitos deles já estão extintos, sendo que outras espécies de tubarões evoluíram e tomaram o lugar de seus antecessores, porém mantiveram seu aparelho reprodutor (clásper nos machos e cloacas nas fêmeas) e forma de reproduzir viviparidade.

Os tubarões ocuparam e ainda ocupam diversos nichos ecológicos, desde os mares tropicais aos oceanos Ártico e Antártico.

A nota sugere o mesmo que porque humanos se reproduzem como homo habilis (introdução do pênis na vagina) não houve evolução no gênero homo, ou seja, é pura falácia de criacionistas desinformados ou agindo de má fé (voto por esta), sugerindo um argumento da ignorância.


10.2.2 – Relacionada à complexidade da reprodução sexuada; anatomia e fisiologia:

(2) complexidades como a da reprodução sexuada - que depende de modificações anatômicas e fisiológicas simultâneas e compatíveis em dois seres diferentes - estão sendo observadas em seres cada vez mais antigos, como já ocorreu com as águas-vivas;

Errado !!!! Veja aqui.

Conforme exposto no item 3.9 - Cnidária os órgãos sexuais dos celenterados não são tão complexos quanto a nota apregoa, uma vez que a reprodução sexuada não se faz somente por acoplamento de genitais.

O exemplo claro de reprodução sexuada em cnidários é a hidra, cujo macho elimina espermatozóides na água; estes deslocam-se até uma hidra feminina, onde o óvulo é fecundado.

Para os demais cnidários a reprodução é assexuada.

Conforme exposto no item 3.10 - Os vermes, é onde tem início de fato a fecundação cruzada em que macho e fêmea se acoplam. Certamente foi a partir daqui que houve a seleção natural para melhor definir os órgão sexuais.

Ou seja, se os órgãos sexuais não permitirem o acoplamento entre macho e fêmea, não haverá cruzamento e, portanto aqueles que não acasalam não passam seus genes adiante e assim são eliminados os caracteres desfavoráveis, ou seja, estão fora da brincadeira.

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