terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

CRÍTICAS SEM FUNDAMENTO - Parte V

[3. A religião como fomentadora de intolerância e guerras: Sam Harris derrapa profundamente, quando enxerga na religião um viés de intolerância nata. Para ele, a fé, para estar certa, exclui crenças diferentes, o que constitui o matiz da intolerância. É o caso de perguntarmos ao escritor se sua atitude de descarte das propostas religiosas não fica em mesmo nível, agindo com certeza absoluta, ao mesmo tempo que busca destruir outras crenças! [6] Tolerância não pressupõe admitir que opiniões antagônicas estejam igualmente certas, porque isso não é lógico. Por outro lado, quando pensamos nos abusos cometidos em nome do Cristianismo, não podemos olvidar que, historicamente, ateus também se mostraram intolerantes e totalitários. Em contrapartida, os benefícios morais da religião, como fraternidade, ajuda ao próximo, incentivo à vida moralidade, etc, não podem ser negados.]

Pura falácia tu quoque, como forma de desviar os desmandos cometidos pelo cristianismo. Sr. Douglas, um erro não justifica o outro, ou seja, não são portas para fugas e desvios de assuntos.

Por este argumento, o adversário é acusado de praticar algo muito semelhante ao que ele critica. Tu quoque significa você também. É um argumento muito comum e eficaz, pois tende a colocar o oponente na defensiva. Todavia, aqui esta falácia cai por terra, pois se imputa uma culpa a um grupo de indivíduos errado, conforme analisaremos mais adiante.

Não, cristãos não são intolerantes, mas fundamentalistas o são veja o debate aqui e minha resposta final aqui de como a coisa se envereda para ataques pessoais. Tentei manter uma linha de debate séria e os “tolerantes cristãos” em vez de se aterem aos quesitos perguntados, passaram a fazer ataques pessoais.

Atribuir massacres a ateus é um erro. Caso o Sr. Douglas se refira a regimes comunistas ou qualquer regime de cunho totalitário ou autoritário, deverá observar que estes se encontram impregnados de ideologia, a qual é a suprema verdade acima de tudo, possuem uma figura cultuada (o ditador) que se julga acima de tudo e de todos, bem como os partidários do regime o seguem não pela razão, mas pela emoção.

Façamos mais uma digressão a fim de esclarecermos o que são estes regimes e suas
formas de governo, que conforme a visão de Boris Fausto temos:

Totalitarismo: é um regime político baseado na extensão do poder do Estado a todos os níveis e aspectos da sociedade. A ideologia do estado teria influência, se não poder, sobre a maioria de seus cidadãos. No totalitarismo, sujeita-se a sociedade aos moldes de um Partido-Estado, por meio de laços afetivos com as massas, partindo-se de uma figura carismática essencial que confere a estes regimes uma característica revolucionária.

A propaganda totalitária se baseia em teorias conspiratórias e uma realidade fictícia criada em meio a um desprezo pela realidade dos fatos, sendo essencial para, em um primeiro momento, conquistar as massas e arregimentar em torno de si uma enorme quantidade de simpatizantes.

Ao se consolidarem no poder, dão realidade às afirmações fictícias do regime, e substituem a propaganda por violência com o extermínio daqueles que se opõem ao sistema e com a implantação do terror aos dominados.

Autoritarismo: descreve uma forma de governo caracterizada pela ênfase na autoridade do Estado em uma república ou união. É um sistema político controlado por legisladores não eleitos que usualmente permitem algum grau de liberdade individual. O regime autoritário investe menos nas esferas da vida social, pois o partido depende do Estado, sendo que a sociedade se mantém independente ao Estado.

Comunismo: é uma estrutura sócio-econômica e uma ideologia política utópica que pretenderia promover o estabelecimento de uma sociedade igualitária, sem classes e apátrida, baseada na propriedade comum e no controle dos meios de produção e da propriedade em geral. Na ex-URSS este regime se converteu no Stalinismo que, Hannah Arendt descreveu como um sistema totalitário.

Com o Stalinismo é implantada a ditadura burocrática do regime de partido único a burocratização do aparelho estatal, intensa repressão a dissidentes políticos e ideológicos, culto à personalidade do(s) líder(es) do Partido e do Estado, intensa presença de propaganda estatal e incentivo ao patriotismo como forma de organização dos trabalhadores, censura aos meios de comunicação e expressão e militarização da sociedade e dos quadros do Partido.

Outra digressão pertinente refere-se aos sistemas religiosos e a discriminação. Vejamos:

Hinduísmo e discriminação: a população indiana se divide em castas de acordo com a origem familiar. Pessoas como os Dalits não pertencem a castas e, portanto, são vistos como impuros e altamente discriminados.

Sempre viveram à margem da sociedade indiana. Ainda hoje, apesar das mudanças, o preconceito contra eles continua forte.

Islamismo e terrorismo: A Jihad ou guerra santa fez milhares de vítimas pelo mundo e ainda o faz.

O significado de Jihad não é sair por ai matando aqueles que não aceitam sua fé, mas de haver um combate interno contra tudo aquilo que desvie o indivíduo da sua fé, ou seja, é uma luta interna, é o esforço sobre si.

Porém, houve desvirtuação deste significado, desde quando o Islã passou a expandir-se por meio de campanhas militares, sendo que alguns grupos radicais ainda o entendem como “morte aos infiéis”.

Judaísmo e perseguições: Os judeus já foram vítimas e autores de perseguições por conta de sua fé.

Como autores, os judeus perseguiram cristãos por heterodoxia devido ao fato de o cristianismo ter se iniciado como seita judaica e ter se desvirtuado daquilo que é pregado pelo judaísmo.

Cristianismo e perseguições: Assim como o judaísmo o cristianismo já foi autor e vítima de perseguições.

Como vítima, o cristianismo foi perseguido por Roma, uma vez que se recusavam a cultuar o imperador e os deuses oficiais da religião romana.

Como autores, após o Edito de Milão, e a conversão de Constantino, os judeus passaram a ser perseguidos, sem contar que na época da igreja medieval usava-se um símbolo para designar os israelitas.

Vale também citar a inquisição contra aqueles que “negavam” segundo a visão da igreja católica os ensinamentos de Cristo e da igreja, ferindo a ortodoxia, sendo que os “hereges” eram submetidos a penas que variavam desde o confisco de bens até a morte quando eram eliminados publicamente.

Uma das grandes cenas de horror do que pode fazer a intolerância religiosa ocorreu na noite de São Bartolomeu em que católicos franceses reprimiram os protestantes começaram em 24 de Agosto de 1572 e duraram vários meses, inicialmente em Paris e depois em outras cidades francesas, vitimando entre 30 mil e 100 mil protestantes franceses huguenotes.

Desse modo, imputar-se a culpa a ateus pelas matanças e transformar crenças religiosas como bastião da virtude, da moral, da ética e do amor ao próximo, é um erro histórico de proporções imensas, além de ser uma leviandade falaciosa, ou seja, é IGNORÂNCIA aliada à DESONESTIDADE e à MÁ FÉ.

Em suma, referente às formas de governo acima, qualquer coincidência com as religiões fundamentalistas é “mera semelhança”...

Moral, fraternidade, ajuda ao próximo, etc., não necessitam de religião. São meras questões de consciência social. Há muitos ateus que possuem bem mais caráter que carolas de carteirinha.

É só consultarmos a mídia acerca de certas travessuras que ocorrem dentro de igrejas com seus representantes, a mentira dos fundamentalistas e seu estelionato intelectual por meio de teorias esdrúxulas como DI e criacionismo.


Nenhum comentário: