[4. A religião como uma certeza não verificável: "[...] Segundo ele [Harris], diante de alguma pequena evidência, eles [os fiéis] se mostram tão atentos a ela [qualquer prova á favor de sua crença] quanto os condenados. Isso demonstra que a fé não é nada mais que a disposição para aguardar provas." Faltaria, assim, que "os religiosos desafiassem a própria crença com o devido rigor." Pronto! Chegamos a um denominador comum. Pena que Sam Harris e seus partidários se mostrem tão eficientes em agir dessa maneira em relação às crenças alheias. Por que eles não começam questionando sua própria base filosófica?]
Neste ponto vale conhecermos um pouco do pensamento de Voltaire (François Marie Arouet).
Ao contrário do que muitos pensam, Voltaire não era um ateu, aliás, detestava o ateísmo e afirmava ser culpa do dogmatismo cristão e da superstição de muitos crentes a razão do número de ateus se elevar. Assim, ele somente combatia a intolerância e o fanatismo.
O filósofo condenou as lutas religiosas e em sua concepção, a fé cristã é a que mais deveria inspirar a tolerância em seu âmbito no que se refere à tolerância que os diversos cristãos deveriam guardar entre si.
Voltaire nutria grande antipatia pelo fanatismo e buscava o pluralismo religioso como vira na Inglaterra. Via a religião como freio social, pois se ocupava dos “crimes secretos”, uma vez que causaria o temor de cometer ilícitos cuja pena seria uma punição divina, o que amedrontaria os homens.
Também afirmava que “Um homem que recebe sua religião sem exame, não difere de um boi que atrelam”. Examinar e questionar são deveres de qualquer um que respeita a razão. Voltaire se volta contra aqueles que, à frente de uma crença, têm como objetivo dominar e enriquecer à custa da miséria e da morte dos povos.
Para Voltaire, o fanatismo era o pior inimigo da razão, uma vez que, patrocinado por sacerdotes, encerrava esta nas cadeias do dogma. Este pensamento, ao que parece, indica que op personagem odiava o clero e sua forma de pregar o cristianismo, a qual era cruel e abusiva na instigação de pessoas contra outras seitas.
Na acepção de Benjamin Franklin, “O jeito de ver pela fé é fechar os olhos da razão”.Os homens precisam exercitar a razão e não aceitar dogmas de forma fanática e cega.
Raciocinar pela metade leva ao fanatismo e a superstições, pois aquele que se recusa a questionar sua fé, seus dogmas e sua religião, perdeu a capacidade inerente a todo o homem que é O PENSAR.
O indivíduo que não pensa apenas repete “verdades” reveladas, por mais absurdas que sejam. Desse modo, a humanidade tem muito a avançar, caso destrua o fanatismo religioso, pois este é o pai da mentira dos preconceitos, da ignorância e da intolerância.
Todavia, no ocidente, o que vimos durante o século passado e neste século, é um crescente desenvolvimento do fundamentalismo religioso e um retorno á perspectiva obscurantista, patrocinado por seitas cristãs de cunho protestante.
Mas o que vem a ser o fundamentalismo?
De fato, as palavras "fundamentalismo" e "fundamentalista" nasceram nos Estados Unidos, nos princípios do século XX e no contexto do protestantismo, com o objetivo de preservar e defender os pontos considerados fundamentais da fé cristã.
Os protestantes evangélicos norte-americanos de várias denominações escreveram artigos teológicos que foram reunidos e publicados entre 1910 e 1915, em 12 fascículos com o título The Fundamentals: a Testimony to Truth, numa edição de três milhões de exemplares.
Em 1919, foi criada a World's Christian Fundamentals Association, na convicção de que a regeneração do protestantismo implicava o combate ao liberalismo teológico.
Entretanto, em 1920, o termo passou à opinião pública através de um artigo de Curtis Lee Laws, no qual se lia: "Sugerimos que aqueles que ainda continuam firmemente apegados aos grandes fundamentos (Fundamentals) e que estão decididos a combater a sério, por esses fundamentos sejam chamados fundamentalists, devendo, portanto, o termo ser considerado "um elogio e não um insulto".
Fundamentalistas são os mais conservadores e literais seguidores de uma religião. Acreditam em seus dogmas como verdade absoluta, indiscutível, sem abrir-se, portanto, à premissa do diálogo religioso.
Assim, o fundamentalismo religioso se revela como fonte de intolerância, na qual o outro é analisado sob a ótica de ameaça, símbolo do mal, contrário a “verdade" construída pelo fundamentalista em seu discurso meramente ideológico.
Ao que parece, o fundamentalismo religioso é um fenômeno moderno, que se caracteriza pelo senso de esvaziamento do meio cultural, mesmo onde a cultura pode nominalmente ser influenciada pela religião dos partidários.
O termo pode também se referir especificamente à crença ou convicção de que algum texto ou preceito religioso seja infalível e historicamente preciso ainda que contrários ao entendimento de estudiosos modernos.
Um dos fundamentos inquestionáveis era o da inspiração verbal da Bíblia, seguindo-se daí a sua infalibilidade e inerrância. O texto bíblico devia ser assumido à letra e a sua autoridade estendia-se não só ao domínio religioso, mas a todos os campos do saber: científico, histórico, filosófico.
Assim, no que se refere à visão fundamentalista cristã, há as seguintes doutrinas e práticas básicas:
Bíblia – é infalível, suficiente e inerrante, sendo suas histórias consideradas factuais e rejeição de qualquer outra forma de Revelação (inspiração individual, magistério eclesiático, profecias modernas, teologia natural). Deve ser interpretada literalmente, salvo nas partes visivelmente conotativas.
Jesus Cristo - nascimento virginal, sua deidade, historicidade de seus milagres e ressurreição, retorno apocalíptico.
Criacionismo - rejeitam teorias que vejam como de alguma forma interferindo com o literalismo do gênesis, principalmente a evolução biológica, mas também teorias geológicas, físicas, cosmológicas, químicas, e arqueológicas.
Relação com a Sociedade - rejeitam o Ecumenismo e o diálogo religioso com não-fundamentalista.
Salvação - Através da crença em Jesus Cristo. Aqui, crença significa adesão às suas doutrinas fundamentais.
Inferno - crença literal na sua existência, é tido como um lugar do tormento eterno dos pecadores não-arrependidos.
Foi no contexto do absolutismo da palavra bíblica que em 1925 teve lugar em Dayton o famoso "caso Scopes": um jovem professor de biologia, John T. Scopes, foi julgado e condenado por ensinar aos alunos a teoria da evolução das espécies de Darwin.
Esse debate à volta do ensino referente à teoria da evolução e da narração bíblica da criação nas escolas continua ainda hoje nos Estados Unidos (ver: O histórico do movimento criacionista em todas as suas nuances).
Há várias explicações para o fundamentalismo, que cultiva o pensamento único e a intolerância. Sublinham-se três:
1) Quando se não suporta viver na perplexidade e na interrogação, surge a tentação de tornar absolutas as próprias crenças, excluindo e perseguindo quem as não partilha.
2) Em toda a História foi permanente a utilização da religião para fins que não são os seus: alcançar o poder, servir os próprios interesses econômicos, políticos, culturais, impor hegemonicamente o próprio domínio.
3) Para o fundamentalista, na base de sua crença está uma determinada concepção de verdade, que se confunde com a posse do Fundamento, é preciso perguntar: quem é o Homem, para considerar-se senhor do Fundamento? Ele não possui o Fundamento ou o Absoluto, é o Fundamento que o possui. Tal posição não se trata de é relativismo, mas de perspectivismo, ou seja, vamos ao encontro da realidade sempre numa determinada perspectiva.
Por isso, no domínio religioso, há que reconhecer que há mais verdade nas religiões todas do que numa só, e dessa verdade também faz parte a perspectiva ateísta, a qual busca isentar-se de fatores sobrenaturais no que concerne à sua visão relativa à natureza.
Dessa forma Douglas, por que não começa a questionar no que crê como verdade absoluta, bem como a base filosófica de sua crença?
É fácil inverter o ônus da prova escapando-se por uma falácia em vez de fazermos um exame de nossa consciência e sermos HONESTOS conosco mesmo.
Para crermos, em termos religiosos, não precisamos buscar provas ou confirmações de nossa crença.
Caso vivamos atrás de “provas” para nossas crenças, prestaremos um desserviço à religião e ao desenvolvimento intelectual das pessoas, como têm ocorrido com a divulgação das idiotices criacionistas e seus movimentos correlatos.
Todavia é necessário que pensemos em nossos dogmas e os adaptemos às realidades do mundo, a fim de nos libertarmos dos preconceitos, da intolerância e da ignorância.
É por esta via que saberemos separar o que é religião e o que é ciência, cuja visão tacanha dos fundamentalistas se encontra impossibilitada de fazê-lo, por estar aferrado a sua ideologia exatamente no mesmo molde que ocorre em governos totalitários e autoritários.
A postura fundamentalista é a seguinte:
Demonizar e destruir tudo aquilo que coloca em risco nossas crenças e valores.
Manter a todo custo nossa ideologia intacta, nem que tenhamos de distorcer a realidade a fim de mantemos nossos seguidores alienados e fieis as nossas crenças.
A crença a que me refiro aqui é aquela onde não há confirmações de nada ou se existem, são pautadas em falácias e sofismas.
É a postura mais marcante do desespero ao perceber que suas idéias estão indo por água abaixo, frente aos avanços científicos e ao universo cultural que existe entre as pessoas deste Planeta.
Ao contrário do que muitos pensam, Voltaire não era um ateu, aliás, detestava o ateísmo e afirmava ser culpa do dogmatismo cristão e da superstição de muitos crentes a razão do número de ateus se elevar. Assim, ele somente combatia a intolerância e o fanatismo.
O filósofo condenou as lutas religiosas e em sua concepção, a fé cristã é a que mais deveria inspirar a tolerância em seu âmbito no que se refere à tolerância que os diversos cristãos deveriam guardar entre si.
Voltaire nutria grande antipatia pelo fanatismo e buscava o pluralismo religioso como vira na Inglaterra. Via a religião como freio social, pois se ocupava dos “crimes secretos”, uma vez que causaria o temor de cometer ilícitos cuja pena seria uma punição divina, o que amedrontaria os homens.
Também afirmava que “Um homem que recebe sua religião sem exame, não difere de um boi que atrelam”. Examinar e questionar são deveres de qualquer um que respeita a razão. Voltaire se volta contra aqueles que, à frente de uma crença, têm como objetivo dominar e enriquecer à custa da miséria e da morte dos povos.
Para Voltaire, o fanatismo era o pior inimigo da razão, uma vez que, patrocinado por sacerdotes, encerrava esta nas cadeias do dogma. Este pensamento, ao que parece, indica que op personagem odiava o clero e sua forma de pregar o cristianismo, a qual era cruel e abusiva na instigação de pessoas contra outras seitas.
Na acepção de Benjamin Franklin, “O jeito de ver pela fé é fechar os olhos da razão”.Os homens precisam exercitar a razão e não aceitar dogmas de forma fanática e cega.
Raciocinar pela metade leva ao fanatismo e a superstições, pois aquele que se recusa a questionar sua fé, seus dogmas e sua religião, perdeu a capacidade inerente a todo o homem que é O PENSAR.
O indivíduo que não pensa apenas repete “verdades” reveladas, por mais absurdas que sejam. Desse modo, a humanidade tem muito a avançar, caso destrua o fanatismo religioso, pois este é o pai da mentira dos preconceitos, da ignorância e da intolerância.
Todavia, no ocidente, o que vimos durante o século passado e neste século, é um crescente desenvolvimento do fundamentalismo religioso e um retorno á perspectiva obscurantista, patrocinado por seitas cristãs de cunho protestante.
Mas o que vem a ser o fundamentalismo?
De fato, as palavras "fundamentalismo" e "fundamentalista" nasceram nos Estados Unidos, nos princípios do século XX e no contexto do protestantismo, com o objetivo de preservar e defender os pontos considerados fundamentais da fé cristã.
Os protestantes evangélicos norte-americanos de várias denominações escreveram artigos teológicos que foram reunidos e publicados entre 1910 e 1915, em 12 fascículos com o título The Fundamentals: a Testimony to Truth, numa edição de três milhões de exemplares.
Em 1919, foi criada a World's Christian Fundamentals Association, na convicção de que a regeneração do protestantismo implicava o combate ao liberalismo teológico.
Entretanto, em 1920, o termo passou à opinião pública através de um artigo de Curtis Lee Laws, no qual se lia: "Sugerimos que aqueles que ainda continuam firmemente apegados aos grandes fundamentos (Fundamentals) e que estão decididos a combater a sério, por esses fundamentos sejam chamados fundamentalists, devendo, portanto, o termo ser considerado "um elogio e não um insulto".
Fundamentalistas são os mais conservadores e literais seguidores de uma religião. Acreditam em seus dogmas como verdade absoluta, indiscutível, sem abrir-se, portanto, à premissa do diálogo religioso.
Assim, o fundamentalismo religioso se revela como fonte de intolerância, na qual o outro é analisado sob a ótica de ameaça, símbolo do mal, contrário a “verdade" construída pelo fundamentalista em seu discurso meramente ideológico.
Ao que parece, o fundamentalismo religioso é um fenômeno moderno, que se caracteriza pelo senso de esvaziamento do meio cultural, mesmo onde a cultura pode nominalmente ser influenciada pela religião dos partidários.
O termo pode também se referir especificamente à crença ou convicção de que algum texto ou preceito religioso seja infalível e historicamente preciso ainda que contrários ao entendimento de estudiosos modernos.
Um dos fundamentos inquestionáveis era o da inspiração verbal da Bíblia, seguindo-se daí a sua infalibilidade e inerrância. O texto bíblico devia ser assumido à letra e a sua autoridade estendia-se não só ao domínio religioso, mas a todos os campos do saber: científico, histórico, filosófico.
Assim, no que se refere à visão fundamentalista cristã, há as seguintes doutrinas e práticas básicas:
Bíblia – é infalível, suficiente e inerrante, sendo suas histórias consideradas factuais e rejeição de qualquer outra forma de Revelação (inspiração individual, magistério eclesiático, profecias modernas, teologia natural). Deve ser interpretada literalmente, salvo nas partes visivelmente conotativas.
Jesus Cristo - nascimento virginal, sua deidade, historicidade de seus milagres e ressurreição, retorno apocalíptico.
Criacionismo - rejeitam teorias que vejam como de alguma forma interferindo com o literalismo do gênesis, principalmente a evolução biológica, mas também teorias geológicas, físicas, cosmológicas, químicas, e arqueológicas.
Relação com a Sociedade - rejeitam o Ecumenismo e o diálogo religioso com não-fundamentalista.
Salvação - Através da crença em Jesus Cristo. Aqui, crença significa adesão às suas doutrinas fundamentais.
Inferno - crença literal na sua existência, é tido como um lugar do tormento eterno dos pecadores não-arrependidos.
Foi no contexto do absolutismo da palavra bíblica que em 1925 teve lugar em Dayton o famoso "caso Scopes": um jovem professor de biologia, John T. Scopes, foi julgado e condenado por ensinar aos alunos a teoria da evolução das espécies de Darwin.
Esse debate à volta do ensino referente à teoria da evolução e da narração bíblica da criação nas escolas continua ainda hoje nos Estados Unidos (ver: O histórico do movimento criacionista em todas as suas nuances).
Há várias explicações para o fundamentalismo, que cultiva o pensamento único e a intolerância. Sublinham-se três:
1) Quando se não suporta viver na perplexidade e na interrogação, surge a tentação de tornar absolutas as próprias crenças, excluindo e perseguindo quem as não partilha.
2) Em toda a História foi permanente a utilização da religião para fins que não são os seus: alcançar o poder, servir os próprios interesses econômicos, políticos, culturais, impor hegemonicamente o próprio domínio.
3) Para o fundamentalista, na base de sua crença está uma determinada concepção de verdade, que se confunde com a posse do Fundamento, é preciso perguntar: quem é o Homem, para considerar-se senhor do Fundamento? Ele não possui o Fundamento ou o Absoluto, é o Fundamento que o possui. Tal posição não se trata de é relativismo, mas de perspectivismo, ou seja, vamos ao encontro da realidade sempre numa determinada perspectiva.
Por isso, no domínio religioso, há que reconhecer que há mais verdade nas religiões todas do que numa só, e dessa verdade também faz parte a perspectiva ateísta, a qual busca isentar-se de fatores sobrenaturais no que concerne à sua visão relativa à natureza.
Dessa forma Douglas, por que não começa a questionar no que crê como verdade absoluta, bem como a base filosófica de sua crença?
É fácil inverter o ônus da prova escapando-se por uma falácia em vez de fazermos um exame de nossa consciência e sermos HONESTOS conosco mesmo.
Para crermos, em termos religiosos, não precisamos buscar provas ou confirmações de nossa crença.
Caso vivamos atrás de “provas” para nossas crenças, prestaremos um desserviço à religião e ao desenvolvimento intelectual das pessoas, como têm ocorrido com a divulgação das idiotices criacionistas e seus movimentos correlatos.
Todavia é necessário que pensemos em nossos dogmas e os adaptemos às realidades do mundo, a fim de nos libertarmos dos preconceitos, da intolerância e da ignorância.
É por esta via que saberemos separar o que é religião e o que é ciência, cuja visão tacanha dos fundamentalistas se encontra impossibilitada de fazê-lo, por estar aferrado a sua ideologia exatamente no mesmo molde que ocorre em governos totalitários e autoritários.
A postura fundamentalista é a seguinte:
Demonizar e destruir tudo aquilo que coloca em risco nossas crenças e valores.
Manter a todo custo nossa ideologia intacta, nem que tenhamos de distorcer a realidade a fim de mantemos nossos seguidores alienados e fieis as nossas crenças.
A crença a que me refiro aqui é aquela onde não há confirmações de nada ou se existem, são pautadas em falácias e sofismas.
É a postura mais marcante do desespero ao perceber que suas idéias estão indo por água abaixo, frente aos avanços científicos e ao universo cultural que existe entre as pessoas deste Planeta.
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